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Capítulo 3 Recurso solar

3.2. Clima no futuro

3.2.2. Africa-CORDEX – Cenário RCP8.5

No que diz respeito ao cenário RCP 8.5 para projeções futuras da radiação em África, na Figura 3.28, estão representados os valores anuais do ensemble, e verifica-se que a maior parte do norte de África é caracterizada por valores na ordem dos 2300 kWh/m2, é bem patente o clima desértico, como analisado

no cenário anterior. Na linha do Equador (Zona de Convergência Intertropical), são visíveis valores mais baixos como 1400 kWh/m2 junto à costa da África Ocidental, em África do Sul, também são observáveis

valores nesta ordem.

Figura 3.28- Radiação média anual para o ensemble das simulações futuras do cenário RCP 8.5 [kWh/m2].

A nível sazonal (Figura 3.29), na estação JJA, o verão boreal (norte de África) é caracterizado por valores de radiação média na ordem dos 700 kWh/m2, bem como na estação DJF no verão austral (sul

de África). No inverno do hemisfério norte (DJF) os valores mínimos de radiação podem chegar as 200 kWh/m2 e no hemisfério sul (JJA) também pode ser atingido esse valor na África do Sul. A estação

intermédia MAM apresenta valores elevados (700 kWh/m2) no norte de África, e no que diz respeito a

valores mais baixos, são na ordem dos 300 kWh/m2. Na outra estação intermédia (SON) verifica-se que

Figura 3.29- Radiação média sazonal para o ensemble das simulações futuras do cenário RCP 8.5 [kWh/m2].

3.2.2.1. Anomalias (Cenário RCP8.5 – Histórico)

De seguida foram analisadas as anomalias existentes entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico do Africa-CORDEX. Sendo assim, foram calculadas as anomalias absolutas e relativas anuais e sazonais.

Na Figura 3.30 estão representadas as anomalias absolutas e relativas anuais de radiação existentes para este cenário de RCPs. Em praticamente todo o continente é verificada uma perda de recurso na ordem dos 20 kWh/m2 (Figura 3.30 a), exceto na zona junto á linha do Equador na África Ocidental, em países

como Somália, Etiópia, Quénia, Uganda e Sudão do Sul, em que a diminuição de recurso é mais acentuada, podendo atingir os 100 kWh/m2, uma diferença de 5% (Figura 3.30 b). No que respeito a

zonas em que se verifica ganho de recurso, estas situam-se no sul de África, em países como República Democrática do Congo, Uganda, Tanzânia e Quénia, e observa-se um aumento entre 50 e 70 kWh/m2

correspondendo entre 3 a 5%. Neste cenário, as anomalias são mais consideráveis que no anterior, visto que se projeta uma perda de 100 kWh/m2 de recurso em certas zonas.

a)

b)

Figura 3.30 a) Anomalia absoluta anual entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [kWh/m2]. b) Anomalia

relativa anual entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [%].

Após a análise anual, realizou-se uma análise das anomalias sazonalmente. Na Figura 3.31 estão representadas as anomalias absolutas e relativas em DJF. Esta estação apresenta perda de recurso em quase todo o continente, exceto no sul de África. A zona em que a diminuição de recurso é mais acentuada situa-se junto à linha do Equador, em países como o Quénia, a Tanzânia e o Uganda, dado que nessa região a perda de recurso apresenta valores na ordem dos 30 kWh/m2 e em certas zonas poderá

atingir os 60 kWh/m2 (Figura 3.31 a), correspondendo a uma perda de 8% de recurso. No que diz respeito

às zonas em que existe aumento nos valores do recurso, esta localiza-se em países como Angola, Zâmbia e Moçambique, e este aumento corresponde de 15 a 25 kWh/m2, no entanto, um ganho mais acentuado

(6%), apenas se verifica em Angola, e nos restantes países, não ultrapassa o 1 %. Nesta estação são projetados valores significativos de anomalias, comparativamente com o cenário anterior.

a) b)

Figura 3.31 a) Anomalia absoluta sazonal (estação DJF) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [kWh/m2]. b) Anomalia relativa sazonal (estação DJF) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [%].

Em MAM, as zonas que apresentam perda de recurso verificam-se em quase todo o continente, sendo que a zona em que as anomalias são mais acentuadas situa-se no norte de África, correspondendo a uma diminuição de 20 kWh/m2 (Figura 3.32 a) e correspondendo a menos de 5% de perda (Figura 3.32 b),

sendo consideradas anomalias relevantes. No que diz respeito às zonas em que são observáveis ganho de recurso, estas localizam-se no sul de África, em países como Angola, República Democrática do Congo, Zâmbia e Tanzânia, correspondendo a um aumento de 15 kWh/m2 e em certas zonas 20 kWh/m2,

não excedendo 1% de aumento no recurso (pouco relativo).

a) b)

Figura 3.32 a) Anomalia absoluta sazonal (estação MAM) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [kWh/m2]. b) Anomalia relativa sazonal (estação MAM) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [%].

As anomalias absolutas e relativas, correspondentes a JJA, estão representadas na Figura 3.33. Como é possível verificar, as zonas que apresentam ganho de recurso são poucas, ou seja, em quase todo o continente existe perda de recurso. As zonas em que a diminuição de recurso é mais acentuada é perto da linha do Equador, em países como a Somália, a Etiópia e o Sudão do Sul, e apresenta uma diferença na ordem dos 30 kWh/m2 (Figura 3.33 a), correspondendo a uma diminuição de 5%, e no Sudão do Sul

poderá atingir os 4% (Figura 3.33 b). No que diz respeito às zonas em que se verifica ganho de recurso, estas localizam-se na África Ocidental, em países como Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Mali e Nigéria, e apresentam diferenças na ordem dos 15 a 25 kWh/m2, correspondendo a um aumento inferior

a 1%, exceto na zona costeira que poderá atingir os 6%. Esta estação apresenta anomalias significativas no caso de perda de recurso, e em relação ao ganho de recurso em certas zonas, no entanto, essas regiões são poucas.

a) b)

Figura 3.33 a) Anomalia absoluta sazonal (estação JJA) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [kWh/m2]. b) Anomalia relativa sazonal (estação JJA) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [%].

Por fim, as anomalias correspondentes a SON estão representadas na Figura 3.34. Nesta estação já se verifica ganho de recurso em maiores regiões no sul de África, em países como Tanzânia, Moçambique, Zâmbia, Angola e República Democrática do Congo, apresentando valores na ordem dos 15 kWh/m2 e

em certas regiões 25 kWh/m2 (Figura 3.34 a), correspondendo a um aumento entre 2 e 5% (Figura 3.34

b), respetivamente. No que diz respeito às zonas que apresentam perda de recurso, estas situam-se principalmente no norte de África, sendo que as mais acentuadas se verificam junto à linha do Equador, em que podem atingir uma diferença de 20 a 40 kWh/m2, correspondendo a uma perda de 2 a 6%, em

países como a Somália, o Quénia, a Etiópia, o Uganda e o Sudão do Sul.

a) b)

Figura 3.34 a) Anomalia absoluta sazonal (estação SON) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [kWh/m2]. b) Anomalia relativa sazonal (estação SON) entre o ensemble do cenário RCP 8.5 e o ensemble Histórico [%].

Este cenário apresenta anomalias consideráveis, dado que, a nível anual é possível observar diferenças de ± 5% nos valores de radiação. Sazonalmente projetam-se anomalias mais acentuadas, dado que, na estação DJF, verifica-se uma perda de recurso de 8% e um ganho de recurso de 6% em certas zonas. Nas restantes estações não ultrapassa os 5% exceto em determinadas regiões na estação JJA, que apresenta um ganho de recurso na ordem de 6%.

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