• Nenhum resultado encontrado

Alstom entrevista a Ângelo Ramalho, Country President, a 13 de Julho de 2009

ANEXO V ENTREVISTAS COM MEMBROS DE ORGANIZAÇÕES A

1. Alstom entrevista a Ângelo Ramalho, Country President, a 13 de Julho de 2009

A Alstom tem duas áreas de actividade: produção de energia, através de centrais hídricas e térmicas. E transportes: comboios, metros, comboios de alta velocidade. A empresa tem mais de 80.000 colaboradores em todo o mundo, foi inicialmente uma empresa francesa no entanto os centros de decisão estão actualmente espalhados por França, Alemanha, Itália e Suíça.

Cresceu muito por aquisições tanto de empresas concorrentes como complementares, os seus produtos são de ciclo de vida longo e de grande investimento. Ora estes factores induzem a que não seja possível um corte abrupto com produtos ou serviços do passado o que significa que estão arredados de uma inovação com tecnologias disruptivas segundo (Ramalho, 2009), ao contrario dos seus concorrentes que têm uma base instalada muito mais pequena.

O grupo investe, a nível mundial, cerca de 500 milhões de Euros por ano em Inovação. Há também que ter em conta que os produtos comercializados são todos feitos à medida, embora possam ser modulares e que consoante o tipo de mercado têm de apresentar uma solução diferente, exemplo disso são os comboios de alta velocidade para Itália ou para a Alemanha são de uma geração completamente distinta de um comboio que não de alta velocidade para o Chile, que embora novo pode ser uma solução base com vinte anos, com todas as melhorias entretanto desenvolvidas. Trata-se de adequar o produto ao que o mercado pretende de forma competitiva para com os concorrentes presentes nos mesmos projectos.

Por vezes não é apenas o produto que influência a atitude a tomar neste negócio dos transportes ou produtos de ciclo longo, o risco político é crítico. Normalmente associa- se este risco a países pouco estáveis quanto aos governos quase sempre dispondo de um apoio “musculado”, onde a oposição pode ser até violenta, existindo descontentamento

democráticos. São quase sempre países do chamado terceiro mundo: África, Ásia, América Central e do Sul.

Ora bem para a Alstom transportes, Portugal também apresenta um risco político elevado, explicável rapidamente. O custo de elaboração de uma pré-proposta, salienta- se que não se trata de uma proposta, mas sim algo mais simples, não tão detalhado, para uma linha de alta velocidade como a de Lisboa – Badajoz custa 2 milhões de Euros. Como a capacidade de elaboração e responsabilidade de uma pré-proposta deste tipo está centralizada no centro da aplicação e este departamento tem um orçamento anual pré aprovado e que não deverá ser excedido para cobrir custos de propostas, o responsável do departamento contacta o responsável em Portugal e pergunta-lhe se o projecto vai mesmo avançar ou seja se irá ser apreciado, ora o responsável em Portugal não lhe consegue dar uma resposta concreta, pois politicamente há divergências, muito menos quando é que será. Ora aplicar recursos quando a situação pode não avançar, neste caso nem se inicia, não está de acordo com a política da Alston que prefere aplicar esforço e recursos em projectos que pelo menos vão ser discutidos e combater a concorreria de forma clara. Nestes casos entra sempre mais tarde, com a situação mais clarificada, tomando mesmo assim as devidas precauções.

A Alstom em Portugal tem 350 colaboradores sendo metade técnicos operacionais e restantes “colarinhos brancos”, exemplos de produtos ferroviários: Alfa Pendular e Metro do Sul do Tejo etc.25 Na produção de energia eléctrica a Alston encara estes produtos como sendo mais simples e tem múltiplos exemplos de base instalada.

Uma das principais actividades para compensar os ciclos longos de investimentos em equipamentos novos, num país com a dimensão de Portugal, podendo ter anos de investimentos interessantes seguidos de outros de investimentos nulos, conseguindo ter bons resultados todos os anos, mantendo os colaboradores, são os trabalhos de pós- venda particularmente os retrofit e revamping, ou seja aproveitando a oportunidade da base instalada, apresentam ao cliente, não uma solução completamente nova, como a concorrência, mas sim uma melhoria numa parte do equipamento que se traduz por um menor investimento do que uma solução totalmente nova, mas com melhorias de

desempenho muito significativas e comparáveis aos equipamentos novos. Esta solução permite estabelecer uma relação duradoira e de confiança com os clientes, ao mesmo tempo que ajuda no planeamento plurianual e aumento de performance necessário ao cliente final.

Segundo (Ramalho, 2009) o mais importante na organização são os colaboradores, a partilha e a transparência, foi isto que implantou em Portugal. A facilidade de funcionamento interno.

A maior parte da Inovação na Alstom vem de fora, com um departamento “profissional”. No entanto há participação de todos os países, há uma publicação internacional que reporta a inovação dentro do grupo e que tem um concurso internacional, em que foram intervenientes mais 850 participantes, em 2008, de todas as áreas e são encontrados os vencedores, essas inovações são depois aplicadas noutros mercados.

Relativamente a formação a organização dispõe da Alstom University em termos internacionais que cobre todas as áreas de actividade.

No entanto Ramalho, tem autonomia para contratar localmente quem dê formação. A Alstom é um integrador tem portanto vários fornecedores, reúne a solução e apresenta-a ao cliente. A relação com o cliente é de inovação diária, todos os dias a interacção com o cliente é uma constante na busca da melhor solução. Algumas vezes estas são apresentadas internacionalmente e aplicadas noutros países

Sempre que a Alstom perde um projecto (ou uma encomenda) este mantêm-se em aberto por mais seis meses e é necessário esmiuçar exaustivamente porque não ganharam o projecto, a análise da concorrência é aqui um factor muito importante, normalmente a principal fonte da informação é o cliente.

Para se ter uma ordem de grandeza da Alstom enquanto grupo retiram-se alguns dados do seu “Report 2008/2009 Activity and Corporate Responsibility” em 31 de Março de 2009.

Encomendas recebidas: 45.700 milhões de Euros Net cash at the end of period: 2.051 milhões de Euros

Trata-se de um grande grupo sem paralelo nos grupos portugueses senão vejamos o produto interno bruto PIB em Portugal no período referido é de cerca de 41.000 milhões de Euros por trimestre, para uma população activa de 5.076,2 mil indivíduos no final do primeiro trimestre de 2009.

2. COTEC entrevista com a Isabel Caetano, Directora de Projecto, a 27 de Junho