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DIMAS ALCIDES GONÇALVES GISELE CARNEIRO

No documento CEFURIA - REDE MANDALA - TECSOL (páginas 35-37)

Economia solidária e Possibilidades de Formalização

DIMAS ALCIDES GONÇALVES GISELE CARNEIRO

O termo economia solidária é formado pela junção das duas palavras: economia e solidariedade.

Economia - A palavra vem do grego: “cuidar da casa”, ou seja: cuidar do que é comum. Tem relação também com produção, distribuição, comercialização, consumo, poupança, recursos, finanças, troca, necessidades, riqueza, trabalho. solidariedade – significa responsabilidade mútua entre as pessoas - interdependência.

Veja como é importante o resultado da composição entre as duas pala- vras: economia ligada à solidariedade, ou seja: significa que uma não deve viver sem a outra.

Economia sem solidariedade é a barbárie capitalista, que busca produção de riqueza explorando o trabalho humano e a natureza, sem distribuir de forma justa e responsável.

Muitas pessoas confundem economia solidária com voluntariado, veja que não é a mesma coisa. A palavra “solidária” após a palavra “economia” mostra a existência de práticas econômicas exercidas com solidariedade. Estas práticas econômicas podem ser: produção, consumo responsável e solidário, comercialização, finanças, prestação de serviços ou trocas. A economia solidá- ria envolve geração de renda para quem trabalha, solidariedade e consciência crítica para quem consome.

Nós somos da economia solidária, então nos preocupamos em desen- volver um trabalho que satisfaça as nossas necessidades e ao mesmo tempo temos responsabilidade com os outros seres.

Se você faz parte de algum coletivo de economia solidária que produz, comercializa, distribui ou presta serviço, podemos dizer que você faz parte de um empreendimento econômico solidário, que tem como abreviatura EES.

Empreendimentos econômicos solidários são organizações coleti- vas suprafamiliares, cujos participantes ou sócios são trabalhadoras e trabalhadores do meio rural ou urbano, que exercem coletivamente a gestão das atividades, a produção e a distribuição dos resultados, independente do grau de formalização ou registro legal.

segundo o mapeamento de economia solidária que foi realizado entre os anos de 2009 e 2013, há cerca de l9.700 empreendimentos econômicos solidários no Brasil, sendo a maior parte deles na área rural (71,2%).

Informalidade na economia solidária – Caderno nª1 – Observatório Nacional da Economia Solidária e do Cooperativismo - março de 2016. Brasília DF

segundo pesquisa Dieese/Observatório sobre Economia Solidária e Cooperativismo, realizada em 2016, 50% dos empreendimentos econômicos solidários no Brasil são formalizados.

Pesquisa Dieese/Observatório sobre Economia Solidária e Cooperativismo. Senaes. Brasilia, DF, 2016.

Na economia solidária, o trabalho é coletivo, assim como é coletiva a pro- priedade dos meios de produção. Além disso, cada pessoa do empreendimento é encorajada a conhecer e a desenvolver todos os processos do trabalho, e não somente uma parte. O resultado do trabalho é dividido com justiça e transparência, por decisão de quem trabalhou. É comum a rotatividade de tarefas, ou seja: se um dia uma pessoa vende o artesanato, no outro dia pode produzir ou auxiliar na produção; ou então, se dedicar a limpar e organizar o espaço de serviço. Que todas as pessoas conheçam e saibam cuidar do dinheiro, preencher as planilhas de entradas e de saídas financeiras e todos os demais processos de gestão.

Na economia solidária, todos trabalhos necessários precisam ser valori- zados e planejados coletivamente. As informações devem circular, bem como as oportunidades de formação.

Formalizaçãoou registro legalé a forma jurídica assumida pelos empreendimentos ou redes. Infelizmente, não há ainda um marco legal espe- cífico que atenda todas as necessidades dos EES, as referências principais são associações e cooperativas.

Por que formalizar? Segundo a Agência de Desenvolvimento Solidário (ADS), os principais motivos são:

possibilidade de obtenção de renda maior;

participação de chamadas públicas e/ou editais específicos;

inclusão produtiva;

acesso aos conselhos populares locais;

articulação em rede (produção, consumo, crédito e participação política nos territórios);

segurança fiscal.

Geralmente os empreendimentos econômicos solidários desenvolvem um percurso organizativo, ou seja: iniciam como grupo informal, constituem associação, depois cooperativa, rede e cadeia produtiva.

Economia solidária

solidária: associações e cooperativas.

Associações são pessoas jurídicas compostas por quem tem objetivos e interesses comuns e são regidas pelo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002, artigo 44). Associações não têm fins econômicos, e por isso não podem emitir nota fiscal, o que limita a sua atuação.

Duas redes da Rede Mandala decidiram se transformar em associação: a Associação Padarias Comunitárias Fermento na Massa e a Associação Feira Permanente de Economia Solidária.

Abaixo, reproduzimos a fala de Bernadete, presidente da Associação Feira Permanente de Economia Solidária, que nos conta como foi importante a decisão de criar uma associação.

O depoimento de Bernadete mostra que as associações contribuem na organização e segurança das redes e dos empreendimentos, e a formalização é um passo importante.

A fala seguinte é de Rosalba, presidente da Associação das Padarias e Cozinhas Comunitárias Fermento na Massa, da Rede Mandala:

“Antes a feira acontecia no pátio da Paróquia Profeta Elias, em Curitiba, que nos acolhia com muito carinho. No entanto, ali não era um bom local para co- mercialização dos nossos produtos e por isso, resolvemos realizar nossa feira em um lugar público e de intenso movimento. Por inúmeras vezes tentamos autorização da prefeitura, mas não conseguimos. Resolvemos, então, ocupar o espaço escolhido, mas continuamos com as tentativas de regularização. No ano de 2017 decidimos criar a Associação Feira Permanente de Economia Solidária. Foi uma ótima decisão! Ter um CNPJ e documentação de pessoa jurídica nos deu força, respaldo e segurança. Conseguimos legalizar nossa situação, hoje temos alvará de funcionamento. Além disso, a associação nos abre outros caminhos: torna possível concorrer a editais para captação de recursos e nos permitiu entrar no rodízio para participação na Feira de Artesanato do Largo da Ordem”.

“A associação fez toda diferença nas padarias comunitárias, porque conseguimos fazer projetos; conseguimos equipamentos e etiquetas para pôr no pão, dentre outros benefícios. O que nos ajudou muito foi o conselho gestor: que todos os grupos tenham um conselho gestor forte que se reúna todos os meses. Foi dentro do conselho gestor que surgiu a associação.”

No documento CEFURIA - REDE MANDALA - TECSOL (páginas 35-37)

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