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estado Algumas empresas possuíam Licença Ambiental vencida, outras não possuíam licença.

5. AÇÕES DE CARÁTER AMBIENTAL CONTEMPLADOS NO TAC

5.9 ADEQUAR O DEPÓSITO DE REJEITOS DE ACORDO COM O PREVISTO NO PROJETO ZETA/IESA

Para cada tonelada de carvão extraído do interior das minas, são gerados aproximadamente 0,5 a 0,6 toneladas de rejeitos, resíduos sólidos sem valor econômico resultante das operações de beneficiamento, sendo depositados nos chamados depósito de rejeito (UBALDO, 2008, p. 130). Os rejeitos são formados por pirita, folhelhos, argilitos e carvão. Por serem ricos em piritas (e marcassita) (FeS2), em contato com a água e oxigênio produzem reações químicas e gera uma solução extremamente acidificada (pH inferior a 2) e enriquecida de ferro, alumínio, sulfato e metais pesados que muitas vezes são transportadas em meio aquoso para áreas além da disposição, as chamadas drenagens ácidas já mencionadas anteriormente (UBALDO, 2008, p. 135).

Historicamente os rejeitos eram depositados no meio ambiente pelas carboníferas sem controle algum, inutilizando extensas áreas, inclusive assoreando rios. A partir de 1982 com a Portaria Interministerial 917, as empresas foram obrigadas a adequar seus depósitos de forma a evitar a geração de poluição para as drenagens da região. Entretanto, pouco foi feito.

Até a assinatura do TAC, parte das empresas signatárias haviam depositados seus rejeitos em solo e parte em antigas cavas de mineração a céu aberto, ambos os casos sem impermeabilização do fundo. Podemos dizer que concorreu para isso o fato de os depósitos terem sido iniciados em datas anteriores ao Projeto ZETA/IESA, conforme se observa na Tabela 9 abaixo.

O TAC exigiu então que as empresas adotassem soluções técnicas eficientes, garantindo, no mínimo o confinamento ou isolamento dos depósitos, impedindo o contato com o oxigênio e a água, evitando assim a geração de drenagem ácida pela geração de lixivívia20 e conseqüente contaminação do lençol freático e águas superficiais. Já em relação ao tamanho dos depósitos não há restrição e os mesmos variam muito, podendo chegar a mais de 60 ha conforme demonstra TABELA 9.

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Líxiviação é um processo que sofrem as rochas e solos ao serem lavados pelas águas das chuvas. (GUERRA E GUERRA, 2003, p.400)

Tabela 9 - Início de operação e área (em ha) dos depósitos de rejeitos em 2005.

Ingusa Criciúma Belluno Gabriela Deserto Rio Cooperminas Metropolitana

UM II Verdinho Cantão/ Morosine Usina Fiorita Barro Branco Mina II Sta Líbera Esperança/ Fontanela Início Operação do DR Não

informa out/83 - 1993 mar/01 nov/89 out/84

Área em 2005 (há) 239.400 m² 262.790m² + 408.580m² 52.000 m² 10,55 4,15 24 60 Local do

depósito Em solo Em solo

Antiga cava

Antiga cava

Antiga

cava Em solo Em solo

Fonte: Org. pela autora

Os Termos de Ajustamento de Conduta estabeleciam que os depósitos deveriam seguir, no mínimo, as disposições técnicas contidas no projeto ZETA/IESA21. Alternativas de acomodação ou tratamento de resíduos poderiam ser consideradas desde que o projeto contemplasse técnicas com conhecimento científico suficiente para viabilizar a sua aprovação, condicionada, portanto à apresentação de estudos e justificativas de parâmetros do projeto e, como se trataria de técnica diferenciada, precisaria de aprovação dos analistas periciais do MPF. Nesse caso, os parâmetros de projeto adotados deveriam estar explicitados e com indicações de referências.

O que preconiza o ZETA/IESA22 em relação depósito de rejeito:

 Preparação do local: desmatamento e juntada do material ou entulho para sua remoção, a fim de armazená-lo em

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“No final de 1985 as carboníferas apresentaram ao DNPM os projetos executivos elaborados pelas empresas IESA – Internacional de Engenharia S/A e a Zeta Engenharia S/A (consórcio ZETA/IESA) para elaboração de projeto de disposição de rejeitos sólidos , tratamento de efluentes líquidos e recuperação de áreas mineradas. Este projeto ficou até a presente data como uma referência para os projetos técnicos elaborados na região, principalmente no que diz respeito a disposição de rejeito do beneficiamento do carvão” relato descrito no cap. x p.y deste trabalho.

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Fonte: Relatório Conceitual – Projeto ZETA-IESA, Junho de 1983, Volume II, capítulo 4: Rejeito Sólido. Disponível no escritório do DNPM em Criciúma.

local próprio. O mesmo será aproveitado como cobertura morta a ser aplicada nas áreas recuperadas. Decapagem da camada de solo vegetal ou orgânico (top soil) que deverá ser transportado para local próprio, a fim de receber correção quanto à acidez. O armazenamento do solo orgânico deve se efetuar em local previamente selecionado e reduzido sua acidez com calcário dolomítico.

 Dimensionamento do sistema de drenagem: baseado em índices pluviométricos da região.

 Sistema de drenagem superficial de montante: com a finalidade de desviar as águas não contaminadas que fluem externamente à área de depósito, como também as águas de chuva que incidem nesta área externa, orientando-as para os cursos d´água mais próximos, por intermédio da valetas e descidas d´água pelas encostas.  Drenagem profunda: implantação de dreno profundo no

eixo do terreno, e suas águas encaminhadas ao dique de calcário para tratamento. Construir um dreno profundo de encosta a cada nove camadas de rejeito.

 Drenagem superficial na plataforma do depósito: ao se concluir uma plataforma, deve-se executar em primeiro lugar as duas linhas de pilhas de rejeito junto ao talude, de modo a proteger o talude das águas de chuva que incidirem sobre a plataforma [berma]. Deve-se resguardar distância de 10 metros entre a última linha de pilhas e a valeta de encosta, para manobra de veículos  Sistema de tratamento do líquido percolado do aterro:

completado o ciclo das águas que fluem no local do depósito será implantado um dique filtrante a jusante, cuja finalidade será a de formar uma bacia de sedimentação de finos carreados pelas águas, além de reduzir sua acidez.

 Disposição das camadas de rejeito: será descarregado o rejeito pelos veículos em pequenas pilhas justapostas, de montante para jusante e do eixo central para as laterais. Projetar na área do depósito a declividade transversal de 5%, e longitudinal de 2%. Ao se depositar o rejeito, este será distribuído em camadas regulares, com espessura em trono de 0,50m para provocar o deságüe total. A esta

prática associamos a compactação da camada executada pelo trânsito do trator de esteiras.

 Camada intermediária de impermeabilização: após a conclusão de nove camadas de rejeito, será executada uma camada de impermeabilização com solo mineral (h = 0,20m) de preferência argiloso. Espalhamento e compactação da camada, com as declividades adequadas ao encaminhamento das águas para os drenos laterais.  Camada de proteção do talude: esta camada de solo

mineral será colocada no talude para servir de suporte à camada de solo vegetal. Projeta-se um núcleo de solo mineral após cada conjunto de seis camadas no qual se substitui a linha interna de pilhas de rejeitos por solo mineral. A finalidade do núcleo de terra depositado no talude será para suporte ao plantio de espécies arbóreas de maior porte, de acordo com a finalidade estética do projeto.

 Solo vegetal do talude (top soil): solo vegetal armazenado anteriormente será distribuído manualmente no talude, tendo-se o cuidado de executar cordões em curvas de nível, espaçados de 0,30m para facilidade do plantio e proteção contra erosões.

 Camada final do solo mineral e solo orgânico: ao se concluir o aterro será depositada uma camada de solo mineral, espalhada e compactada, seguindo-se a camada de solo orgânico com espalhamento manual, ou com trator leve, a fim de receber a revegetação.

 Revegetação: à medida que o talude cresce em altura, e após a distribuição manual do top soil, será efetuado o plantio das espécies vegetais. Tendo em vista a execução de cordões, em curva de nível, com o solo vegetal, o plantio deverá se processar manualmente com sementes ou mudas, principalmente, tendo em vista o quantitativo necessário anualmente. A adubação dos taludes far-se-á manualmente e em conjunto com o lançamento das sementes e das mudas. Para a plataforma final, poder-se a adotar plantio e adubação mecanizada para sementes e manual para mudas. A prática vegetativa constituir-se-á pelo plantio de espécies vegetais selecionadas de gramíneas, leguminosas, arbustivas e pequena percentagem de arbóreas.

Em 26/05/2008 foi protocolizado na Procuradoria da República em Criciúma a Minuta da Nota Técnica denominada “Estudo de Compactação de Rejeito” elaborada pelo Núcleo de Meio Ambiente (NMA) do SIECESC que discutia algumas das premissas do projeto ZETA/IESA (ZETA/IESA, 1985, capítulo 4). O estudo questiona basicamente três aspectos do projeto ZETA/IESA: a técnica indicada para construção da drenagem profunda do depósito de rejeito, porém, não foi apresentada alternativa; a necessidade de aplicação de uma camada de argila entre as plataformas de rejeito do depósito e apresenta solução técnica alternativa, e o coeficiente de permeabilidade utilizado atualmente como indicativo da eficiência da compactação e impermeabilização nos depósitos de rejeito, e apresenta sugestão de outro parâmetro.

A premissa de se intercalar camada regular de solo argiloso de 0,20m de espessura e compactação entre as plataformas de rejeito foi questionada e apresentada a seguinte sugestão técnica: “após atingir o grau de compactação desejado no rejeito (100% Proctor normal), sua superfície deve ser adequadamente umedecida e, em seguida, aplicada a ação do equipamento compactador até que se forme uma camada de finos úmidos (nata). Esta camada de finos úmidos, após seca, deixará a superfície do aterro praticamente impermeável. O empilhamento de sucessivas camadas assim preparadas leva a um coeficiente de infiltração inferior a 10-7 cm/s.”

De fato uma alternativa para uso de material argiloso seria conveniente para não comprometer um grande volume de argila e conseqüente intervenção e inevitável impacto ambiental em outro local. Porém, na Nota Técnica não foram detalhados os estudos e resultados de testes da proposta que descrevesse, no mínimo, o local, a data de realização dos testes, metodologias, resultados e referencias bibliográfica. A proposta carecia de ser tecnicamente embasada.

A Minuta Técnica questiona também o parâmetro a ser utilizado na avaliação da impermeabilização do depósito: coeficiente de permabilidade 10-7 cm/s. Em contrapartida, apresenta uma nova proposta, cujo índice sugerido é de 100% do Proctor, argumentando que este parâmetro avalia a densidade máxima e, conseqüentemente, o menor índice de infiltração do material a ser depositado. Entretanto, o documento não faz

referências aos estudos /ensaios já realizados comparando com os índices já conhecidos com intuito de avaliar a eficácia da aplicação da metodologia na situação específica dos depósitos de rejeito de carvão.

Em relação aos rejeitos, temos ainda os casos das empresas que “mineram” antigos depósitos de rejeitos que estão dispersos sem controle no ambiente. Esse processo é conhecido como “re”beneficiamento ou relavagem e gera “novos” rejeitos. Essa prática é interessante porque possibilita que os mesmos possam ser depositados agora de uma forma mais planejada e controlada, trazendo benefícios para o ambiente e as comunidades.

As empresas que rebeneficiavam rejeitos em 2005 eram a Gabriela Mineração LTDA, INGUSA – Indústria Guglielm LTDA, Mineração São Domingos LTDA, COMIM & CIA LTDA e Vale – Beneficiamento de Carvão Mineral LTDA, sendo que estas três últimas tiveram seus TACs rescindidos na primeira etapa.

Todas as empresas tiveram que apresentar laudo de classificação os rejeitos do carvão gerados em seus beneficiamentos.

5. 10 CONTROLAR A COMBUSTÃO ESPONTÂNEA

Uma das formas de poluição atmosférica associada ao carvão, apontado por Monteiro e Furtado (1998, p. 78 em SCHEIBE, 2002, p. 59), é a combustão espontânea gerada dos rejeitos piritosos que se forma em contato com o ar, especialmente em dias de vento. O aspecto da combustão espontânea foi abordado no TAC aditivo de algumas empresas por ter sido observado por ocasião de vistoria e/ou auditoria ambiental em depósitos de rejeitos. A forma de combater é simples, devendo ser o local coberto por mais rejeito e monitorado constantemente. 5.11 PESQUISAR POR SONDAGEM HORIZONTAL A CAMADA DE CARVÃO A SER MINERADA

A sondagem tem por objetivo obter testemunhos das rochas e investigar as estruturas presentes nas camadas como fraturas naturais, falhamentos, diques ou fraturas artificiais induzidas pelo uso de explosivos durante o avanço da lavra. Este estudo detalhado é muito importante para assegurar a inexistência de descontinuidades nas rochas que possam porventura conter grandes

quantidades de água subterrânea e assim evitar eventuais rebaixamentos regionais do nível de água e trazer segurança para os trabalhadores das minas.

5.12 DESTINAR E TRATAR OS RESÍDUOS SÓLIDOS