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DEFINIÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE

(HOLANDA) CONTAMINANTE DE INTERSSE?

2.4. Alimentos 1 Vegetais

2.4.1.1. Valores de referência

Para avaliação dos dados existentes sobre contaminantes em vegetais alimentícios na área da PLUMBUM foram utilizados os valores limites da Portaria 685/98 da ANVISA. Esta portaria estabelece somente o valor limite de 10 mg/kg para cobre. Surpreende a inexistência de valores limites para chumbo e cádmio na Portaria 685/98, que se baseia nos padrões do Codex Alimentarius propostos pela WHO/FAO.

2.4.1.2. Avaliação dos dados existentes

O Estudo Pericial (CUNHA & ARAÚJO, 2001), analisou concentrações de chumbo e cádmio em amostras de frutas (mamão, jenipapo, goiaba e manga) e tubérculo (aipim) coletadas em áreas da PLUMBUM. Os resultados assinalaram concentrações máximas de 15,2 µg/g para chumbo e de 2,7 µg/g para cádmio.

Apesar de possuírem diversas formas de absorção dos metais, tanto as frutas (7 amostras) como o aipim (4 amostras) apresentaram concentrações semelhantes para cada metal analisado.

A comparação das concentrações de metais com os valores de referência não indicam a existência de contaminantes de interesse nas amostras vegetais coletadas na área da Plumbum.

No entanto, no passado, durante a operação da usina, sob condições de emissões mais severas, é possível que os vegetais apresentassem maiores concentrações. 2.4.2. Leite bovino

O Estudo Pericial (CUNHA & ARAÚJO, 2001) também coletou e analisou amostra de gramínea na área da PLUMBUM. Os resultados indicaram concentrações de 85 µg/g para chumbo e de 41,3 µg/g para cádmio. Uma amostra de leite coletada de uma vaca que pastava na área da PLUMBUM apresentou resultado de 0,075 µg/L g para chumbo e de 41,3 µg/L para cádmio. A Portaria 685/98 da ANVISA estabelece o limite de 0,005 µg/L de chumbo para leite bovino. O resultado encontrado situa-se acima deste valor. Recomenda-se que sejam criadas barreiras que impeçam a entrada de bovinos e outros animais da cadeia alimentar na área da PLUMBUM. 3. FOCO SECUNDÁRIO

3.1. Sedimentos

3.1.1. Valores de referência

Como valores de referência foram adotados os “níveis limites de efeito” (TELs = Threshold effects levels), utilizados pela USEPA (1996) em suas avaliações.

Tabela V-9: Valores de referência “níveis limites de efeito” para sedimentos PARÂMETRO USEPA -1996 TELs (µg/g) Arsênio 7,24 Cádmio 0,676 Chumbo 30,2 Cobre 18,7 Mercúrio 0,13 Níquel 15,9 Zinco 124 FONTE: USEPA (1996)

3.1.2. Avaliação dos dados

A tabela V-10 apresenta os resultados dos estudos anteriores, das concentrações de metais em amostras de sedimentos coletadas no rio Subaé, desde Santo Amaro da Purificação até a localidade de São Francisco do Conde, onde se observa que as concentrações de chumbo e cádmio são superiores aos limites propostos pela USEPA.

Tabela V-10: Concentrações de metais em amostras de sedimentos em estudos anteriores.

Referência (ano) Concentração do metal/Padrões (ppm)

Pb (TELS =30,2) Cd (TELS =0,676) Cu (TELS =18,7) As (TELS =7,24) DONNIER et al. (1977) 23,7* ---- --- CEPED/UFBa (1996) São Braz S.F. Conde 119 62,2 1,19 0,189 --- 8,31 3,18 6,53 (CUNHA & ARAÚJO,

2001)** 12.000 26,8

--- * Valor médio. Variação entre 0,5 e 120 ppm, peso seco

** Amostra coletada nas proximidades da PLUMBUM (Em terreno do DERBA)

Foram coletadas amostras de sedimentos em pontos do rio Subaé, à montante da PLUMBUM, e em outros pontos desde o início dos manguezais, em Santo Amaro, até São Francisco do Conde. Os metais analisados foram arsênio, chumbo, cádmio, níquel, mercúrio, zinco, cobre e antimônio. Os detalhes dos procedimentos de planejamento, execução, protocolo de amostragem e análise são apresentados no ANEXO V-1. Os resultados analíticos individualizados são apresentados no ANEXO V-2. Para cada ponto de amostragem foram coletadas amostras de sedimentos em duas profundidades (0 – 5 cm; 5 – 10 cm). A figura V-2 apresenta em desenho esquemático a distribuição dos metais nos sedimentos superficiais (0 – 5 cm).

Não foram observadas variações significativas nas concentrações dos metais nas duas profundidades analisadas.

Os resultados das amostras coletadas à jusante do ponto de emissão da PLUMBUM não apresentaram concentrações dos metais acima dos valores de referência.

FIGURA V-2: Distribuição dos metais em sedimentos superficiais (0 – 5 cm), rio Subaé, Santo Amaro da Purificação-BA, 2003.

Os principais resultados das análises dos metais nas amostras de sedimentos e sua avaliação quanto aos contaminantes de interesse são apresentados na tabela V-11.

Tabela V-11: Definição dos contaminantes de interesse em sedimentos, rio Subaé, Santo Amaro da Purificação-BA, 2003.

Dados anteriores AMBIOS (2003) Referência Avaliação

Parâmetro CONC. mínima (mg/Kg) CONC. máxima (mg/Kg) CONC. mínima (mg/Kg) CONC. máxima (mg/Kg) EPA TELs = Threshold effects levels (mg/Kg) Contaminante de interesse? Antimônio ND ND --- NÃO Arsênio 3,18 6,53 ND 1,42 7,24 NÃO Cádmio 0,189 1,19 ND 1,16 0,676 SIM Chumbo 62,2 119 4,78 143 30,2 SIM Cobre 8,31 8,09 55,6 18,7 SIM Mercúrio ND 0,582 0,13 SIM Níquel 7,47 38,9 15,9 SIM Zinco 10,3 297 124 SIM Fonte: AMBIOS (2003)

Pelos resultados obtidos, observa-se que os metais pesados cádmio, chumbo (passado e presente), cobre, mercúrio, níquel e zinco (presente, sem dados do passado) apresentam concentrações bem acima dos valores de referência, devendo ser considerados contaminantes de interesse nas avaliações seguintes.

Por outro lado, observou-se a semelhança entre os resultados deste estudo com aqueles obtidos pela CEPED/UFBa (1996), principalmente nas amostras dos sedimentos coletados na localidade de São Braz.

Vale salientar que os dados sobre sedimentos servem como caracterização ambiental do foco secundário formado pelas emissões de metais para o rio Subaé, não podendo ser utilizados nos cálculos de exposição.

A amostra de sedimento coletada nas proximidades da PLUMBUM, nas instalações do DERBA (Departamento de Estrada de Rodagem – Ba) apresenta as maiores concentrações de chumbo e cádmio, indicando que, decorridos 10 anos do término das atividades da usina, os contaminantes se concentram nas proximidades do ponto de emissão. Este fato também pode sugerir uma baixa mobilidade dos contaminantes.

Por outro lado, estes dados indicam a possibilidade de contaminação passada e presente da cadeia trófica deste compartimento aquático. Não é possível a previsão sobre a mobilização e o deslocamento dos metais contidos nestes sedimentos para áreas de maior desenvolvimento biótico, como nos manguezais, utilizado para atividades de captura, por exemplo de moluscos, importante segmento concentrador de metais pesados na biota marinha comestível. Desta forma, estes dados também indicam a potencialidade de contaminação futura dos organismos marinhos neste ambiente aquático, sendo difícil, porém, a previsão sobre a intensidade desta contaminação.

Quanto aos aspectos de mobilização e biodisponibilidade dos contaminantes de interesse nos sedimentos (Ver também capítulo Mecanismos de transporte):

O chumbo tem a tendência de formar compostos de baixa solubilidade com uma grande quantidade de ánios normalmente encontrados em águas naturais. Em ambientes estuarinos, os sedimentos anaeróbicos, geralmente ricos em sulfetos, fixam os metais e são reconhecidos como seu maior depositário.

Precipitação e adsorção na superfície de componentes minerais, óxidos hidróxidos de metais e matéria orgânica são os processos mais importantes de remoção do cádmio pelos sedimentos. Os ácidos húmicos são os principais componentes responsáveis pela adsorção. A adsorção aumenta com o aumento do pH. Em ambientes estuarinos a presença de cloretos pode oferecer condições de mobilização do cádmio. O revolvimento dos sedimentos pode criar situações de oxidação e mobilização do metal. A salinidade das águas na zona estuarina a partir de Santo Amaro pode representar outro fator de mobilidade para o cádmio para as águas e sedimentos da Baía de Todos os Santos.

O zinco ocorre em ambientes aquático principalmente no estágio de oxidação +2. A adsorção é a reação dominante resultando no seu enriquecimento no material particulado suspenso e nos sedimentos. Os óxidos hidróxidos de ferro e manganês, argilas minerais e matéria orgânica jogam um papel importante nos processos de adsorção. A adsorção ocorre mais rapidamente em faixas de pH mais elevadas (pH > 7). A mobilização do zinco dos sedimentos ocorre com aumento da salinidade, deslocado por cátions dos metais alcalinos e alcalino terrosos. Este comportamento poderia estar contribuindo para o transporte do zinco para as águas e sedimentos da Baía de Todos os Santos.

Em sedimentos estuarinos oxidados, a adsorção do cobre é controlada tanto pelo óxido de ferro amorfo como pelo material húmico estuarino. Sob condições anaeróbicas, os sais cúpricos são reduzidos para sais cuprosos. A precipitação de sulfetos cuprosos e a formação de cobre bisulfeto e/ou complexos de poli-sulfetos determinam o comportamento de cobre nestes ambientes.

Como precaução recomenda-se o monitoramento dos sedimentos e da biota aquática comestível do rio Subaé.