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2.1. Administração e gestão: convergências para a gestão de

2.1.2. Administração e/ou gestão: a evolução das teorias

A administração, por sua vez, com seus princípios, enfoques e teorias representa uma complexa e ampla área de conhecimentos em constante evolução. A evolução das teorias administrativas, desde as abordagens clássicas até a contemporaneidade, apresenta algumas divergências de nomenclaturas11, mas, de acordo com diversos autores Ferreira et al. (1997), Bateman e Snell (1998), Schermerhorn JR (1999), Maximiniano (2000), Gil (2001), Motta e Vasconcelos (2002), Chiavenatto (2004), Andrade e Amboni (2007), Fonseca (2007), pode ser assim sintetizada:

Abordagem Clássica: Foco no desenvolvimento de princípios universais para uso em várias situações de gerência;

Abordagem de Recursos humanos: Foco nas necessidades humanas, no grupo de trabalho e no papel dos fatores sociais no local de trabalho;

Abordagens quantitativas e de ciência gerencial: Foco no uso de técnicas matemáticas para a solução de problemas gerenciais;

Abordagens modernas: Foco na visão de sistemas e no pensamento contingencial, com compromissos com qualidade e alto desempenho;

Abordagens contemporâneas: Para o enfrentamento dos cenários de trabalho dinâmicos e desafiadores, onde há a competição global por servir melhor os clientes e aumentar a produtividade, compromisso com a qualidade e excelência no desempenho.

Mais detalhadamente, partindo dos autores citados anteriormente, na

abordagem clássica, os princípios da administração desenvolvidos e adaptados por

Taylor em 1911 consideram que as pessoas são racionais e tentam usar técnicas para melhorar a produtividade delas no trabalho. Esses princípios, por incrível que pareça, segundo Schermerhor Júnior (1999) são encontrados em muitos cenários gerenciais de hoje. Resumidamente, são eles:

(a) Fazer da remuneração baseada em resultados um incentivo ao desempenho; (b) Projetar cuidadosamente as funções com métodos de trabalho eficientes;

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Entre estes mesmos autores, outra forma de apresentação parte das diferentes teorias administrativas e a ênfase dada às variáveis (tarefas, estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia): Administração começou com a ênfase nas tarefas (administração científica de Taylor), seguindo-se a ênfase na estrutura (as teorias clássica de Fayol, burocrática de Max Weber e, mais tarde, a estruturalista), ênfase nas pessoas (teoria comportamental e teoria do desenvolvimento organizacional) e a ênfase no ambiente (Teoria dos Sistemas, completada pela teoria da contingência), que após desenvolveu a ênfase na tecnologia.

(c) Selecionar cuidadosamente os trabalhadores com habilidades para exercer as funções;

(d) Treinar os empregados para executar as funções e usar ao máximo suas habilidades;

(e) Treinar supervisores para dar suporte aos empregados de modo que estes executem suas funções e utilizem ao máximo as suas habilidades.

Ainda, Henry Fayol, em 1916 preocupou-se com os princípios administrativos e assim os identificou como cinco regras e deveres do gerente: previsão, organização, comando, coordenação e controle e, acreditando que a gerência pode ser ensinada, estabeleceu alguns princípios. Entre os princípios comuns estão:

(a) Cadeia hierárquica - Uma linha clara de comunicação de cima para baixo; (b) Unidade de comando - Cada pessoa deve receber ordens de apenas um

chefe;

(c) Unidade de direção - Uma pessoa deve ficar encarregada de todas as atividades que tenham o mesmo objetivo de desempenho.

Max Weber, por sua vez, acreditava que as organizações teriam a vantagem da eficiência na utilização de recursos e da justiça ou equidade no tratamento dos empregados por meio da organização burocrática, uma forma de organização ideal, intencionalmente racional e muito eficiente, fundada nos princípios da lógica, da ordem e da autoridade legítima, com as seguintes características: divisão clara do trabalho; clara hierarquia de autoridade; regras e procedimentos formais; impessoalidade; e, carreiras baseadas em mérito.

Na abordagem de recursos humanos tem-se a ideia de que as pessoas são sociáveis e autorrealizáveis, procuram manter-se atualizadas, e, no trabalho, buscam satisfazer relacionamentos sociais, respondem às pressões do grupo e procuram a realização pessoal.

As visões de recursos humanos, a identificação das necessidades humanas que criam tensões que podem influenciar os comportamentos e as atitudes das pessoas no trabalho, entre outras, prepararam o estudo dos indivíduos e grupos nas organizações, que na atualidade é denominado comportamento organizacional.

Nas abordagens quantitativas supõe-se que o uso de técnicas matemáticas pode apoiar o processo decisório gerencial e solução de problemas. Assim, encontrado um problema, ele é analisado sistematicamente, aplicam-se modelos matemáticos e cálculos apropriados e identifica-se a solução ótima. Na atualidade,

os processos em softwares, as técnicas de pesquisa operacional e análise quantitativa para negócios disponíveis para aplicação e análise digital necessitam de um bom julgamento gerencial e de uma consideração do fator humano.

Por sua vez, as abordagens modernas à gerência respeitam as escolas clássicas, de recursos humanos e as quantitativas, mas também, reconhecem que nenhum modelo ou teoria se aplica universalmente a todas as situações ou com exclusão das demais. Consideram que as pessoas são complexas e mutáveis, têm necessidades múltiplas e variadas, que podem mudar ao longo do tempo e possuem um leque de talentos e capacidades que podem ser desenvolvidos.

Nessa abordagem, as organizações e gerentes devem responder às diferenças individuais com larga variedade de estratégias gerenciais e oportunidades de trabalho, tendo como fundamentos principais a visão sistêmica, que entende a organização como um sistema aberto que interage continuamente com o ambiente externo e vice-versa e o pensamento contingencial, por sua vez, considera que não há um melhor ou único modo para gerenciar em todas as circunstâncias, pois a estrutura organizacional formal ou informal pode sofrer mudanças em decorrência do ambiente externo, da tecnologia e do seu tamanho.

Entre as perspectivas contemporâneas, a abordagem de adaptação das organizações trata das principais teorias do desenvolvimento e do processo de mudança estratégica. Destacam-se como principais abordagens de adaptação organizacional, a ecologia populacional (explica as mudanças organizacionais a partir da análise da natureza e da distribuição de recursos no ambiente, pois as pressões tornam a competição por recursos a força central nas atividades organizacionais); escolha e determinismo ambiental (estabelece condições de escolha para os gestores identificarem as estratégias mais viáveis quando se consideram as diferentes realidades ambientais), biografia organizacional (método de pesquisa para a investigação do desenvolvimento organizacional por meio da abordagem histórica e de que ela representa um caminho alternativo para entender as organizações), a abordagem contextualista (centrada nas ligações entre o conteúdo da mudança, o contexto e o processo).

Para finalizar essa síntese, fundamentada a partir dos autores apresentados anteriormente, a Aprendizagem organizacional é a abordagem contemporânea que pressupõe que as organizações só terão sucesso se implementarem modelos de organização e consequentemente de gestão, flexíveis e horizontais, com o

objetivo de criar espaços atitudinais para as pessoas poderem se expressar e dialogar. Assim, pessoas e organizações precisam “querer aprender” com erros e acertos, permitindo às pessoas a expansão contínua de suas capacidades de criar novos padrões de pensamento para aprenderem a trabalhar juntas.

De fato, esses princípios, teorias e abordagens, são aplicáveis à gestão escolar, mas não de forma direta ou por meio da adequação simples às peculiaridades da escola, pois a gestão escolar é constituída através de ações mobilizadoras, articuladas com as condições materiais e humanas que garantam o avanço nos processos educacionais e promovam a cultura aprendente entre os envolvidos, para que se tornem capazes de enfrentar os desafios da atualidade. Na verdade, como serão abordados a seguir, esses conhecimentos poderão ampliar a capacidade de análise, planejamento e tomada de decisão dos envolvidos na gestão frente à situação atual da IES e, muitas vezes, do necessário processo de adaptação e mudança.