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ALTERNATIVAS PARA A INCLUSÃO DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO

na melhora do seu aprendizado. Relembrando que a sua principal dificuldade é exatamente não poder ver símbolos pequenos, logo deveria existir algum tipo de alternativa que pudesse ajudá-lo. Quando questionado sobre apoios ou recursos que a escola poderia utilizar para melhorar sua aprendizagem ele respondeu:

Poderia utilizar livros apoiadores. (Mazinho)

Quando Mazinho cita livros apoiadores ele quer dizer livros com letras maiores para ele possa enxergar. Como sabemos o livro didático atual vem com letras com tamanho uniforme para alunos que não possuem problemas na visão. Aqueles alunos que têm baixa visão como é o caso de Mazinho ficam excluídos.

Os livros apoiadores. Quando eu digo livros apoiadores são materiais que possuem uma letra maior e que eu consiga aprender com mais eficiência. Acredito que o livro apoiador seja também aquele que tenha as imagens maiores, para que eu possa entender tudo de uma forma geral. Não adianta entender

31 a leitura e não entender o conjunto da obra que as vezes inclui imagens. (Mazinho)

A visão de Mazinho se mostra bem interessante quando ele tenta definir livros apoiadores. Ele mostra que o livro deve ser apoiador em todos os sentidos, pois não adianta nada ajudar em um aspecto e ser prejudicial em outro no caso das letras e das imagens.

Assim, existem alternativas que a escola como um todo, e cada professor em particular, tem que procurar para sanar essa dificuldade e “os livros apoiadores” ou livros de apoio são uma boa sugestão. Mas conforme afirmam Sá, Campos e Silva (2007, p. 26), “a predominância de recursos didáticos eminentemente visuais ocasiona uma visão fragmentada da realidade e desvia o foco de interesse e de motivação dos alunos cegos e com baixa visão”. É necessário que os professores, em suas diversas disciplinas, assumam o compromisso de buscar outros meios que possam complementar o texto escrito, como por exemplo, o uso de materiais concretos, nos quais o aluno possa utilizar o tato, o olfato, o paladar e audição como sentidos auxiliares. Quando perguntado sobre as disciplinas nas quais tem mais facilidade, Mazinho respondeu:

Biologia, Português, Geografia, História, e Espanhol, Inglês, Sociologia, Filosofia e Arte. Acredito que nessas disciplinas eu não tenho tanta dificuldade por serem disciplinas que mostram muitas imagens, principalmente Artes que trabalha com obras e que chama mais a minha atenção. (Mazinho)

Com a narração anterior podemos supor que o Mazinho consegue se adaptar bem melhor quando tem contato com disciplinas mais visuais, pois a deficiência do mesmo consegue ser deixada de lado pelo de fato poder entender o que está sendo apresentado na sala de aula. Essas disciplinas que envolvem imagens poderiam ser contextualizadas de uma melhor forma para favorecer o aprendizado dessas pessoas que possuem baixa visão. Mazinho foi questionado quanto à necessidade de apoios especiais em razão de sua baixa visão, ao que ele relatou:

Sim. A régua para poder assim marcar as partes lidas e não lidas. A régua me ajuda em vários outros aspectos inclusive no de visualização. Existe algumas réguas que ampliam o

32 tamanho da letra como se fosse uma lupa, aqui na escola que eu estudo tem uma e eu sempre peço para usar. (Mazinho)

É interessante observar que mesmo Mazinho dizendo inicialmente que a escola é carente de recursos, ainda assim ela reconhece que alguns deles existem na escola e estão à sua disposição. Ele conseguiu uma ferramenta importantíssima para dar continuidade aos seus estudos e esse material foi exatamente a régua que o ajudou a desenvolver suas atividades de uma maneira melhor. A régua que aparece na fala de Mazinho é uma das excelentes alternativas para os estudantes de baixa visão. Mas, de forma perspicaz, ele não se contenta e visualiza a possibilidade de a escola conseguir outros recursos que facilitem a sua melhor inclusão no contexto de aprendizagem em sala de aula. Ao ser questionado sobre as formas como a escola o apóia em suas necessidades específicas, ele comenta:

Oferecendo material de apoio, como por exemplo a régua, mas reconheço que a escola não tem recursos suficientes para me atender. Como sou deficiente visual a escola poderia disponibilizar uma lupa eletrônica, fazendo assim com que eu enxergasse melhor as letras. (Mazinho)

Com essa fala de Mazinho pode-se perceber tem uma mente aberta quanto as deficiências da escola em que estuda, pois percebe todos os problemas e sabe os equipamentos que pode ajudá-lo na sua aprendizagem. Acreditamos que a lupa eletrônica deveria ser um equipamento disponibilizados para todos os deficientes visuais, pois tem uma importância significativa na aprendizagem dos alunos com baixa visão.

No decorrer da entrevista Mazinho sempre se mostrou o tempo inteiro otimista em conhecer materiais que o ajudasse a melhorar seu aprendizado. Ele demonstra esperança por novos métodos de ensino que facilitem a aprendizagem do aluno com deficiência visual, não só por ele mais por todos que possuem a mesma deficiência. Na seção seguinte seguem as nossas considerações sobre a realização desta pesquisa.

33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal contribuição desse estudo foi a reflexão sobre a inclusão na escola a partir da compreensão de um aluno com baixa visão, estudante no Ensino Médio.

Observamos que existem desafios tais como falta de equipamentos; necessidade de formação continuada para professores, de forma a subsidiá-los no fazer pedagógico inclusivo; necessidade de mudança nos aspectos físicos da escola; necessidade de investimentos em novas metodologias que atendam a dificuldades específicas dos alunos com deficiência.

Mas não foram apenas dificuldades. As narrativas do participante, associadas às observações do pesquisador, que também é membro daquele grupo, demonstraram que a escola busca alternativas de inclusão: dispõe de ambiente especialmente para atender alunos com deficiência; disponibiliza professor para esta atividade; começou a organizar o seu espaço colocando corrimões para facilitar o acesso; disponibiliza ao aluno alguns recursos e materiais para que possa minimizar suas dificuldades. Mas o que mais chamou-nos a atenção foi a fala inicial do participante quanto ao respeito que ele sente por parte dos professores e dos colegas. Esse é um passo essencial no processo de inclusão. Sem respeito não é possível nenhum processo de educação, especialmente quando passamos a considerar a importância de um grupo diverso de pessoas compartilhando o mesmo ambiente e atividades.

Diante das dificuldades e possibilidades apresentadas gostaríamos de ressaltar o trabalho heróico dos professores, que cotidianamente trabalham com a inclusão nas escolas. Esse é um processo em construção e cada dia é um aprendizado. Não há receita pronta, mas deve haver disponibilidade e disposição para conhecer, para tentar, para compartilhar experiências.

Os dados nos mostraram que ainda existem muitas dificuldades no ambiente esperado para uma escola inclusiva. Dessa maneira pretendo continuar minhas pesquisas mostrando alternativas para melhorar cada vez mais a vida desses estudantes, principalmente daqueles com deficiência visual. Para futuras pesquisas sugerimos a continuação do tema abordado, porém com maior ênfase em questão de políticas públicas para mais investimentos na produção de materiais didáticos e recursos diferenciados que facilitem ao aluno com deficiência visual o acesso ao conteúdo.

A pesquisa estimulou no pesquisador o desejo de continuar estudando a inclusão das pessoas com deficiência visual, especialmente no processo educacional, buscando

34 compreender desafios e diagnosticar as práticas que estão sendo adotadas no Brasil.

Para finalizar, desejamos que esta monografia possa a vir a contribuir na vida das pessoas com deficiência visual que tentam se qualificar por meio do ensino regular, ajudando-os a mostrar as principais dificuldades existentes atualmente.

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APÊNDICES

A - Roteiro de entrevista semiestruturada 1 Com quantos anos você entrou na escola?

2 Em quantas escolas você estudou?

3 Fale para min sobre a sua história escolar?

4 Quais as maiores dificuldades enfrentadas por você na sua vida estudantil?

5 E as facilidades?

6 Você já ouviu falar sobre a inclusão educacional?

7 O que é inclusão educacional para você?

8 O que você observa como ações inclusivas dentro da sua escola?

9 Qual é a sua necessidade especial? Fale sobre esta necessidade.

10 Você acha que baixa visão atrapalha em alguma coisa na sua aprendizagem na escola?

11 Você já necessitou ou necessita de algum tipo de apoio especial por causa da sua baixa visão?

12 Quais seriam estes apoios?

13 De que forma a escola se organiza para minimizar as dificuldades?

14 Quais outros apoios ou recursos que escola poderia utilizar para colaborar com a sua aprendizagem escolar?

15 Em quais disciplinas você acha que tem mais dificuldade em razão de sua baixa visão?

16 E em quais disciplinas você acha que tem menos dificuldades?

17 Como você percebe que os professores te auxiliam em suas dificuldades?

18 Você sofreu algum tipo de discriminação em relação a sua baixa visão. Em caso afirmativo fale sobre isso.

19 Na escola existem outros alunos com algum tipo de necessidade educacional especial? Qual?

20 Você acha que o processo de inclusão está adequado a eles ou algo poderia ser diferente?

21 Quais as sugestões que você daria para a sua escola ou para a secretaria de educação sobre o processo de inclusão em sua escola?

22 Você gostaria de falar mais alguma coisa?

39 ANEXOS

Universidade de Brasília – UnB Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde - PGPDS Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar

A - Aceite Institucional

O (A) Sr./Sra. _______________________________ (nome completo do responsável pela instituição), da___________________________________(nome da instituição) está de acordo com a

realização da pesquisa

_____________________________________________________________________________________

____, de responsabilidade do(a) pesquisador(a)

_______________________________________________________, aluna do Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar no Instituto de Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humanoda Universidade de Brasília,realizado sob orientação da Prof. Doutor/Mestre. ___________________________________________.

O estudo envolve a realização de__________________________________________

(entrevistas,observações e filmagens etc) do atendimento

__________________________________________(local na instituição a ser pesquisado) com _________________________________(participantes da pesquisa). A pesquisa terá a duração de _________(tempo de duração em dias), com previsão de início em ____________ e término em ________________.

Eu, ____________________________________________(nome completo do responsável pela instituição), _______________________________________(cargo do(a) responsável do(a) nome completo da instituição onde os dados serão coletados, declaro conhecer e cumprir as Resoluções Éticas Brasileiras, em especial a Resolução CNS 196/96. Esta instituição está ciente de suas corresponsabilidade como instituição coparticipante do presente projeto de pesquisa, e de seu compromisso no resguardo da segurança e bem-estar dos sujeitos de pesquisa nela recrutados, dispondo de infraestrutura necessária para a garantia de tal segurança e bem-estar.

_____________________(local), ______/_____/_______(data).

_______________________________________________

Nome do (a) responsável pela instituição

_______________________________________________

Assinatura e carimbo do(a) responsável pela instituição

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Universidade de Brasília – UnB Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar

Da: Universidade de Brasília– UnB/Universidade Aberta do Brasil – UAB

Polo: _____________________________________________________________

Para: o(a): Ilmo(a). Sr(a). Diretor(a) _____________________________________

Instituição:_________________________________________________________

B - Carta de Apresentação Senhor (a), Diretor (a),

Estamos apresentando a V.S.ª o(a)cursista pós-graduando(a)

_____________________________________________________________________________

que está em processo de realização do Curso de Especialização em Desenvolvimento

Humano, Educação e Inclusão Escolar.

É requisito parcial para a conclusão do curso, a realização de um estudo empírico sobre tema acerca da inclusão no contexto escolar, cujas estratégias metodológicas podem envolver: entrevista com professores, pais ou outros participantes; observação; e análise documental.

A realização desse trabalho tem como objetivo a formação continuada dos professores e profissionais da educação, subsidiando-os no desenvolvimento de uma prática pedagógica refletida e transformadora, tendo como conseqüência uma educação inclusiva.

Desde já agradecemos e nos colocamos a disposição de Vossa Senhoria para maiores esclarecimentos no telefone: (061) 3107-6911.

Atenciosamente,

__________________________________________________

Coordenador(a) do Pólo ou Professor(a)-Tutor(a) Presencial

Coordenadora Geral do Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar: Profª Drª Diva Albuquerque Maciel

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