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Analisando os Quadros 1 e 2 verifica-se que este agrupamento vinha a deparar-se com um elevado insucesso escolar, especialmente no 3º ciclo, que consequentemente levava ao abandono escolar, sem que os alunos concluíssem o referido ciclo do Ensino Básico.

A democratização do ensino e o princípio de igualdade de oportunidades não impediram que um número significativo de jovens não atingisse os objectivos que lhes permitiriam obter sucesso escolar. Garantir apenas a igualdade de oportunidades no acesso tornou-se insuficiente e incapaz de diminuir as desigualdades sociais. O insucesso e o consequente abandono escolar levam a que um número significativo de jovens deixe o sistema sem as qualificações necessárias para ingressar no mundo do trabalho. Estes jovens vão ocupar os empregos menos qualificados ou, pior ainda, engrossar as fileiras dos desempregados, já que, frequentemente, “o insucesso na escola prefigura o insucesso no mercado de trabalho” (OCDE, 1989, p. 116).

A manutenção de um modo uniforme de organização pedagógica, o princípio da homogeneidade das normas, dos espaços, dos tempos e dos saberes contribui para o insucesso escolar de alguns alunos. Uma vez que os alunos são diferentes entre si, não só fisicamente, mas também no que se refere à personalidade, características e necessidades, cabe à escola assegurar que todos eles, independentemente das suas capacidades, interesses, características e necessidades, obtenham sucesso escolar (Ainscow, 1996).

Para respeitar a diversidade dos alunos é fundamental uma adequação pedagógica que vise desenvolver uma educação e formação para todos. Com esse objectivo o agrupamento criou Cursos de educação formação no sentido de dar resposta a alunos com várias retenções que por isso se encontravam próximo ou fora da escolaridade obrigatória, e portanto em risco de abandono escolar.

Estes cursos são todos de qualificação de nível 2, o equivalente ao 9º ano de escolaridade. No ano lectivo 2005/2006 criou-se o cursos de educação formação de jardinagem, com a duração de dois anos lectivos, destinado a alunos que tinham concluído o 6º ou 7º ano de escolaridade, frequentado o 8º ano, apresentassem retenções e tivessem 15 anos de idade. No ano lectivo (2006-2007), criou-se outro

cursos de educação formação, com as mesmas características que o do ano anterior, na área da carpintaria. Em 2007/2008,criou-se um na área dos serviços. O curso de educação formação dos serviços destina-se a alunos com mais de 16 anos, com o 8º ano de escolaridade ou frequência sem aprovação do 9º ano de escolaridade. A duração do curso é de um ano lectivo.

Com estes cursos pretende-se que os alunos concluam o ensino básico (9º ano de escolaridade) e obtenham alguma formação numa área específica. A componente técnica e profissional do currículo e a ligação da escola ao mundo do trabalho, através dos estágios nas empresas, podem ser elementos positivos para os alunos que têm dificuldade em adaptar-se a um ensino mais académico. A componente prática do programa pode tornar a vida quotidiana na escola mais atraente para muitos jovens e contribuir para manter o interesse dos alunos com dificuldades (OCDE, 1989).

Assim, os cursos de educação formação, poderão ser uma alternativa no ensino, na medida em que “poderão levar ao aumento da escolarização, mantendo no sistema jovens que o abandonariam se essas alternativas não existissem” (Marques, 1994, p. 40).

Assim, para os alunos com problemas de aprendizagem que apresentavam várias retenções e um nível de desmotivação elevado, especialmente pelo facto de se tratar de um percurso educativo de cariz mais teórico, colocando-se mesmo a situação de alguns alunos estarem em risco de abandono escolar, o Agrupamento criou três cursos de educação formação, em três áreas distintas - Jardinagem, carpintaria e serviços. O primeiro curso criado foi o de jardinagem que iniciou no ano lectivo 2005-2006 e após um ano de experiência de uma nova forma de ensino aprendizagem, percurso diversificado no ensino básico, surgiu a necessidade de novos cursos de educação formação para constituir resposta formativa a um conjunto de alunos de 15 e 16 anos, desmotivados e com situações de insucesso. Estes cursos foram criados pelo Despacho conjunto n.º 287/2005, com o objectivo de assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória e combater a exclusão. O artigo 11 do Decreto-Lei n.º 6/2001, de 18 de Janeiro, criou no sistema regular do ensino básico a possibilidade de implementação de percursos de diversificação curricular, competindo às escolas, no desenvolvimento da sua autonomia e no âmbito do seu projecto educativo, conceber, propor e gerir essas ofertas, devidamente enquadradas por despachos próprios.

Os cursos de educação formação, ao abrigo do despacho conjunto n.º 453/2004, de 27 de Julho, respondem, assim, ao determinado no n.º 3 do artigo 11 do Decreto-Lei 6/2001, de 18 de Janeiro, permitindo aos alunos que os frequentam uma certificação

escolar e uma qualificação profissional, bem como o prosseguimento dos estudos do nível secundário de educação, e possibilitando o acesso ao ensino superior. Este despacho conjunto estabelece os princípios orientadores da organização e da gestão do currículo, bem como da avaliação e da certificação das aprendizagens aplicáveis ao percurso dos cursos de educação e de formação, prevendo ainda a realização de exames nacionais do 9º ano nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática e do 12º ano na disciplina de Português e em duas disciplinas da componente científica.

Assim, os cursos de educação formação incluem todos os alunos que se encontram em situação de insucesso escolar e com retenções ao longo do seu percurso académico.

Para a criação dos cursos de educação formação o agrupamento procedeu a um levantamento das necessidades/interesses da comunidade educativa, distribuindo questionários aos alunos e encarregados de educação, que depois de devidamente analisados levaram à escolha das áreas atrás referidas.

Avaliação dos Resultados dos cursos de educação formação no Final do Ano Lectivo 2008/2009:

Cursos de educação formação de Serviços e de Jardinagem

Segundo os relatórios de avaliação apresentados no conselho pedagógico, no final do ano lectivo (2008/2009), os supra citados cursos de educação formação terminaram com sucesso. Os alunos dos cursos de educação formação quando iniciaram os cursos eram, na sua maioria, alunos pouco interessados, com poucos hábitos de trabalho, muito conflituosos e com bastantes problemas de aprendizagem, principalmente, nas disciplinas de carácter mais teórico.

A intervenção dos alunos na escola permitiu melhorar a imagem da escola e a sua actuação noutros contextos educativos mereceu o elogio e a admiração de toda a comunidade educativa, tendo algumas das actividades sido noticiadas em jornais. O reconhecimento e valorização deste trabalho estimularam o desenvolvimento da autoconfiança e do orgulho nos alunos. A consciência do saber fazer e da utilidade do seu trabalho foram fundamentais para superar o fraco aproveitamento obtido em anos anteriores e melhorar o seu percurso escolar. Estas actividades desenvolvidas permitiram aos alunos a aquisição de uma maior autonomia e responsabilidade, bem como de competências sociais ao nível do relacionamento pessoal e de grupo.

No final do ano lectivo, todos os alunos concluíram os Cursos com aproveitamento e seis deles vão prosseguir estudos. Salienta-se ainda que, durante a formação prática em contexto de trabalho, todos os alunos mostraram ser excelentes profissionais, tendo oito alunos, obtido a classificação máxima (nível 5) e os restantes nível 4, no estágio.

Curso de educação formação de Carpintaria

Segundo os relatórios de avaliação apresentados no conselho pedagógico, no final do ano lectivo (2008/2009), os alunos do curso de educação formação de carpintaria encontram-se agora no segundo e último ano do curso. Tal como os restantes alunos, no inicio do ano apresentavam as mesmas características que os colegas (desmotivação, falta de empenho e interesse e agressividade), comportamento esse que foi evoluindo positivamente no decorrer do 1º ano do curso. No início do curso alguns alunos faltavam bastante às aulas, o que levava a prever que alguns desistissem do curso, o que acabou por não acontecer e passaram a ser mais assíduos.

Durante o ano, estes alunos fizeram diferentes trabalhos para a escola (bancos, mesas, prateleiras, portas, objectos de decoração…) que foram elogiados e admirados por toda a comunidade educativa. Esses trabalhos embelezaram a escola e tornaram- na mais aprazível, deixando os alunos motivados e com vontade de fazer mais e melhor para o próximo ano.

O grupo evoluiu em todas as suas dimensões, passaram para o segundo e último ano do curso prevendo-se um sucesso global da turma.

CAPITULO III

Metodologia

Neste capítulo apresento os procedimentos metodológicos que serviram de base à realização deste trabalho. Primeiro faço uma abordagem teórica à investigação qualitativa em educação; depois apresento o desenho do estudo caracterizando os participantes na investigação, o instrumento de recolha de dados, os procedimentos de redução e análise de dados e os procedimentos de apresentação dos resultados. Por fim, refiro os critérios e as técnicas utilizadas para dar credibilidade científica ao estudo.

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