• Nenhum resultado encontrado

Fonte:Google Earth

Figura 7. Imagem de satélite dos 15 pontos estabelecidos para coleta de água visando à análise das variáveis

físicas e químicas no reservatório de Cachoeira Dourada, durante do período de novembro de 2006 a dezembro de 2007.

3.4 Amostragem Biológica: Fitoplâncton

As amostragens do fitoplâncton foram realizadas nos meses de dezembro de 2006/verão, maio de 2007/outono e novembro de 2007/primavera, nos cinco pontos de amostragem pré-estabelecidos (pontos 1, 2, 3, 4 e 5) distribuídos ao longo do gradiente longitudinal no reservatório de Cachoeira Dourada (Figura 4).

A amostragem do fitoplâncton foi baseado nos princípios do AquaRAP, um projeto internacional e multidisciplinar destinado a identificar áreas prioritárias para conservação e manejo sustentável nos ecossistemas aquáticos. Seu objetivo principal é determinar o valor biológico e o estado de conservação dos ecossistemas de água doce tropicais, para divulgar os resultados o mais rápido possível a autoridades, conservacionistas, cientistas e agências internacionais de financiamento.

Baseado nestes princípios as coletas de fitoplâncton foram realizadas apenas em períodos considerados determinantes na mudança das variáveis físicas, químicas e biológicas na área do reservatório de Cachoeira Dourada.

As coletas para análise quantitativa foram realizadas com auxílio da garrafa de Van Dorn, e as foram amostras foram fixadas em lugol acético a 1% e armazenadas em frascos de vidro tipo âmbar de 150 ml de volume e preservados com 7,5 ml de formaldeído a 40% neutralizado, resultando em uma concentração final de 2% segundo Norma Técnica L5.303 (CETESB, 1990 b).

33

Em laboratório foi realizada a análise da densidade com auxílio de câmaras de sedimentação de 2ml, segundo o método descrito por Utermöhl (1958). A contagem do fitoplâncton foi feita pelo método dos transectos, utilizando-se microscópio invertido da marca Zeiss, modelo Axiovert, com aumento máximo de 1000 vezes.

O volume sedimentado foi definido de acordo com a concentração de algas e/ou detritos presentes na amostra e o tempo de sedimentação conforme a altura da câmara, sendo de no mínimo três horas para cada centímetro de altura da câmara, segundo o procedimento proposto Wetzel e Likens (1991). A contagem foi realizada aleatoriamente, por campos .

O limite de contagem foi determinado por meio da estabilização da curva de espécies, no qual um número suficiente de campos é contado até que se estabilize o número de espécies adicionadas por campo (SANT’ANNA et al., 2006), quando possível obtendo o número de 100 indivíduos por espécie.

Os indivíduos (células, cenóbios, colônias ou filamentos) foram enumerados em campos aleatórios (UHELINGER, 1964). Os resultados foram expressos em densidade (org.mL-1) e calculados de acordo com a fórmula descrita por Ross (1979).

Organismos.mL-1 = (n/sc). (1/h).(F) Em que:

n = número de indivíduos efetivamente contados s = área do campo em mm2

no aumento de 40X c = número de campos contados (40 campos) h = altura da câmara de sedimentação em mm. F = fator de correção para mililitro (103

mm3 / 1 mL)

Para a análise qualitativa, foi utilizada uma rede de plâncton com 20 μm de abertura de malha, realizando-se varreduras horizontais e verticais combinadas (Fig. 3), visando concentrar o material para a análise taxonômica. Os organismos retidos na rede foram acondicionados em frascos de polietilenos e fixados em solução de formaldeído a 4 %.

Em laboratório as amostras foram analisadas utilizando-se lâminas e lamínulas, sob microscópio binocular comum da marca Carl Zeiss, modelo Axioscop, com resolução máxima de 2560 vezes, e identificadas sempre que possível, ao menor nível taxonômico, utilizando-se bibliografia especializada.

Para a identificação dos organismos, foram consultadas especialmente as obras de Anagnostidis e Komárek (1988), Azevedo et al., (1996), Bourrely (1968, 1970, 1972),

34

Cromberg e Komárek (1994), Desikachary (1959), Komárek (1974), Komárek e Anagnostidis (1986, 1989, 1999), Komárek e Fott (1983), Komárek e Kilng (1991), Komárková-Legnerová e Eloranta (1992), Krammer e Lance-Bertalot (1986, 1991), Phillipose (1967), Prescott (1962) e Weber (1971), entre outros.

As categorias de tamanho (nano e micro) identificadas na comunidade fitoplanctônica seguiram a classificação de Sieburth (1978) (Tabela 1).

Tabela 1. Subdivisão dos organismos planctônicos de acordo com o tamanho (SIEBURTH, 1978).

Dimensão Nome Forma de vida

0,2- 2 Picoplâncton Algas unicelulares e bacterias 2-20 Nanoplâncton Algas unicelulares e protistas 20-200 Microplâncton Células grandes e cenóbios 200 - 2mm Mesoplâncton Grandes algas coloniais

Índice de Diversidade (H’)

O Índice de diversidade permite estabelecer métricas que se relacionam com a riqueza, o número de espécies presentes e a uniformidade da distribuição das abundâncias relativas dos indivíduos de cada espécie (PIELOU, 1966 citado por BRANCO, 1991).

O índice de Shannon-Wiener (1963), foi calculado pela fórmula:

n

H’= - ∑ piLog2 pi

i=1

Em que: pi= ni/n

ni = número total de indivíduos de cada táxon na amostra n = número total de indivíduos na amostra

Equitabilidade

Segundo Pielou (1975), a diversidade máxima pode ser encontrada quando todas as espécies estiverem igualmente distribuídas. Neste caso, o índice de diversidade pode ser considerado como uma medida da equitabilidade, a qual é expressa como a razão entre a diversidade real e a diversidade hipotética (distribuição uniforme das espécies), de acordo com a seguinte fórmula:

E = H” H” Max Em que:

35

H” Max = log2 S

Os valores de equitabilidade variam entre zero e 1 sendo que o valor do índice de equitabilidade igual a 1 representa a condição em que as espécies estão igualmente distribuídas. A equitabilidade expressa a forma com que os indivíduos estão distribuídos entre os táxons e a riqueza de uma amostra equivale ao número total de táxons nela presente.

Riqueza (S)

Foi considerada como o número total de táxons encontrados por amostra.

Abundância e dominância de espécies

O critério utilizado para a determinação de grupos abundantes e dominantes foi aquele descrito por Lobo e Leighton (1986).

De acordo com este critério são considerados abundantes aqueles táxons cuja densidade foi maior do que o valor da densidade média, em função do número total de indivíduos das espécies ou grupos presentes na amostra, e dominantes aqueles cuja densidade supera 50% do número total de indivíduos presentes na amostra.

Freqüência de ocorrência (F) (%)

As espécies foram classificadas de acordo com o índice proposto por Dajoz (1973), adotando-se os critérios de Tucci (2002).

Constantes: Espécies presentes em 80% ou mais das amostras

Freqüentes: Espécies presentes em 50% ou mais e em menos de 80% das amostras Comuns: Espécies presentes em mais de 20% e em menos de 50% das amostras

Raras: Espécies presentes em 20% ou menos das amostras F = Pa/P * 100

Onde: Pa = número de amostras em que a espécie “a” está presente P = número total de amostras analisadas.

Grupos funcionais

O agrupamento das espécies em diferentes grupos funcionais foi baseado nos critérios sugeridos por Reynolds et al., (2002). Esse agrupamento e discussão dos grupos funcionais foram realizados para as espécies classificadas como espécies abundantes de acordo com os critérios de Lobo e Leighton (1986) (Tabela 2).

36

Tabela 2. Tabela extraída do trabalho de Reynolds et al., (2002), apresenta a classificação atualizada em relação

ao trabalho do mesmo autor de 1997.

Códon Habitat Representantes típicos Tolerâncias Sensibilidades

A Lagos transparentes freqüentemente bem misturados, pobres em base

Urosolenia,

Cyclotella comensis Baixas concentrações de nutrientes

Aumento do pH

B Lagos mesotróficos

pequenos a médios, mistos verticalmente,

Aulacoseira subarctica,

Aulacoseira islandica Pouca luz Aumento do pH, depleção de Si, estratificação C Lagos eutróficos mistos, pequenos a médios Asterionella formosa Aulacoseira ambigua Stephanodiscus rotula

Pouca luz e carbono Esgotamento de

Si, estratificação

D Águas rasas,

enriquecidas e turvas, incluindo rios

Synedra acus Nitzschia spp

Stephanodiscus hantzschii

Águas correntes Depleção de

nutrientes N Epilímnio mesotrófico Tabellaria Cosmarium Staurodesmus Baixas concentrações de nutrientes Estratificação, aumento do pH P Epilímnio eutrófico Fragilaria crotonensis

Aulacoseira granulata Closterium aciculare Staurastrum pingue

Luz suave e deficiência de carbono Estratificação, depleção de Si T Epilímnio profundo e bem misturado Geminella Mougeotia Tribonema

Pouca luz Deficiência de

nutrientes S1 Camadas mistas turvas Planktothrix agardhii Limnothrix redekei Pseudanabaena

Alta deficiência de luz Águas correntes

S2 Camadas rasas, mistas e turvas

Spirulina Arthrospira Raphidiopsis

Deficiência de luz Águas correntes

SN Camadas mistas

quentes

Cylindrospermopsis

Anabaena minutissima Deficiência de luz e nitrogênio Águas correntes

Z Camadas mistas

claras

Synechococcus

picoplâncton procariotípico

Poucos nutrientes Pastejo com

deficiência de luz X3 Camadas rasas, claras e mistas Koliella Chrysococcus picoplâncton eucariótico

Condição de base baixa Mistura, pastejo

X2 Camadas rasas, claras e mistas em lagos meso- eutróficos

Plagioselmis

Chrysochromulina Estratificação Mistura, alimentação por filtragem X1 Camadas rasas mistas em condições enriquecidas Chlorella, Ankyra Monoraphidium Estratificação Deficiência de nutrientes, alimentação por filtragem Y Geralmente lagos pequenos, enriquecidos

37

Cont...Tabela 2. Tabela extraída do trabalho de Reynolds et al., (2002), apresenta a classificação atualizada em

relação ao trabalho do mesmo autor de 1997.

Códon Habitat Representantes típicos Tolerâncias Sensibilidades

E Geralmente lagos oligotróficos pequenos, pobres em base, ou lagoas heterotróficas Dinobryon Mallomonas (Synura)

Poucos nutrientes (recorrem à mixotrofia)

Deficiência de CO2

F Epilímnio claro Clorófitos coloniais, p.ex.

Botryococcus, Pseudosphaerocystis, Coenochloris, Oocystis lacustris

Poucos nutrientes, elevada turbidez Deficiência de CO2 G Colunas d´agua curtas, ricas em nutrientes Eudorina Volvox

Alta tolerância à luz Deficiência de nutrientes J Lagos, lagoas e rios

rasos e enriquecidos Pediastrum, Coelastrum, Scenedesmus, Golenkinia Sedimentação em condições de pouca luz K Colunas curtas ricas

em nutrientes

Aphanothece

Aphanocapsa Profundidade mistura de

H1 Nostocales fixadores de dinitrogênio

Anabaena flos-aquae

Aphanizomenon Baixo nitrogênio, baixo carbono

Mistura, pouca luz, baixo fósforo H2 Nostocales fixadores

de dinitrogênio de grandes lagos mesotróficos

Anabaena lemmermanni

Gloeotrichia echinulata Baixo nitrogênio Mistura, pouca luz

U Epilímnio de verão Uroglena Poucos nutrientes Deficiência de

CO2 LO Epilímnio de verão em lagos mesotróficos Peridinium, Woronichinia Merismopedia

Nutrientes segregados Mistura

prolongada ou profunda LM Epilímnio de verão em lagos eutróficos Ceratium Microcystis

C muito baixo Mistura, luz fraca

de estratificação M Camadas mistas bialélicas de pequenos lagos eutróficos de baixas latitudes Microcystis Sphaerocavum

Alta insolação Águas correntes,

pouca luz total

R Metalímnio de lagos mesotróficos

estratificados

P. rubescens

P. mougeotii Luz baixa, forte segregação Instabilidade

V Metalímnio de lagos eutróficos

estratificados

Chromatium, Chlorobium

Muito pouca luz, forte segregação Instabilidade W1 Pequenas lagoas orgânicas Euglenóides, Synura Gonium

Alta DBO Pastejo

W2 Lagos rasos

mesotróficos

Trachelomonas de fundo ? ?

Q Pequenos lagos

húmicos

38

Documentos relacionados