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64 Em Agosto, mês que marca a época alta do turismo em Coimbra, começaram a elaborar-se

algumas conclusões sobre a procura turística, num ano tão importante e simbólico para a cidade. Segundo Sousa Martins, (2003, Diário de Coimbra) a capital da cultura pouco ajudou. Coimbra incapaz de fixar turistas. Apesar do potencial, a oferta turística esgota-se num dia. Existiram várias oscilações sobre o turismo neste ano, mas segundo um breve inquérito elaborado a algumas unidades hoteleiras de Coimbra, e de acordo com o Diário de Coimbra referente ao mês de Agosto, concluiu-se que a cidade e a região não cativaram para temporadas turísticas e que continuavam apenas a ser zonas de passagem. Este é um dos maiores problemas que ainda hoje permanece, sendo a região centro uma das mais baixas dos pais no que diz respeito à e fixação de turistas, destacando-se apenas como zona de passagem. Todavia, o potencial turístico da região é muito grande. Mas falta definição e planificação. (Diário de Coimbra, Agosto 2003).

Assim, de acordo, com Sousa Martins (2003), o evento capital da cultura não foi capaz de atrair e fixar mais turistas na cidade por mais de um dia (Diário de Coimbra, Agosto 2003).

Também o projecto de assegurar a ligação entre a alta e a baixa de Coimbra, com a criação de pequenas viaturas eléctricas foi concretizado: este novo sistema de transporte eléctrico do centro histórico: ligação da Portagem à Sé Velha: Pantufinhas, que seria inaugurado a 8 de Setembro (Diário de Coimbra, Setembro 2003).

Em Setembro, a cidade contou com o Festival de Música Viva 2003, com vários concertos que pretendiam fomentar, divulgar e promover a criação musical contemporânea. De 16 a 21 de Setembro, realizaram-se os Encontros Mágicos, o maior encontro de magia a nível europeu, que contou com doze profissionais de origens distintas, dando vida a cerca de uma centena de espectáculos, que prometiam surpreender os públicos de todas as idades (Diário de Coimbra, Setembro 2003).

Vários foram os debates feitos ao longo do ano 2003, com vista a analisar e melhorar, se necessário, o programa desenvolvido para Coimbra em 2003. Segundo José Sasportes, (2003, pg.5), ´pretende-se agora, mantendo o apelo à participação dos agentes culturais locais (…) alargar o apelo à participação dos agentes culturais locais (…) alargar o espectro da análise (…), procurando situar a cidade de Coimbra no contexto nacional e internacional em que se insere` (Diário de Coimbra, Setembro 2003).

Todavia, como já tinha sido referido anteriormente, parece que a capital da cultura, não prestigiou o turismo da cidade. Segundo um gestor de uma unidade hoteleira em Coimbra, a situação turística da cidade passava por uma baixa % de procura turística, o que levava a que várias unidades hoteleiras aceitassem grupos na época alta. Ainda acrescentou, que o ano 2003 foi o segundo ano consecutivo onde se verificou uma estagnação na procura turística na cidade

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(de acordo com o Diário de Coimbra 2003, relativo ao mês de Setembro).

O espectáculo dos Rolling Stones foi o evento do ano 2003, capital da cultura: foi um sucesso, enorme agitação na cidade, segurança controlada, com 4500pessoas. (de acordo com o Diário de Coimbra 2003, relativo ao mês de Setembro).

A 4 de Outubro, um novo evento: Coimbra Vibra com espectáculo dirigido por Murray Shafer, cujos preparativos demoraram um ano e que contou com quase um milhar de músicos que marcam encontro com Coimbra: representavam coros, bandas, filarmónicas, orquestras, grupos etnográficos, classes de formação musical. Em comum tinham a música e a presença num dos momentos mais significativos da capital da cultura. Juntos prometiam construir um fim de tarde/ noite inesquecível em Coimbra. Tomemos o exemplo dos Legendary Tiger Man, Orfeon Académico de Coimbra, Conservatório de Música de Coimbra, grupo etnográfico, cantares e danças de Assafarge, coro misto da U.C., associação recreativa e musical de Ceira, orquestra pitagórica, coro de profissionais de Coimbra, entre outros. Com a participação de mais de 1000 músicos e 500 crianças das escolas de Coimbra, o maior evento musical produzido pela capital da cultura decorreu em percursos que atravessavam a alta e a baixa, representando uma nova maneira de viver a cidade (Diário de Coimbra, Outubro 2003).

Em Novembro, John Mayall subiu ao palco no TAGV: considerado um dos expoentes máximos da música britânica, quer como instrumentista, quer como criador. Também a 11 de Novembro, o segundo empreendimento Coimbra Retail Park, abriu portas ao público, com onze lojas representadas por marcas bem conhecidas do público (Diário de Coimbra, Novembro 2003). Por fim, em Dezembro, realizaram-se um conjunto de iniciativas que encerraram o ano de Coimbra, como capital da cultura (Diário de Coimbra, Dezembro 2003).

Em suma, em um ano dedicado à cultura e a todos os elementos a ela associados, a cidade ofereceu uma ampla oferta cultural, com inúmeros espectáculos e actividades diversificadas, que pretendiam captar novos públicos e dar uma nova imagem a Coimbra. Diluíram-se no tempo, segundo uns, criaram-se novos públicos, argumentam outros. O facto, é que o evento Coimbra 2003, capital da cultura, deixou marcas e ficará sempre na história da cidade. Apesar de várias falhas e lacunas, vários foram aqueles que reconheceram, que em nenhum ano como este, houve tanta oferta cultural na cidade (ver anexos).

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4.3.4.)Algumas considerações sobre o pós-evento: “Coimbra 2003, e depois da festa?”

Este foi o título de várias declarações e opiniões feitas pelo grupo da cultura do conselho da cidade de Coimbra, no Diário de Coimbra, pós evento 2003 (Diário de Coimbra, Janeiro 2004). Iniciando a apreciação global deste evento, pretende-se caracterizar as duas formas de produção cultural e programação, isto é, a quantidade e qualidade dos espectáculos no qual se pretende reafirmar a cidade como um pólo cultural de referência. A primeira atitude, é do cidadão querer ter e usufruir de uma grande oferta cultural, sem estar interessado no local onde este ocorre, nem na sua estruturação cultural e artística, isto é, apenas pensa nos seus interesses individuais, em detrimento do desenvolvimento da cultura da cidade. A segunda atitude, vai muito para além do que foi referido na primeira atitude. O cidadão não se satisfaz apenas com a oferta cultural que dispõe, pois dá bastante importância a vários pormenores intrínsecos a todo o evento, como a programação local, estruturação do mesmo, ou seja, o cidadão actual quer fazer parte do desenvolvimento da cidade e da sua cultura, como cidadão activo e consumidor.

Por conseguinte, a questão fica no ar: qual dos dois objectivos cumpriu a capital da cultura, isto é, será que esta teve influência na atitude do público?

É um facto que no ano 2003, a cidade de Coimbra, teve uma oferta cultural, como nunca teve anteriormente. Todavia, o que poderá ser aproveitado dessa oferta e desse mega evento a longo prazo? Muitos foram aqueles que acharam, que no futuro ficaria pouca coisa, pois infelizmente, Coimbra não aprendeu a lição, nem aproveitou as oportunidades que esteve evento lhe trouxe. Segundo João Gouveia Monteiro, no Diário de Coimbra, (Janeiro de 2004, pg.3), ´a grande falta de coordenação das atividades culturais `foi uma lacuna implacável, sendo que em 10 anos a cidade não avançou para nenhuma construção de um teatro, além de mostrar falta de informação e desinteresse sobre a programação de eventos realizados na cidade. Este acrescenta, que apesar da “ overdose de iniciativas, projectos e espectáculos em 2003”, há muita preocupação perante um futuro bastante incerto, marcado pela “ descoordenação, da falta de planificação estratégica e de divulgação de iniciativas (Diário de Coimbra referente a 2004, pg.4).

Para finalizar, aponta como um dos principais problemas da cidade, a incapacidade de fixação de artistas e atores culturais, que muitas vezes estudam e realizam a sua formação em Coimbra, e depois não permanecem nesta. O mesmo exemplo serve para os turistas, que também não permanecem na cidade, mas do que um, dois dias.

De acordo com Salgado, no Diário de Coimbra, (2004 pg. 3), “ Coimbra está relativamente atrasada no âmbito cultural”. Faltou exigência dos cidadãos que não souberam exigir mais das entidades que não desempenharam da melhor forma as suas obrigações e deveres. Embora, se

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