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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

2.4 O AMBIENTE E OS SUJEITOS DA PESQUISA

Cunha, Amaral e Dantas (2015) caracterizam população ou universo de uma pesquisa como “[…] o agregado de todos os casos que se enquadram em um conjunto de especificações previamente estabelecidas.”. Ou seja, é a totalidade de indivíduos com características iguais ou semelhantes que definirão um determinado estudo. Sendo impossível considerar a total abrangência do universo, costuma-se trabalhar com amostras.

O universo desta pesquisa compreende a OEI, que tem a sua atuação na cooperação entre os povos ibero-americanos, para as áreas da educação, ciência e cultura16. Deste universo, os sujeitos escolhidos para

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CEIP é um órgão da Administração Nacional de Educação Pública responsável pelo ensino da Educação Básica e Primária do Uruguai.

16A OEI, criada em 1949 foi resultado de um acordo estabelecido no Primeiro

Congresso Ibero-americano de Educação, celebrado em Madri. Em princípio, era denominada de Escritório de Educação Ibero-Americana, e com caráter de agência internacional. Em 1954 ganhou o status de organismo intergovernamental. Os primeiros estatutos da OEI foram

participar da pesquisa foram: a) 1 representante da OEI em Espanha; b) 1 representante da OEI no Uruguai; c) 2 professores do projeto Luces para Aprender17; d) 2 representantes da OEI no Brasil18.

A Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Cultura e a Ciência (OEI) faz parte do Sistema Ibero-Americano Intergovernamental constituído por cinco organismos internacionais: a Secretaria Geral Ibero-Americana, e os Organismos Ibero-Americanos Setoriais que são: a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, OEI; a Organização Ibero-Americana de Juventude, OIJ; a Organização Ibero-Americana de Segurança Social, OISS; e a Conferência de Ministros da Justiça dos Países Ibero- Americanos, COMJIB. (SEGIB, 2018).

O governo da OEI é exercido por três órgãos, por meio dos quais cumpre os seus objetivos (OEI, 1985a):

a) Órgão legislativo – Assembleia Geral que é a suprema autoridade constituída por Delegações Oficias dos Estados-Membros e cuja sede está localizada na cidade de Madri, na Espanha; Reúne-se a cada quatro anos, no último quadrimestre do ano. A XII Assembleia Geral da OEI, realizada em 2014 na Cidade do México, elegeu pela primeira vez um brasileiro para presidir a Secretaria Geral da Organização. (OEI, 2014a). b) Órgão delegados – Conselho Diretivo (É um órgão de governo e de administração, integrado por Ministros do ramo da Educação ou Representantes. O secretário geral da OEI é o presidente do Conselho Diretivo) e Secretaria Geral (Constitui-se em direção executiva, com representatividade perante as relações com os Governos em geral, Organizações Internacionais e entidades associadas. O titular da Secretaria Geral é eleito pela Assembleia Geral por votação absoluta); c) Órgão de consulta – Conferências Ibero-americanas convocadas para fortalecer o processo educativo, científico e cultural e dar-se-ão sob as

aprovados em 1957 e esteve vigente até 1985, quando seus objetivos foram estendidos e houve a modificação do nome para o atual, passando englobar a cultura, ciência e tecnologia. (OEI, [2017a]). O capítulo 3 detalha o panorama histórico e atual da OEI.

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Os professores não são do quadro de servidores da OEI, mas foram considerados dentro deste universo porque estão ligados ao projeto que é uma iniciativa da Organização.

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Um dos sujeitos é da Universidade Federal do Ceará, mas foi considerado dentro desta amostra pois foi indicado pela representante da OEI Brasil por ter participado do treinamento com os professores onde o projeto funcionou no Brasil, no Ceará.

denominações de Conferencia Iberoamericana de Educación, Conferencia Iberoamericana de Ciencia y Tecnología ou Conferencia Iberoamericana de Cultura, de acordo com os eixos específicos.

Integram a OEI, os Estados-Membros de pleno direito, que são os países ibero-americanos que tem como língua oficial o português ou o espanhol ecompõem a comunidade de nações, formada por Andorra, Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, República Dominicana, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Guiné Equatorial, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela, estando estabelecido em regimento e estatuto dois diomas oficiais, o espanhol e o português. (OEI, 1985b; SERIKAWA, 2016).

A OEI conta ainda com países observadores da qual fazem parte uma comunidade de países que adotam o português como língua oficial, na África e na Ásia: Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Alguns países que não adotam o português ou o espanhol como língua oficial também são membros observadores, a saber: Antígua y Barbuda (inglês) , Bahamas (inglês), Barbados (inglês), Belice (inglês), Filipinas (inglês e língua filipina), Granada (inglês), Haiti (língua francesa, língua crioula haitiana), Ilhas Turcas y Caicos (inglês), República Árabe Saharaui Democrática (língua oficial não tem; línguas regionais: árabe, espanhol e berbere), San Cristovão e Neves (inglês), São Vicente e as Granadinas (inglês), Santa Lúcia (inglês) e Trinidad e Tobago (inglês). (SERIKAWA, 2016).

A escolha dos sujeitos deu-se pelo fato de que são representativos em suas áreas e de que a entrevista com especialistas19 é um procedimento bastante utilizado na área da Educação, em especial nos estudos sobre avaliação de políticas educacionais, segundo Weller e Zardo (2013). As autoras citam ainda Meuser e Nagel, professor e professora alemães, que afirmam que especialistas são aqueles que de alguma forma são responsáveis por conceber, implementar e controlar um programa. Ou ainda, aqueles que possuem um acesso privilegiado a informações sobre grupos, conselhos administrativos e sobre processos de decisão, não só do alto escalão, mas também os especialistas que ocupam cargos intermediários.

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A entrevista de especialistas é considerado um método de pesquisa qualitativa, destinada a explorar o conhecimento especializado, e cujo desenvolvimento e aplicação tem sido encontrado com mais frequência desde os anos de 1990. (MEUSER; NAGEL, 2009).

Nesta perspectiva, pode-se dizer que, dependendo da função que exercem, os sujeitos selecionados são representativos e vivenciam três dimensões/visões experienciais que envolvem o LPA: uma visão administrativa geral, uma administrativa regional e a visão dos professores. Se esses sujeitos se situam ou vivenciam um fenômeno educacional – e aqui abarcamos a competência em informação, pois é num ambiente educacional que tentamos compreendê-la – pode-se dizer que os mesmos (os sujeitos) estão credenciados para ajudar a entender o fenômeno. Para justificar tal afirmativa, recorre-se a Bicudo e Espósito que afirmam:

Na pesquisa fenomenológica educacional sempre haverá um sujeito, numa situação, vivenciando o fenômeno educacional.

Deve-se atentar que esta situação está no mundo da experiência, o “mundo vivido” que só se constituirá a partir de um sujeito que o vivencie. Ele, o sujeito que experiencia, é nosso alvo pois só se pode olhar as “coisas mesmas” a partir do momento em que elas se manifestam para o sujeito que as interrroga. (BICUDO; ESPÓSITO, 1997, p. 25).

Uma pesquisa fundamentada na fenomenologia jamais abandona o solo da experiência, posto que o “homem é de início ser-no- mundo” (DARTIGUES, 1973, p. 48). Neste sentido, os informantes selecionados permitiram trabalhar com a realidade tal como foi vivida e narrada.

Nos próximos capítulos, serão abordados aspectos teóricos e conceituais acerca da competência em informação e suas dimensões, contextualizando-as em ambiente de aprendizagem de comunidades vulneráveis.

Para tanto, inicia-se com um panorama atual e histórico da OEI e do LPA, visto ser importante conhecer o ambiente específico em que se investiga a competência em informação. Acredita-se que assim, políticas ou programas voltados à temática serão melhor desenvolvidos, aplicados e compreendidos em sua amplitude. Deste modo, contemplamos o objetivo específico a deste estudo.

Quando se fala de competência em informação e suas múltiplas dimensionalidades, também cabe fazê-lo refletindo sobre a sociedade da informação e dos direitos humanos, já que muitas vezes esses direitos são violados, levando comunidades a situações de vulnerabilidades

múltiplas, colocando-as numa rede de difícil desvencilhamento, que acaba por subtrair ainda mais as condições que lhes proporcionem cidadania, autonomia e capacidade de reflexão perante o mundo em que vivem.

A OEI, por meio do LPA e de suas inúmeras ações, em busca de uma educação equitativa, pode ser entendida como mecanismo de mediação da informação e do conhecimento, na medida em que institui programas de aprendizagem ao longo da vida. Tal atuação, pretende se dar em diversos eixos, e o da educação em escolas rurais, ganha reforço com o LPA.

3 PANORAMA HISTÓRICO E ATUAL DA OEI E LPA: PROMO-

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