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no ambiente da silvicultura brasileira e requer atenção máxima dos especialistas

No documento Anuário brasileiro da silvicultura 2009 (páginas 42-44)

NO TOPO

Outra discussão em tor- no das mudanças no Código Florestal relaciona-se às APPs de topo de morro. No entanto, o debate já se inicia pela falta de uma definição clara do ter- mo morro. “Você pode procurar nos li- vros de morfologia que não vai encontrar a palavra”, alerta o pesquisador Gustavo Curcio. Devido a este fato, no entender da Embrapa Florestas, podem haver gra- ves problemas na aplicação da lei.

A proposta da instituição é que seja analisada a vulnerabilidade nas encostas

dos topos de morro. “Existem topos de morros amplos, com solos profundos, ar- gilosos e localizados em relevos de baixa declividade, o que significa potencial de uso”, observa. “Mas também há encostas com solo raso, menores teores de argila e em maiores declividades, nestes casos apresentando necessidade de cuidados especiais no sistema de produção”.

O Brasil é um país de muita diversi- dade. Como ela está presente também em seu relevo, Cursio observa que a lei não deveria generalizar. “Cada caso deve ser analisado; o técnico deve ir a campo e ve- rificar as variáveis. Essa é a nossa proposta.

Algo com rigor pode dar mais trabalho, mas precisamos exercer a ciência, pois o País investe forte na pesquisa”, defende.

Para o pesquisador, as mudanças no Código Florestal são importantes, pois, desde a criação do atualmente em vigor, em 1965, o Brasil evoluiu em relação aos estudos científicos. “Para se ter uma ideia, o primeiro mapa do Brasil é de 1960. Na época em que a lei foi criada, não havia informações sobre os solos. O código contemplou a árvore, e foi bom pois ajudou na preservação, mas agora a lei precisa ser exercida de acordo com os fatores de cada ambiente”, assinala. Com a experiência de mais de duas décadas mapeando o

Brasil e percorrendo rios, o pesquisador Gustavo Curcio, da Embrapa Florestas, de Colombo (PR), apresenta considera- ções técnicas importantes que podem ajudar nas definições da atualização do Código Florestal.

O tema atualmente é um dos mais abordados em vários se- tores públicos e privados, incluindo o Ministério da Agricul- tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Congresso Nacional. Nesta discussão, opiniões diversas ganharam destaque e, em alguns casos, ge- raram dúvidas no público leigo. Com o intuito de colaborar, Curcio explica, baseado em estudos realizados, alguns aspec- tos relacionados a

Áreas de Preservação Permanentes

(APPs) e de Reserva Legal (RL)

.

As Áreas de Reserva Legal, conforme a Embrapa Florestas, são aquelas que deveriam estar cobertas por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o fluxo gênico de fauna e flora. Ao mesmo tempo, destinam-se a pro- teger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Nestas destacam-se as áreas às margens de rios, chamadas de matas (ou florestas) ciliares, e de topo de morro.

Em relação às margens de rios, o pesquisador destaca que elas devem ser determinadas de acordo com as características da encosta, levando-se em conta a declividade próxima ao leito, a

textura e a espessura do solo. “A lei estabelece as áreas protegidas de acordo com a largura dos rios. No entanto, há outros fatores que causam maior ou menor pressão sobre a água, que é um grande bem natural e deve ser preservado”, ressalta.

No que diz respeito à declividade próxima ao leito, Curcio lembra que, quanto maior ela for, isso se refletirá também na erosão. Já a observação do solo deve se ater ao cuidado: se é argi- loso ou arenoso. Este último é mais suscetível à erosão. E ainda envolve a profundidade: “Quanto menor ela for, fica mais com- prometida a capacidade de filtragem”, refere. Observando-se es- tes três aspectos, as APPs deveriam ter larguras mais expressivas em solos arenosos e rasos e em relevos declivosos.

A Embrapa Florestas considera ainda mais duas posições em relação aos ambientes fluviais. A primeira destaca que, além da presença da cobertura vegetal nativa ciliar, a vegetação de APP ao longo dos rios deve ser mantida ou recomposta desde o nível mais alto, atingido nas cheias, em faixa marginal, respeitando a presença recorrente das águas e suas implicações.

Já a segunda posição reconhece que a recomposição da vegetação de APP deve ser realizada com espécies nativas do ecossistema, de tal modo que as suas funções ambientais pos- sam ser cumpridas e a sua forma recuperada. Desta maneira, em ambiente campestre, devem ser constituídas, predomi- nantemente, por espécies nativas herbáceas e, em ambientes florestais, por espécies nativas arbustivas e arbóreas.

With an experience of two decades mapping the Brazilian territory and exploring rivers, researcher Gustavo Curcio, from Embrapa Forests, based in Colombo (PR), comes up with impor- tant technical considerations that could help with updating the Forest Code.

The subject is being extensively consid- ered by several private and public sectors,

including the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa); the Ministry of the Environment (MMA) and National Congress. In this debate, differ- ent opinions have captured the attention of the people involved and, in some cases, gave rise to doubts among the general public. With the intention to collaborate, Curcio, based on recent studies, explains

different aspects linked to

Permanent

Preservation Areas (PPAs) and

Legal Reservation (LR)

.

Legal Reservation Areas, according to Embrapa Forests, are the ones sup- posed to be covered with native vegeta- tion, with the environmental function to preserving water resources, original landscapes, geological stability, biodi-

An update to the Brazilian Forest Code is gaining

momentum within the Brazilian silviculture context

No documento Anuário brasileiro da silvicultura 2009 (páginas 42-44)

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