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ADMINISTRAÇÃO ELEITORAL

No documento REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE (páginas 55-57)

Fortalecer a Independência e Imparcialidade dos Órgãos Eleitorais

14. A independência da CNE deve ser fortalecida por meio de uma autonomia financeira, segundo o que dita a lei. O seu orçamento deveria ser aprovado diretamente pelo parlamento, e não pelo Ministro de Administração Estatal. Além disso, a CNE deveria ter a independência para redistribuir o seu orçamento internamente, segundo as necessidades do processo eleitoral.

15. A nomeação dos membros do secretariado por parte do CNE tem que ser realizada de forma cuidadosa e em estrito cumprimento com os critérios de imparcialidade e mérito, devido à sua importância como órgão independente. Até agora, o pessoal das Nações Unidas tem estado a completar estas funções. O secretariado deveria incorporar uma unidade de tradução.

16. De modo a fortalecer a sua imparcialidade, a CNE deveria adoptar um Código de Conduta para os membros e pessoal da CNE. No mesmo sentido seria recomendável que o STAE também adoptasse um Código de Conduta para o seu pessoal, com o objetivo de promover a imparcialidade em todo o seu pessoal. A regulamentação interna da CNE deveria ser publicada para entrar em vigor.

17. Os membros da CNE deveriam dividir as suas tarefas em diferentes pastas específicas. Por exemplo, poderiam criar-se postos responsáveis das relações com doadores, ou outros para as relações com a Subcomissão Parlamentar acima mencionada, ou também para as relações com os grupos observadores, etc.

18. Embora o facto de que a Ministra de Administração Estatal fosse candidata para as eleições parlamentares, ela não interferiu abertamente no trabalho do STAE. Mesmo assim, existe um inerente conflito de interesses em estes casos. Situações como estas poderiam ser evitadas com uma administração eleitoral independente, o que é mais apropriado para países com administrações eleitorais jovens, como é o caso do Timor- Leste, e em lugares onde as instituições públicas ainda não chegam a contar com o grau de credibilidade preciso entre a cidadania. O estatuto independente de órgãos eleitorais similares (o STAE e a CNE), com respeito a outras instituições do estado, é uma pratica habitual a nível internacional que permite melhorar a credibilidade da administração eleitoral.

19. A capacitação do STAE e da CNE deveria ser fortalecida por meio de visitas mutuas, o intercambio de informação e a partilha de experiências com Portugal e Austrália (os países que têm as relações de doadores mais estreitas com Timor-Leste), junto com a adesão em associações regionais de autoridades eleitorais.

Clarificar a Relação e a Divisão de Tarefas entre o STAE e a CNE

20. É preciso que as leis e regulamentos eleitorais especifiquem com claridade os poderes de cada uma das organizações eleitorais em termos da capacidade de aprovar regulamentos. A lei actual não é suficientemente exata, facto que levou a disputa entre as duas organizações eleitorais, e demoras na promulgação de regulamentos e procedimentos. 21. Seguindo o modelo estandardizado que existe em vários países, a CNE poderia assumir a

responsabilidade da toma de decisões a nível político, e o STAE assumiria o papel de agencia executiva. Uma maior claridade neste aspecto reduziria as possibilidades de conflito e aceleraria os procedimentos. Em todo caso, é preciso que sejam estabelecidos prazos antes do dia das eleições para a toma de decisões fundamentais, e depois dos quais não seja possível aprovar regulamentos.

22. Também é necessário que sejam criados e revisados de forma periódica os planos operativos para as diferentes eleições possíveis. Uma medida útil seria a de celebrar, durante os períodos eleitorais, reuniões semanais de coordenação entre as duas organizações, tanto ao nível das sedes institucionais como ao nível distrital.

23. Devido ao facto que podem ser marcadas eleições em qualquer momento, é preciso que as duas organizações eleitorais estejam permanentemente operativas, mantendo uma estrutura mínima de pessoal nas sedes e ao nível dos distritos.

As Autoridades Eleitorais Devem Melhorar as Comunicações com Candidatos, Partidos Políticos, e Observadores

24. As duas organizações eleitorais devem melhorar as suas comunicações com os candidatos, partidos políticos, e observadores. Recomendamos que sejam mantidas sessões informativas regulares nas quais ofereçam explicações sobre as diferentes fases do processo eleitoral. Isto ajudaria a melhorar a transparência das organizações eleitorais, e ao mesmo tempo aumentaria o nível de confiança e entendimento da cidadania no processo. Além disso, também serviria para que as organizações eleitorais conseguissem poupar tempo, compartindo a informação de uma forma mais direta. Um modelo comum que poderia ser imitado seria a criação de um escritório destinado às relações com os partidos políticos e outro para os observadores, em cada uma das organizações eleitorais. 25. A lei obriga a CNE a publicar as suas decisões, e isto deve acontecer em todos os casos.

Seria também de grande utilidade se se publicassem as actas de todas as suas reuniões, e se permitisse que os representantes dos partidos estivessem presentes nas suas reuniões, com os sem direito a voz ou voto.

Educação Eleitoral

26. Seria conveniente que o STAE e a CNE desenvolvessem um programa de educação eleitoral a longo prazo antes das próximas eleições. Este programa poderia tratar, entre outros, sobre temas relacionados com a boa governação e o papel dos diferentes níveis do governo, estatal e local.

Escolha dos Oficiais Eleitorais

27. Seria interessante considerar a aplicação de um novo sistema para a escolha dos oficiais eleitorais. Neste novo sistema dar-se-ia prioridade aos que tenham experiência eleitoral previa, assim como os que tenham capacidade de ler e escrever e de utilizar os números. É uma prática comum em muitos países que os professores representem a grande maioria dos oficiais eleitorais. Aparentemente isto não é possível em Timor, por causa das restrições que existem sobre a participação de funcionários públicos como oficiais eleitorais. Poderia - se contemplar um relaxamento de esta regra para o caso dos professores. Em todo caso este processo deverá estar sempre baixo a supervisão direta do CNE.

Atividades de Capacitação da Administração Eleitoral

28. Teria de considerar-se a possibilidade de manter parte do pessoal nacional (talvez a tempo parcial) ao nível dos distritos, de forma a não perder todo o pessoal capacitado e experimentado. Também seria positivo estudar a possibilidade de realizar projetos de capacitação, como a formação BRIDGE.

No documento REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE (páginas 55-57)