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Ajuda a pessoa ao longo do ciclo de vida, integrada na família, grupos e

No documento Relatório de estágio (páginas 42-46)

2. Competências adquiridas e desenvolvidas

2.3 Ajuda a pessoa ao longo do ciclo de vida, integrada na família, grupos e

grupos e comunidade a recuperar a saúde mental, mobilizando as

dinâmicas próprias de cada contexto

para assim prescrever cuidados baseados na evidência que fomentem a promoção e proteção da saúde mental, prevenção da doença mental e minimização do desenvolvimento de complicações, focando nas respostas do cliente a problemas de saúde, quer sejam reais ou potenciais.

Estabelece o diagnóstico de saúde mental da pessoa, família, grupo e

comunidade

Ao longo deste estágio, pude constatar que embora as pessoas sejam portadoras da mesma patologia, cada uma a vivencia à sua maneira. Cada uma tem um projeto de saúde individual próprio e interpreta e confere significado diferente às suas experiências, alterações e transições vivenciadas. Nesse sentido, senti necessidade de adotar diferentes estratégias e habilidades de modo a permitir a construção de uma relação terapêutica, assim como identificar agentes stressores e estratégias para lidar na situação. Martins (2004) afirma que não parece possível separar a análise das situações indutoras de stress das experiências de stress, das estratégias de coping e das consequências das mesmas, pela sua importância no ambiente de trabalho e sua relação com a saúde mental dos indivíduos. Isto, porque as circunstâncias indutoras de stress devem ser identificadas e analisadas adequadamente, para que seja possível uma intervenção eficaz, no sentido de as modificar ou de minimizar os seus efeitos negativos.

Pude verificar, pelos diversos contextos pelos quais estagiei, que o foco da adesão ao regime terapêutico é um alvo de intervenção das diversas equipas. Embora a maioria não apresentava comprometimento desta, devido já há um trabalho longo das equipas, era necessário sempre vigilância, reforço, motivação e ocasionalmente confrontar os utentes aquando suspeita de manipulação de doses ou falta. As equipas ainda tinham como preocupação a motivação para a adesão às consultas, sendo necessário casualmente acompanhar os utentes de modo a garantir a sua ida.

Oliveira e Miranda (2000) referem que a vivência do doente mental no contexto de uma instituição psiquiátrica compreende diversos aspetos como solidão, abandono, dúvidas, insegurança, a perda da autoestima, mas, principalmente, o medo de ser louco, estigmatizado e rotulado como um indivíduo incapaz e a dor de estar louco, tendo que vivenciar o quotidiano de enfermarias, remédios e a indiferença aos seus desejos enquanto pessoa. Estes sentimentos podem ser minimizados ou acentuados pela participação da

família e grupos sociais dos quais faz parte, como também através da atuação da equipe de saúde mental, que o assiste diariamente. Um aspeto muito relevante que identifiquei foi o envolvimento da família no processo de recuperação. Sabe – se hoje que a doença mental tem repercussões na pessoa que a vivencia, assim como na sua família. Durante este estágio também verifiquei que, frequentemente, na família existe mais do que um elemento portador de doença mental, demandando da equipa maior disponibilidade, empenho e atenção, pois na maioria, tratava-se de questões complexas, às quais os ganhos obtidos não eram imediatos, mas sim a médio e longo prazo. Na USJ e unidade de reabilitação, as visitas e idas à casa com familiares são permitidas, inclusive incentivadas e verificam-se com frequência, sobretudo em datas especiais às quais as utentes atribuem especial relevância e preferência em ir à casa. Por exemplo, existem senhoras que vão semanalmente à casa. É entregue ao familiar ou à utente, conforme demonstre gestão do regime terapêutico comprometido ou não, a terapêutica para os dias necessários, organizado e preparada previamente, conforme as tomas diárias, após ter-lhe sido instruído e ensinado sobre a gestão deste. Existe assim uma articulação ativa entre a família e a equipa. Frequentemente, os familiares e equipa estabelecem contato telefónico, estando a pessoa com doença mental no centro.

Mello e Shneider (2011) referem que é possível perceber o internamento como espaço potencializador, já que as unidades de internamento reúnem diferentes profissionais, família e indivíduo em crise. Essa condição mobiliza a todos intensamente, proporcionando aos envolvidos a oportunidade de pensar a crise e as suas repercussões na realização de um plano terapêutico. Tais medidas buscam singularidade, autonomia do indivíduo que está internado e de seus familiares para a continuidade do tratamento extra- hospitalar, bem como a retomada de sua rotina. É importante ter presente que trazer a família para o centro dos cuidados é um desafio para si mas também para a família. Isto porque lhe reconhece o papel importante que desempenha no equilíbrio do seu familiar reconhecendo, simultaneamente, que ela própria pode precisar de ajuda nas fases mais complexas do seu desenvolvimento e nos processos de transição saúde /doença. No entanto, por indicação médica, pode haver lugar à restrição de determinadas visitas e a suspensão destas por um período de tempo, caso seja benéfico para a pessoa.

Realiza e implementa um plano de cuidados individualizado em saúde mental

ao cliente e família, com base nos diagnósticos de Enfermagem e resultados esperados.

Um dos meus objetivos definidos para o estágio foi a realização de um estudo de caso de um utente acompanhado pela UMADIC. Considero que a realização deste fomentou a minha reflexão sobre o planeamento e conceção de cuidados, assim como a tomada de decisão, desenvolvendo capacidades cognitivas, críticas, reflexivas, mas também comunicacionais e relacionais, contribuindo na minha formação como enfermeira especialista. A metodologia utilizada para a execução do estudo de caso baseou-se no processo de enfermagem, através do qual a intervenção em contexto de domicílio foi realizada tendo como particular atenção a perspetiva global do utente. Compreendi a importância da monitorização e avaliação contínua, de modo a manter e aumentar as suas competências e capacidades, diminuindo o risco de incapacidade mas também de exclusão social. É assim importante saber lidar com a doença para assim ajudar a pessoa, família, prestador de cuidados a ultrapassarem dificuldades relacionadas com a mesma.

Recorre à metodologia de gestão de caso no exercício da prática clínica em

saúde mental, com o objectivo de ajudar o cliente a conseguir o acesso aos recursos apropriados e a escolher as opções mais ajustadas em cuidados de saúde.

Na CSBJ, resultado da colaboração entre equipa multidisciplinar e cliente, é desenvolvido um Plano Individual de Intervenção, onde são estabelecidos objetivos e subsequentes intervenções apropriadas, resultando do acordo entre o terapeuta de referência e o cliente. Deste modo, procura-se que usufrua dos serviços apropriados para a sua situação, melhorando o seu estado de saúde e por consequência a sua satisfação pessoal e qualidade de vida. Normalmente, os clientes são envolvidos em diversas atividades, conforme as suas capacidades, motivações, expetativas, potencialidades e preferências. Muitas estão, nomeadamente, incluídas no Projeto Trabalhar € Gratificar que foi criado em Setembro de 2013, na CSBJ, com o objetivo de fomentar atitudes promotoras do empowerment, reabilitação e autoestima, através do trabalho gratificado. Este procura recompensar o esforço do trabalho, através de uma gratificação atribuída mensalmente às pessoas

assistidas, constituindo uma atitude promotora do empowerment e recuperação, assim como um estímulo e motivação. Segundo a alínea h do artigo 5º da Lei nº 36/98 de 24 de Julho, o utente dos serviços de saúde mental tem o direito de receber justa gratificação pelas atividades e pelos serviços por ele prestados. Assim, para além de assegurar o cumprimento de um direito, tem-se revelado uma questão fundamental, uma vez que permite uma valorização pessoal e o desenvolvimento das suas competências pessoais, sociais e funcionais. A atribuição desta gratificação traduz-se num sentimento de utilidade que promove o reconhecimento de um direito da pessoa assistida. Pude portanto, colaborar no desempenho de funções de terapeuta de referência, elaborando e supervisionando os planos individualizados de tratamento/reabilitação das pessoas com perturbação mental, doença mental grave ou de evolução prolongada e suas famílias.

Pude também verificar a importância do EESM em auditar a toma de medicamentos no internamento, assim como no domicílio, em especial nas situações de doença mental severa.

No documento Relatório de estágio (páginas 42-46)