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Meio Ambiente: O comércio justo encoraja ativamente práticas ambientais melhores e a aplicação de métodos responsáveis de produção.

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2.4 - História76

Com 50 anos de história o comércio justo veio se institucionalizando, inicialmente como um movimento de combate às injustiças no comércio internacional através de práticas mais vinculadas a ações de caridade e solidariedade impulsionadas por organizações religiosas. Hoje, conta com instituições organizadas em redes e seguindo um mesmo código de ética e conduta, através de uma série de critérios fundamentais que regem a sua prática e operacionalização política e comercial. Foi a partir da segunda metade do século XX, com o

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Baseada no histórico do comércio justo internacional apresentado no site da Rede Mundial de Comércio Justo – IFAT. www.ifat.org.

desenvolvimento de algumas políticas produtivas comprometidas com a re-inserção de grupos até então negligenciados pelo setor produtivo tradicional, que o comércio justo começou a se formar. Consta dessa época – meados da década de 60 – o nascimento do conceito “fair

trade77”.

Existem diferentes versões sobre quando e onde se iniciou o comércio justo. Entre elas está a da primeira loja formal de comércio justo que foi aberta em 1958 nos Estados Unidos; a da venda de artesanatos de refugiados chineses na Europa em lojas da Oxfam78, também no final da década de 50, levando a criação da primeira organização de comércio justo em 1964; e a organização de atividades semelhantes na Holanda, formalizando em 1967 o estabelecimento da empresa de importação de comércio justo Fair Trade Organisatie. Em 1973, esta mesma organização importou o primeiro café de comércio justo de cooperativas de pequenos agricultores guatemaltecos. Hoje, o café de comércio justo se tornou um conceito do próprio movimento e o principal produto de comercialização, tendo mais de milhares de pequenos produtores beneficiados, e mais de 25% das receitas das organizações de comércio justo dos países do norte sendo geradas através deste produto.

Em 1969, foi inaugurada a primeira loja especializada de comércio justo na Holanda, onde não só se vendiam artesanatos de pequenos artesãos do sul, mas também realizavam-se campanhas de sensibilização contra as regras injustas do comércio internacional. Sendo assim, as lojas de comércio justo, chamadas na Europa de “World Shops”79, tiveram um papel crucial no desenvolvimento do movimento e na sua expansão, não só pela comercialização, mas também por terem dado início às campanhas de sensibilização de consumidores. Já, do ponto de vista das famílias de produtores do hemisfério sul, o artesanato era um importante complemento da renda familiar, produzido pelas mulheres que tinham pouca oportunidade de emprego. A abertura do mercado internacional para esta categoria de produtos marcou o início do relacionamento do comercio justo norte-sul. Entretanto, no decorrer das décadas seguintes, o maior crescimento comercial ocorreu no ramo dos produtos alimentares, além do café, passam a ser comercializados chá, cacau, açúcar, sucos de frutas, castanhas, temperos, arroz, mel e até vinho. Estes produtos abrem uma nova perspectiva para o comércio justo que

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Termo em inglês para “Comércio Justo”.

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Importante organização não governamental no desenvolvimento do comércio justo mundial.

www.oxfam.org.uk.

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Tradução: Loja do Mundo. As lojas do mundo formam uma rede na Europa de aproximadamente 3.000 estabelecimentos. Será abordada mais adiante neste trabalho. www.worldshops.org.

passa a ser viabilizado também através de canais de venda como supermercados, mercados institucionais e lojas de produtos orgânicos.

Em paralelo, neste mesmo período, nas décadas de 60 e 70, organizações não governamentais e indivíduos sensibilizados sobre o tema, em diversos países da Ásia, África e América Latina, começam a atuar no comércio justo apoiando grupos de produção em desvantagem através do desenvolvimento de suas capacidades em gestão, comercialização, controle e melhoria da qualidade, apoio a exportação, marketing e outras atividades. Muitas organizações de comércio justo foram se estabelecendo nos países do sul80 e através destas se desenvolveram relações com as novas organizações do norte, em bases conceituais éticas, através da parceria, do diálogo, da transparência e do respeito, sempre com um mesmo objetivo final: maior igualdade no comércio internacional.

Enquanto o movimento da sociedade civil se organizava, países em desenvolvimento apoiavam a mensagem “Trade not Aid”81 na segunda conferência da UNCTAD82, em Delhi, 1968. A demanda por um sistema comercial internacional mais inclusivo e igualitário crescia não só na esfera civil organizada, mas também na governamental. A mensagem significava mais claramente que os países do sul não queriam continuar com a relação em que o norte se apropria dos benefícios e retorna apenas uma pequena parte destes sob forma de ajuda internacional ao desenvolvimento das nações do sul.

Dos anos 70 aos 80 as organizações de comércio justo, na Europa e nos Estados Unidos, seguiam reunindo-se regularmente para intercambiar idéias. Em meados da década de 80 os efeitos combinados das crises de dívida externa e da queda dos preços de “commodities” estavam inviabilizando as comunidades das quais as organizações de comércio justo compravam. Ficou clara então, a necessidade de fortalecer a cooperação das organizações do norte com as do sul, aumentar as campanhas de sensibilização do consumidor e de adquirir mais influência no manejo do comércio internacional.

Estruturar e organizar o movimento e as bases para o mercado se tornava fundamental para o seu fortalecimento e crescimento, no final da década de 80 o movimento se

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O termo sul, assim como norte, se referem aos hemisférios do planeta. Entendendo que os países do hemisfério norte são considerados na sua maioria países ricos e os do sul considerados países pobres.

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Tradução: “comercialize, não ajude”.

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institucionalizava. Em 1987 se estabeleceu a Associação Européia de Comércio Justo – EFTA, formada pelas 11 maiores importadoras de comércio justo. A Associação Internacional de Comércio Justo – IFAT, composta atualmente por mais de 300 organizações de todos os continentes, importadores, produtores e organizações de apoio, formou-se em 1989 visando promover a melhoria da qualidade de vida através do comércio para produtores em desvantagem. Em 1984, ocorreu a primeira conferência de lojas especializadas em comércio justo e em 1994, as lojas especializadas se organizaram em uma associação, hoje composta por mais de 2.800, chamada Network of European World Shop – NEWS.

Entretanto, uma nova maneira de levar a proposta do comércio justo ao público em geral foi desenvolvida na década de 80, pelo padre holandês Franz Vanderhoff.

Trabalhando com pequenos produtores de café no sul do México teve a idéia de um selo de comércio justo. A Frente Solidária dos Pequenos Cafeicultores da América Central e Caribe83, uma associação latino americana de cooperativas de produção de café, já vinha discutindo com seus importadores, e

consequentemente suas lojas especializadas, saídas para viabilizar uma maior comercialização de café de comércio justo (Zufferey, 1998). Assim, produtos comprados e vendidos respeitando os princípios do comércio justo estariam qualificados para receber em suas embalagens um selo que os reconheceria entre outros produtos convencionais nas prateleiras de supermercados e permitiria outras empresas a se envolverem com o comércio justo. Em 1988, o selo de comércio justo “Max Havelaar” foi estabelecido na Holanda. O primeiro produto certificado foi o café produzido na cooperativa UCIRI, no Estado de Oaxaca, sul do México (Jaffe, Monroy & Kloppenburg, 2004). O resultado foi tão positivo que no período de um ano o café de comércio justo já possuía uma fatia de mercado de 3% na Holanda.

Durante os anos 90 outras organizações não governamentais de certificação se estabeleceram em diferentes países da Europa e Estados Unidos. Em 1997, estas organizações se unificaram em uma associação internacional chamada Fairtrade Labelling Organizations International, a FLO. Esta associação é hoje responsável pela definição dos padrões internacionais do comércio justo, certificação e auditorias para um grupo aproximado de dez produtos alimentares, e ainda outros como, algodão, flores e bolas de futebol. Atualmente,

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dois terços dos produtos de comércio justo são vendidos pelo grande varejo, ou seja, supermercados, lojas de departamentos e outros.

Em 1998 as quatro principais organizações européias de comércio justo, FLO, IFAT, NEWS e EFAT começam a trabalhar em conjunto, formando uma organização guarda chuva, denominada FINE, com o objetivo de favorecer a cooperação entre estas organizações em diferentes frentes de trabalho como monitoramento e definição de padrões e princípios do comércio Justo, campanhas de consumo consciente, e sensibilização política.

Também nos anos 90 e no início do século XXI, estabeleceram-se organizações regionais como: na Ásia o AFTF - o Fórum Asiático de Comércio Justo; a Cooperação para o Comércio Justo na África – COFTA; a IFAT Latinoamerica; e a CLAC - Coordenadora Latino-americana e Caribenha dos Pequenos Produtores84. Redes nacionais também foram criadas como: o ECOTA Fórum de Comércio Justo em Bangladesh; O Grupo de Comércio Justo do Nepal; Parceiros Associados para um Comércio mais Justo nas Filipinas; o Fórum de Comércio Justo da Índia; a Federação do Quênia para o Comércio Alternativo – KEFAT; o Fórum de Comércio Justo Peruano; a Plataforma Brasileira de Comércio Justo – FACES do Brasil85, entre outras.

O comércio justo tem início na América Latina nos anos 70 com o trabalho de organizações européias da sociedade civil que, em sua maioria, estavam ligadas às igrejas na organização de grupos de trabalhadores rurais e venda informal de seu artesanato. Nestas últimas três décadas o Brasil veio se desenvolvendo muito lentamente. Países vizinhos como Peru, Equador, Chile e Bolívia possuem organizações tradicionais que por mais de 15 anos já exportam produtos de comércio justo para a Europa e os Estados Unidos.

Como o estudo de caso apresentado nesta dissertação baseia-se no Brasil, é valido contextualizar o desenvolvimento do comércio justo neste país. Foram nos últimos 5 anos que um grupo de organizações da sociedade civil e organismos públicos iniciaram um movimento para reverter esta fraca participação do Brasil neste movimento, o FACES do Brasil – Plataforma Brasileira de Comércio Justo e Solidário possui no seu conselho político organizações como: Fundação Friedrich Ebert – ILDES; Visão Mundial; Onda Solidária;

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www.clac-pequenosproductores.org

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Imaflora; Sebrae Nacional; Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA; Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES do Ministério do Trabalho e Emprego – TEM; Instituto Kairós; Ecovida; RBSES – Rede Brasileira de Sócio Economia Solidária; dentre outras, promovendo encontros e grupos de trabalho para discutir e mobilizar grupos de produtores, setores econômicos e públicos do país com vistas ao fortalecimento e a construção de um sistema brasileiro de comércio justo e solidário. Este novo processo está trazendo um salto qualitativo que vem provocando debates, divulgando e consolidando conceitos em torno do tema. Hoje, efetivamente, o Brasil exporta artesanato do nordeste através da Visão Mundial para lojas de comércio justo na Europa, especialmente na Holanda. Produtos têxteis são exportados para a Europa através da ONG Onda Solidária, no estabelecimento da cadeia produtiva têxtil de comércio justo. E diversos produtos alimentares como sucos de laranja e tangerina, café, castanhas do Pará, entre outros, com o selo de comércio justo da FLO, para importadores europeus e americanos.

No campo das tendências do segmento solidário tem havido, nos últimos anos, uma crescente sensibilidade do consumidor e do investidor no sentido de demandar das empresas que elas ajam de maneira social e ambientalmente responsável. Hoje, diversas empresas se associam ao Instituto Ethos86, visando organizar e legitimar suas atividades em torno do conceito de responsabilidade social. O atual governo brasileiro instalou a Secretaria da Economia Solidária no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego. Coordenada pelo economista Paul Singer, tem o intuito de criar um foco específico para este setor da economia que vem crescendo dentro e fora do país. Seu objetivo é elaborar políticas de economia solidária que possam integrar programas de diversos ministérios e gerar trabalho em comunidades locais. Neste contexto foi formado na SENAES um grupo de trabalho com os diferentes atores brasileiros do comércio justo, sociedade civil e ministérios, que tem como objetivo a constituição de uma normativa pública que regulamente o comércio justo no país e seja o ponto inicial para a construção do sistema brasileiro de comércio justo.

A tendência de regionalização do comércio justo através do estabelecimento das organizações internacionais nos continentes começa a ser sentida no Brasil. A FLO anunciou a contratação de uma consultoria para organização do lançamento do selo de comércio justo

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Maiores informações no site www.ethos.org.br: “O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.”

FLO no Brasil, programado para 2007. Uma das principais importadoras francesas de produtos alimentares de comércio justo, a Altereco, planeja para 2007 o lançamento da sua marca com produtos brasileiros de comércio justo nos supermercados do nordeste do Brasil87.

2.5 - Principais Atores Internacionais

Existem hoje quatro grandes organizações guardas chuva que regem e protegem o movimento internacional de comércio justo e agrupam quase todas as organizações que atuam dentro deste sistema: IFAT, FLO, EFTA e NEWS (em seguida será apresentado um resumo sobre cada uma delas). Buscando se articular, fortalecer o movimento e realizar atividades mais estratégicas em conjunto, estas quatro organizações se organizaram um uma única instância organizacional denominada FINE. FINE é então a coordenação destas quatro organizações e funciona como um ponto de encontro formal para definir os caminhos e estratégias do movimento. Em seu escritório sediado na cidade de Bruxelas, na Bélgica, trabalha uma equipe responsável principalmente pelas atividades de sensibilização política do movimento, “advocacy”, onde estas quatro organizações são conjuntamente ouvidas e representadas.

Entretanto, outra articulação importante vem acontecendo entre os países do pacífico sendo eles, América do Norte, Austrália, Japão e Nova Zelândia. Estes países se uniram para formar uma federação internacional composta por atacadistas, varejistas e produtores de comércio justo, a Fair Trade Federation – FTF. Seus membros devem estar comprometidos em prover margens justas e oportunidades de trabalho dignas à produtores rurais e artesãos em desvantagem econômica em todo o mundo. De acordo com o resumo executivo do documento oficial88 referente ao comércio justo na América do Norte e no Pacífico, o crescimento de 2002 para 2003 representou 52%, com uma estimativa de faturamento de 376.42 milhões de dólares em 2004 e 499,36 em 2005. O crescimento deste mercado é mais elevado que na Europa, mantendo-se acima dos 40% nos últimos anos. Considera-se que com a entrada da rede de distribuição Wal Mart no comércio justo este nível de crescimento deva continuar. O grande impulso dado no mercado de comércio justo na região ocorreu em 1998 com a criação da certificadora de comércio justo nos Estados Unidos, Transfair USA,

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Para maiores detalhes visitar o site www.brasil.altereco.com.

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Estas informações podem ser encontradas em maiores detalhes no site www.fairtradefederation.org através do download do documento “2005 Report on Fair Trade Trends”.

apresentando um aumento de faturamento de 85,6 milhões de dólares em 2001 para 369 milhões em 2004.

A Transfair USA é especializada na comercialização de café, principal produto vendido neste mercado, entretanto outros produtos começam a crescer no comércio justo destas regiões como, por exemplo, cacao, açúcar, arroz, frutas frescas, o especialmente bananas, que representa o segundo maior mercado de comércio justo, e o chá que apresentou um crescimento significativo no Japão de 76% em 2003 e 78% em 2004. O café de comércio justo integrou o mercado de cafés especiais e se posicionou como o produto neste setor de maior crescimento, aumentando sua fatia neste mercado de 0,6% para 4,30%, e para 2,2% no mercado total de cafés entre os anos de 2002 e 2006. Esta evolução pode ser exemplificada através do número de licenças de utilização do selo de comércio justo para empresas da região, passando de 31 licenças em 1999 para 417 em 2005. Entre estas empresas encontram- se a Dunkin Donuts (a Newmans’s Own) que fornece café para mais de 650 lojas do Mac Donalds e a Starbuks, que representa 15% do mercado de café de comércio justo (Wilkinson, 2006).

Entretanto, voltando ao contexto Europeu onde está a base do movimento, as quatro organizações que formam a principal articulação de comércio justo, a FINE, são apresentadas em seguida com o objetivo de demonstrar a abrangência, o papel e representatividade de cada uma na formação e institucionalização do comércio justo.

2.5.1 - FLO - Federação das Organizações de Certificação de Comércio Justo: “Fairtrade Labelling Organizations International”89

A FLO é a organização mundial de certificação do comércio justo. Ela acredita certificadoras nacionais, tanto nos países do norte como do hemisfério sul. Criada em 1997, surgiu com o objetivo de promover e coordenar a formação de diferentes iniciativas nacionais de certificação impulsionadas pela Fundação Max Havelaar na Holanda e TransFair na Alemanha. Hoje, 17 destas iniciativas utilizam o mesmo processo de avaliação de critérios e indicadores através de um sistema comum de certificação. Na Holanda, França, Bélgica e Suíça utiliza-se o selo Max Havelaar. Já na Alemanha, Itália,

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Luxemburgo, Áustria, Canadá e Japão o selo é TransFair. Na Irlanda e no Reino Unido a certificação ocorre através do selo Fair Trade Mark (Zufferey, 1998). Em todos os casos estas iniciativas se agrupam abaixo do selo que as unifica e as identifica em toda a Europa como comércio justo, o selo FLO. Abaixo são apresentados os selos originais de cada iniciativa de certificação e os atuais no âmbito da FLO:

Atuais FLO: Originais:

As principais funções desta organização são: garantir a observância dos critérios de certificação de comércio justo por todos os atores da rede; administrar o fornecimento de produtos de acordo com a demanda e aconselhar grupos de produção em projetos de desenvolvimento, para isso a organização conta com uma equipe de marketing; dar apoio às aos produtores para que fortaleçam suas organizações e produção. Produtos certificados FLO recebem um selo e podem ser encontrados em lojas especializadas ou supermercados em toda a Europa. Atualmente, a FLO certifica na sua maioria produtos alimentares como café, chá, arroz, frutas frescas e secas, mel, castanhas, açúcar, cacao, sucos de fruta, vinhos, flores, plantas ornamentais, algodão, quinua e alguns produtos processados como suco de laranja, chocolate e bolas de futebol, sendo este último um projeto de certificação inovador dentro da organização. O café é tradicionalmente o principal produto em matéria de volume de vendas e foi o primeiro a ser certificado, a banana já vem assumindo a segunda posição como produto certificado mais vendido (FLO, 2003; Renard 2005).

O processo de certificação dos produtos passa por uma série de etapas incluindo auditorias de campo e estabelecimento dos indicadores de impacto. Ele permite que hoje, mais de 1 milhão de produtores e trabalhadores e aproximadamente 5 milhões de pessoas indiretamente, distribuídos por 50 países, se beneficiem do selo de comércio justo. Mesmo já sendo uma conquista significativa, é apenas em pequeno percentual da necessidade de atuação do movimento para efetivamente modificar a realidade dos produtores em desvantagem econômica, estima-se que existam mais de 400 milhões de pequenas fazendas, com menos de 2 hectares, e pelo menos mais 100 milhões de famílias na produção agrícola no mundo (Nagayets, 2005 apud Wilkinson, 2006). A FLO garante ao consumidor que o produto encontrado em qualquer estabelecimento com o selo de comércio justo está de acordo com os princípios do comércio justo e contribui para o desenvolvimento de produtores e trabalhadores em desvantagem e excluídos do mercado convencional. Sua lógica está em estimular a demanda promovendo a confiança do consumidor (Goodman, 2004).

Em 2004 o número de organizações de produtores certificados chegava a 390 e o número de licenças para a utilização do selo era de 550, ou seja, organizações autorizadas a usar o selo para a venda ao consumidor final, em 19 países da Europa, América do Norte, México, Japão, Austrália e Nova Zelândia. No sistema FLO as organizações de produção concentram-se em produtos agrícolas na América Latina, diferente da IFAT que tem uma maior concentração de grupos produtores em artesanato na Ásia. Em seu processo de

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