• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

2.3 AGRICULTURA E CULTURA DA SOJA

A agricultura exerce importante papel no cenário nacional, assim como a cultura de soja em si. Este tópico busca especificar a importância da agricultura e da soja, bem como, a história desta cultura e a caracterização do seu sistema produtivo.

2.3.1 Agricultura e sua importância

A agricultura pode ser caracterizada por toda a atividade de exploração da terra, seja ela o cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, que venha a obter produtos que satisfaçam às necessidades humanas (CREPALDI, 2016).

Historicamente, a agricultura se destaca como a base da cadeia econômica brasileira. As principais contribuições desta atividade para o país consistem em: trazer retornos financeiros através da exploração, produzir matérias-primas para as indústrias, bem como a produção de alimentos que abasteçam o mercado nacional (FREITAS et al., 2014).

Conforme Crepaldi (2016), a agricultura contribui para o desenvolvimento do país ao produzir os principais produtos de exportação como: café, açúcar e a soja. Portanto, a mesma deve desempenhar os seguintes papéis no processo de desenvolvimento: produzir alimentos baratos e de boa qualidade; produzir matéria-prima para a indústria; pela exportação, trazer dinheiro para o país; além de dar condições dignas de vida para o trabalhador rural.

Cabe destacar que o setor agrícola apresenta particularidades que podem influenciar a produção como o solo, condições biológicas, mas principalmente o clima. Prejuízos causados por intempéries podem repercutir em todos os setores da economia, dado que perdas na produção elevam os preços dos produtos, aumentam os custos de produção e o valor final para o consumidor. (FREITAS et al., 2014).

Batalha (2007) afirma que o agronegócio “soma às operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, as atividades de produção nas unidades agrícolas, o armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), enquanto o setor agropecuário aumentou 1,8% no Produto Interno Bruto (PIB), a indústria sofreu queda de 6,2% e os serviços de 2,7%. Além disso, alguns produtos registraram aumento na produção, principalmente as culturas de soja, (11,9%) e milho (7,3%).

2.3.2 Caracterização da cultura da soja

Neste tópico delimita-se um breve histórico da produção da soja e posteriormente o estado atual da cultura no contexto econômico brasileiro e mundial. Por último, descreve-se o processo produtivo da cultura, tendo como base o sistema de cultivo da soja desenvolvido por Hirakuri et al. (2012).

2.3.2.1 Breve histórico e estado atual da cultura

A produção de soja ficou restrita à China até aproximadamente 1894, sendo introduzida na Europa no final do século XV, mas devidos a problemas climáticos este cultivo foi deixado de lado. No Brasil, sua introdução se deu no final da década de 60, a partir de dois fatores

internos: opção de verão, em sucessão ao trigo; e, a produção de suínos e aves, gerava a demanda por farelo de soja. Em 1966, a produção comercial de soja chega a 500 mil toneladas no País. Atualmente, os líderes mundiais na produção de soja são os Estados Unidos, Brasil, Argentina, China, Índia e Paraguai (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, 2016).

Segundo dados do IBGE (2016), a cultura da soja (em grão), na safra de 2015 apresentou um total de área cultivada de 32.180.966 hectares e na safra de 2016 este total foi de 33.070.473 hectares, tendo uma variação positiva de 2,8%, ou seja, o total de área cultivada aumentou no período. Porém, quando se avalia o rendimento médio da cultura, no mesmo período, verifica- se que esta teve um total de 3.029 kg/ha, em 2015, e, 2.905 quilograma/hectare em 2016, configurando uma variação negativa de -4,1%.

O IBGE, também divulga os valores referentes à produção de soja individualmente por Estado e município. Assim na Figura 1 pode-se verificar, comparativamente, os valores relativos aos rendimentos médios da produção de soja no Estado do Rio Grande do Sul (RS) e do município de Júlio de Castilhos/RS, em quilogramas por hectare (kg/ha), no período de 2006 a 2014.

Figura 1 – Rendimento médio de soja no Rio Grande do Sul e no município de Júlio de Castilhos/RS, no período de 2006 a 2014

Fonte: Elaborado a partir de dados do IBGE - Produção Agrícola Municipal (2016).

1956 2552 2019 2099 261 1 2876 1430 2698 2615 2280 2700 2100 1920 2520 2880 1500 2820 2893 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos - RS

A partir do evidenciado na Figura 1, constata-se que apenas em 2009 e 2010, o município de Júlio de Castilhos apresentou produção média inferior à registrada no Estado, sendo que nos demais anos este o supera. Cabe destacar, que o valor, bem inferior, registrado em 2012, deve-se a problemas climáticos enfrentados no Estado naquele ano.

Denota-se que o cultivo da soja, desempenha importante papel na sociedade e economia brasileira, ao gerar renda para as famílias, gerar empregos e contribuir para as exportações, apresentando grande representatividade no PIB brasileiro.

2.3.2.2 Cultivo da soja

No que diz respeito ao cultivo da soja, Hirakuri et al. (2012), propõem um modelo para definir o sistema de cultivo desta cultura. Este sistema refere-se às práticas comuns de manejo associadas a uma determinada espécie vegetal, neste caso a soja, visando sua produção a partir da combinação lógica e ordenada de um conjunto de atividades e operações.

A Figura 2, ilustra as etapas que geralmente compõe um sistema de cultivo de soja, complementadas pelas atividades de planejamento até o pós-colheita, conforme modelo proposto por Hirakuri et al. (2012).

Figura 2 – Sistema de cultivo da soja

Como em qualquer atividade, o planejamento é uma das atividades mais importantes para a redução de erros/riscos, e que consequentemente aumenta as chances de sucesso. O planejamento envolve a análise dos custos e dos benefícios proporcionados, a partir da avaliação das: necessidades de máquinas e equipamentos, infraestrutura, mão-de-obra, seleção das áreas e demais itens relevantes ao cultivo da soja (EMBRAPA, 2006).

Posteriormente, no manejo da área, incluem-se as etapas de calagem, gessagem e dessecação.O trabalho de correção e manutenção da fertilidade do solo, inicia com a coleta de amostras de solo na área a ser plantada e sua análise em laboratório capacitado, onde seu resultado embasará a quantidade de corretivos e fertilizantes a serem aplicados ao solo (GIANLUPPI et al., 2009). Logo, o produtor através da análise do solo, verifica as características da terra, determinando a necessidade do uso da calagem ou gessagem.

Outra característica peculiar, referente ao plantio da soja consiste no fato deste ser realizado quase que totalmente pela técnica de plantio direto. Esta pode ser definida como de caráter conservacionista, onde o plantio é efetuado sem as etapas do preparo convencional da aração e da gradagem. A técnica de plantio direto, exige que o solo sempre esteja coberto por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais. Tal fato, deve-se a finalidade de proteger o solo do impacto direto das gotas de chuva, do escorrimento superficial e das erosões hídrica e eólica (AGÊNCIA EMBRAPA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA, 2014). Portanto, antes do plantio, deve-se aplicar herbicida com fins de dessecar as plantas ali existentes, restando a palha destas plantas.

A terceira etapa consiste na semeadura e adubação. Ao comprar sementes deve-se saber a qualidade do produto que se está adquirindo. Para isso, existem laboratórios oficiais e particulares de análise de sementes que informam a germinação e a qualidade sanitária da semente (GIANLUPPI et al., 2009). Ainda, quando necessário realiza-se o tratamento da semente com produtos como fungicidas, inseticidas, micronutrientes e inoculantes com o uso de máquinas específicas. Na etapa do plantio a semente é disposta na terra juntamente à adubação, em quantidades especificadas de acordo com o solo e cultura (EMBRAPA, 2011).

A quarta etapa consiste no controle fitossanitário de insetos, pragas, plantas daninhas e demais doenças que podem comprometer a cultura da soja. Deste modo, o controle de plantas daninhas faz-se necessário uma vez que esta planta prejudica a cultura, pois compete com a soja pela luz solar, água, nutrientes, e dependendo do nível de infestação e da espécie, pode dificultar a operação de colheita e comprometer a qualidade do grão (GIANLUPPI et al., 2009).

Igualmente, as pragas, insetos e doenças comprometem as lavouras. Conforme Grigolli (2015, p. 99), “as pragas desde a germinação das sementes e emergência das plantas até a fase

de maturação fisiológica, sendo esses organismos maléficos constituídos por insetos, moluscos, diplópodes e ácaros”.

A quinta etapa consiste na realização da colheita e no transporte da lavoura até um depósito de produto. A colheita deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estágio de colheita, ou seja, quando os teores de água dos grãos estiverem em torno de 15% a 16%. Também, deve-se atentar para a regulagem da colheitadeira para evitar perdas, adotando preferencialmente, as que têm plataformas de corte flexível para acompanhar as ondulações, além de espalhador de palha (GIANLUPPI et al., 2009). Após colhida, a soja é descarregada em um caminhão de carga e transportada até um depósito de grãos.

A última etapa consiste no pós-colheita, onde ocorre o armazenamento dos grãos, a secagem e posteriormente o transporte das sacas vendidas. A secagem objetiva reduzir o conteúdo de água dos grãos e consequentemente diminuir a deterioração durante o armazenamento pela ação de fungos, bactérias, insetos e pelo processo de respiração dos grãos que provoca perda de massa e gera calor (PIMENTEL; FONSECA, 2011).

O armazenamento e a secagem podem ocorrer em silos próprios ou podem ser terceirizados. Após a venda, a produção é despachada, geralmente aos portos, quando é exportada, por via férrea ou rodoviária.

2.4 TRIBUTAÇÃO PESSOA FÍSICA – APLICADA À ATIVIDADE RURAL E AO

Documentos relacionados