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Define GONZÁLEZ (1994) que o ramo da agricultura que objetiva a produção e aproveitamento da biomassa com fins energéticos – os cultivos

energéticos - denomina-se “agroenergética”. A sua finalidade estabelece uma distinção em relação às atividades agroalimentares e agroindustriais, tradicionalmente consideradas na agricultura clássica. A agricultura européia, por exemplo, na última década do século XX sofreu uma completa reestruturação devido ao êxito produtivista de seus agricultores que resultou em elevados níveis de excedentes alimentares. Tal fato, juntamente com o alto custo de produção, deu origem a que, na Política Agrária Comum, se passasse a fomentar e a incentivar o abandono de terras de cultivo para produtos alimentares tradicionais e se potencializassem utilizações alternativas a estas. Entre as atividades alternativas propostas encontram-se o turismo rural, a produção de matéria-prima para indústrias de transformação, plantas medicinais e o “cultivo energético”.

Para DELGADO (1994) a “agroenergética” sugere ser a alternativa mais viável pois o seu importante produto - a energia - é o único com demanda ilimitada. A utilização de terras não facilmente agricultáveis com culturas tradicionais para a produção de espécimes não alimentares é, atualmente, uma importante alternativa sócio-econômica alimentada pela sempre presente necessidade de substitutos para o petróleo.

GONZÁLEZ (1994) explica que tal situação é muito diferente do restante do mundo, apresentando-se assim um paradoxo entre regiões com excedentes alimentares e fome em outras.

RIVA et al (1994) afirmam que a utilização energética da agricultura não oferece nenhum problema em relação à potencial colocação das colheitas visto o enorme consumo de combustíveis fósseis em países industrializados e que, além disso, é notável o potencial tecnológico para a aplicação em países de terceiro mundo.

Para VILLAMUELLAS (1994) a dependência do petróleo conduz à necessidade de alternativas mediante o cultivo de matérias-primas renováveis. Ressalta que os problemas atuais são os custos dos combustíveis biológicos que são maiores que dos derivados do petróleo e que não existem muitos motores de combustão adequados ao uso de óleos vegetais. Sugere que deverá haver maior investigação para as técnicas de produção e refino dos biocombustíveis e, ainda, adequação de motores ao uso de óleos vegetais para que estes possam ser uma alternativa viável. Faz uma importante observação sobre a relação energética global (energia consumida versus energia produzida) que, claramente perceptível, deve ser positiva e significativa para os biocarburantes. Ou seja, devem ser produzidos elevados rendimentos em biomassa colhida com um mínimo de aporte energético.

LUNA (1990) recorda que os combustíveis na forma líquida proporcionam mais energia por unidade de volume que os combustíveis gasosos, sendo mais facilmente transportados e acondicionados.

Conforme relatório do grupo temático coordenado pela STI/MIC (1985), diante da diversidade de combustíveis com que os motores diesel podem ser alimentados, existe um sem número de trabalhos realizados com os mais variados tipos de combustível e sendo obtidos, em correspondência, também os mais variados resultados. Uma conseqüência direta de tais trabalhos foi a necessidade de discussão dos tipos de óleos com potencialidade para utilização como combustível sob a ótica da economicidade e da viabilidade técnica.

PRYOR (1983) ressalta que o maior volume de óleo vegetal produ- zido no mundo é o de soja sendo, pois, o mais indicado como combustível.

Os óleos de soja, de milho, semente de algodão, gergelim e colza são os que apresentam as propriedades combustíveis mais favoráveis. O óleo de soja é o candidato indicado para uso em motores pois é barato, disponível em largas quantidades, possui a maior relação energética global e que possui um bom rendimento de energia por hectare.

Segundo DOMÍNGUEZ (1995) os produtos energéticos obtidos na fase líquida que podem ser utilizados como carburantes de motores de combustão, são os óleos vegetais com diferentes graus de transformação e os álcoois que atingem valores de relação energética global entre 2 e 2,5 incluídos os valores energéticos dos subprodutos.

Considera DELGADO (1994) que na Europa as chaves para o desenvolvimento futuro passam pela “agroenergética”, recomendando de maneira especial a aceleração de programas para uma maior produtividade de espécies vegetais com potencial energético, e também das instalações de transformação ou conversão dos produtos vegetais objetivando a redução de custos. Recomenda que trabalhos para a otimização dos motores, a serem alimentados com os biocombustíveis, devem ser incrementados e incentivados para a eliminação dos problemas decorrentes de sua utilização.

MARTINEZ (1995) ressalta que o biodiesel, quando produzido numa planta industrial adequada, encontra-se próximo à cifras que o fazem competitivo com o óleo diesel sempre e quando não se aplicam os impostos especiais de carburantes ou se aplique um percentual reduzido, no máximo, próximo a 10%. Informam os trabalhos de LUNA (1990) que os óleos de soja, de oliva e de algodão apresentam relação energética global sempre positiva, com valores de 3,88; 5,5 e 1,83 respectivamente.

“A produção de óleos vegetais é de fácil técnica e de amplo conhecimento, podendo ser oriunda de uma prensagem mecânica seguida de um processo de filtração para retirada de resíduos e impurezas” (VILLAMUELAS, 1994).

CAVALLI (1993) afirma que para uma substituição válida do óleo diesel em um motor ICO, em termos gerais, um biocombustível deve:

• requerer poucas modificações no motor;

• requerer limitados investimentos no processo de substituição; • não apresentar redução de potência ou restrição de aplicação; • estar prontamente disponível;

• garantir um balanço energético global positivo;

• apresentar um preço competitivo com o óleo diesel convencional.

Para GOODIER et alii, HAMMOND et alii, citados em BALDWIN (1983), os óleos vegetais são os combustíveis obtidos de fontes renováveis que proporcionam duas ou mais vezes energia do que o aporte requerido para a sua produção. Entre os diversos produtos naturais fixadores de energia solar, os glicerídeos, ou óleos vegetais constituem a fonte renovável mais promissora à obtenção de combustíveis líquidos. Além de o alto poder calorífico, os óleos vegetais detêm qualidades comumente não encontradas em outras formas alternativas de combustíveis:

• ausência de enxofre na mistura de glicerídeos;

• sua produção, em nível industrial, não gera substâncias danosas ao meio ambiente.