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Agentes patogênicos nos resíduos sólidos prejudiciais à saúde

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1.1 AMBIENTE, SAÚDE E TRABALHO

1.1.2 Riscos ambientais e ocupacionais à saúde do catador

1.1.2.1 Agentes patogênicos nos resíduos sólidos prejudiciais à saúde

Na massa dos resíduos sólidos, há agentes patogênicos prejudiciais à saúde, que podem resultar em doenças, capazes de sobreviverem por um determinado período, conforme demonstrado no quadro 1.

Quadro 1 – Tempo de sobrevivência (em dias) dos microrganismos patogênicos nos resíduos sólidos.

MICRORGANISMOS DOENÇAS SOBREVIVÊNCIA/DIAS TEMPO DE

Bactérias

Salmonella typhi Febre tifóide 29 - 70

Salmonella Paratyphi Febre paratifóide 29 - 70

Salmonella sp Salomoneloses 29 - 70

Shigella Desinteria bacilar 02 - 07

Coliformes fecais Gastroenterites 35

Leptospira Leptospirose 15 - 43

Mycrobacterium tuberculosis Tuberculose 150 - 180

Vibrio cholerae Cólera 01 - 13

Vírus

Enterovirus Poliomielite (Poliovírus) 20 - 70

Helmintos

Ascaris lumbricóides Ascaridíase 2.000 - 2.500

Trichuris trichiura Trichiuriase 1.800

Larvas de ancilóstomos Ancilostomose 35

Protozoários

Entamoeba histolytica Amebíase 08 -12

Fonte: Funasa, 2006, p. 229 (BRASIL, 2006).

Atualmente, a composição do lixo é diversificada e perigosa, em virtude do consumo excessivo da sociedade capitalista e do aperfeiçoamento tecnológico (STOLZ, 2008). A falta de tratamento dos resíduos caracteriza-se como um dos principais focos de proliferação de organismos patogênicos, como insetos, roedores e microrganismos, e, consequentemente, de geração de doenças, segundo Barbosa Filho (2001). O autor afirma que o lixo, na verdade, é e sempre será inesgotável e estará presente nesta e nas futuras gerações.

O lixo pode ser caracterizado como importante via que favorece a transmissão de doenças como peste bubônica, tifo, leptospirose, salmonelose, febre amarela, malária, dengue, leishmaniose. Assim, sendo ele depositado de forma inadequada em qualquer local, a vinculação lixo-doença pode intensificar-se (MIRANDA apud JUNCÁ, 2004).

Juncá (2004) complementa que o lixo pode servir de alimento para os animais e, por conseguinte, passam a ser agentes transmissores de doenças, como a cisticercose e a toxoplasmose que podem ocorrer por meio de ingestão de carne de porco infectada, quando mal cozida ou crua.

Os resíduos sólidos são considerados problema de saúde pública, por causa do acesso de vetores e animais domésticos em razão da sua disposição inadequada. Essa situação, além da questão estética, pode resultar na obstrução de rios, canais, redes de drenagem urbana e, consequentemente, em inundações, e, também, potencializar epidemias de dengue e de leptospirose (FERREIRA; ANJOS, 2001).

Como problema sanitário, os resíduos sólidos contribuem para a proliferação de vetores e roedores. Podem ser vetores mecânicos de agentes etiológicos causadores de doenças como diarréias infecciosas, amebíase, salmoneloses, helmintoses como ascaridíase, teníase e outras parasitoses, difteria e tracoma. Servem de criadouro e esconderijo de ratos, que são transmissores de peste bubônica, leptospirose e tifo murino. Neles vivem as baratas, que têm importância relativa na transmissão de doenças gastro-intestinais, por meio de transporte mecânico de bactérias e parasitas das imundícies para os alimentos e pela eliminação de fezes infectadas, assim como de doenças do trato respiratório. Além disso, são pontos de alimentação para animais como cães, aves5, suínos equinos e bovinos (BRASIL, FUNASA, 2006).

Quadro 2 – Enfermidades relacionadas com resíduos sólidos, transmitidas por vetores

VETORES FORMA DE TRANSMISSÃO ENFERMIDADES

Rato e pulga Mordida, urina, fezes e picada Leptospirose, peste bubônica, tifo murino Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva Febre tifóide, cólera, amebíase, disenteria,

giardiase, ascaridíase

Mosquito Picada Malária, febre amarela, dengue,

leishmaniose

Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre tifóide, cólera, giardíase

Gado e Porco Ingestão de carne contaminada Teníase e cisticercose

Cão e Gato Urina e fezes Toxoplasmose

Pombo Ácaros, inalação da poeira e

ingestão de alimentos contendo fezes,

Dermatite, criptococose, histoplasmose, clamidiose, salmonelose, dermatite

Fontes: Funasa, 2006, p. 229-230 (BRASIL, 2006). São Paulo, Centro de Controle de Zoonoses6.

5

Urubus e pombos são aves que podem ser atraídas pelos resíduos (MG, FEAM, 2006). 6

Esses e outros dados referentes aos pombos estão disponíveis em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/animais_s inantropicos/index.php?p=4378>.

Diante da atratividade que os resíduos exercem para animais como cães, porcos, cavalos, além dos ratos que se alimentam e proliferam no lixo, o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (MONTEIRO et al., 2001, p. 46) apresenta recomendações para que

a prefeitura promova regularmente ações de apreensão dos animais domésticos, estudando, inclusive, a possibilidade de esterilização dos mesmos; a coleta das áreas mais carentes seja efetuada com maior frequência, de preferência diariamente, e com regularidade no restante da cidade; a população desses locais seja instruída a colocar as embalagens em cima dos muros ou de plataformas (que não resolve para os animais de porte alto como os equinos); sejam providenciados contêineres plásticos para acondicionamento do lixo, com dispositivos especiais de ancoragem para maior estabilidade; o órgão de limpeza urbana se encarregue do combate aos ratos.

Mesmo a população em geral está exposta ao consumo de carne de animais criados em locais de depósito de lixo que podem servir como transmissores de doenças. O próprio homem, catador, é considerado vetor na propagação de doenças originadas dos impactos dos resíduos sólidos urbanos, trabalha em localidades que podem ser foco de transmissão para ele e para pessoas com as quais mantém contato (SANTOS, 2008).

Atualmente, verifica-se a relação entre proliferação de certas doenças e o manejo inadequado de resíduos sólidos, que oferecem alimento e abrigo para vetores de doenças, especialmente roedores e insetos. Além disso, a decomposição dos resíduos e a formação de lixiviados7 podem levar à contaminação do solo e das águas subterrâneas cujos elementos químicos estão presentes em diversos tipos de resíduos (PHILIPPI JR., 2008).

1.1.2.2 Medidas preventivas de danos à saúde com o manejo de resíduos sólidos

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