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As práticas letivas a desenvolver foram desenvolvidas na Escola Básica do 2º e 3º ciclo de Miguel Torga, localizada no concelho da Amadora.

Da Pré-História ao século XXI, os grupos humanos ocuparam o território hoje conhecido por Amadora. Em 1937, Amadora é elevada a vila, sendo que nessa mesma década se assistiu à primeira fase de crescimento demográfico da Amadora, até aos anos 50. Surgiram novos loteamentos, mais casas e edifícios e, igualmente, um desenvolvimento ao nível industrial, fundamentalmente da indústria metalomecânica, com o consequente desenvolvimento das infraestruturas de transporte da região (www.cm-amadora.pt).

Entre 1950 e 1970, assistiu-se a uma autêntica explosão demográfica na Amadora, que nos anos 50 teve a mais elevada taxa de crescimento de toda a região de Lisboa. Esta situação aconteceu devido a vários fatores, como: i) a melhoria das infraestruturas de transporte da região; ii) a eletrificação da linha de caminho-de-ferro; iii) os intensos fluxos migratórios afluentes à Amadora, atraídos pela criação de novos postos de trabalho nas indústrias e serviços que aí se instalaram (idem).

No entanto, devido à escassez no mercado da habitação e à especulação imobiliária na capital, verificou-se um crescimento desgovernado nas periferias e a Amadora não foi uma exceção. Começaram a desenvolver-se bairros clandestinos, que constituíram o sub-mercado ilegal a que a população menos favorecida economicamente tinha acesso. No início da década de 70, a população residente na Amadora baseava-se, sobretudo, na imigração proveniente de Lisboa, Alentejo, Beiras, zona centro do país e Cabo Verde que, na altura, era ainda uma colónia portuguesa (idem).

A 11 de setembro de 1979, foi criado o município da Amadora e, sete dias mais tarde, a cidade da Amadora. O município foi o primeiro a ser criado após o 25 de Abril de 1974, deixando de ser, a partir dessa data, uma freguesia pertencente ao concelho de Oeiras. Na altura da criação do concelho, o mesmo era dividido por oito freguesias: Alfragide, Brandoa, Buraca, Damaia, Falagueira-Venda Nova, Mina, Reboleira e Venteira (idem).

O concelho da Amadora inscreve-se na área geográfica da Área Metropolitana de Lisboa, mais concretamente a AMLN (Área Metropolitana de Lisboa Norte), fazendo fronteira com os municípios Odivelas, a nordeste, de Sintra, a noroeste e a oeste, de Lisboa, a sudoeste, e a sudeste com o município de Oeiras. A AML regista a maior concentração populacional e

Figura 12 – Localização do município da Amadora na Área Metropolitana de Lisboa.

Fonte: DGT, SRTM, APA, citados por Tenedório, 2014, p. 35

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económica de Portugal. Nos seus dezoito concelhos, que constituem 3,3% do território nacional, residem quase 3 milhões de habitantes, cerca de 1/4 da população portuguesa. Ao nível económico, concentra cerca de 25% da população ativa, 30% das empresas nacionais, 33% do emprego e contribui com mais de 36% do PIB nacional (http://www.aml.pt).

Atualmente, o concelho da Amadora é constituído por seis freguesias: Águas Livres, Alfragide, Encosta do Sol, Falagueira-Venda Nova, Mina de Água e Venteira, embora tenha sido, desde 1997, um concelho com 11 freguesias: Alfornelos, Alfragide, Brandoa, Buraca, Damaia, Falagueira, Mina, Reboleira, São Brás, Venda Nova e Venteira. Esta alteração no número de freguesias no concelho deveu-se à Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, que procede à reorganização administrativa do território das freguesias. As seis novas freguesias entraram em vigor com as eleições gerais para os órgãos das autarquias locais de 2013 (www.cm- amadora.pt).

O município estende-se por uma área de 23,79 km2, a menor dimensão da AML. Em 2013 (INE), residiam 175.354 habitantes, o que fazia do concelho da Amadora o quinto mais populoso do distrito de Lisboa (e um dos dez municípios mais populosos do país), tendo apenas à sua frente Lisboa com 516.815 habitantes, Sintra com 379.756 habitantes, Cascais com 208.514 habitantes e Loures com 203.117 habitantes.

Tal como foi definido pela Lei nº45/79, de 11 de Setembro, a Amadora é um município urbano, por possuir uma série de características inerentes aos territórios urbanos: i) concentração de emprego nos setores terciário e secundário; ii) complexidade de infraestruturas; iii) desenvolvimento de atividades centrais; iv) cosmopolitismo diversificado em funções e população (Tenedório, 2014, p. 35).

O ritmo de construção (46% dos edifícios foram construídos entre 1970 e 1991) revela a dinâmica urbana recente, contribuindo para os 62% do contínuo urbano do território. Numa perspetiva mais recente, em 2010, pouco mais de 40% dos edifícios construídos nesse mesmo ano correspondiam a novas construções, uma tendência de desaceleração do ritmo de urbanização que é igualmente notória na AML e no resto do país (idem, p. 36).

Um dos fatores que permitiram a renovação desta mancha urbana foram os programas de habitação ou de desenvolvimento integrado, como o Programa Especial de Realojamento (PER). Este iniciou a erradicação dos bairros de habitação precária, com o intuito de proporcionar às pessoas um melhor ambiente habitacional, considerada como uma “condição fundamental para um melhor nível social da população em geral, e escolar em particular”. O que se pretendeu com estes programas foi a reabilitação urbana e a qualificação do espaço público, consideradas pelo município como uma estratégia de promoção da coesão social e territorial (idem).

No que se refere ao contexto socioeconómico do município, o mesmo segue a tendência de terciarização das áreas urbanas inseridas em áreas metropolitanas, sendo que os

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censos de 2011 confirmam que mais de 80% dos ativos estavam profissionalmente relacionados com o setor dos serviços, enquanto apenas 15% estavam nas atividades industriais. Em relação às habilitações literárias, e de acordo com o Anuário Estatístico da Região de Lisboa (2009), a maioria dos trabalhadores ativos (50,3%), possuía o ensino básico, seguindo-se o ensino secundário (25%) e o ensino superior (23,8%) (idem, p. 38). Um aspeto relevante em relação aos ativos no município, é o facto de 10% dos mesmos serem beneficiários do subsídio de desemprego. Igualmente, 7% da população beneficia do Rendimento Social de Inserção, sendo que 53% têm menos de 25 anos (idem, p. 42), o que revela que alguma da população tem problemas socioeconómicos.

No que concerne à população, o município da Amadora sofreu um intenso crescimento entre 1950 e 1981, sendo que a partir de 1991 tem apresentado uma “fase de amadurecimento demográfica”, que é caracterizada pela “relativa estabilidade do número de residentes e pelo progressivo envelhecimento da sua população”. Este facto é apoiado pelo facto de o município ter sido, na NUTS III Grande Lisboa, o que registou a maior quebra no grupo dos mais jovens (0-14 anos), diminuição de cerca de 9 mil entre 1991 e 2011, e o aumento mais acentuado da população idosa, passando, no mesmo período, de 15800 para 32700, o que corresponde a 18,8% dos residentes em 2011 (Censos 2011, citados por idem, p. 39).

No que diz respeito ao nível de instrução da população residente no município da Amadora, verifica-se que acompanha, embora ligeiramente mais baixo, o padrão de habilitações da região onde se insere, a Grande Lisboa. Cerca de 52,2% da população da Amadora possui o ensino básico, percentagem superior aos 47% da Grande Lisboa, e 16,7% população da Amadora tem o ensino secundário, enquanto a população da Grande Lisboa possui 15,6%. A grande exceção é relativamente ao ensino superior, pois 23% da população da Grande Lisboa possui esse grau académico, enquanto na Amadora apenas 17% da população possui o grau de ensino superior. A taxa de analfabetismo na Amadora, 3,68%, é superior à da Grande Lisboa, 3,00% (Projeto Educativo Agrupamento de Escolas Miguel Torga 2013-2016, p. 5). Um indicador relevante e relacionado com a educação é o de que a proporção de alunos do 2.º e 3.º ciclo do ensino básico com Apoio Social na rede pública aumentou de 37% para 65%, entre os períodos letivos de 2006/07 e 2009/10 (Tenedório, 2014, p. 42).

Em meados do século XX, o concelho da Amadora recebeu vários migrantes vindos do Alentejo e do Norte do país, que vinham trabalhar para a capital, mas a realidade é que atualmente tem recebido inúmeros imigrantes provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), sendo que a presença destes mesmos corresponde a 76% da população imigrante do concelho. Este fenómeno migratório contribuiu para a heterogeneidade sociocultural da população do concelho (Projeto Educativo Agrupamento de Escolas Miguel Torga 2013-2016, p. 3).

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Esta situação permite que o município da Amadora seja um dos municípios portugueses com maior número de residentes estrangeiros, possuindo 4,8% de população com nacionalidade estrangeira recenseada em 2011, o que representava 10,8% da população do município, um aumento de 3,7% em relação a 2001. 58% desses 18839 indivíduos eram oriundos dos PALOP, uma diminuição na ordem dos 24% em relação a 2001. Esta diminuição reflete-se devido à diversificação da origem dos indivíduos, tal como sucedeu no conjunto da região de Lisboa e no restante país. Os brasileiros representavam 1/5 dos residentes estrangeiros, os dos países do Leste (Ucrânia, Roménia e Moldávia, entre outros) 10% e a população chinesa cerca de 2% (Tenedório, 2014, pp. 41-42).

Não será de estranhar o facto de uma das características na população em idade escolar no município ser a sua multiculturalidade. Eram mais de 4800 os alunos de nacionalidade estrangeira a estudar no ano letivo e 2010/2011 nas escolas do município, representando cerca de 18% do total de alunos matriculados no ensino básico e secundário. O acréscimo de cerca de 2% de alunos de nacionalidade estrangeira desde 2008/2009 é maioritariamente constituído (2/3) por crianças e jovens oriundos dos PALOP, metade provenientes de Cabo Verde. A chegada de outros alunos de diferentes nacionalidades (brasileira, romena e de outros países extracomunitários) é que têm suportado, na realidade, a constante presença de população escolar estrangeira (Tenedório, 2014, p. 41).

Todavia, o número de estudantes estrangeiros tem sofrido uma tendência de diminuição, sendo a sua maior expressão no 3º ciclo básico e no secundário, devido: i) ao maior tempo de permanência em Portugal; ii) à aquisição de nacionalidade portuguesa; iii) menor ritmo de novas entradas de crianças e jovens provenientes dos PALOP (idem).

Embora o município considere a proporção dos alunos estrangeiros seja uma riqueza, admite que a “considerável proporção de alunos estrangeiros oriundos de diversos países de origem coloca, simultaneamente, novos desafios à Escola, pela necessidade de promover a integração e formação de todas estas crianças e jovens” (idem).

Finalmente, em relação à oferta educativa, no município da Amadora, a oferta de ensino abarca os níveis previstos na LBSE: i) Pré-escolar; ii) 1º Ciclo do Ensino Básico; iii) 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico; iv) Ensino Secundário; v) Enino Profissional; vi) o Programa Aprender & Brincar; vii) o equipamento desportivo escolar; viii) os centros de recursos na área das tecnologias de informação e comunicação; ix) as modalidades especiais de educação: a educação extraescolar, o ensino recorrente de adultos, o ensino especial, a formação profissional e o ensino superior (Tenedório, 2014, p. 53). Desde 1999, a autarquia tem centrado a sua atenção na “requalificação

Figura 13 – Sistema Educativo Local

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do parque escolar, quer através da construção de novos equipamentos, quer da concretização de programas de ampliação, beneficiação e reconversão de grande parte dos equipamentos existentes. Em 2012, a rede pública de educação e ensino do Município era constituída por 50 estabelecimentos, estruturado em doze agrupamentos de escolas e três escolas não agrupadas, como se pode observar na figura anterior (ver Figura 13), que certificavam a educação pré- escolar, o ensino básico e o ensino secundário a cerca de 20 286 alunos, 2 428 docentes e 707 não docentes (idem).

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