• Nenhum resultado encontrado

Amazônia Continental ou Bioma Amazônico ou Floresta Amazônica ou Amazônia

Capítulo 1: Revisão de literatura

1.3. Amazônia

1.3.2. Amazônia Continental ou Bioma Amazônico ou Floresta Amazônica ou Amazônia

Os termos Amazônia Continental, Bioma Amazônico, Floresta Amazônica ou simplesmente Amazônia são sinônimos. O Bioma Amazônico engloba nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e nove países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela (Anexo I, figura 5).

A área total da Amazônia é de aproximadamente 7 milhões de km2, cerca de 56% das florestas tropicais da Terra; o que lhe confere o título de maior floresta do mundo. Por situar se na região tropical possui intensas trocas de energia entre sua superfície continental e a atmosfera. Mudanças em seus ecossistemas podem, em função dessas trocas de energia, provocar impactos na circulação atmosférica e no transporte de umidade, com conseqüências em larga escala no ciclo hidrológico (Manzi, 2008).

A Amazônia é cortada pelo rio Amazonas e por milhares de afluentes, que juntos representam a maior rede fluvial do mundo, com aproximadamente 20% de toda a água doce lançada nos oceanos, com descarga de cerca de 200.000 a 220.000 m3s1 (Manzi, 2008).

Segundo Manzi (2008) as taxas médias de evapotranspiração da bacia variam conforme região e época do ano, oscilando entre 3,6 a 3,9 mm/dia na região de Manaus e 3,5mm/dia em Santarém, uma das regiões mais secas da Amazônia. Ainda, segundo o autor, nem toda a precipitação da região advém da evapotranspiração, na verdade apenas 55 a 60% têm sua origem na evapotranspiração da floresta, o restante, advém de fora da região, notadamente do oceano Atlântico, pelos ventos alísios, cujas chuvas anuais representam cerca

de duas vezes a evapotranspiração, o que situa a Amazônia como exportadora de umidade, cuja quantidade significativa é transportada em direção ao sul da América do Sul e o restante em direção ao oceano Pacífico e Caribe.

1.3.2.1. Mudanças Climáticas

A partir do exposto, pode se começar a visualizar o contexto da TAD na região, ou seja, com a substituição de florestas por pastagens há a redução da taxa anual de evapotranspiração, que modifica a circulação atmosférica local e remotamente. Sendo assim, qualquer alimento que possa ser utilizado na suplementação de ruminantes na Região Amazônica, em quantidade suficiente para reduzir a necessidade de pastagens deve ser conhecido e imediatamente aplicado, visando o bem estar não apenas dos animais, mas como de toda uma população já nascida e ainda por nascer.

Alguns estudos preliminares indicam que há sim impactos causados pelo desmatamento da Amazônia sobre o clima regional, com resultados encontrados de reduções anuais de 5 a 20% na precipitação, de 20 a 30% na evapotranspiração e aumento de 1 a 4°C na temperatura do ar próximo à superfície (Manzi, 2008). A área desmatada da Floresta Amazônica no estado do Pará, até 2009, pode ser visualizada no Anexo I, figura 6.

Relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indicam aumento de temperatura por todo o planeta, mais severamente sobre os continentes do que nos oceanos e um aumento do nível dos oceanos, com aumento de chuvas em áreas castigadas pelo excesso de chuva assim como diminuição nas regiões escassas da mesma. Segundo o IPCC haverá aumento na freqüência e na intensidade de eventos extremos, como: furacões, inundações e secas prolongadas. Vários trabalhos projetam a savanização da Amazônia, baseados nos resultados climáticos do Centro Hadley do Reino Unido (Manzi, 2008).

Estudos podem reduzir as incertezas dos impactos das mudanças climáticas globais sobre a Amazônia, mas já se podem conjecturar as seguintes informações sobre esse bioma, a partir de estudos realizados por diversos autores e listados por Manzi (2008):

A Amazônia:

a) Seqüestra parte do excesso de gás carbônico da atmosfera, estimado entre 300 a 600 milhões de toneladas/ano nas últimas três décadas. A emissão por desflorestamento na década de 1990 variou de 112 a 400 milhões de toneladas de carbono/ano. Há, portanto, mais seqüestro de carbono pelas florestas naturais do que emissões por queimadas e desflorestamentos.

b) Possui estoque de carbono de aproximadamente 100 bilhões de toneladas, ou 14 vezes as emissões anuais globais pela utilização de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) e 60 vezes as emissões por desflorestamento de todo o planeta.

c) Sua conservação favorece um cenário mundial, não apenas pela questão do seqüestro de carbono, mas também pela manutenção da qualidade da água, sugerindo o autor o pagamento por seus serviços ambientais prestados.

d) Possui riquíssima diversidade biológica. Que pode beneficiar a humanidade na geração de alimentos, fármacos, cosméticos e energia, mas que pode ser perdida em função dos impactos das mudanças climáticas.

e) O aquecimento global e as mudanças climáticas provocadas pelo consumo de combustíveis fósseis e pelo desflorestamento são inevitáveis, e é certo que a Amazônia ficará mais quente, com aumento de 4 a 5°C até o fim do século.

f) Governos, comunidades, empresários e indivíduos devem considerar soluções de atenuação e também a adaptação a elas, soluções essas que levem a drástica redução das emissões de gás de efeito estufa (GEE). Assim como áreas degradadas ou abandonadas podem ser recuperadas e destinadas a várias atividades lucrativas.

g) Segundo o autor “as mudanças climáticas afetarão todos os setores da economia e da sociedade. É necessário ampliar a capacidade das instituições de ensino e pesquisa da região para fazer frente ao desafio do seu desenvolvimento. Para isso é imprescindível a

ampliação dos investimentos em pelo menos uma ou duas ordens de grandeza nos próximos anos...No caso da Amazônia, a principal ação de atenuação do aquecimento global é a manutenção a floresta em pé.”

Soares Neto (2008) informa que a Amazônia não está imune às mudanças climáticas globais e que o atual modelo econômico está se expandindo, de forma equivocada, com a conversão em larga escala da floresta em pastagens, plantações de soja e provavelmente cana ou monocultura para biodiesel no futuro próximo, e que o plantio visando produção de biocombustível está intrinsecamente ligado a áreas já desmatadas e/ou degradadas, tornando a pecuária, assim, a grande vilã do problema.

Vale destacar que o plantio de cana não é permitido em solos amazônicos.

A partir do exposto, pode se novamente destacar a TAD, como uma ferramenta aliada a preservação da floresta, particularmente no estado do Pará.

1.3.2.2. Biodiversidade

Quantificar a biodiversidade amazônica ainda não é uma tarefa possível. Sabe se que a maior parte da mesma ainda está por ser estudada. Entretanto já é conhecido que seu bioma somado ao da Mata Atlântica (100 mil Km2) possui cerca de 10 a 20% dos 1,5 milhões de espécies animais e vegetais já catalogados no mundo. Ambos os biomas possuem cerca de 55 mil espécies de plantas com sementes, 502 espécies de mamíferos, 1.677 de aves, 600 de anfíbios e 2.657 de peixes ou aproximadamente 22%, 10,8%, 17,2%, 15% e 10,7% das espécies já conhecidas no planeta (Capobianco, 2001). E muito mais ainda está por ser descoberto!

Afora a riqueza natural, há na Amazônia legal uma diversidade cultural com cerca de 170 povos indígenas, 357 comunidades remanescentes dos quilombos e milhares de comunidades de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, babuçueiros, etc (Capobianco, 2001). Com certeza, os principais responsáveis pela preservação da floresta até a atualidade.

Capobianco (2001) informa que esse patrimônio socioambiental brasileiro chegou ao ano 2000 com suas características relativamente bem preservadas, mas que segundo dados do INPE já se havia perdido cerca de 570 mil km2 de florestas até 2001, por desmatamento, em uma média de 17,6 mil km2/ano de desmatamento, e que se continuar nesse ritmo em pouco mais de 30 anos será dobrada a área que levou 500 anos para ser eliminada.

Foram identificadas em 2001, 385 áreas prioritárias para a biodiversidade na Amazônia Legal, indicando as ações mais importantes a serem tomadas a curto, médio e longo prazos, mostrando que a região não está desamparada científica ou politicamente. Essas informações podem ser consultadas em Capobianco (2001). Nessa compilação pode se destacar o relato de alguns autores, como:

Overal (2001) que relata alguns invertebrados estudados em pequenas regiões da Amazônia, onde foi possível encontrar (em número de espécies): 1.800 borboletas, mais de 3 mil formigas, entre 2.500 e 3 mil abelhas, mais de 220 marimbondos, 99 cupins em apenas 20km2 e mais de 500 aranhas, dentre outros;

Bartem (2001) que informa haver na Amazônia legal cerca de 1.300 espécies de peixes já conhecidas;

Azevedo Ramos e Galatii (2001) que citam 163 espécies de anfíbios;

Vogt et al. (2001) que citam 550 espécies de répteis registradas, destacando três tartarugas marinhas, duas terrestres e 14 de água doce; quatro espécies de jacarés e 300 espécies de serpentes. Segundo os autores a maioria das espécies está mais bem protegida se comparada com as de outras partes do mundo;

Oren (2001) que informa haver cerca de 1.000 espécies de aves, em que 15 estão ameaçadas de extinção e 11 potencialmente ameaçadas;

Nelson e Oliveira (2001) que relatam cerca de 3000 espécies vegetais analisadas até o momento. Os autores destacam que o conhecido advém de vários estudos, mas que cada um quantifica apenas pequenas áreas.

A área botânica causa calorosas discussões. Em 29/10/2010 foi assinado o tratado de Nagoya, em que 193 países concordaram que os recursos genéticos presentes no território de cada país pertencem a ele e não podem ser explorados sem autorização.

Segundo Nogueira (2010) 70% de todos os medicamentos introduzidos no mercado em 25 anos foram derivados de produtos naturais, onde, segundo o autor, a floresta fabrica drogas com mais eficiência do que os humanos, concluindo que a Amazônia é um verdadeiro “pré sal” no meio do mato.