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Agronegócio do mel no Nordeste brasileiro

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2.6. Apicultura

2.6.7. Agronegócio do mel no Nordeste brasileiro

No Nordeste brasileiro existe uma vasta composição florística que garante a produção de mel de excelente qualidade, quer seja nas serras, sertão ou litoral. Vários fatores interferem na qualidade do mel, tais como: condições climáticas, maturação, espécie de abelha, processamento e armazenamento, além do tipo de florada, fatores esses que influenciam na sua composição física e química.

A apicultura é considerada uma das atividades mais promissoras para a região do semi-árido por aproveitar o potencial apícola existente, gerar renda e ocupação ao homem do campo, além do apelo ecológico, já que o pasto empregado na produção apícola é nativo. (FAEC, 2004)

O Nordeste possui um dos maiores potenciais apícola do mundo, sendo alguns estados também vocacionados para a produção de geléia real, própolis, pólen, cera e apitoxina, artigos

do mundo com possibilidade de produzir o mel orgânico em grande quantidade, devido à existência de extensas áreas onde não se utilizam agrotóxicos nas lavouras. (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2002).

A atividade apícola pode ser uma alternativa rentável para um grande contingente de produtores mais pobres e se adapta relativamente bem aos diversos ambientes, até mesmo o semi-árido, no qual as restrições para a agricultura são mais fortes.

Aproximadamente 90% dos apicultores praticam a apicultura fixa, 5% realizam apicultura migratória e 5% realizam apicultura fixa e migratória. No geral, a falta de informação e a dificuldade de transporte dos enxames são apontadas pelos apicultores como causas para não praticarem a apicultora migratória. (VILELA, 2003)

Conforme VILELA (2003), o Nordeste oferece condições excepcionais para a produção de mel orgânico em decorrência da grande diversidade de plantas silvestres. Esse diferencial tem atraído pequenos e médios empresários, em geral profissionais liberais e funcionários com atividades nas cidades, que vêm contribuindo para a modernização da atividade, expansão da ocupação, produção e exportação.

Nesse contexto, a cadeia apícola vem crescendo no Nordeste, da atividade primária à prestação de serviços e beneficiamento, criando ocupação e emprego não apenas no campo como também nas cidades. A cadeia mobiliza e absorve muitas pessoas em áreas como a fabricação de equipamentos e materiais necessários à apicultura, desde vestimentas até máquinas, e na indústria de beneficiamento do mel.

A atividade apícola oferece duas vantagens importantes para os estados da Região Nordeste: a primeira delas é ser uma alternativa rentável diante das adversidades que a agricultura encontra em uma área com clima semi-árido, em que se observa altas temperaturas e escassez de chuvas; a outra vantagem refere-se ao êxodo rural, uma vez que a apicultura consegue manter as pessoas na zona rural. De acordo com VILELA (1999), o desenvolvimento da atividade apícola reduziu o êxodo rural no Piauí e atraiu muitos jovens que possivelmente teriam buscado melhores oportunidades na cidade sem as alternativas abertas pela apicultura. Essa constatação é válida para toda a região.

Os três principais produtores do Nordeste são os Estados do Piauí, Ceará e Bahia. Ao todo, esses três estados produziram 12,3 mil toneladas de mel em 2008, representando 87,23% da produção nordestina e 32,54% da produção nacional no mesmo período. O avanço desses estados no período de 2000 a 2008 também foi considerável se comparada com o crescimento médio da produção brasileira (Tabela 1).

O reconhecimento da importância social e de sua viabilidade faz da apicultura hoje uma das grandes opções de desenvolvimento para o semi-árido. O fato já pôde ser percebido pelo número de projetos apícolas aprovados e financiados nos últimos anos, em sua maioria favorecendo associações e cooperativas. (SEAGRI, 2004)

Nesse sentido, o Nordeste é uma região promissora para o desenvolvimento de grandes projetos apícolas, porque os segmentos contínuos de terras proporcionam um pasto apícola sem qualquer contaminação química, obtendo-se o mel orgânico, livre de agrotóxicos e medicamentos. A apicultura tem desenvolvido importantes papeis econômico, social e ecológico no Nordeste brasileiro, porque gera renda aos agricultores, ocupa a mão-de-obra familiar e contribui para o aumento da diversidade biológica do ecossistema. (GONÇALVES, 2000).

Na década de 1990, surgem programas de incentivos à apicultura, destacando-se a abertura de linha de financiamento através do Banco do Nordeste e o apoio de PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. (VILELA, 2002)

Apesar da pouca utilização de tecnologias, a produção de mel no Nordeste apresenta uma produtividade superior aos estados do Sul e Sudeste. De acordo com VILELA (1999), enquanto a média nacional era de 15 kg/colmeia/ano, no Piauí essa produtividade alcançava 30 kg/colmeia/ano. No entanto, embora esse mel seja produzido em um ambiente praticamente isento de defensivos químicos, existe forte carência de uma maior capacitação e profissionalização dos apicultores locais. Com frequência, há perda de qualidade do produto final em razão de práticas inadequadas, como uso excessivo de fumaça na colheita e cuidado insuficiente com a proteção de alguns equipamentos, deixando o mel com resíduos de fuligens e outras impurezas, comprometendo sua qualidade e, por fim, o preço obtido no mercado.

Conforme dados do estudo da Cadeia Produtiva do Mel, elaborado pela Secretaria da Agricultura Familiar e Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2004, a maior parte dos apicultores trabalha com apicultura fixa (no qual as colmeias permanecem na mesma área durante todo o ano). Sua produtividade média gira em torno de 20kg/colmeia/ano, considerada baixa para a atividade, e a apicultura migratória é adotada por menos de 20% dos apicultores, que conseguem produtividade em torno de 40 kg/colmeia/ano, segundo dados da Embrapa.

A expansão da produção e a gradativa organização do setor propiciaram a criação de empresas especializadas na produção de insumos e equipamentos apícolas, assim como a formação de pessoal especializado em apicultura, que presta serviços tanto na área de extensão técnica como de gestão. Aos poucos, vêm se configurando os chamados arranjos produtivos de apicultura, as plataformas tecnológicas, os sistemas locais de inovação e cadeias de suprimento, organizadas por associações e empresas privadas. Embora ainda incompletos, esses arranjos institucionais são responsáveis não apenas pela difusão da apicultura, como também pela introdução de inovações tecnológicas, novos processos e técnicas que, além de fomentarem a elevação gradativa da produtividade, também colaboram para elevar a qualidade do mel e derivados.

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