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O Censo Escolar, coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é realizado anualmente pelo conjunto das escolas públicas e privadas do Brasil, nas esferas federal, estadual e municipal, reunindo diversos dados que permitem calcular indicadores educacionais.

Os mais importantes são o Rendimento Escolar, ligado à aprovação, reprovação e abandono do aluno, a Distorção Idade-Série, que é a diferença entre a idade do aluno e a série onde o mesmo deveria estar cursando e o Fluxo Escolar, que se refere à progressão dos alunos ao longo dos anos na escola.

O objetivo principal desse levantamento é fornecer informações e estatísticas para a realização de diagnósticos e análises sobre a realidade do sistema educacional do país, subsidiando a definição e a implementação de políticas orientadas para a promoção da equidade, efetividade e qualidade do ensino. Seus resultados permitem obter dados por regiões, unidades da federação, municípios, localização da escola (urbana ou rural), tipo de ensino oferecido, dependência administrativa e, inclusive, ao nível de escola (CERQUEIRA; RIGOTTI, 2004).

As informações que dão conta da matrícula e do rendimento dos alunos acontecem em anos subsequentes, ou seja, os dados referentes à matrícula são obtidos no ano em curso e os dados do rendimento escolar (aprovação, reprovação e abandono) só serão disponibilizados no término do ano letivo em curso. Portanto, para efeito de análise do processo final de aprendizagem dos alunos matriculados em 2016, o acesso aos resultados só estará disponibilizado no ano de 2017.

No portal eletrônico do INEP encontram-se importantes informações sobre o Censo Escolar, como são construídos as concepções e os cálculos dos indicadores educacionais, bem

1 A concepção e os cálculos aqui descritos encontram-se na Nota técnica nº 1 - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Ministério da Educação/INEP.

como a sua operacionalização. No que se refere às pesquisas realizadas pelo INEP, é objetivo do mesmo realizar um amplo levantamento sobre as escolas de educação básica no país. Constitui-se no mais importante levantamento estatístico educacional brasileiro sobre as diferentes etapas e modalidades de ensino da Educação Básica e da Educação Profissional.

Desse modo, os dados coletados através do Censo Escolar são classificados em quatro grandes dimensões: Escola, Aluno, Profissional Escolar e Turma (Quadro 1).

Quadro 1 - Dimensões e indicadores dos dados coletados com o Censo Escolar

DIMENSÃO INDICADORES

Escola

Infraestrutura disponível, dependências existentes, equipamentos, etapas e modalidades de escolarização oferecidas; organização do ensino fundamental; localização, dependência administrativa, mantenedora e tipo de escola privada, escolas privadas conveniadas com o poder público; Aluno

Sexo, cor/raça, idade, nacionalidade, local de nascimento, turma que frequenta, etapa e modalidade de ensino que frequenta, utilização de transporte escolar, tipo de deficiência.

Profissional Escolar

Informações referentes aos professores, auxiliares/assistentes educacionais, profissionais/monitores de atividade complementar e tradutores/intérprete de Libras. Sexo, cor/raça, idade, escolaridade, etapa e modalidade de ensino de exercício, turma de exercício, disciplinas que ministra, nacionalidade e função que exerce

Turma Tipo de atendimento, horários de início e termino das aulas, modalidade, etapa, disciplinas.

Fonte: Elaboração própria com as informações do MEC/INEP.

Portanto, o censo é um poderoso instrumento indispensável para as pesquisas de uma maneira geral e revela, através de seus dados, uma fotografia de como se encontra a educação do país, dos estados e dos municípios, servindo, desta forma, para o acompanhamento das políticas públicas educacionais. Assim, ao calcular e disponibilizar, por exemplo, o IDEB e os rendimentos escolares, dentre outros indicadores e taxas educacionais, estes passam a se constituir como referências para a elaboração das metas dos Planos Nacional, Estadual e Municipal de Educação.

É com base na informação da matrícula e de outros dados, por exemplo, que diversos programas governamentais são implementados, como o Programa de Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE), o Programa da Merenda Escolar ou Programa Nacional de alimentação Escolar (PNAE) e o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Os dados da matrícula servem, também, para calcular os coeficientes de distribuição dos recursos do FUNDEB, entre outras ações.

Em relação ao IDEB, criado em 2007, pelo INEP, o mesmo foi idealizado para aferir a qualidade do aprendizado no país e assim estabelecer metas para a melhoria do ensino. Funciona como um indicador nacional que possibilita o monitoramento da qualidade da

educação ofertado à população escolar por meio de dados concretos, com o qual a sociedade pode se mobilizar em busca de melhorias. Para tanto, o IDEB é calculado a partir de dois componentes: a taxa de rendimento escolar, isto é, a aprovação dos alunos e as médias do desempenho nos exames aplicados pelo INEP. Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo, realizado anualmente (MEC, 2017).

Este é, fundamentalmente, um indicador de qualidade educacional, pois combina informações de desempenho escolar em exames padronizados do SAEB, obtido pelos estudantes ao final das etapas de ensino, 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio, com informações sobre o rendimento escolar. Portanto, na concepção deste indicador estão duas premissas: a permanência do aluno na escola com aprovação e o sucesso do mesmo no ensino aprendizagem.

Segundo estudos realizados pelo INEP, o IDEB é resultado do produto entre o desempenho e do rendimento escolar (ou o inverso do tempo médio de conclusão de uma série), demonstrada, pelo exemplo a seguir, da seguinte maneira:

Uma escola “A”, cuja média padronizada da Prova Brasil, 4ª série/5º ano, é 5,0 e o tempo médio de conclusão de cada série/ano é de 2 anos, essa escola terá o IDEB igual a 5,0 multiplicado por ½, ou seja, IDEB igual a 2,5. A escola “B”, com média padronizada da Prova Brasil, 4ª série/5º ano, igual a 5,0 e tempo médio para conclusão igual a 1 ano, terá IDEB igual a 5,0.

Nesse sentido, os resultados concebidos, em termos de diagnóstico da rede/escola, devem nortear ações políticas nas três esferas de poder e mesmo nas escolas, no sentido da melhoria da qualidade do sistema educacional e do processo de ensino aprendizagem.

O cálculo geral do IDEB, é dada por (1):

0

10 0

1 0

10

.

,

;

;

ji ji ji j j j

IDEB

N

P

N

P

IDEB

(1) Em que,

i = ano do exame (SAEB e Prova Brasil) e do Censo Escolar;

Nji = média da proficiência em Língua Portuguesa (LP) e Matemática (M), padronizada para

um indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j, obtida em determinada edição do exame realizado ao final da etapa de ensino;

Pji = indicador de rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos da

unidade j;

Em (1), a média de proficiência padronizada dos estudantes da unidade j, Nji é obtida a

exame realizado ao final da etapa educacional considerada (Prova Brasil ou SAEB). A proficiência média é padronizada no intervalo zero e dez, ou seja, 0 ≤ IDEB ≤ 10, sendo que Nji

é obtida de acordo com (2), abaixo:

2

lp mat ji ji ji

n

n

N

com     

inf sup inf ji ji

S

S

n

S

S

(2) Em que,

Para as unidades escolares ou redes que obtiverem

S

ji

S

inf , a proficiência média é fixada em 

inf

S . Por sua vez, aquelas unidades que obtiverem

sup

ji

S

S

tem o desempenho fixado em

S

sup .

A Tabela 1 apresenta a média e o desvio padrão das proficiências dos alunos da 4ª e da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio no Saeb de 1997:

Tabela 1 - SAEB 1997. Proficiências médias e desvio padrão

Série Matemática Língua Portuguesa

Média Desvio padrão Média Desvio padrão

4ª do EF 190.8 44 186.5 46

8ª do EF 250.0 50 250.0 50

Fonte: SAEB (MEC, 1997).

A Tabela 2 traz os valores dos limites inferiores e superiores utilizados na padronização das proficiências médias em Língua Portuguesa e Matemática dos alunos da 4ª e da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio.

Tabela 2 - Limite superior e inferior das proficiências

Série Matemática Língua Portuguesa

Sinf Ssup Sinf Ssup

4ª do EF 60 322 49 324

8ª do EF 100 400 100 400

Fonte: SAEB (MEC, 1997).

A partir da média e desvio padrão das proficiências no SAEB 1997, ano em que a escala do SAEB foi definida, calcularam-se, para cada etapa de ensino, considerando as diferentes disciplinas avaliadas no exame, os limites inferior e superior, de acordo com:

3

inf

( .

)

S

média

DP

e

S

sup

média

( .3

DP)

Esses limites, inferiores e superiores, apresentados na Tabela 2, são usados para calcular todos os IDEB, ou seja, desde 1997, a partir do SAEB, para o Brasil (na rede de ensino privada e pública; nas zonas urbanas e rurais) e para os dados agregados por unidade da federação e, a partir da Prova Brasil de 2005, para municípios (rede municipal e estadual) e para as escolas.

No ano de 2005, o SAEB foi reorganizado através da Portaria Ministerial nº 931, de 21/03/2005. O sistema passou a ser composto por duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), conhecida como Prova Brasil. A ANEB conservou os procedimentos da avaliação amostral, atendendo aos critérios estatísticos de, no mínimo, dez alunos por turma, das redes públicas e particulares, com foco na gestão da educação básica que era realizada no SAEB. A ANRESC, conhecida como Prova Brasil, passou a aferir de forma censitária as escolas que atendessem aos critérios de, no mínimo, trinta estudantes matriculados na última fase dos anos iniciais (5º ano) ou dos anos finais (9º ano) do Ensino Fundamental escolas públicas, permitindo, dessa forma, gerar resultados por escola.

O indicador de rendimento, Pj, é obtido conforme (3), onde a proporção de aprovados

em cada uma das séries da etapa considerada, r

Se r

p (r = 1, 2, ..., n, em que n é o número de séries com taxas de aprovação positiva) é a taxa

de aprovação da r-ésima série da etapa educacional considerada, então o tempo médio da série é: 1

1

n

ji r r ji

n

T

p

P

(3)

Em (3), Pji é a taxa de aprovação na etapa educacional no ano i. Note-se que na ausência

de evasão durante a etapa e em equilíbrio estacionário, n dividido por Pji mede o tempo médio

para conclusão de uma etapa, para os estudantes da unidade j (Tji). Se P é o inverso do tempo

médio para conclusão de uma série, então, Pji é igual a 1 sobre Tji. Deste modo, temos que

IDEBji é igual a Nji dividido porTji, ou seja, o indicador fica sendo a pontuação no exame

padronizado, ajustada pelo tempo médio, em anos, para conclusão de uma série naquela etapa de ensino.

As médias de desempenho utilizadas são: Prova Brasil, para escolas e municípios; Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), para os estados e o país, ambos realizados a cada dois anos. As metas estabelecidas pelo IDEB são diferenciadas para cada escola e rede de ensino, com o objetivo único de alcançar o índice de 6 pontos até o ano de 2022 – média correspondente ao sistema educacional obtido pelos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (MEC, 2017). Mas, diante da concepção e dos cálculos iniciais do IDEB, é preciso não perder de vista que estes números revelam o processo histórico da vida escolar dos alunos, o qual envolve as famílias, as ações pedagógicas internas das escolas, como o ensino e a aprendizagem, o combate à reprovação e ao abandono, assim como as ações praticadas no cotidiano da escola, da família e as políticas emanadas das secretarias de educação.

Para o município do Natal, a evolução registrada do IDEB mostra que no ano de 2011 a meta era 3.5 e o observado 3.2; já em 2013 a meta era 3.9 e o observado 3.2; em 2015 a meta era 4.2 e o observado 3.6. Ou seja, o IDEB esperado era de aumento de 20% e o aumento deste período foi de 12,5% (INEP, 2016). Todavia, há de se compreender que aspectos relacionados às desigualdades socioespaciais, socioeconômicas e educacionais devem ser levados em consideração. Pois, o IDEB não se constitui apenas num resultado matemático do produto associado ao desempenho e ao rendimento dos alunos, mas um indicador que manifesta interioridades e exterioridades da vida escolar dos alunos.

Portanto, ao se revelar o resultado das avaliações institucionais nacionais, estaduais e municipais estes demonstram não só o desempenho e rendimento da totalidade dos alunos e da escola, mas devem ser percebidos como um resultado para além dos seus muros dos estabelecimentos escolares, uma vez que a população escolar não se encontra uniformemente distribuída no espaço.

3 A ESCOLA E SUAS DISTINTAS REALIDADES – ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este capítulo está destinado à descrição da metodologia da pesquisa, tratando inicialmente das singularidades da coleta dos dados e dos procedimentos operacionais da pesquisa. Apresenta como se procedeu ao uso das ferramentas tecnológicas utilizadas para aferir a localização das escolas e dos alunos - Google Maps e Google Earth - e o software científico SPSS, usado para obtenção de frequência e elaboração dos gráficos das variáveis envolvidas.

A pesquisa foi desenvolvida mediante o emprego do método de abordagem hipotético dedutivo, isto é, a pesquisa teve início a partir da pergunta de partida que orientou a formulação do objetivo a ser alcançado no decorrer da investigação (QUIVY; CAMPENHOUDT, 2008). A técnica empregada foi o da observação direta, que permitiu a obtenção dos dados nas escolas municipais selecionadas previamente, informações adquiridas a partir do Processo Individual – Ficha Individual de cada aluno, que deu origem ao instrumento de coleta de dados, elaborado para criar um banco de dados (ANEXO I).

Para a preparação da dissertação foram efetivadas diferentes atividades interdependentes em cinco macro etapas, resultando na estrutura metodológica da pesquisa, conforme a ilustração da Figura 2.

Figura 2 - Estrutura metodológica da pesquisa

Fonte: Elaboração própria com base em Quivy e Campenhoudt (1998).

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