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CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.4 Alguns indicadores para avaliar efeitos das culturas de cobertura no

2.4.1 Dinâmica de produção de biomassa

A relação entre a quantidade de cobertura morta gerada ou introduzida sobre o solo – em diversos processos agrícolas – geralmente tem correlação negativa com o crescimento e produção de biomassa das plantas espontâneas: quanto maior a massa da cobertura morta, menor será a biomassa produzida pela população de espontâneas, conforme relatam vários autores, entre os quais Teasdale & Mohler (2000), Teasdale (2004) e Mennan et al. (2006).

A unidade de medida para a variável biomassa é usualmente a quantidade de matéria seca por área, como Mg.ha-1. É muito utilizado o termo “mulche”, originário da Língua Inglesa (mulch), para designar a camada, ou colchão, de cobertura morta sobre a superfície do solo. Outra palavra muito difundida ao se referir a PD no Brasil é palhada, a qual também designa a biomassa seca residual de culturas de coberturas sobre a superfície do solo.

Em experimento na Região do Planalto Central Catarinense, Lana (2007) encontrou correlação negativa estatisticamente significativa entre a produção de biomassa das plantas de cobertura e a produção de biomassa das plantas espontâneas, numa situação de cultivo onde estas espontâneas eram prejudiciais à cultura do feijão. Neste mesmo trabalho, foi observada também, uma correlação positiva entre a percentagem de solo coberto (em contraposição a

percentagem de solo descoberto, visível através da palhada) e a biomassa de cobertura. As espécies de cobertura que produziram a maior quantidade de palhada, constituiram os tratamentos de cobertura que cobriram mais a superfície do solo – e apresentaram menor incidência de espontâneas. As espécies que constituíram os melhores tratamentos de coberturas foram centeio + ervilhaca, trio centeio + ervilhaca + nabo forrageiro e centeio em cultivo solteiro (LANA, 2007).

O sucesso na emergência das plântulas de espontâneas através da palhada é tido como a capacidade destas em germinar e crescer, atravessando a camada de cobertura morta. Entre as condições limitantes à emergência de espontâneas, a principal seria a ausência de luz (TEASDALE & MOHLER, 2000), por impedimento físico à incidência dos raios do Sol. Elementos fisicos do ambiente do entorno da superfície do solo modificados pela presença da cobertura, além da luminosidade, são a umidade e a temperatura, entre outros. Com a redução da variação da temperatura e da umidade, varias espécies de plantas espontâneas têm anulada a germinação de suas sementes. A alternância e variação abrupta destes fatores é um dos mecanismos desenvolvidos pelas plantas de algumas espécies para desencadear o processo germinativo (BAZZAZ, 1979). A concentração de CO2, é outro fator que sofre a influência da

camada de cobertura morta, em função do manejo. A concentração de CO2 provoca alteração

na dinâmica sucessional das espécies (BAZZAZ, 1979).

Mesmo tendo em vista outros fatores relacionados com a dinâmica das plantas espontâneas, Teasdale & Mohler (2000) afirmam que, quando os resíduos de plantas de cobertura são acamados (deitados) sobre a superfície do solo, os resultados em termos de supressão de plantas espontâneas são devidos muito mais aos efeitos físicos desta palhada do que aos efeitos aleloquímicos ou por indisponibilidade de nutrientes.

Ainda os autores supra-citados consideram que existe uma relação intrínseca entre as propriedades físicas da palhada e a emergência de espontâneas, que engloba outras características além da quantidade de matéria seca. Resaltam a necessidade de escolher com muita atenção as plantas de cobertura quando o objetivo é diminuir a incidência de espontâneas, pois duas plantas com uma grande proporção de biomassa na parte aérea podem produzir palhadas com propriedades físicas diferentes, resultando em maior ou menor emergência de espontâneas. Um exemplo seria a comparação das plantas de cobertura de inverno ervilhaca (Vicia villosa) e aveia preta (Avena strigosa).

tempo sem a interferência de espontâneas, pela decomposição mais rápída da palhada de ervilhaca em cultivo solteiro. Quando em consórcio com uma gramínea, a ervilhaca se beneficia usando a outra espécie como suporte, à qual se fixa com suas gavinhas, e depois de acamadas, formam uma cobertura sobre o solo com maior relação C/N, perdurando por mais tempo o efeito físico de cobertura do solo.

2.4.2 Indicadores físicos do solo

Uma das maiores preocupações dos agricultores, constatada em reuniões realizadas no município de Ituporanga, são relativas à questão da compactação do solo. Quando se inicia a implantação do sistema de plantio direto – ou mesmo depois do sistema implementado – o fato de abandonar a prática de lavrar e gradear o solo para o plantio é uma preocupação de muitos agricultores. Diversas pesquisas demonstram recuperação e manutenção dos parâmetros físicos do solo em níveis favoráveis ao pleno desenvolvimento das culturas agrícolas, aliado a outros benefícios que o plantio direto apresenta em relação ao plantio convencional (SILVA & MIELNICZUK, 1997; FUCKS et al., 1994; BAYER, 1996; CAMPOS et al. 1995; CARPENEDO & MIELNICZUK, 1990, MARCOLAN & ANGHINONI, 2006, HENKLAIN, 1997). Buscando evidenciar diferenças entre sistemas de manejo do solo, e entre plantas de cobertura, tem-se usado diversos indicadores fisicos do solo, tais como a resistência mecânica à penetração, densidade aparente do solo, macro e microporosidade, entre outros.

a)Resistência à Penetração

Também referida como impedância mecânica, constitui um método indireto de avaliar a compactação do solo, sugerindo possíveis limitações ao desenvolvimento de raízes. A resistência à penetração é um dos atributos físicos do solo, que influencia o crescimento de raízes e serve como base à avaliação dos efeitos dos sistemas de manejo do solo sobre o ambiente radicular (TORMENA & ROLOFF, 1996).

Apesar de não ser um método muito preciso, ele pode informar com relativa exatidão, a localização da camada de maior densidade, ou maior compactação ao longo do perfil vertical do solo, resultante do sistema de manejo do solo adotado (TORMENA et al., 2002).

profundidade em que está ocorrendo a camada compactada do solo (conhecida como pé de arado ou pé de grade). De posse desta informação o agricultor pode fazer a regulagem da profundidade de operação dos discos de corte de um arado, evitando trabalhar sempre na mesma profundidade e desta forma minimizar este efeito indesejável do preparo mecanizado do solo. Em sistemas conservacionistas de manejo do solo, pode-se utilizar o penetrógrafo para avaliar diferenças na estrutura do solo entre seqüências de rotação de culturas e entre sistemas de cobertura do solo.

b)Densidade e porosidade do solo

A determinação da Densidade aparente do solo (EMBRAPA, 1997) permite identificar com maior fidelidade a condição estrutural do solo em termos da distribuição entre parte sólida e espaço poroso. A partir da coleta de uma amostra indeformada, com um anel de metal, pode ainda se diferenciar qualitativamente a composição do espaço poroso entre macroporos (poros com diâmetro médio maior do que 0,005cm) e microporos (poros com diâmetro médio inferior a 0,005cm) (EMBRAPA, 1979). Solos com o espaço poroso ocupado por maior volume de macroporos apresentam maior capacidade de infiltração de água e maior comprimento de raízes em relação a solos mais compactados, o que favorece o desenvolvimento das culturas (DERPSCH et al., 1991).

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