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Alemanha

No documento ALTAS HABILIDADES (páginas 58-62)

Capítulo II - A legislação direcionada aos alunos superdotados

3. UNIÃO EUROPÉIA

3.1. Alemanha

Observação inicial

A educação na Alemanha é descentralizada e responsabilidade dos 16 estados federados. A política educacional é coordenada em nível nacional por uma Conferência de Ministros de Estado de Educação e Assuntos Culturais. Uma representação completa e detalhada das ofertas de cada estado e suas diretivas peculiares, referentes à educação de superdotados, foi objeto do Relatório de Holling et Al.(200438), em que se apresentam as regulações legais, as atividades de apoio extra classe, os critérios de seleção, a formação básica e continuada de professores, a pesquisa e o apoio qualificados e o processo de realização da educação para superdotados. Os autores advertem que o que for ou não mencionado no Relatório, não deve ser compreendido como afirmação da importância e qualidade das ofertas, mas como um insight sobre a variedade da educação para superdotados nas escolas alemãs, prestando-se à comparação com os demais países europeus.

A. Legislação escolar, regulações e diretrizes

O termo ‘superdotação’ é explicitamente mencionado na legislação de alguns estados alemães. Em alguns deles, as regulações direcionadas a esta clientela são formuladas, ao lado de medidas apropriadas para apoio extra-classe e informação sobre como implementá-las. Há diretrizes em todos os estados para orientar a transição para um sistema escolar flexível, mediante a adoção de passos como as matrículas precoces na escola primária e a aceleração mediante o pulo para séries mais adiantadas.

B. Medidas específicas

Além da matrícula antecipada na escola primária [ISCED Nível 1], adotam-se também na Alemanha a aceleração escolar por meio da flexibilização da idade para a

383 Holling, H., Preckel, F., Vock, M. & Schulze Willbrenning, B. (2004). Schulische Begabtenförderung in den Ländern – Maßnahmen und Tendenzen. In: Bund-Lander-Kommission fur Bildungsplanung und Forschungsforderung (Hrsg.). Materialien zur Bildungsplanung und Forschungsforderung, Heft 121. BLK. Bonn.

(pdf-File at: www.blk-bonn.de/download.htm)

iniciação escolar ou do salto de algum grau ou série [ISCED Nível 1-3] e as medidas de apoio intra-escola, incluindo a oportunidade para os superdotados participarem das aulas das classes mais adiantadas [ISCED Nível 1-3]. Diversas medidas de aceleração foram testadas nos mais diversos modelos, em diferentes estados, e têm sido parcialmente postas em prática. Além disso, grupos de trabalho bem como a cooperação com universidades, empresas ou sociedades empresariais ou não e empresas comerciais [ISCED Nível 1-3] têm sido organizados. Outra forma comum de apoio intra-escolar das crianças superdotadas é realizado com o auxílio de um conjunto de conteúdos e propostas de estudos extra-curricular [ISCED Nível 0-3]. Competições internas às escolas são também realizadas regularmente. Além disso, os alunos e os pais podem usufruir de apoio psicológico na escola [ISCED nível 1 e 2]. Fora da escola, cursos adicionais específicos e escolinhas de verão são oferecidos por diferentes atores [ISCED nível 1-3].

Ademais, os estudantes talentosos são desafiados e apoiados em uma série de competições estaduais e nacionais [ISCED nível 1-3].

C. Critérios de identificação

A pedido dos pais, as crianças podem começar a escola primária com menos de seis anos de idade desde que haja participação bem sucedida das crianças na vida escolar, considerando o seu desenvolvimento cognitivo, físico e social. A administração da escola - em parte, considerando o relatório de um perito - geralmente toma a decisão tendo em vista a admissão antecipada.

Nos casos de decisão pelo salto de um nível de escolarização, os bons resultados de um aluno na escola e a motivação aparente são geralmente considerados. Resultados dos exames psicológicos são muitas vezes incluídos no processo de identificação, embora nem sempre sejam necessários. Em geral, a decisão de permitir mover cedo um aluno de uma classe para outra mais avançada é feita com base em uma conferência de classe. Para a participação nos programas complementares dentro das escolas, que prevêem realização de atividades adicionais de apoio, são observados critérios específicos de seleção em cada estabelecimento.

A identificação e os critérios de seleção para as atividades e programas de apoio extra-escolar são estabelecidos pelas próprias organizações que as oferecem. Normalmente, as indicações dos professores, pais ou mesmo das próprias crianças são aceitas. Resultados extraordinários na escola são na sua maioria pré-requisitos no processo de seleção. Outros

programas da iniciativa privadas na maioria das vezes utilizam critérios de identificação relacionados com os valores de QI obtidos em testes de inteligência.

D. Formação e/ou aperfeiçoamento de professores e redes de trocas de experiência Somente alguns estados federados tratam do tema da educação de superdotados durante a formação compulsória dos professores. Oportunidades para atualização e educação continuada de professores são ocasionalmente oferecidos na Alemanha [ISCED nível 0-3]. O Centro Internacional para o Estudo da Superdotação (ICBF) da Universidade de Munster coordena programas de atualização para professores-especialistas em superdotação (ECHA) e programas de atualização para professores especialistas em pré-escola de superdotados (ECHA-certificados).

A experiência adquirida com esses programas tem sido aproveitada e posta em prática em alguns estados federais, principalmente na Renânia do Norte - Westphalia.

Algumas cidades assumem a responsabilidade da atualização dos seus professores na educação de superdotados: por exemplo, o Centro de Competência para Educação de Superdotados de Dusseldorf (CCB) iniciou um curso, em colaboração com o ICBF-Programa ECHA, para um grupo de professores das escolas da cidade. Além disto, o Centro fornece avaliação psicológica individual para os alunos com alto potencial. A rede de educação de superdotados é organizada e estes serviços são, em parte ou totalmente, financiados pelo poder público municipal.

E. Pesquisa, cuidados e aconselhamento profissional

Na Alemanha, alguns institutos e universidades se dedicam aos tópicos

“pesquisa sobre superdotação” e “educação de superdotados”. Em algumas universidades também há áreas de concentração de PHDs nestas áreas. Em algumas cidades como Rostock, Marburg, Munich, Munster, Hannover, Erfurt, Tubingen and Ulm, há institutos vinculados a universidades que servem de pontos de contato e referência para ministros, professores, pais e outras pessoas envolvidas com o assunto. Além de seus próprios projetos de pesquisa sobre diagnósticos, medidas de apoio, análises ambientais e creatividade, estes institutos muitas vezes apóiam projetos educacionais do estado. Há centros de cuidados profissionais e aconselhamento disponíveis no país para diagnóstico de superdotação e orientação, usualmente ligados a institutos

científicos como, por ex., o Gaesdoncker Advisory Centre for Gifted Education of the Radboud University Nijmegen (NL). Em várias cidades há iniciativas parentais e projetos de educação para a superdotação, patrocinados por associações e fundações.

F. Prioridades e expectativas

A maneira como a educação para superdotados é realizada nos 16 estados federais é extremamente variável e, portanto, só pode ser inspecionada e estudada caso a caso. Assim, referimo-nos ao Relatório Holling et al. de 2004 e também à sua versão de 2001, que contêm recomendações para a realização e organização das medidas de apoio, processos de identificação, formação continuada de professores e avaliação de medidas, mencionados como uma avaliação das necessidades especiais das crianças superdotadas, mutantes no tempo.

Junto com uma consideração mais aprofundada da pré-escola, uma transição para a flexibilidade no sistema escolar tem sido exigida, particularmente a oportunidade para matrículas precoces na escola primária e as mudanças de nível, mediante o salto de séries.

Além disso, a adaptação dos currículos e métodos de ensino é recomendada para que o agrupamento de habilidades (por exemplo, aceleração para um grupo completo, trabalhos em grupos de estudo) possa ser mais facilmente organizado e as medidas de diferenciação, realizadas (a exemplo de processos de individualização da educação, tais como a adoção de conteúdos extra-curriculares, participação em classes mais avançadas e auto-estudo).

Particularmente com respeito ao processo de identificação de alunos a se tornarem alvos das medidas de apoio, referimo-nos à necessidade de avaliar a compatibilidade das competências necessárias para uma especificação de requisitos/perfil. Testes padronizados de inteligência não são enfatizados, sobretudo tendo em conta a heterogeneidade dos programas de apoio e as diferenças individuais dos alunos. Em vez disso, multi-métodos e políticas multimodais têm sido preferíveis. Testes padronizados de inteligência em programas de apoio escolar costumam ser utilizados apenas para o esclarecimento de questões concretas.

A inserção da educação de superdotados na formação inicial e continuada de professores também é apontada como necessidade urgente. É expressamente enfatizado nos relatos alemães que os professores precisam adquirir competência de diagnóstico

com relação à superdotação, ao lado de competência pedagógica, didática e avaliativa, bem como a habilidade de aplicar a didática específica para tal alunado.

No documento ALTAS HABILIDADES (páginas 58-62)

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