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“ Eu acho sim mas na altura em que estava a morar em L foi muito boa altura porque não eu estava ilegal, tinha documentos, podia sair até que nem podia sair só com a minha

No documento Família, violência doméstica e rede social (páginas 133-135)

Agradecemos a sua colaboração.

ENTREVISTA À SENHORA V.

E.- Então acha que isso se deve à separação e ao que foi vivido quando o seu ex-marido estava cá…”

V.- “ Eu acho sim mas na altura em que estava a morar em L foi muito boa altura porque não eu estava ilegal, tinha documentos, podia sair até que nem podia sair só com a minha

roupa do corpo porque eu trabalhava e podia me virar e não estaria nessas condições…” E.- “ Agora já não pode voltar atrás …”

V.- “ Ai se eu pudesse voltar atrás….mas pronto agora não posso voltar atrás, o que está feito está…”

E.- “Como é a sua família agora, já nos falou um pouco…” V.- “Sou eu e os meus filhos..”

E.-“ Gostava agora que me falasse como vê o seu ex- marido, coisas positivas, coisas negativas..:”

V.- “ Coisas negativas, ele agora está a viver com uma senhora, como ele não consegue chegar a mim, insultar, fazer e desfazer ele usa a tal senhora eu aprendi a não ter inimigos… porque uma pessoa que tem inimigos tem sempre problemas, se a pessoa não tiver inimigos não tem problemas, a pessoa vem insultar nós temos de procurar resfriar um pouco, então o que é que eu faço quando ela vem com aquela, então ela para e eu digo “tudo bem querida, vais para o trabalho? bom trabalho, adeus!”pronto!”

E.- “Não dá conversa..?”

V.- “ Não, não ..e se tiver que lhe dar converso, eu pego para ela e pergunto se ela consegue ler um texto da bíblia, ou se quer levar uma revista, leva porque se é para coisa que na minha mala não falta, é uma revista na mala e uma bíblia, se ela quiser tudo bem, mas se bem vem com outra conversa não estou para isso…”

E. – “ Mas isso é o que ele faz… é muito negativo, mas ele como pessoa como esteve bastantes anos com ele consegue ver coisas positivas nele…”

V.- “ Não vejo, até digo uma coisa, talvez se ele …porque se é assim nós aprendemos a perdoar os outros, se eu visse algo de positivo nele e aquele arrependimento verdadeiro… eu disse sempre se eu visse isso eu dava um passo atrás e se eu de tanto procurar algo de bom na nossa relação anterior, eu dava um passo atrás, mas … “

V.- “ Então que não sustenta a família, que humilha os filhos, humilha a mulher, que dá mais valor aos amigos e filhos dos outros, nem um cão nem um gato faz isso, quanto mais um humano? há cérebro maior que consegue construir e desconstruir que um humano? não há… então ele nem chega ao pé de um rato…por isso, eu desejo que ele se dê bem e que tenha boa vida, boa saúde, assim como ele está, desejo tudo mas que ele fiquei a 100Km de mim…ele chega, toca e dá dois passos atrás, quando ele vem pegar o V. mas houve uma vez há coisa de duas semanas que ele veio levar o B. e subiu e eu a partir do hall de entrada eu estava na cozinha e já consegui ouvir os passos dele a subir… eu só disse “meu Deus não vou fazer disparate..” eu abri a porta atrás da porta e dei dois passos atrás e deixei o miúdo entrar, mas se ele entrasse eu saía dali é verdade que estou doente e talvez estivesse numa cadeira de rodas de vez, mas se ele saísse dali directo da janela para a rua, não saía mais da porta, da porta ele não saía, porque eu sempre avisei, se ele saiu da porta já não volta, ele para sair da porta e voltar tinha que ter motivos de sobra, por isso não depois o B. entrou e eu ouvi ele a descer e disse B. “diz ao pai que quando te traz é lá em baixo, toca a campainha e dá dois passos atrás, volta para o carro e nem para o hall do prédio que um dia não me responsabilizo por aquilo que eu vou fazer, a mãe está doente mas ainda sou capaz de fazer alguma coisa mas também se for que seja de uma vez, só não prometo. Ele já mandou muitos recados por pessoas a dizer “ a entrar na casa pelo menos para ver como é que está e como ela está”, quem entrar em casa para ver como eu estou? Para estar viva ou para estar morta? Os filhos passam fome, por exemplo o B. a pensão dele tem de subir, tive que ir com ele a tribunal para a pensar dele subir a pensão do filho e outro filho do meio não trabalha, ainda está no deve dele, ele devia sustentar o filho, o filho vai viver de quê? Ele não sustenta o filho…o meu filho mais velho trabalha mas também não ganha, porque enquanto ele não vender ele não ganha, estou a viver com 140€, junto com os 150€ que ele dá pelo abono do B. pela pensão do B. junto com o abono são 140€ , para pagar a renda de casa, o resto fica-se assim…Se ele fosse bom pai ia dizer não, “eu prometi e quero recuperar o que eu prometi” então pegava e dava pelo menos de comer aos filhos, porque os filhos são dele, dava de comer aos filhos né? Pela necessidade dos filhos ele tinha de cobrir, também eu não sou família dele não sou nada, mas agora até o seu próprio filho, oh nem um pássaro faria isso…por isso para mim… ”

E.- “Os contactos já falou sobre isso, não tem qualquer contacto com ele..nem quer..” V.-“ Nem nos sonhos!”

V.- “ Sem ser o mais novo, o outro não vai desde que é maior…”

E.- “ Já não vai uma vez que já é maior não é obrigado, e o mais novo são todos os fins- de-semana?”

V.- “È fim-de-semana sim, fim-de-semana não, é segunda, todas terças-feiras e todas as quintas-feiras ele vêm buscar o menino.

E.-“ E no fim-de-semana ele fica lá em casa, não vem dormir aqui?” V.- “ No fim-de-semana dele ele leva para a casa dele e dorme lá…” E.- “ E como é a sua relação com os seus filhos…”

V.- “ A minha relação com os meus filhos é… não sei … eu acho que é boa, eu não sou do tipo de mãe…acho que é boa …porque quando eu saio, a minha saída é mais com o meu filho mais velho, vais à reunião, vamos ao testemunho, fora de casa, vou para o trabalho , ou alguma consulta, não sou do tipo de mãe que sai e que depois traz desconhecido não sei de onde, isso não, não tenho cabeça para isso…

E.- “Mas o que é isso da relação boa…”

V.- “Rimos, falamos, brincamos, conversamos…” E.- “Fazem tudo?”

No documento Família, violência doméstica e rede social (páginas 133-135)