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2 ALTERAÇÕES FLORÍSTICAS E ESTRUTURAIS EM UM

2.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.4.2 Alteração na estrutura horizontal

A estrutura horizontal permite uma análise detalhada do componente arbóreo do fragmento, sendo possível atribuir valores de importância entre as espécies, bem como, demais parâmetros que constituem uma valiosa fonte de informações para estabelecer comparações entre os anos analisados.

De acordo com os dados referentes às dez famílias com maior Valor de Importância, entre os anos de 2002 a 2011 (Tabela 5), observa-se que as Lauraceaes mantiveram o maior valor de importância entre as famílias, apresentando densidade e dominância relativas amplamente superiores as demais famílias. A família Araucariaceae, embora tenha apresentado uma densidade de indivíduos inferior em relação à família Aquifoliaceae, manteve-se em segundo lugar de importância ao longo do período de avaliação devido, principalmente, à sua dominância relativa.

Tabela 5. Análise estrutural das dez principais famílias botânicas entre os anos de

2002 a 2011, em um fragmento de FOM na FLONA de Irati, Paraná.

Família FR DR DoR VI 2002 2011 2002 2011 2002 2011 2002 2011 Lauraceae 9,42 9,80 26,77 26,99 32,11 32,52 22,77 23,10 Araucariaceae 7,54 7,86 7,25 7,55 24,65 26,56 13,15 13,99 Aquifoliaceae 8,87 8,93 12,89 11,44 6,70 5,91 9,48 8,76 Salicaceae 7,86 8,38 9,54 9,83 4,27 4,47 7,22 7,56 Myrtaceae 7,64 8,51 7,70 9,58 3,32 3,93 6,22 7,34 Sapindaceae 5,34 5,57 4,72 4,85 4,91 4,62 4,99 5,01 Meliaceae 5,31 5,35 2,76 2,78 4,71 5,12 4,26 4,42 Myrsinaceae 5,63 4,80 4,06 3,06 1,78 1,29 3,82 3,05 Rubiaceae 5,23 6,40 4,35 5,87 1,54 2,07 3,71 4,78 Fabaceae 5,34 5,29 3,13 3,05 2,38 2,12 3,62 3,49

FR = Frequência Relativa (%); DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VI = Valor de Importância (0 - 100%).

Ao longo do período de avaliação, ocorreram alterações na ordem de importância de algumas famílias. A família Rubiaceae que se encontrava na 9ª posição de importância no ano de 2002, apresentou um aumento na frequência, densidade e dominância relativas, ocupando assim, a 7ª posição de importância no ano de 2011. Com isso, a família Meliaceae, mesmo não apresentando redução de seus parâmetros fitossociológicos, foi rebaixada para a 8ª posição de importância. Observou-se uma redução da frequência, densidade e dominância relativas na família Myrsinaceae, o que resultou no rebaixamento dessa família da 8ª posição de importância no ano de 2002

para a 10ª posição no ano de 2011, colocando, dessa forma, a família Fabaceae na 9ª posição, apesar dessa família ter apresentado uma redução dos seus parâmetros fitossociológicos. As demais famílias botânicas mantiveram sua ordem de importância ao longo do período de monitoramento do fragmento.

A estrutura horizontal das espécies arbóreas referente aos anos de 2002 e 2011 é apresentada na Tabela 6. De modo a reduzir o banco de informações são apresentadas apenas as espécies com Valor de Importância superior a 1% no ano de 2011, sendo que a estrutura horizontal de todas as espécies encontra-se nos Anexos 1 e 2. Estas espécies estão descritas em ordem decrescente com base no Valor de Importância.

A Araucaria angustifolia foi a espécie mais importante em todos os anos monitorados, seguida por Ilex paraguariensis, Ocotea odorifera, Nectandra grandiflora e Ocotea porosa. Destaca-se a importância da A. angustifolia em relação à área basal do fragmento, sendo a espécie responsável por 24,6 e 26,6% de toda a área basal da floresta nos anos de 2002 e 2011, respectivamente. Nesse sentido, a importância da espécie ocorre, principalmente, pelo crescimento dos indivíduos já estabelecidos no local e não pelo ingresso de novos indivíduos.

De modo geral, as espécies sofreram poucas alterações em seus valores de importância nos nove anos estudados, mesmo sendo observada uma redução desse parâmetro em algumas espécies, tais como: Ilex paraguariensis, Nectandra grandiflora, Casearia decandra, Ocotea puberula, Matayba elaeagnoides, Myrsine umbellata, entre outras.

Araucaria angustifolia, Ilex paraguariensis, Ocotea odorifera, Nectandra grandiflora, Ocotea porosa, Casearia decandra, Cedrela fissilis, Nectandra megapotamica e Ocotea puberula mantiveram os maiores valores de importância anuais que somados correspondem a 51,36% do valor encontrado para toda a floresta, consideradas por esse motivo como as mais importantes da área.

A proximidade dos valores de importância atribuída a cada espécie propiciou alterações no ordenamento das mesmas, entre os anos analisados. No entanto, a Coussarea contracta foi a espécie que apresentou maior plasticidade na estrutura horizontal da floresta, pois no ano de 2002, apresentava o 14º maior valor de importância (2,40%), ao passo que em 2011 apresentou o 10º maior valor. Dessa forma, atribui-se a esse comportamento a maior valoração dessa espécie em relação às demais, devido seu incremento em área basal de 0,26 m²/ha (ano de 2002) para 0,38 m²/ha (2011) e, principalmente, a sua densidade absoluta, que passou de 19,88 indivíduos/ha

(2002) para 26,16 indivíduos/ha (2011), sendo esta a espécie que apresentou o maior número de indivíduos ingressos.

Tabela 6. Estrutura horizontal referente aos anos de 2002 e 2011 das espécies com

maior Valor de Importância em um fragmento de FOM na FLONA de Irati, Paraná. Espécie FR DR DoR VI 2002 2011 2002 2011 2002 2011 2002 2011 Araucaria angustifolia 5,22 5,27 7,25 7,55 24,65 26,56 12,37 13,12 Ilex paraguariensis 5,93 5,73 10,37 9,29 5,60 5,01 7,30 6,68 Ocotea odorifera 3,83 4,05 8,95 9,43 5,21 5,47 6,00 6,31 Nectandra grandiflora 4,68 4,54 6,49 6,00 6,31 5,91 5,83 5,49 Ocotea porosa 2,92 2,92 3,33 3,39 8,71 9,30 4,99 5,20 Casearia decandra 4,77 4,59 6,10 5,58 2,63 2,49 4,50 4,22 Cedrela fissilis 3,58 3,48 2,66 2,65 4,60 4,99 3,61 3,71 Nectandra megapotamica 3,58 3,67 2,95 3,14 3,26 3,27 3,26 3,36 Ocotea puberula 2,99 2,81 2,40 2,26 4,95 4,74 3,45 3,27 Coussarea contracta 2,87 3,57 3,42 4,66 0,92 1,25 2,40 3,16 Syagrus romanzoffiana 3,24 3,27 3,10 3,22 2,56 2,51 2,96 3,00 Matayba elaeagnoides 2,90 2,69 3,11 2,67 4,13 3,64 3,38 3,00 Myrsine umbellata 3,88 3,15 4,01 2,98 1,75 1,25 3,21 2,46 Ocotea diospyrifolia 2,23 2,25 1,59 1,62 2,47 2,63 2,10 2,17 Cinnamodendron dinisii 2,54 2,30 2,47 2,13 2,36 2,02 2,46 2,15 Casearia sylvestris 1,94 2,33 2,11 2,57 0,90 1,11 1,65 2,00 Prunus myrtifolia 3,00 2,50 2,27 1,83 1,34 0,89 2,21 1,74 Ilex theezans 2,71 2,41 2,18 1,88 0,93 0,76 1,94 1,68 Myrcia hebepetala 1,99 2,33 1,64 2,10 0,47 0,61 1,37 1,68 Dalbergia brasiliensis 2,40 2,25 1,69 1,59 0,95 0,87 1,68 1,57 Myrciaria floribunda 1,55 2,13 1,08 1,70 0,34 0,46 0,99 1,43 Campomanesia xanthocarpa 1,63 1,73 1,05 1,15 1,05 1,18 1,24 1,35 Eugenia involucrata 1,59 2,04 0,99 1,45 0,42 0,56 1,00 1,35 Myrcia splendens 1,78 1,63 1,53 1,42 0,49 0,42 1,27 1,15 Psychotria vellosiana 1,32 1,59 0,89 1,06 0,60 0,79 0,94 1,15 Allophylus edulis 1,22 1,57 0,84 1,13 0,28 0,35 0,78 1,02 Subtotal 1 76,30 76,79 84,49 84,47 87,87 89,05 82,89 83,44 Subtotal 2 23,70 23,21 15,51 15,53 12,13 10,95 17,11 16,56 Total 100 100 100 100 100 100 100 100

FR = Frequência Relativa (%); DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VI = Valor de Importância (0 – 100%); Subtotal 1 = corresponde as espécies com VI maior que 1% em 2011; Subtotal 2 = corresponde as espécies com VI menor que 1% em 2011.

Nectandra megapotamica também apresentou elevada plasticidade na floresta, passando do décimo maior valor de importância em 2002 (3,26%) para o oitavo maior

valor em 2011 (3,36%). Todavia, a espécie apresentou pouca variação na área basal, de 0,93 m²/ha (no ano de 2002) a 1,00 m²/ha (no ano de 2011), e na densidade, de 17,16 indivíduos/ha (ano de 2000) para 17,60 indivíduos/ha (2011). Sendo assim, o aumento da importância da espécie, ocorreu, principalmente, pela redução da densidade e dominância relativas das espécies Ocotea puberula e Matayba elaeagnoides, que ocupavam a 8ª e 9ª posições de importância no ano de 2002, e foram rebaixadas para a 9ª e 12ª posição de importância, respectivamente, no ano de 2011.

Outra espécie que seguiu a mesma tendência foi a Casearia sylvestris, que passou do 19º maior valor de importância (1,65% em 2002), para o 16º em 2011 (2,00%). A espécie apresentou um aumento em área basal de 0,26 m²/ha (2002) para 0,34 m²/ha (2011), além de um aumento da densidade de 12,28 indivíduos/ha (2002) para 14,44 indivíduos/ha (2011).

Espécies como Matayba elaeagnoides, Myrsine umbellata e Cinnamodendron dinisii apresentaram desvaloração de sua importância no período avaliado, cedendo sua “representatividade” na floresta para espécies emergentes. Essas espécies apresentaram ao longo do período de monitoramento do fragmento, gradativa perda de densidade, dominância e frequência, onde a M. elaeagnoides passou do 9º maior valor de importância em 2002, para o 12º em 2011. A espécie M. umbellata, no ano de 2002 apresentava o 11º maior valor de importância, em 2011 decresceu 2 posições, com redução de 28,17% em sua densidade absoluta. Embora a migração de uma ou duas posições no ordenamento dos valores de importância de uma determinada espécie aparente ser insignificante na análise da estrutura horizontal, para espécies com elevada representatividade na floresta, podem indicar alterações significativas em sua estrutura.

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