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Alunos disléxicos

No documento TESE Carla Rodrigues 6 (páginas 33-37)

Capítulo I Dislexia

7. Alunos disléxicos

7.1.

Características dos alunos disléxicos

A dislexia manifesta diferentes características consoante a idade da criança. De acordo com Baroja (1989, cit. Ribeiro, 2008), essas características podem ser agrupadas em três níveis:

1 - Desempenho das crianças dos 4 aos 6 anos (Baroja, 1989 cit. Ribeiro, 2008).

 Ao nível da linguagem • Dislalias

• Inversões que podem ser fonemas dentro de uma sílaba, ou de sílabas dentro de uma palavra.

• Omissões de fonemas, maioritariamente em sílabas compostas ou inversas e também supressão do último fonema.

• Vocabulário e expressão deficitária, relacionada com a compreensão verbal baixa. • Confusão de fonemas, que podem ser acompanhadas por linguagem pouco clara. • Atraso na estruturação e conhecimento do esquema corporal.

• Dificuldade na execução de exercícios sensório percetivos: distinção de cores, formas, tamanhos e posições.

• Descoordenação motora, com pouca destreza para exercícios manuais e de grafia. • Movimentos gráficos de bases invertidos. Realizar os círculos para a esquerda, em vez de os realizar para a direita.

• No final deste período, aparece a escrita em espelho de letras e números. Por vezes também, efetuam os exercícios gráficos da direita para a esquerda, ainda que não necessariamente em espelho.

Nesta faixa etária não é correto falar aqui em dislexia uma vez que as crianças desta idade ainda não começaram a adquirir a leitura. Poderemos afirmar que as crianças com estas caraterísticas ao nível da linguagem possuem já uma predisposição para se tornarem disléxicas numa fase seguinte (cf. Ribeiro, 2008).

2 - Desempenho das crianças dos 6 aos 9 anos (Baroja, 1989 cit. Ribeiro, 2008).

 Ao nível da linguagem

• As dislalias e as omissões do período anterior (4-6 anos) encontram-se em fase de superação (menos as inversões e a troca de fonemas). Verifica-se, também, uma expressão verbal pouco desenvolvida e dificuldade para aprender palavras novas, sobretudo se são polissilábicos ou foneticamente complicados.

 Ao nível da leitura

Na área da leitura, observam-se as seguintes alterações: Nas letras:

• Confusões – produzem-se particularmente nas letras que têm uma certa semelhança morfológica ou fonética (por exemplo, a e o nas vogais manuscritas, a e e nas de impressão). Dentro destas confusões, há a realçar as das letras cuja forma é semelhante, diferenciando-se na sua posição em relação a um eixo de simetria (d/b; p/q; b/g; u/n; d/p). • Omissões ou supressão de letras, especialmente no final da palavra e em sílabas compostas.

Em sílabas:

• Inversões que podem ser: mudança da ordem das letras dentro de uma sílaba (amam por mamã; ravore por árvore), mudança da ordem das sílabas dentro de uma palavra (drala por ladra).

• Repetições (bolalacha).

• Omissões de sílabas, ainda que em grau menor que as missões de letras. Em palavras:

• Repetições. • Omissões.

• Substituição de uma palavra por outra que começa pela mesma sílaba ou com som parecido.

Para além das alterações referidas na área da leitura, ainda se analisam as seguintes características:

• Lentidão.

• Falta de ritmo na leitura.

• Saltos de linha ou repetição da mesma linha. • Não respeitar os sinais de pontuação.

• Leitura mecânica não compreensiva. • Respiração sincrónica.

3 - Desempenho das crianças dos 9 aos 10 anos (Baroja, 1989 cit. Ribeiro, 2008).

 Ao nível da linguagem

• Dificuldades em produzir e estruturar frases corretamente, expressar-se com termos certos e no uso correto dos tempos verbais.

• Geralmente, persiste uma linguagem com pouca expressividade, bem como uma compreensão verbal desajustada à sua capacidade mental.

 Ao nível da leitura

• É comum que continuem a mostrar uma leitura oscilante e muito mecânica, o que vai originar a falta de gosto na leitura e dificultar as aprendizagens escolares das restantes áreas académicas.

Esta situação resulta do esforço que a criança faz ao concentrar-se apenas na compreensão das palavras, não conseguindo, desta forma, abstrair-se do significado das mesmas.

• Dificuldades na utilização do dicionário, pelo facto de lhes custar a aprender a ordem alfabética das letras e pela sua dificuldade geral para a organização das letras dentro de uma palavra.

7.2. Frustrações dos alunos disléxicos

Na perspetiva de Almeida (2010) a criança disléxica é considerada preguiçosa, desatenta, sem vontade de aprender, o que provoca uma situação emocional que tende a agravar-se, sobretudo em função da injustiça que possa vir a sofrer.

O aluno disléxico é geralmente triste, deprimido, angustiado, devido ao fracasso, apesar dos esforços para superar as suas dificuldades. Esta frustração, provocada por anos de esforço sem êxito, e da comparação com os demais alunos, pode dar origem a sentimentos de inferioridade e de baixa autoestima.

Segundo Graciete Serrano (s/ data) “estas crianças são tão ou mais inteligentes do que as outras”. Um disléxico de evolução, quando chega à idade de escolaridade, é sempre um indivíduo com um potencial intelectual bom. Para além disso são crianças extremamente sensíveis. Duas capacidades que vão aumentar o sofrimento da criança, que é rápida a compreender, muitas vezes percebe mais depressa que os outros colegas na sala de aula, mas depois falha na concretização. Este facto vai provocar uma desorganização emocional da criança, que não consegue perceber porque é que esta situação acontece. Uma perturbação emocional pode tornar o aluno a ser agressivo, rejeitando os colegas, os professores e a escola. Neste ponto e como refere a autora,

podem surgir algumas somatizações, tais como: as crianças queixarem-se de dores de cabeça, de dores de barriga e chegarem a vomitar para não irem à escola. É também frequente, o isolamento cada vez maior da criança que deliberadamente, se fecha e se afasta do grupo.

Por tudo isto, cabe, então, ao professor estar sempre atento às etapas de desenvolvimento das crianças com dislexia, encorajando estas crianças e dando-lhes o reforço dos aspectos positivos, evitando a valorização dos seus erros, de modo a facilitar as aprendizagens, o respeito, a confiança e o afeto.

No documento TESE Carla Rodrigues 6 (páginas 33-37)

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