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ALGUMAS DISPOSIÇÕES LEGAIS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO

Poucos dispositivos merecem destaque, neste trabalho, no sentido da ordenação da atividade específica de CE e suas hipóteses de incidência do ICMS.

A ausência de uma ordenação precisa acerca da atividade de comércio por meio da internet abre lacunas para que os entes da federação se apropriem de regras, não somente em prol da própria organização, mas também no sentido de preservar a sua arrecadação. É o caso do Protocolo 21/2011 pelo qual os estados de Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia e Sergipe e o Distrito Federal, em seguida aderindo os estados de Mato Grosso do Sul e Tocantins, determinaram “exigir, nos termos nele previstos, a favor da unidade federada de destino da mercadoria ou bem, a parcela do ICMS devida na operação interestadual em que o consumidor final os adquire de forma não presencial por meio de internet, telemarketing ou showroom”. Em tempo, o termo “não presencial”, que originalmente configurava “comércio eletrônico”, foi adotado para abranger aquelas vendas, não só do comércio pela internet, mas também que, genericamente, não são realizadas de forma presencial.

Este protocolo sofreu a ação de inconstitucionalidade, ADI n° 4628, ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio – CNC, e foi derrubado em liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, do STF. A decisão ainda será encaminhada para o plenário do STF onde os ministros do tribunal poderão mantê-la ou não, porém, enquanto não ocorrer o julgamento, a liminar está em vigência, ou seja, os efeitos do Protocolo 21/2011 estão desautorizados.

Mas, a PEC - Proposta de Emenda Constitucional, que foi originada no Senado sob nr. 103/2011, busca uma forma mais harmônica para preservar os efeitos pretendidos pelo Protocolo 21.

Já aprovada pelo Senado, foi enviada à Câmara dos Deputados, onde recebeu o número de PEC 197/2012. A proposta terá sua admissibilidade analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois será criada uma comissão especial para analisar o texto, antes de ser votado em dois turnos pelo Plenário. Propõe mudança nas regras de recolhimento do ICMS nas operações de compra e venda não presencial. Sua vigência ocorreria a partir do ano subsequente ao da publicação oficial e após noventa dias desta.

De autoria do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), a medida prevê que quando um produto for vendido ao consumidor de outro estado, será aplicada a alíquota interestadual do imposto, cabendo ao estado destinatário a parcela da seguinte forma: se o consumidor final for contribuinte, a diferença entre a alíquota interna do estado destinatário e a alíquota interestadual; se o consumidor final não for contribuinte, a diferença entre a alíquota interna do estado remetente e a alíquota interestadual.

A modificação na legislação proposta pela PEC é relativa aos casos em que o consumidor não é contribuinte do ICMS, quando é aplicada somente a alíquota interna do estado remetente.

Atualmente, a proposta defende as seguintes regras básicas:

 no caso em que o destinatário for contribuinte, no Estado de origem será cobrada a alíquota interestadual e, no Estado de destino, a diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual. A responsabilidade do recolhimento será do destinatário;

 no caso em que o destinatário for não-contribuinte, no Estado de origem será cobrada a alíquota interestadual e, no Estado de destino, a diferença

entre a alíquota interna do Estado remetente e a interestadual. A responsabilidade do recolhimento será do remetente.

Encontra-se na Comissão Especial da Câmara, com substitutivo, que altera a redação do Senado para, sendo o destinatário contribuinte ou não, “ao Estado de destino caberá a diferença entre a sua alíquota interna e a alíquota interestadual”.

Outro dispositivo recente é o Decreto nº 7.962, de 15 de março de 2013, que veio regulamentar a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico.

Atente-se que, para este caso, pela forma da regulamentação da Lei, a denotação que o legislador buscou foi de garantir os direitos básicos do consumidor que utiliza a internet para adquirir mercadorias e serviços, uma vez que as informações básicas necessárias relativas aos produtos e ao fornecedor ficam expressamente declaradas no sítio eletrônico.

Tramita na esfera federal o Projeto de Lei n° 1.483/99, de autoria do Deputado Dr. Hélio (PDT/SP), que pretende instituir a fatura eletrônica assim como a assinatura digital nas transações comerciais eletrônicas em todo o território nacional.

Destaque-se que no Parágrafo Único desta PL o legislador pretende determinar que “toda documentação eletrônica bem como o cadastro de assinaturas digitais deverão estar com seus registros disponíveis para avaliação e fiscalização dos órgãos federais responsáveis”. (grifo nosso)

O volume de negócios realizados por meio da internet, no Paraná, é, sem dúvida, expressivo. Conforme levantamento realizado pela CRE, da SEFA-PR, em atendimento ao protocolo SID 11.210.401-1, somente dez contribuintes paranaenses receberam, no período de março/2011 a março/2012, mais de quinhentos milhões de reais de vendas a eles destinadas. Os levantamentos realizados pela E-bit mostram que, em 2012, o faturamento anual brasileiro para os negócios B2C atingiram a marca de R$ 22,5 bilhões com 66,7 milhões de pedidos realizados, e, em 2013, a marca chegou aos R$28,8 bilhões, ou seja, com aumento de 28%. Além disso, 9,1 milhões de pessoas fizeram compras online pela primeira vez em 2013, elevando o número de pessoas, que ao menos uma vez utilizaram a internet para a compra de algum produto, para 51,3 milhões. Até o final de 2014, a E-bit estima que haverá um crescimento nominal de 20%, o que corresponderá a R$ 34,6 bilhões no ano. Mesmo assim, o Estado não possui relevantes elementos legais próprios que regulem mais especificamente esta atividade.

O ordenamento mais relevante diz respeito ao dispositivo que concede crédito presumido de ICMS para as vendas realizadas por contribuintes paranaenses que realizam operações, exclusivamente, por comércio eletrônico, às pessoas físicas não contribuintes, para uma carga tributária em percentual que resulte em 12%, descrito no Item nr. 18, do Anexo III, do Regulamento do ICMS do Paraná, em acordo com o seu Parágrafo único, do Artigo 4º.

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