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Segundo as pesquisas de Meier-Stamer (1999) apud Igliori (2001), determinados clusters da América Latina apresentam três deficiências principais:

1. Grande heterogeneidade no nível de desenvolvimento das firmas e baixa competitividade das pequenas e médias empresas;

2. Falta de capacidade de inovação;

3. Baixo grau de especialização e cooperação entre as firmas.

Para aumentar a capacidade competitiva das pequenas e médias empresas, Altemburg e Meier-Stamer (1999) apud Igliori (2001) sugerem que os formuladores de política assumam o papel de agentes catalisadores na promoção de transferência tecnológica das empresas grandes para as menores, potencializando os processos de aprendizagem pela interação (learning-by-interacting), sobretudo nas áreas de qualidade gerencial, logística, gerenciamento de custos e gerenciamento de recursos humanos. Um conjunto de políticas poderia ser voltada para a aproximação das pequenas firmas à realidade das empresas mais competitivas de fora do cluster, por meio de programas de visitas e de participação em feiras, além de programas de capacitação e de treinamento. No que tange às limitações na capacidade de inovar, os autores argumentam que as políticas devem explorar as oportunidades observadas nos clusters

mais avançados, apoiando o relacionamento entre as firmas, promovendo a especialização e contribuindo com o desenvolvimento de instituições tecnológicas, ampliando o acesso das firmas ao estado da arte dos processos e produtos em que as mesmas operam ou pretendem operar. Em contraposição ao baixo grau de especialização e cooperação entre as firmas, Altemburg e Meier-Stamer (1999) apud Igliori (2001), sugerem a criação de incentivos à cooperação, que possam minimizar o comportamento oportunista, a falta de confiança e a preferência pela integração vertical das firmas. Os autores alertam que, para potencializar as possibilidades de sucesso futuro, é importante que os problemas emergenciais sejam tratados prioritariamente, pois com freqüência observam-se restrições das firmas com relação ao compartilhamento de informações em assuntos considerados estratégicos para suas atividades principais. Com o progresso das relações de confiança entre as firmas abrem-se, então, espaços para a troca sistemática de informações, envolvendo questões de tecnologias dos processos centrais, de características dos produtos e de práticas de marketing.

Em estudos realizados por Amorim (1998) apud Igliori (2001) sobre alternativa de desenvolvimento para o Estado do Ceará baseada em clusters, além do problema observado na escala de produção, a autora detectou como principal obstáculo ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas dessa região as dificuldades de acesso aos seguintes instrumentos:

1. Insumos e componentes (inexistência de fornecedores, dificuldades de importação);

2. Crédito (restrições dos bancos comerciais); 3. Tecnologias adequadas;

4. Mercados (distribuição, divulgação);

A autora reconhece que a organização em clusters pode auxiliar a superação dessas dificuldades, porém adverte para que a região onde deva se instalar um clusters, já apresente previamente características desse tipo de arranjo produtivo, evitando instalar atividades totalmente desconhecidas da comunidade. Com base na experiência internacional onde as intervenções estatais bem-sucedidas destinaram-se a suprir deficiências em ambientes que já existiam algumas formas de relacionamento entre as firmas, ela defende a posição de intervenção mínima dos governos, apenas complementando as estruturas preexistentes e apoiando práticas tradicionais nas comunidades. Como formas de intervenção pública a autora sugere: a abertura de linhas de crédito com aval solidário, a formação de novos canais de comercialização, a prestação de diversas formas de assistência (gerencial, tecnológica, jurídica e comercial e o incentivo à intensificação dos relacionamentos cooperativos).

1.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sob o cenário de economia globalizada e inspirados pelos diversos casos que apresentaram grande dinamismo nos países desenvolvidos, a partir da década de 70, pesquisadores de países em desenvolvimento colocam suas atenções para a importância dos clusters, como forma estratégica de inserção das pequenas e médias empresas no mercado internacional, cada vez mais competitivo.

Em sentido amplo pode-se caracterizar um cluster como a concentração setorial e regional de empresas, em que a provável melhoria de desempenho dessas firmas, de certa forma pode ser explicado pelo surgimento de economias externas e de relacionamentos cooperativos resultante de ações deliberadas dos seus participantes.

A redução de custo, a diferenciação qualitativa do produto e a capacidade das empresas em responder de forma mais ágil às mudanças nas exigências do mercado são

vantagens normalmente esperadas para as firmas que integram um cluster, cujos ganhos são dinamizados pelas inovações desencadeadas através das economias externas e ações cooperadas.

Outro aspecto singular dos clusters detectado nos distritos industriais da Europa é a prática de concorrência combinada com práticas de cooperação, e onde também se destaca a existência de forte identidade cultural entre as pessoas que fazem parte do cluster.

Examinando-se a literatura, descobre-se que Marshall além de precursor, foi quem deu maiores contribuições para a teoria dos clusters atuais, ao conceituar e explicitar a importância das economias externas à concentração industrial, ao tecer considerações sobre as associações cooperativas e sobre o papel do conhecimento no desempenho de empresas e nações. Contudo, mais recentemente, Porter, com sua teoria das vantagens competitivas, apresentou argumentos que fortalecem a competitividade das empresas organizadas em clusters, sobretudo para lançar-se na concorrência internacional.

Utilizando-nos de elementos de análise extraídos da teoria de clusters e com apoio de pesquisa empírica, pretendemos neste trabalho diagnosticar as principais causas das dificuldades à competitividade das indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais de Pernambuco no mercado externo e propor medidas que possam melhorar seu desempenho.

CAPÍTULO 2

O PRODUTO: CARACTERIZAÇÃO, APLICAÇÃO, CADEIA PRODUTIVA