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3 Técnicas de Inspeção para Diagramas de Fluxos de Atividades

3.6 Ameaças à validade

Durante a execução desta quasi-revisão sistemática, algumas ameaças à validade foram identificadas. Uma delas está relacionada ao vocabulário não definido na área, pois apesar da revisão inicial da literatura para a busca de termos utilizados pela comunidade, referentes à inspeção e diagramas de fluxos de atividades, existe ainda a possibilidade de que algum termo não conhecido até então tenha sido utilizado em algum artigo e, portanto, não foi retornado por não ter sido contemplado pela string de busca.

Outra ameaça à validade está no possível viés do aspecto humano. Um segundo pesquisador participou da seleção dos artigos para validar os resultados do primeiro pesquisador. Essa foi uma tentativa de evitar ao máximo os equívocos cometidos no decorrer da seleção pelo primeiro pesquisador, porém ainda assim erros humanos são passíveis de ocorrer.

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3.7 Conclusão

O resultado final desta quasi-revisão sistemática identificou apenas quatro artigos relevantes para a questão de pesquisa. O trabalho de TANRIÖVER e BILGEN (2007) apresenta uma técnica de leitura, com foco tanto no aspecto sintático, quanto no semântico, apesar do último aspecto não ter sido muito explorado. Características presentes nos diagramas de atividades da UML 2 também não foram contempladas, tais como bifurcação/sincronização, pré e pós-condições.

O trabalho de COOPER et al. (2007) apresentou um estudo realizado que identificou alguns pontos em que os inspetores tiveram maior dificuldade em inspecionar o diagrama de sequência, com o seu código correspondente. Apesar dos resultados obtidos, o estudo realizado foi uma prova de conceito e, portanto, mais estudos com maior rigor formal deveriam ser executados para agregar mais força nos resultados encontrados.

O trabalho de DE MELLO et al (2010) é o de maior relevância para este protocolo, que consiste em um checklist para inspecionar diagramas de atividades que descrevem casos de uso, porém apenas uma prova de conceito foi realizada, não apresentando, portanto, evidência sobre sua viabilidade. Este checklist (mencionado na seção 2.4.3) foi evoluído e é apresentado em DE MELLO (2011).

O trabalho de MASSOLLAR et al. (2011), única pesquisa relevante encontrada na atualização desta quasi-revisão sistemática, trata de uma evolução DE MELLO et al. (2010), onde uma nova versão do checklist é brevemente apresentada, entretanto o foco do artigo foi avaliar a ferramenta UseCaseAgent através do checklist.

Apesar da existência de técnicas de inspeção em diagramas de fluxos de atividades, os resultados obtidos nas duas rodadas desta quasi-revisão sistemática indicam a carência de técnicas de inspeção que garantam a verificação de consistência entre diagramas de fluxos de atividades (atividades e estados) no contexto de um mesmo projeto. A falta de disponibilidade de tecnologias aliada a necessidade de prover este tipo de técnica para os projetos atuais reforçam a oportunidade de criação de uma técnica de inspeção para preencher esta lacuna. Desta forma, uma proposta de técnica para inspecionar diagramas de estados com diagramas de atividades é apresentada no próximo capítulo.

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4 Técnica de Leitura para inspecionar Diagramas

de Estados com referência nos Diagramas de

Atividades

Este capítulo apresenta a primeira versão da técnica de leitura proposta que possui a finalidade de inspecionar diagramas de estados utilizando como referência os diagramas de atividades representando a especificação de casos de uso. As premissas da técnica de leitura e a relação entre os diagramas também são discutidas neste capítulo.

4.1 Introdução

Os resultados da quasi-revisão sistemática (Capítulo 3) indicam a existência de algumas técnicas de inspeção aplicadas a diagramas de fluxos de atividades, porém não foi encontrada na literatura técnica alguma técnica de inspeção que explore veementemente o aspecto semântico. As técnicas que foram encontradas pela revisão possuem um foco maior no aspecto sintático.

O trabalho de TANRIÖVER e BILGEN (2007) consiste em uma série de recomendações para inspeção de uma variação do diagrama de atividades, porém alguns recursos semânticos da UML 2 (OMG, 2011) não foram contemplados e, portanto, a verificação semântica é pouco explorada. COOPER et al. (2007) propôs a inspeção em diagrama de sequência e de código Java, através de UBR e de Análise de Protocolo, e indicou questões que mostram uma maior dificuldade em indicar qual a linha do código que era executada, dado um diagrama de sequência.

Actcheck (DE MELLO, 2011) propõe uma técnica de inspeção que em sua primeira versão é composta por dois checklists. Essa técnica de inspeção possui o foco semântico, além do foco sintático, porém com base nos resultados do experimento realizado, para a detecção de defeitos semânticos, o checklist pouco auxiliou, pois as instruções são genéricas e dependem muito da experiência do inspetor para que esse tipo de defeito seja identificado.

50 Assim, apesar das técnicas de inspeção encontradas, identificou-se uma carência de tecnologia nesta área, principalmente no que diz respeito à inspeção envolvendo a comparação com diagrama de estados.

A ideia de propor uma técnica de leitura está relacionada à maior taxa de detecção de defeitos (PORTER et al., 1995; SHULL, 1998) quando comparada com os demais tipos de técnicas de inspeção como, por exemplo, ad-hoc e checklists. As técnicas de leitura possuem a característica de ter um maior foco semântico na detecção de defeitos, além de também ajudar a capturar defeitos sintáticos. Existem técnicas de leitura aplicáveis a diagramas de projeto, como OORTs (TRAVASSOS et al., 1999). Entretanto, OORTs ( apresentado na seção 2.4.3) não contempla os diagramas de atividades nas inspeções. O motivo é que, na época da sua criação, diagramas de atividades ainda não eram frequentemente utilizados em projetos de software. Desta forma, surgiu a ideia de incorporar a OORTs uma técnica de leitura que utilizasse esse diagrama, aumentando assim a cobertura desta família de técnicas de leitura.

As técnicas de OORTs realizam a inspeção comparando dois diagramas. Os diagramas de estados podem ser considerados uma representação dual dos diagramas de atividades, pois os eventos que provocam a transição de estados representam ações ou atividades nestes diagramas. Portanto, para apoiar a leitura dos diagramas de estado foi então escolhido o diagrama de atividades. A Figura 4-1 ilustra o conjunto de técnicas de leitura que compõem OORTS com a inclusão da nova técnica de leitura para diagramas de estados utilizando o diagrama de atividades como referência.

Figura 4-1 Representação gráfica da Técnica de Leitura de Diagramas de Estados com Diagramas de Atividades dentro do contexto de OORTs.

51 Assume-se que os diagramas de atividades utilizados na inspeção modelam as descrições de casos de uso, seguindo a abordagem proposta por MASSOLLAR (2011), representando assim o comportamento do sistema. Devido a essa característica, os digramas de atividades na Figura 4-1 estão dispostos entre a especificação de requisitos e o nível de projeto, pois os diagramas são também inerentes à fase de projeto, mas como estes diagramas representam as descrições de casos de uso, esses estão posicionados também na fase de especificação de requisitos (momento de transformação).

Na seção 4.2 são apresentados os detalhes dos diagramas de atividades utilizados como referência na técnica de leitura Shiô. Na seção 4.3 são apresentadas as premissas definidas para a aplicação da técnica de leitura. A relação entre os diagramas de estados e de atividades é apresentada na seção 4.4. A primeira versão da técnica de leitura é apresenta na seção 4.5 e, por fim, a conclusão deste capítulo está apresentada na seção 4.6.

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