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2 PROCESSO EDUCACIONAL E ACESSIBILIDADE PARA O PÚBLICO SURDO

2.4 Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) no processo de ensino dos Surdos

ensino dos Surdos

Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) podem ser definidos como sistemas capazes de auxiliar no gerenciamento de cursos ou programas de aprendizagem, possibilitando uma avaliação real do aluno e sua interação com o professor. Neto (2013, p.9) afirma que, “os AVA vieram com o foco no desenvolvimento da aprendizagem do aluno e não apenas no conteúdo” e cita algumas das vantagens existentes:

 Redução de custos;

 Rápida distribuição e alteração dos conteúdos;

 Permite ao aprendiz fazer seu próprio percurso;

 Disponibilização de recursos interativos, tais como e-mail, fórum, sala de discussão, e vídeo conferência para sistematizar as intervenções; e

 Disponibilidade a qualquer hora e local (NETO, 2013, p. 10 apud GOMES et al. 2010).

O modelo de ensino-aprendizagem deve permitir que os usuários criem conteúdos e discursões entre si, sendo este conteúdo apresentado em forma de texto, áudio, imagens, vídeo ou vídeo conferência. Um AVA pode quebrar barreiras existentes no modelo presencial de ensino, tornando possível que estudantes com algum tipo de deficiência possam adquirir uma formação acadêmica, abrindo espaço para todos que tenham acesso à Internet. Canal (2015, p.31) alerta que, apesar de facilitar o acesso ao conteúdo de aprendizagem, os designs dos AVA ainda deixam a desejar no quesito acessibilidade, tornando um curso ou capacitação inacessível para alguns, e destaca problemas encontrados:

que somente são visíveis quando o mouse está em determinada posição, grandes níveis de profundidade de navegação, uso combinado de teclas);

 A apresentação de conteúdo textual relevante dentro de imagens gráficas, que pode impedir que um usuário que navegue somente por texto (comum entre pessoas com de deficiência visual) tenha acesso a ele; e

 Palavras ditas em um arquivo de áudio são indisponíveis para alguém que é surdo (CANAL, 2015).

Mota (2012, p.23) discorre que um AVA deve atender aos requisitos de acessibilidade, promovendo possibilidades para que os usuários possam alcançar todos os objetivos de um curso de forma satisfatória, sendo que o processo de aprendizado não é construído apenas utilizando a tecnologia. Para que o modelo de e-learning funcione, os princípios que norteiam o modelo educacional presencial devem estar contidos na ferramenta.

O que se espera de uma sociedade inclusiva é que tanto seus serviços, como o pessoal envolvido estejam capacitados para receber a diversidade. Um ambiente AVA deve ser projetado para atender a demandas de acessibilidade desde o seu desenvolvimento, porém não é o que acontece na maioria dos casos: “a realidade encontrada é de que a maioria das instituições de ensino que utilizam AVA considera as questões de acessibilidade somente quando um estudante com deficiência se matricula em algum curso” (CANAL, 2015).

Para o público surdo é necessário que as informações em áudio ou vídeo contenham legenda ou vídeo de tradução do conteúdo abordado, com uma fácil e amigável interface gráfica e organização de conteúdo de forma estruturada. Ao propor um ambiente de e-learning para atender a necessidades do público surdo é importante que cada bloco de texto apresente um vídeo de tradução e com fácil referência de preferência ao lado do bloco. São opções como essas que fazem com que o público surdo sinta sua identidade respeitada e ao mesmo tempo reforça as habilidades interpretativas e leitura, criando um espaço de aprendizagem autônoma.

Para quem precisa desenvolver um produto para atender a um determinado público alvo precisa entender a necessidade desse público. Pensando nessa problemática, Abreu (2010) realizou um estudo em busca de recomendações para plataformas de apoio à aprendizagem de Libras.

Depois de concluída a pesquisa, as recomendações foram divididas em três grupos: recomendações genéricas para surdos, recomendações específicas para sistemas de alfabetização

de crianças surdas e atividades úteis na alfabetização de crianças surdas. Abaixo estão algumas das recomendações:

Recomendações genéricas para surdos

R1- Usar transcrição de texto para podcasts;

 R2- Fornecer alternativas de textos equivalentes a conteúdo visual Explicação;

 R3- Possibilitar várias maneiras de leitura de documento;

 R4- Adaptar os recursos da interface para surdos;

 R5- Fornecer uma descrição em vídeo da informação de áudio relevante em uma apresentação multimídia. Complementar o texto com apresentações gráficas ou visuais sempre que elas facilitarem a compreensão da página/interface; e

 R6- Divida grandes blocos de informação em grupos menores quando apropriado.

Recomendações específicas para sistemas de alfabetização de crianças surdas  R11- Sistemas desenvolvidos para apoiar o processo de alfabetização de crianças surdas devem utilizar uma linguagem compreensível pelas crianças;

 R12- As atividades de alfabetização devem partir do conhecimento que as crianças já têm para então explorar novos conceitos;

R13- Proporcionar um feedback para a criança em relação a suas atividades. Este feedback deve ser em uma linguagem que a criança surda entenda;

 R14- Oferecer informações da interface de forma redundante;

 R15- Propor atividades que exploram cenários concretos conhecidos pela criança; e

 R16- Oferecer sequências simples e consistentes de interação;

Atividades úteis na alfabetização de crianças surdas

 A1- Considerar a possibilidade de se propor situações nas quais seja possível realizar atividades em grupo ou em dupla;

 A2- Propor atividades para aumentar o vocabulário do surdo; e

 A3- Propor atividades que ensinem o significado de conceitos concretos e abstratos.

As recomendações encontradas nessa pesquisa têm como principal contribuição a melhoria na qualidade de desenvolvimento de interfaces focadas na qualidade do uso de sistemas de alfabetização de Libras.

O método a ser desenvolvido nesta pesquisa terá como referência as recomendações geradas no trabalho de Abreu (2010), com o objetivo de estar mais próximo da realidade do público alvo, não deixando de realizar novas entrevistas e questionários para verificar se as exigências sofreram alterações ou surgiram outras.

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