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2. PRESSÕES SOBRE AS MASSAS DE ÁGUA

2.1. Pressões qualitativas

2.1.4.1. Agricultura

Os investimentos em infraestruturas de rega têm contribuído para melhorar a capacidade de armazenamento e distribuição de água, assim como para a promoção e utilização de tecnologias de rega

2 Avaliação das cargas de poluição difusa gerada em Portugal continental – Relatório final, maio de 2015. Departamento de Ciências e Engenharia

mais eficientes, desempenhando um papel essencial na redução das pressões sobre o ambiente e adaptação às alterações climáticas, o que por sua vez contribui para o reforço da competitividade das explorações agrícolas e das empresas agroalimentares.

A criação e reabilitação das infraestruturas coletivas de rega têm constituído um papel importante no uso eficiente da água, na criação de fontes de energia renováveis, na preservação dos recursos hídricos subterrâneos, na manutenção dos ecossistemas ribeirinhos e das respetivas funções ambientais, na moderação climática, na conservação do solo e numa maior resiliência aos incêndios florestais.

Superfície agrícola utilizada

A SAU define-se como a superfície da exploração agrícola que inclui terras aráveis (limpa e sob coberto de matas e florestas), horta familiar, culturas permanentes e pastagens permanentes. A SAU representa cerca de 40% do território continental, ocupando uma área de 35422 km2. O Quadro 2.16 apresenta a área da

SAU na RH3 (considerando as áreas da CAOP3), relacionando-a com a área da RH e com a área de SAU no

continente.

Quadro 2.16 – Superfície Agrícola Utilizada (SAU) na RH3

Região

hidrográfica/continente Área total (km2) Área SAU (km2)

Área SAU / Área total (%) Área de SAU na RH/ Área de SAU continente (%) RH3 (área CAOP) 18857 5703,8 30,2 16,1 Continente 89101 35422,42 39,8 100

Fonte: Dados trabalhados a partir do RA 2009 (INE, 2011)

Na RH3 a percentagem de SAU não é muito elevada, constituindo ainda assim 16% do total de SAL no continente e cerca de 30% em relação à área da RH. Devido ao relevo acidentado, os terrenos com pouca aptidão agrícola são essencialmente ocupado por culturas florestais.

Regadios

Sendo a agricultura uma das principais pressões ao nível da poluição difusa optou-se por recolher a informação disponível sobre os aproveitamentos hidroagrícolas em fase de exploração, construídos pelo Estado, na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (http://sir.dgadr.pt/, DGADR, 2014), assinalando-se aqueles que estão classificados como Obras do Grupo II (obras de interesse regional com elevado interesse para o desenvolvimento agrícola da região).

Apresenta-se no Quadro 2.17 as áreas beneficiadas e regadas dos aproveitamentos hidroagrícolas existentes na RH3.

Quadro 2.17 - Áreas Beneficiadas e Áreas Regadas dos Aproveitamentos Hidroagrícolas na RH3

Aproveitamentos Hidroagrícolas Área beneficiada (km2) Área regada (km2)

Área regada/ Área beneficiada (%) Alfaiates 1,35 1,35 100 Alfândega da Fé (1) 5,27 1,96 37 Armamar (Temilobos) 4,75 4,75 100 Camba 3,2 3,2 100 Cerejo 4,7 4,7 100 Chaves (1) 18,80 18,80 100

Aproveitamentos Hidroagrícolas Área beneficiada (km2) Área regada (km2)

Área regada/ Área beneficiada (%) Crasto 1,10 1,10 100 Curalha 1,20 1,20 100 Gostei 2,80 2,80 100 Mairos 1,25 1,25 100 Rego do Milho 5,00 5,00 100 Vale Madeiro 3,00 3,00 100 Vermiosa 1,31 1,31 100 Vale da Vilariça (1) 21,06 21,06 100 Prada 1,00 1,00 100 Macedo de Cavaleiros (1) 56,02 32,52 58 Sabugal 1,22 1,22 100

(1) Obra do Grupo II (Obras de interesse regional com elevado interesse para o desenvolvimento agrícola da região).

Na RH3 os grandes regadios em exploração (17) abrangem um total de área regada de aproximadamente 100 km2. Os mais significativos são os de Macedo de Cavaleiros (Azibo), de Chaves e do Vale da Vilariça,

sendo que este último integra 4 barragens.

Figura 2.10 - Localização dos regadios públicos existentes na RH3

A maioria dos perímetros de rega situa-se na Terra Quente Transmontana e no Alto Tâmega.

Superfície regada

A superfície regada define-se como a superfície agrícola da exploração ocupada por culturas temporárias principais, culturas permanentes e prados e pastagens permanentes (exclui a horta familiar e as estufas) que foram regadas pelo menos uma vez no ano agrícola.

Para calcular a superfície regada na região hidrográfica, recorreu-se à informação do Recenseamento Agrícola 2009 – RA 2009 (INE, 2011). O Quadro 2.18 apresenta a superfície regada na região hidrográfica e a percentagem dessa superfície face à área total da região.

Quadro 2.18 - Superfície regada na RH3 Região hidrográfica/continente Área (km2) Superfície regada (km2) % RH3 (área CAOP) 18857 693,26 3,7 Continente 89101 4646,23 5,2

Fonte: Dados trabalhados a partir do RA 2009 (INE, 2011)

O Quadro 2.19 apresenta a relação entre a superfície regada e a superfície agrícola utilizada (SAU) na RH3 e a nível do continente.

Quadro 2.19- Superfície regada e superfície agrícola utilizada (SAU) na RH3

Região

hidrográfica/continente Área SAU (km2)

Área SAU / Área total (%) Superfície regada (km2) Superfície regada/ Área SAU (%) RH3 (área CAOP) 5703,8 30,2 693,26 12,2 Continente 35422,42 39,8 4646,23 13,1

Fonte: Dados trabalhados a partir do RA 2009 (INE, 2011)

Na RH3 as percentagens de área regada e de área regada na área de SAU são, respetivamente, 3,7% e 12,2%, valores ligeiramente inferiores aos valores do continente.

Carga poluente de origem difusa

A metodologia utilizada para estimativa da carga poluente de origem difusa proveniente da agricultura baseia-se na atribuição, a cada uma das classes de uso de solo, de uma capitação correspondente à carga difusa de N e de P que será transportada pelo escoamento superficial com origem na área que drena para cada massa de água ou conjunto de massas de água.

A carga poluente de origem difusa afluente a cada massa de água é obtida pela multiplicação das cargas unitárias pelas áreas parciais de cada categoria de uso do solo de acordo com a seguinte fórmula:

CTi = ∑(Cij × Aj)

em que :

CTi - carga total do poluente i afluente à secção de referência por unidade de tempo;

Cij - carga do poluente i por unidade de área e de tempo na categoria de solo j (taxa de exportação); Aj - área de uso do solo da categoria j.

A identificação e distribuição espacial das classes de uso do solo existentes na área de estudo foram determinadas através da carta de uso do solo Corine 2006 (Corine Land Cover 2006), o que permitiu, com o recurso a um sistema de informação geográfica definir a percentagem de cada uma das classes de uso do solo, relativamente à área de drenagem, para cada massa de água.

O Quadro 2.20 apresenta as classes de uso do solo que definem as áreas agrícolas e florestais existentes em Portugal continental, de acordo com a CLC2006. Estas áreas perfazem aproximadamente 94.8% da área total de Portugal continental. Apresenta ainda as classes de uso do solo obtidas após o processo de agregação e as correspondentes taxas de exportação consideradas na análise realizada. No mesmo Quadro pode também observar-se a contribuição relativa de cada classe de uso do solo para a área total de

Portugal continental, de entre as quais se destacam as classes correspondentes a florestas e a áreas agrícolas heterogéneas, perfazendo estas um total de 73.5% da área total.

Quadro 2.20 - Classes de uso do solo obtidas após agregação e as correspondentes taxas de exportação de N e de P

Classes de uso do solo CLC2006 Classes de uso do solo após agregação 141 Espaços verdes urbanos Áreas agrícolas com culturas temporárias 211 Culturas temporárias de sequeiro Áreas agrícolas com culturas permanentes 212 Culturas temporárias de regadio Florestas

213 Arrozais Pastagens permanentes

221 Vinhas Áreas agrícolas heterogéneas

222 Pomares

223 Olivais

% da área total de Portugal continental 231 Pastagens permanentes

241 Culturas temporárias e/ou pastagens associadas a culturas permanentes

14.1

242 Sistemas culturais e parcelares complexos

6.7

47.3

243 Agricultura com espaços naturais e semi- naturais

0.5

26.2

244 Sistemas agro-florestais Total 94.8

311 Florestas de folhosas 312 Florestas de resinosas

Taxas de exportação(1)

313 Florestas mistas

321 Vegetação herbácea natural N total kg/ha/ano

P total kg/ha/ano 322 Matos

323 Vegetação esclerófila 5.00 1.00

324 Florestas abertas, cortes e novas plantações

2.70 0.30

2.00 0.05

333 Vegetação esparsa 1.50 0.90

3.85 0.65

(1) Avaliação das cargas de poluição difusa gerada em Portugal continental – Relatório final, maio de 2015.

Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

O Quadro 2.21 apresenta os resultados da estimativa efetuada para a agricultura.

Quadro 2.21 – Estimativa da carga de origem difusa proveniente da agricultura na RH3

Massas de água Carga estimada (kg/ano)

Ptotal Ntotal

Superficiais 616472,37 5199184,03

Subterrâneas 123762,40 3649314,09

TOTAL 740234,77 8848498,12

No documento REGIÃO HIDROGRÁFICA DO DOURO (RH3) (páginas 69-74)