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Os resultados mostraram a existência de ajustes posturais antecipatórios e compensatórios nos músculos escapulares nas quatro tarefas propostas. A atividade muscular do músculo efetor foi menor que dos escapulares (SA, TI) nas quatro tarefas. A massa dos halteres e a direção do movimento do ombro influenciaram a atividade muscular durante o APA e o APC. Quando analisamos as modulações dos ajustes posturais, em APA para os músculos escapulares na abdução não houve diferença,

107 na adução temos diminuições do APA ao decorrer do tempo nos músculos escapulares, na extensão apenas houve uma modulação do músculo escapular (TI) e na flexão não houve diferença. A atividade muscular dos músculos escapulas durante o APC nas tarefas de abdução (SA, TS, TI), adução (SA, TS) e flexão (SA, TS, TI) diminuiu ao longo das janelas de APC, na extensão aumentou para o músculo escapular SA. Entretanto, quando comparamos APA e APC sem a divisão temporal entre as janelas na tarefa de abdução e flexão os músculos escapulares ativaram mais no APA, na adução e extensão a ativação muscular dos músculos escapulares foi maior durante o APC. Com relação a influência da massa nas janelas de APA e APC para os músculos escapulares encontramos que a massa influencia dependendo do músculo e tarefa. Na tarefa de abdução e flexão a massa aumentou a atividade muscular de todos os músculos escapulares durante o APA e APC, na adução há massa não influenciou a atividade muscular dos músculos escapulares, na extensão apenas TI foi influenciado aumentando a sua atividade na janela de APA. Na janela temporal de APC nas tarefas de abdução e flexão todos os músculos aumentaram sua atividade, na adução e extensão sem diferença. Quando observamos a diferença de ativação entre os músculos escapulares em APA e APC na abdução e flexão os músculos SA e TI não tiveram diferença entre si, mas tiveram maior ativação que o m. TS e quando houve adição de massa SA teve a maior ativação, na adução não foram observadas diferenças entre os músculos escapulares e na tarefa de flexão não existiu diferença quando a tarefa foi executada com 1kg, mas com adição de massa o m. TI exibiu a maior ativação. Na comparação entre APA e APC para estes músculos. Tais achados rejeitam as hipóteses nulas de que não há diferença entre a massa, tarefa e músculos para os ajustes posturais antecipatórios e compensatórios.

Os resultados mostraram a existência de ajustes posturais antecipatórios e compensatórios nos músculos escapular nas quatro tarefas propostas. Sugerindo a associação de APA e APC como mecanismo de diminuição da perturbação e controle do complexo articular do ombro. Hodges e Richardson (1997a) e Hodges e Richardson (1998) mostraram a existência de APA nos músculos estabilizadores da coluna para o mesmo fim em sujeitos saudáveis, e a diminuição ou ausência de APA em indivíduos com dor lombar. Além disso, outro resultado que nos leva a esta associação são as atividades musculares maiores durante APA e APC para os músculos escapulares nas tarefas de abdução e flexão. Tais tarefas demandam a

108 estabilização escapular, pois a partir dos 30 graus a escápula se movimenta para garantir amplitude de movimento e a manutenção de um espaço subacromial adequado (KAPANDJI, 2007; LUDEWIG, REYNOLDS, 2009; HUANG et al. 2013). Outro fator que nos leva essa associação de que a atividade muscular encontrada durante os períodos de APA e APC como mecanismo de estabilização do ombro é que indivíduos com disfunção possuem atividade anormal dos músculos escapulares SA e TI (MCMAHON et al., 1996; WADSWORTH; BULLOCK–SAXTON, 1997; LUDEWIG; COOK, 2000; LIN et al., 2005; LIN et al., 2006; DIEDERICHSEN et al., 2009; HUNDZA; ZEHR, 2007; HELGADOTTIR et al., 2011; LIN et al., 2011; HAWKES et al., 2012; PADKE; LUDEWIG, 2013). O ultimo fator que nos leva a esta associação é que o músculo efetor (DA) teve uma atividade menor comparado aos escapulares nas janelas de APA e APC.

A tarefa e o aumento da massa dos halteres influenciou de maneira particular os músculos escapulares. Nas tarefas de abdução e flexão em que havia maior perturbação articular a nível do ombro por causa do braço de resistência maior comparado a adução e flexão, os músculos escapulares SA e TI mostraram maior ativação que TS durante APA e APC e com o aumento e massa o músculo SA mostrou maior atividade que TS e TI. Entretanto, durante adução e extensão os músculos escapulares não mostraram diferença entre si, com exceção da tarefa de extensão com 3kg que o músculo TI mostrou maior ativação. Acreditamos que esta diferença está associada ao fato dos músculos SA e TI serem os principais estabilizadores da cintura escapular e são os músculos que garatem a manutenção de um ritmo escapulo–umeral adequado (LUDEWIG; COOK; NAWOCZENSKI, 1996; PHADKE; CAMARGO; LUDEWIG, 2009; STRUYF et al., 2014; ALIZADEHKHAIYAT et al. 2015). O aumento de massa nas tarefas de abdução e flexão ter ocasionado uma maior atividade do m. SA comparado aos demais escapulares também pode ser explicado como uma tentativa de garantir o controle e estabilidade do ombro já que estudos que compararam ombro saúdavel e com disfunção mostraram atividade do m. TI aumentada e atividade muscular do m. SA diminuída quando comparados ao controle (MCMAHON et al., 1996; WADSWORTH; BULLOCK–SAXTON, 1997; LUDEWIG; COOK, 2000; LIN et al., 2005; LIN et al., 2006; DIEDERICHSEN et al., 2009; HUNDZA; ZEHR, 2007; HELGADOTTIR et al., 2011; LIN et al., 2011; HAWKES et al., 2012; PADKE; LUDEWIG, 2013) e o outro fato que nos faz pensar nesta associação é que

109 em sujeitos com compressão do Nervo torácico longo apresentam instabilidade no complexo do ombro e o este nervo motor responsável pela contração do m. SA (SCHULTZ, LEONARD, 1992; SEROR, 2006; MAIRE et al., 2013; NAIL et al., 2014). Além disso, na tarefa de extensão temos com adição de massa temos um aumento do m. TI e isso pode ser explicado como um mecanismo de controle escapular para que os ombros não sofram uma rotação interna pela pertubação gerada pela massa do halter.

Os resultados na comparação entre APA, APC e as modulações temporais destes ajustes mostraram que para tarefas de abdução e flexão a atividade muscular foi maior em APA e para extensão em APC. Na tarefa de adução não encontramos diferença ao longo do tempo, na extensão apenas o músculo TI sofreu influência, na flexão e abdução os músculos escapulares tiveram uma diminuição em sua ativação ao longo do tempo. A atividade muscular dos músculos escapulas durante o APC nas tarefas de abdução, adução e flexão diminuiu ao longo das janelas de APC, na extensão aumentou para o músculo escapular SA. Acreitamos que estes resultados estejam associados mais uma vez a função de controle e estabilização do ombro feita pelos músculos escapulares. Nas tarefas com maior perturbação a ativação dos músculos aparece maior e depois vai diminuindo, acreditamos que tal mecanismo seja para não influenciar na execução do movimento focal que será realizado posteriormente, pois em casos de Doença de Parkinson a não diminuição da atividade muscular ao longo do tempo em APA e esta associada a um mecanismo patológico que dificulta a ação motora voluntária do passo na marcha (COEH; NUTT; HORAK, 2017; SCHENSTEDT et al., 2017). As atividades musculares maiores em APA do que APC nas tarefas de abdução e flexão novamente podem ser um mecanismo de estabilização eficiente e que o movimento voluntário não influenciou. Entretanto, maiores APC que APA em adução e extensão podem estar associados a perturbação aumetar gradativamente como início do movimento focal, gerando aumento do braço de resistência e fazendo com que o ombro tenha dependência maior da ativação muscular em APC para garantir o controle.

Tais achados nos fazem hipotetizar que a função postural destes músculos pode estar associada a garantia da saúde do complexo do ombro através de mecanismos de controle gerados pelos ajustes posturais e que este assunto precisa ser observado em sujeitos com disfunção para podermos entender melhor há

110 existência deste padrão e se há modificação em casos de disfunção.

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