• Nenhum resultado encontrado

Com a recente decisão da União Européia de restringir o uso de animais em pesquisas médicas e proibir de vez a utilização de grandes símios em experimentos científicos,24as alternativas científicas ao teste em animais entraram em evidência.25.

Cabe ressaltar que, conforme a Lei 9.605/98, no seu artigo 32, inciso 1º, quando existirem métodos alternativos, a vivissecção passa a ser considerada crime.

De acordo com Dias, “técnicas alternativas são as que recorrem à química, matemática, radiologia, microbiologia e outros meios que permitem evitar o emprego de animais vivos em experiências de laboratório.” 26

23COMITATO SCIENTIFICO ANTIVIVISEZIONISTA apud LEVAI; RALL, loc. cit. 24

A União Europeia decidiu restringir o uso de animais e proibiu de vez a utilização de grandes símios em experimentos científicos. A decisão foi aprovada pelo Parlamento Europeu após dois anos de intensas negociações. A nova regra proíbe o uso de chimpanzés, gorilas e orangotangos em experimentos científicos, enquanto o uso de outros primatas será objeto de uma "restrição estrita". O Parlamento Europeu aprovou, em termos gerais, que as experiências com animais sejam substituídas, na medida do possível, por um método alternativo cientificamente satisfatório. Os cientistas terão que trabalhar para que "a dor e o sofrimento infligidos sejam reduzidos ao mínimo", afirma o texto aprovado em sessão plenária pelo Parlamento Europeu, com sede em Estrasburgo (França). O uso dos animais só pode acontecer nos experimentos que têm como objetivo fazer avançar a pesquisa sobre o homem, os animais ou doenças (câncer, esclerose múltipla, Alzheimer e Parkinson). Desagrado geral — A norma, que tem prazo de dois anos para ser adotada pelos Estados europeus, completa uma lei aprovada em 2009 que proíbe os testes de produtos cosméticos em animais. Mesmo assim, o texto desagradou tanto os defensores de uma abolição total como os favoráveis à causa científica. "O progresso da medicina é crucial para a humanidade e, infelizmente, para avançar é necessária a experimentação animal", afirmou o eurodeputado conservador italiano Herbert Dorfmann. Já a eurodeputada parlamentar belga Isabelle Durant, verde, afirmou que "é possível reduzir o número de animais utilizados com fins científicos sem prejudicar a pesquisa". Quase 12 milhões de animais são utilizados a cada ano com fins experimentais na União Europeia. Segundo os especialistas, o estado atual do conhecimento científico não permite a supressão total do uso. Cf. UNIÃO Europeia proíbe experimentos científicos com chimpanzés, gorilas e orangotangos. Veja, 8 set. 2010. Disponível em:

<http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/uniao-europeia-reduz-experimentos-cientificos-com-animais-e- proibe-grandes-simios>. Acesso em: 9 maio 2011.

25

PIRES, Marco Túlio. Um futuro melhor para os animais. Veja, São Paulo, 20 out. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/um-futuro-mais-humano-ate-para-os-animais>. Acesso em: 9 maio 2011.

26

Vê-se a seguir algumas dessas alternativas que ajudam a entender que existem sim formas mais humanas e eficazes para se buscar resultados.

3.5.1 Pele artificial

A busca por essas alternativas pelos cientistas e pessoas envolvidas nas experimentações animais, faz com que a tecnologia entre nesse meio, buscando minimizar a exposição e utilização dos animais.

Segundo a revista Veja:

Além de computadores, os cientistas estão apostando em modelos in vitro com tecidos de seres humanos e cultura de células. Em 2006, pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma pele humana artificial. Paralelamente, outros centros brasileiros desenvolveram pesquisas similares. Os biólogos Luísa Villa e Enrique Boccardo, do Instituto Ludwig de Pesquisa Sobre Câncer, recriam a pele humana e a utilizam para estudos do HPV (vírus do papiloma humano) no câncer cervical.27

Conceitua-se cultura celular, a técnica que consiste em cultivar células isoladas fora de seu meio normal, células estas, provenientes de fontes humanas, animais e vegetais.28 Segundo Dias:

Os tecidos humanos podem ser obtidos na ocasião das operações cirúrgicas, biópsias e autópsias, ou retirados de fetos ou placentas. Os tecidos animais podem ser buscados nos matadouros ou em animais de laboratório abatidos humanamente. As células podem viver, crescer e multiplicar, mediante recebimento de substâncias nutritivas, fora de seu meio natural. Algumas têm um potencial de vida limitado, outras podem viver indefinidamente, permitindo estudos de vários meses. Um só doador é necessário. A cultura celular é, também, menos onerosa, além de produzir resultados científicos mais confiáveis.29

Células seriam uma ótima alternativa para se chegar ao resultado esperado. Com menos gasto, ir-se-ia conseguir avançar a ciência com mais ética e mais respeito pois deixaríamos os animais em seu devido habitat.

A seguir, vêem-se mais exemplos de alternativas ao uso animal em experimentos científicos.

27

PIRES, loc. cit.

28

DIAS, 2000, p. 166.

3.5.2 Pesquisa epidemiológica

Este, sem dúvida, é uma das principais alternativas, pois estuda as doenças humanas em indivíduos infectados ou em populações específicas.30Segundo esclarece Dias “Esse tipo de pesquisa usa voluntários, estudo clínico de casos, relatório de autópsias e análise estatística aliada à observação mais acurada. Permite observar os fatores ambientais ligados à doença, o que não é possível em animais confinados.” 31

Como uma das principais alternativas, este tipo de pesquisa deveria ser mais utilizado, pois fica claro que essa escolha é mais ampla, chegando então a resultados que com a utilização de animais, não poderiam ser alcançados. A ciência mais uma vez iria evoluir com mais precisão e rapidez.

3.5.3 Placenta

A placenta humana pode servir como um importante método de pesquisa, em substituição ao uso de animais, como observa Bastos citada por Dias: “A placenta humana, que geralmente é descartada após o nascimento de uma criança, pode ser usada na prática de cirurgia microvascular e no teste de toxidade de químicas, drogas e poluentes. Não tem custo, e o material é 100% humano”.32

Como dito anteriormente neste trabalho, à Inglaterra já utiliza a placenta humana em microcirurgias, pois lá, já é proibido o uso de animais nesse tipo de prática.

3.5.4 Farmacologia quanta33 30 DIAS, 2000, p. 168. 31 Ibid., p. 168. 32

BASTOS apud DIAS, 2000, p. 169.

33

Relativo a quantum ou quântico, ou às teorias físicas baseadas na suposição de que a energia associada às partículas subatômicas não varia de modo contínuo, e sim em ‘saltos’ entre valores discretos. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário eletrônico Aurélio. 3. ed. São Paulo: Positivo, 2004. 1 CD- ROM.

Nesta alternativa, que não cessa totalmente o uso de animais, observa-se com base no artigo publicado no sítio das Revistas Científicas da UNIPAR, que o uso da tecnologia auxilia na redução da prática da vivissecção:

Na farmacologia, também é utilizado um grande número de animais em práticas convencionais. Existem, porém, cd-roms e vídeos que permitem que o aluno revise um número maior de famílias de drogas do que seria possível em aulas tradicionais, inclusive drogas que provocam convulsão e estimulantes.34

Neste norte, complementa Dias:

É uma técnica computadorizada usada na química teorética do estudo da estrutura molecular de drogas e seus receptores no organismo. Usando o conhecimento existente, é possível predizer através da estrutura da droga qual o efeito no órgão humano em epígrafe. 35

Além dessa alternativa ser mais barata, poupa-se também tempo e com técnicas avançadas, o experimento torna-se menos desagradável na aprendizagem.36

3.5.5 Eyetex

Em substituição ao Draize eye irritancy test, (teste já citado neste trabalho) prevê o uso de uma proteína líquida que imita a reação do olho humano. Com isto, iriam se abster de utilizar inúmero animais neste teste cruel.

3.5.6 Corrositex

Explica Dias:

34

BALCOMBE apud MAGALHÃES, Marcos; ORTÊNSIO FILHO, Henrique. Alternativas ao uso de animais como recurso didático. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 9, n. 2, p. 147-154, 2006. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/veterinaria/article/viewFile/358/325>. Acesso em: 24 maio 2011.

35

DIAS, 2000, p. 169.

É um teste in vitro para avaliação do potencial de corrosividade dérmica de químicas diversas. Desenvolvido pelo In Vitro Internacional Inc., a técnica possibilita testar uma substância química ou várias (drogas) em uma barreira de pele artificial feita de colágeno. Abaixo daquela camada há um líquido contendo um corante indicador de PH, o qual muda a cor quando entra em contato com a química a ser testada. A corrosividade química é determinada pelo tempo que leva para penetrar na pele artificial e provocar a mudança de coloração.37

Partindo dessas idéias de alternativas, vê-se que existem sim, técnicas diferentes para realizar experimentos sem utilizar animais vivos, sem causar dor ou sofrimento a outro ser. Estas técnicas são mais satisfatórias e produzem resultados melhores, além de serem menos onerosas, como dito.

Documentos relacionados