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7 CONTEÚDO DA POLÍTICA

7.1 Atores da Política

7.1.2 Administrador Público

O Administrador Público é o representante do poder público que tem atribuições de firmar a parceria com as organizações da Sociedade Civil sendo assim definido:

Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se: (...)

V - Administrador Público: agente público revestido de competência para assinar termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação com organização da Sociedade Civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, ainda que delegue essa competência a terceiros; (BRASIL, 1988)

É o Administrador Público quem representa o ente público. No campo do direito administrativo quem tem poderes para representar um ente público é seu representante máximo.8 No entanto, a atividade de firmar o termo de parceria dificilmente é exercida pelo chefe do poder executivo ou Dirigente I máximo da entidade da administração indireta, sendo mais comum que essa função seja delegada a funcionários de menor escalão.

A grande celeuma, criada pela lei, é a quem pode ser é delegada esta função, isto porque o diploma legal define que o Administrador Público pode ser agente público.

No entanto, âmbito do direito administrativo9 agente público é toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta estando neste conceito incluído (a) titular de cargo público (b) titular de cargo em comissão (c) titular de função de confiança (d) empregado público (e) servidor temporário.

Quando usa o termo “agente público” a lei permite que qualquer um destas espécies agentes que prestam serviços ao Estado possa exercer o cargo de Administrador Público.

Se o Administrador Público é titular de cargo público ou empregado

8 Na Administração direta: o presidente da república representa a União; governador representa o seu

Estado ou distrito federal; prefeito representa o Município. Na administração indireta: o Dirigente I representa a autarquia; presidente representa a sua fundação, sua empresa pública ou sua sociedade de economia mista.

9Direito Administrativo é o ramo do direito público que trata de princípios e regras que disciplinam a

função administrativa e que abrange entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução do interesse público.

público não há controvérsias, mas o fato de a lei permitir que titulares de cargo em comissão ou de função de confiança exerçam tal atribuição é no mínimo temerária, estas espécies de agentes públicos, por não ingressarem nos quadros da administração pública via concurso público, não gozam de estabilidade.10

Os titulares de cargo em comissão ou função de confiança, como referido, não gozam de estabilidade podendo ser demitidos ad nutum11, isto certamente gera uma instabilidade, pois sua exoneração pode se operar sem maiores exigências legais. É nesse sentido que o Administrador Público I faz severas críticas à opção do formulador da Política:

Imagine se um indivíduo que não é servidor publico, ocupa um cargo em comissão ou uma função e é nomeado para exercer a função de Administrador Público, caso desaprove contas de uma parceria, ou repute insuficientes os resultados alcançados estaria sem dúvidas contrariando interesses das organizações da Sociedade Civil. A questão reside na nada improvável situação em que o chefe maior do ente publico que firmou tal parceria tivesse interesses que as contas fossem aprovadas ou os resultados fossem julgados satisfatórios. Estamos falando, claro, do caso em que um prefeito, por exemplo se associa a um Dirigente I mau intencionado com o fim de fraudar os cofres públicos usando uma parceria parar isto. Qual a garantia esse Administrador Público, titular de cargo em comissão ou função de confiança tem para resistir ao assédio de um chefe do executivo mau intencionado se para demiti-lo basta um ato de exoneração? Para ele só restariam duas opções ou atuar de acordo com os interesses do chefe do executivo ou ser demitido. (Administrador Público I)

De fato, a atividade de administrador é incompatível com aqueles que não gozam de estabilidade no serviço com a administração pública, tendo em vista as altas atribuições que os administradores têm no âmbito das parcerias:

Art. 8o Ao decidir sobre a celebração de parcerias previstas nesta Lei, o Administrador Público:

I - considerará, obrigatoriamente, a capacidade operacional da

administração pública para celebrar a parceria, cumprir as obrigações dela decorrentes e assumir as respectivas responsabilidades; II - avaliará as propostas de parceria com o rigor técnico necessário;

III - designará gestores habilitados a controlar e fiscalizar a execução em tempo hábil e de modo eficaz;

10A estabilidade é um direito dos servidores garantido na Constituição de 1988. O objetivo é evitar que

os funcionários sejam demitidos sempre que um novo governante é eleito, proteger os servidores de represálias em casos que afetem interesses e garantir que a máquina do Estado funcione de maneira constante. A estabilidade segundo a constituição só é alcançada por aqueles que ingressam no serviço público através de concursos público e tem no mínimo 3 anos de exercício efetivo no cargo.

11 Expressão latina que significa literalmente “aceno”. Designa em Direito Administrativo a dispensa

IV - apreciará as prestações de contas na forma e nos prazos determinados nesta Lei e na legislação específica. (BRASIL, 2014)

O Administrador Público I entende que as atribuições de um Administrador Público previstas na lei são de tamanha importância que a sua prática exige uma autonomia e independência que nem o que exerce função de confiança nem muito menos o titular de cargo em comissão gozam.

Não se sabe se a inclusão do termo se deve a um erro legislativo (atecnicidade) ou se realmente foi a intenção do legislador deferir a qualquer agente público essas responsabilidades. Independente do motivo é certo que o termo deverá ser objeto de propostas de mudanças legislativas como forma de manter a segurança e confiabilidade do sistema, além da preservação dos recursos públicos.

Outro aspecto do marco legal que influenciará na tomada de decisão do Administrador Público em firmar ou não a parceria é o que condiciona a celebração da mesma à emissão de parecer jurídico:

Art. 35. A celebração e a formalização do termo de colaboração e do termo de fomento dependerão da adoção das seguintes providências pela administração pública:

(...)

VI - emissão de parecer jurídico do órgão de assessoria ou consultoria jurídica da administração pública acerca da possibilidade de celebração da parceria. (BRASIL, 2014)

Para o Administrador Público I a obrigatoriedade de emissão de parecer jurídico é uma medida que irá facilitar o papel o Administrador Público, pois na maioria dos entes públicos, mormente em pequenos municípios, os administradores não detém de formação jurídica capaz de entenderem todas os meandros da norma legal.

Desta forma para o ator a existência de um parecer jurídico de um órgão composto por especialistas na área em favor da legalidade da parceria dará mais segurança ao administrador no momento de firmar a parceria tendo em vista estar respaldado por parecer técnico.

Nesse ponto é importante deixar claro que o que é obrigatório é a existência do parecer jurídico. No entanto o Administrador Público não está vinculado ao parecer, ou seja pode tomar decisão diversa do parecedista, aprovando a parceria se o parecer não recomendar, ou não aprovando se o parecer for

favorável. Em todo caso a palavra final é do Administrador Público. No entanto a cautela indica que a melhor opção é seguir o órgão especializado.

O Dirigente II entende que tal medida pode facilitar a finalização de parcerias, isto porque antes do regime atual os administradores tinham certo receio de autorizar parcerias e liberar recursos com medo de que por alguma formalidade específica serem responsabilizados à ressarcir recursos públicos, além de outras sanções administrativas ou civis, mesmo tendo agido de boa fé. A existência deste parecer, segundo o ator, vai dar segurança ao administrador de que essas formalidades foram cumpridas.

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