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3.2 Parcelamento de Tributos Devidos no Super Simples

3.2.2 Adesão ou Exclusão

Sendo optativa a adesão ao Simples, uma vez dentro do sistema tributário do Super Simples a empresa não é obrigada a permanecer eternamente, ela terá a opção de sair, basta que ela faça uma comunicação, essa medida é chamada de comunicação opcional, mas há também a comunicação de oficio, ou seja, ela é convidada a sair do Super Simples, por não mais se enquadrar nos termos da previsão legal. Isso ocorre quando a EPP ou a ME ultrapassa o limite estabelecido para a receita bruta anual ou, ainda, incorrer em outro tipo de vedação previsto à norma. A comunicação de ofício é feita quando a entidade empresarial não faz a comunicação obrigatória ao fisco, bastando para isso que ela esteja enquadrada em umas das hipóteses mencionadas acima no art. 17 da Lei 123/2006.

3.2.3 Contribuição para o Emprego Formal

A economia, o numero de empregos formais e a melhora na qualidade de vida no Brasil ganhou mais força com ajuda das Microempresas e Empresa de Pequeno Porte. Uma vez que essas entidades geram empregos, além de contribuir com os cofres públicos na elevação da arrecadação tributária influenciado diretamente na balança comercial e na vida dos trabalhadores brasileiros.

De acordo com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE): 68 o ano de 2010 e 2011 foram anos de ouro para o mercado de trabalho, pois foram criados mais empregos nas atividades econômicas ligados a ME e EPP, isso se for comparado com outros seguimento empresarias:

[...] as ME e EPP empregavam, em 2011, 13,1 milhões de trabalhadores formais, sendo que as ME optantes pelo Simples respondiam por 60,4% do total de empregos existentes no conjunto de ME, e as EPP optantes, por 76,9% do total de empregos nas EPP. Em relação ao setor de atividade econômica, as ME do setor de Serviços e do Comércio foram as que mais empregaram, em 2010 e 2011. No tocante às EPP, porém, essa relação inverteu-se, tendo o Comércio empregado mais que o setor de Serviços nesses dois anos.

Por isso, as ME e EPP merecem receber tratamento diferenciado, uma vez que elas concentram a maior parte das pessoas que estão empregadas, além de darem mais vida ao mercado.

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68 SEBRAE.Entendaasempresas.Disponívelem:<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/Entenda-as-distin%C3%A7%C3%B5es-entre-microempresa,-pequena-empresa-eMEI>Acessoem: 1º mar 2016.

3.2.4 O enquadramento Diferenciado por Estado

O outro lado da moeda, em relação ao Simples, está ligado ao fato de alguns Estados terem dificuldade com a Lei Geral do Simples Nacional, pois com a sua criação os tributos federais e estaduais foram unificados e isso, para algumas empresas, não foi bem aceito.

Priscila de ZUINI,69 em uma entrevista Revista Exame, traçou em poucas palavras algumas vantagens e desvantagens a respeito do Instituto do Simples Nacional:

O Simples tem suas vantagens, já que unifica oito tributos em um só, diminuindo a burocracia nas empresas com faturamento de até 3,6 milhões de reais. Mas existem algumas situações em que a permanência neste regime não pode ser tão compensadora assim.

Baixa margem de lucro - As empresas que operam com baixa margem de lucro podem recolher menos tributos se optarem pela modalidade do lucro real. Isso acontece pelo fato das alíquotas do Simples incidirem sobre o faturamento, sem considerar a rentabilidade, e no lucro real incidirem sobre o resultado da operação.

“Um exemplo: as empresas comerciais que geram lucro abaixo de 8% das suas receitas e as empresas prestadoras de serviço com este percentual inferior a 12% podem ter mais vantagens no lucro real.” 70

Custo da mão de obra - As empresas cujo custo com a mão de obra for inferior a 20% sobre o faturamento não terão vantagem operando pelo Simples. Isso acontece por causa da forma como o INSS é calculado.

Nas companhias que apuram pelo lucro real ou pelo lucro presumido, este tributo é calculado conforme um percentual da folha de pagamento. Já no Simples, o INSS está embutido na alíquota única que incide sobre o faturamento da empresa.71

Portanto, quem tem poucos funcionários pode acabar recolhendo mais. Na prática, quanto menor for a folha de pagamento, maior será o INSS a ser recolhido no Simples.

De olho no ICMS e no IPI - As empresas que operam no Simples não fazem o destaque do ICMS e do IPI em suas notas fiscais e, por isso, quem compra não tem direito ao crédito fiscal desses impostos.

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69 ZUINI,Priscila de. Disponível em:<http://exame.abril.com.br/pme/noticias/quando-simples-nao-vale-pena-599169> Acesso em: 1º abr 2016.

70 Ibidem

Uma desvantagem que pesa muito para o pequeno empresário é referente ao mercado de negociação com as empresas de grande porte, pois estas empresas deixaram de negociar com as empresas que optam pelo sistema do Simples Nacional, pois quando uma empresa normal compra de outra empresa também normal, sem ser Simples, o encargo que é desembolsado com as despesas tributárias do ICMS ou IPI podem ser recuperados de forma compensatória direta ao recolher o tributo devido pela empresa compradora.

Essa preferência ocorre devida o sistema do simples não permitir nenhuma forma de compensação para as empresas normais ao negociarem com as empresas optantes do Simples Nacional.

No próprio Boletim do Empreendedor do Sebrae 72 há uma nota sobre as vantagens e desvantagens do Sistema Simples.

Vantagens:

Forma de unificação de arrecadação de tributos em uma única alíquota; Processo mais fácil de controle e contabilidade; Redução da carga tributária direta; Redução do custo trabalhista (Folha de Pagamento), pois não há contribuição do INSS Patronal.

Desvantagens:

Não há muitas desvantagens no sistema, mas uma se destaca entre elas. O fato da unificação dos tributos nas esferas Federal, Estadual, Municipal, não permite que empresas que compram insumos ou produtos para industrialização ou revenda de empresas do sistema simples, não se aproveitarem dos créditos de impostos do sistema cumulativo, como: IPI, Pis, Cofins, ICMS. Isto acaba gerando impasses em negociações entre as empresas e afastando grandes compradores de empresas no sistema simples.

Segundo consta no Manual do Simples Nacional73 em alguns Estadoshá programas fiscais voltados para concederem imunidade ou reduções tributária maiores que o Super Simples:

Vantagens específicas - Alguns estados e cidades têm programas de benefícios fiscais que concedem isenções ou reduções de tributos a determinados segmentos econômicos. Isso pode ser uma forma de economia tributária maior do que o Simples, já que quem faz parte do sistema simplificado não tem direito a outros incentivos fiscais. Vale à pena conferir se seu estado ou município tem algo parecido.

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72SEBRAE.Entendaasempresas.Disponívelem:<http://www.boletimdoempreendedor.com.br/boletim.aspx?codB oletim=538_Entenda_o_Simples_Nacional>Acessoem: 1º abr 2016.

No entanto, cabe destacar que as empresas não optantes pelo sistema do Simples ao adquirirem mercadorias das ME e EPP optantes, desde que destinadas a industrialização ou comercialização, poderão ter direito ao crédito correspondente ao ICMS, mas deve observar o valor do ICMS devido pelas ME e EPP relativas as tais aquisições, mediante deliberação unilateral dos Estados e DF.

Particularmente em relação ao Estado do Ceará, no ano de 2008, segundo o contador e professor em controladoria pela USP, Eduardo Araújo de Azevedo, em seu artigo: “Simples Nacional:74 principais problemas decorrentes de sua implementação no estado do ceará”, mostra, detalhadamente, através de uma tabela que discrimina em percentual o quanto algumas ME e EPP perderam com o advento do Simples:

Comparando o custo tributário das pequenas empresas sediadas no Estado do Ceará, antes e após a vigência do Simples Nacional, conforme demonstrado no quadro (abaixo, grifo) constata-se uma elevação significativa na carga tributária das menores empresas e uma redução nas maiores, contrariando frontalmente os princípios que embasaram a instituição do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, [...].

A Lei Estadual nº 13.298, de 02 de abril de 2003,75 trazia os valores da receita bruta para as ME e EPP, esses valores podem ser comparados, de forma ilustrativa, na tabela abaixo, onde há os dados com os valores de antes da criação da Lei Geral regulamentado o Simples e depois de sua regulamentação.

Quadro 5 – Comparativo entre Leis

Classe Faturamento ANTES (%) APÓS

(%)

VARIAÇÃO (%)

ICMS SIMPLE

S

TOTAL ICMS SIMPLES

NACION

TOTAL ICMS SIMPLES TOTAL

MS 41.766,00 0,00 3,00 3,00 1,25 2,75 4,00 - - 8,3 + 33,3 ME 50.119,20 0,40 3,00 3,40 1,25 2,75 4,00 + 212,5 - 8,3 + 17,6 100.238,40 0,60 3,00 3,60 1,25 2,75 4,00 + 108,3 - 8,3 + 11,1 EPP 120.000,00 2,00 3,00 5,00 1,25 2,75 4,00 - 37,5 - 8,3 - 20,0 180.000,00 2,00 4,00 6,00 1,86 3,61 5,47 - 7,0 - 9,75 - 8,8 200.476,80 2,00 5,00 7,00 1,86 3,61 5,47 - 7,0 - 27,8 - 21,9 240 000 00 2 50 5 00 7 50 1 86 3 61 5 47 25 6 27 8 27 1 360.000,00 2,50 5,40 7,90 2,33 4,51 6,84 - 6,8 - 16,5 - 13,4 417.660,00 2,50 5,80 8,30 2,56 4,98 7,54 + 2,4 - 14,1 - 9,1

Fonte: AZEVEDO, Eduardo Araújo.76

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74 AZEVEDO, Eduardo Araújo de, Simples Nacional: principais problemas decorrentes de sua implementação no estado do ceará. Disponível em:< http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:IAWGYjcTU_4J:

www.crcce.org.br/crcnovo/files/Artigo_problemas__SIMPLES%2520NACIONAL_site_(Reparado).doc+&c d=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br >. Acesso em 2 abr 2016.

75 BRASIL. lei Complementar nº 123, de 14 de dez de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em: 2 abr 2016.

Eduardo Araújo de Azevedo faz uma comparação da tributação para ME e EPP antes da entrada em vigor da Lei Geral 123/2006,77 ele compara, na tabela anteiror, o antes e o depois da concentração dos tributo:

Antes da vigência da Lei Complementar nº 123/06 as pequenas empresas eram tributadas separadamente pelo ICMS e pelos vários tributos federais, totalizando, para as empresas enquadradas como microempresas sociais, microempresas e empresas de pequeno porte, segundo a legislação estadual então vigente, os valores percentuais descritos na 5ª coluna do Quadro. Com a entrada em vigor do Simples Nacional, os impostos federais, a previdência social a cargo da pessoa jurídica, o ICMS e o ISS foram consolidados e encontram-se transcritos na 8ª coluna do mesmo Quadro. A última coluna compara as duas situações mostrando a evolução para mais e para menos dos níveis de tributação.

Desta forma, conforme foi demonstrado, na tabela acima, ficou evidenciado que a Lei Geral do Simples Nacional não atingiu o seu objetivo como um todo, pois sua abrangência, de âmbito nacional, trouxe prejuízo para alguns pequenos e micro empresários enquadrados pela Lei.

A respeito da autorização normativa prevista no art. 19, inciso II, da Lei 123/2006,78 de forma optativa, os Estados que tem participação menos do que 5% no Produto Interno Bruto - PIB Nacional, abaixo do limite previsto na lei, poderá diminuir o valor das receitas brutas para fins de enquadramento de suas empresas no Sistema Simples:

II - os Estados cuja participação no Produto Interno Bruto brasileiro seja de mais de 1% (um por cento) e de menos de 5% (cinco por cento) poderão optar pela aplicação, em seus respectivos territórios, das faixas de receita bruta anual até 50% (cinquenta por cento) ou até 70% (setenta por cento) do limite previsto no inciso II do caput do art. 3º;

Art. 3º, II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

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77 AZEVEDO, Eduardo Araújo de, Simples Nacional: principais problemas decorrentes de sua implementação noestadodo ceará. Disponível em:< http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:IAWGYjcTU_4J: www.crcce.org.br/crcnovo/files/Artigo_problemas_do_SIMPLES%2520NACIONAL_site_(Reparado).doc+&c d=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br >. Acesso em 2 abr 2016

78BRASIL. lei Complementar nº 123, de 14 de dez de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em: 1º abr 2016.

A adoção de faixa de receita bruta anual menor é opcional para os Estados com participação no PIB nacional menor ou igual a 1% (poderão adotar as faixas de receita bruta anual até R$ 1.200.000,00) e para os que possuam participação maior que 1% e menor que 5% (poderão adotar as faixas de receita bruta anual até R$ 1.800.000,00).79

Quando o Estado possuir participação no PIB nacional igual ou superior a 5% é obrigatório à adoção das faixas nacionais de receita bruta anual. No caso de opção pelas faixas diferenciadas, as empresas que ultrapassarem os valores adotados como teto passará a recolher o ICMS e o ISS fora do Simples Nacional. Assim, a alíquota será reduzida dos percentuais relativos a esses impostos, observando os Anexos I a V da Lei Complementar 123/2006, com as suas particularidades.

De acordo com a Lei Geral do Simples, “a participação de cada Estado e do DF no Produto Interno Bruto brasileiro será apurada levando em conta o último resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE ou outro órgão que o substitua.” 80

De acordo com os dados do IBGE 81 no ano de 2013 os seguintes Estados: RO, AC, RR, AP, TO, PI, PB, AL, SE tiveram participação no PIB nacional inferior a 1%; já com participação de 1 a 5%, estão os estados MA, AM, PA, RN, CE, PE, BA, ES, SC, MT, MS, GO e DF, e o com participação maior que 5%, apenas os estados: SP, RJ, MG, PR, RS.

O quadro abaixo mostra o mapa do Brasil de acordo com o Produto Interno Bruto Nacional por Região, sendo que a Região Sudeste é a que maior contribui para o PIB, e as menores regiões estão no Norte e Nordeste do País:

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79AZEVEDO, Eduardo Araújo de, Simples Nacional: principais problemas decorrentes de sua implementação no estado do ceará. Disponível em:< http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:IAWGYjcTU_4J: www.crcce.org.br/crcnovo/files/Artigo_problemas__SIMPLES%2520NACIONAL_site_(Reparado).doc+&c d=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br >. Acesso em 2 abr 2016.

80 BRASIL. lei Complementar nº 123, de 14 de dez de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em: 2 abr 2016.

81PENA, Rodolfo F. Alves. "PIB dos estados brasileiros"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/pib-dos-estados-brasileiros.htm>. Acesso em 02 de abril de 2016.

Figura 1 – Mapa do BIP Nacional

Fonte: IBGE/RBA 82

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