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8 ALTERNATIVAS DE DISPOSIÇÕES FINAIS FUNERÁRIAS PARA FLORIANÓPOLIS E TENDÊNCIAS PARA O FUTURO

8.2 Alternativas para Florianópolis

“Bem aventurados os mortos que morrem no Senhor”. Apocalipse 14, 13.

A implantação de um novo cemitério municipal horizontalizado do tipo parque ou convencional, torna-se a cada dia mais urgente pois, constitui ainda, a alternativa mais aceita pela maioria das pessoas. No entanto, a dificuldade será onde instalá-lo. Na ilha, face ao processo do urbanismo incessante, restam poucas áreas livres, o preço das terras é alto e, dificilmente as populações locais aceitariam um cemitério em sua vizinhança. Da mesma forma, a parte continental do município apresenta os mesmos problemas. Vislumbra-se um quadro de dificuldades ao se enfocar soluções no município sob a ótica de disposições funerárias horizontalizadas. Além disso, um investimento desta envergadura teria que contemplar um horizonte de operação de

no mínimo 25 anos o que, expeditamente exigiria um terreno de no mínimo 20 hectares. Para atender a situação de emergência, a municipalidade cogita reservar uma área para implantar uma necrópole do tipo parque em uma área localizada no distrito de Santo Antônio de Lisboa, no norte da Ilha. Este intento faz parte integrante de revisões para modificações no atual Plano Diretor do município. A área tem aproximadamente 10 hectares e sua viabilidade para este fim carece de estudos mais apurados do ponto de vista técnico, ambiental, econômico e social, referindo-se este último ao processo de aceitabilidade pela população.

A exemplo da solução encontrada para a disposição dos resíduos sólidos, ao buscar-se amparo em outro município, sob a ótica de alternativa pela implantação de cemitério horizontalizado, algo correlato poderia ser projetado. Sobre o lixo, este é coletado, efetuado seu transbordo em caminhões de grande porte e transportado para o município vizinho de Biguaçu, onde, é disposto tecnicamente em um aterro sanitário. Este aterro de grande capacidade, projetado, construído, operado e mantido sob a tutela das legislações ambientais, atende não sómente a Florianópolis como também a maioria dos municípios vizinhos. A partir do transbordo todo o serviço foi concessionado a iniciativa privada. Constitui-se hoje em um aterro sanitário de atendimento metropolitano.

Assim, vislumbra-se a possibilidade do Aglomerado Urbano de Florianópolis vir a dispor de um grande cemitério horizontalizado, preferencialmente do tipo parque. Para viabilizá-lo seriam necessárias gestões políticas e administrativas entre os municípios que compõe a Grande Florianópolis no sentido de viabilizar este empreendimento de interesse comum, isto é, que viesse a atender as disposições funerárias de todos, conjugando-se em grande cemitério metropolitano. O preço da terra nas periferias dos municípios vizinhos ainda é acessível pois, constituem-se em áreas rurais. Estas áreas apresentam a vantagem de possuir baixa densidade populacional, amortizando os problemas que poderiam advir com as reclamadas inconveniências de vizinhança com um cemitério. O mesmo poderia ser projetado com largo horizonte de operação, assentado em área ampla, possuindo áreas verdes de preservação permanente e todos os requisitos para impô-lo como primor do ponto de vista ambiental, sanitário, arquitetônico e paisagístico. No início, a maior reclamação seria centrada na sua distância até os centros atendidos, fato que, também verificou-se no início de operação do cemitério São Francisco de Assis. Com o passar do tempo, o sistema viário, os meios de transportes e o crescimento

do tecido urbano proporcionam facilidades que geram a impressão de proximidade, que a distância diminuiu, e, este problema acaba por dissipar-se.

Não há como pensar em soluções para as disposições funerárias alternativas no município sem antes dotá-lo de um cemitério horizontalizado. Isto fundamenta-se no fato que a maioria da população ainda insiste pelo tradicional, pelo apego a manutenção do corpo, cadavérico que seja, mas, preservado, acondicionado em urna e aconchegado sob a terra, para ali jazer para o todo e sempre. A lápide terrena coroa todas as sensações, virtudes, ostentações, intenções, apegos e considerações para com o morto. Isto transfigura-se no necessário atendimento a grande massa da população. Do ponto de vista urbano apresenta uma série de restrições pois são grandes e vorazes consumidores de áreas horizontais. No entanto, não vai-se mudar o pensamento da maioria do contingente populacional de uma hora para a outra. Sobre isto, torna-se necessário investir-se cada vez mais em educação ambiental o qual, no caso em enfoque, pudesse contemplar também uma “educação funerária”. É muito comum em enquetes e pesquisas de mercado ver-se boa parte dos entrevistados optarem pela cremação ou por sepultamento em cemitérios verticalizados. No entanto, quando chega o momento iminente, o próprio entrevistado em estado de saúde crítico, próximo a morte, ou a família do morto, acabam optando pelo convencional. Em meio a crenças, tabus, tradições e costumes os seputamentos horizontalizados por muito tempo ainda constituíram a principal opção para as disposições funerárias no Brasil e, também, no caso em epígrafe, de Florianópolis. Torna-se premente portanto, a conjugação de esforços que culminem em solução técnica, ambiental e socialmente plausível ao atendimento desse pleito.

Para este tipo de solução para as disposições finais funerárias na Ilha, na escolha de áreas com potencialidade, prevalecem as seguintes premissas: viáveis dentro do zoneamento previsto no Plano Diretor vigente e legislações municipais, estaduais e federais, topografia em aclive suave, área mínima de 10 hectares; possuir vegetação baixa , ausência de vizinhança, acesso viário, custo da terra e condições hidrogeológicas. Para se harmonizarem com a paisagem, recomenda-se que sejam do tipo parque. A partir destas etapas, outras devem ser subsequentes, tais como a aprovação nos orgãos municipais, estaduais e federais, além de execução de Relatório de Impacto Ambiental e projetos finais de engenharia.

A implantação de cemitérios horizontalizados em Florianópolis e municípios vizinhos deve estar em conformidade com a Lei Estadual n.º 6.320 de 20 de dezembro de 1983 e com o Decreto Estadual 30.570 de 14 de outubro de 1986, além das legislações ambientais de âmbito municipal, estadual e federal.

Para uma cidade como Florianópolis, “cidade-ilha”, com a escassez de espaços livre e fragilidade dos ecossistemas, as soluções para disposições finais funerárias do tipo compactas (cemitérios elevados e crematórios) merecem atenção face a sua suprema viabilidade.

A exemplo da cidade litorânea de Santos onde existe um cemitério vertical de 14 andares, Florianópolis poderia contar com empreendimentos deste tipo, a cargo do município ou concessionado à iniciativa privada. Sua capacidade e gabarito teria que respeitar o plano diretor vigente. Sua arquitetura e imponência, fundamentados no trato do arrojo e beleza plástica de sua construção, pode-se com tranqüilidade se harmonizar ao contexto do ambiente onde seria inserido, sem ferir a beleza paisagística do lugar. Pode ser construído em sistema modular, paulatinamente de acordo com sua viabilidade econômica. Apresenta soberanas vantagens sobre os cemitérios horizontalizados, pois, não polui o lençol freático, nem a atmosfera, não ocupa grandes áreas e permite sua operação mesmo em dias de chuva e, se necessário, no período noturno. Sob o aspecto de vizinhança, não há grandes controvérsias pois, trata-se de uma construção de aparência neutra no contexto urbano. O movimento funerário na sua operação é amenizado pelas suas áreas ajardinadas, arborizadas e muradas, inserindo-se discretamente ao cotidiano do local. Adaptam-se como soluções de urgência, pois, permitem sua operação em poucos meses, necessários apenas para seu planejamento, projetos e construção. A implantação de cemitérios verticais em Florianópolis e municípios vizinhos deve estar em conformidade com a Lei Estadual n.º 6.320 de 20 de dezembro de 1983 e com o Decreto Estadual 30.570 de 14 de outubro de 1986, além das legislações de âmbito municipal, estadual e federal.

A solução mais compacta para as disposições finais funerárias refere-se aos crematórios. Ocupam pouco espaço, adaptam-se com facilidade ao contexto onde são inseridos e não poluem o subsolo. A poluição atmosfera é baixa, inodora e de monitoração acessível. Também não apresentam controvérsias sob a questão de vizinhança pois, são neutros e discretos. Conjugam-se em solução adequada a cidades como Florianópolis, face a sua compactibilidade e respeito ao meio

ambiente. Quando bem planejados, projetados e construídos permitem conjugar-se em beleza arquitetônica ímpar bem como, adaptar-se ao contexto da beleza cênica do local onde são inseridos. Normalmente, são dotados de amplas áreas ajardinadas e arborizadas, onde podem ser efetuados espargimentos de cinzas. Podem também possuir um cinerário, onde em lóculos individualizados e personalizados são efetuadas a guarda das cinzas em urnas. Face a sua facilidade de construção e operação, adaptam-se a situações de atendimento de urgência, para onde caminha a questão funerária de Florianópolis.

Segundo o IPUF (2000, p. 1)

atualmente existe um único cemitério particular, o Jardim da Paz, e nenhum crematório no município, talvez por este motivo, a iniciativa privada ultimamente tem mostrado interesse, através de consultas de viabilidade à municipalidade, em implantar novos cemitérios e crematórios, sendo esta uma das soluções para a escassez de vagas nos cemitérios públicos.

A iniciativa privada sómente consolidará seus empreendimentos, quando também de sua viabilidade econômica, em especial, os crematórios, face aos altos custos iniciais, de operação e manutenção.

A implantação de crematórios em Florianópolis e municípios vizinhos deve estar em conformidade com a Lei Federal n.º 6.015 de 03 de dezembro de 1973, Lei Estadual n.º 6.320 de 20 de dezembro de 1983 e com o Decreto Estadual 30.570 de 14 de outubro de 1986 e, pela Lei Municipal n.º 1.784 de 21 de maio de 1981, além da legislações ambientais de âmbito municipal, estadual e federal.