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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

5.4. CONFRONTO ENTRE OS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO COM A CLASSIFICAÇÃO MCT

5.4.4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO VERSUS A CLASSIFICAÇÃO MCT, EM FUNÇÃO DA ORIGEM DAS AMOSTRAS

5.4.4.1. AMOSTRAS DO PROF ALFREDO

Na Figura 5.9 são apresentadas as localizações das amostras, cedidas pelo Prof. Alfredo, na carta de classificação MCT, codificadas segundo o grau de atividade obtido da adsorção de azul de metileno. c ' e ' 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 Ativos Muito Ativos L A L A ' L G ' N G ' N S ' N A ' N A

Figura 5.9 - Localização das amostras do Prof. Alfredo na carta MCT.

A Figura 5.10 apresenta o gráfico % de argila x Va, para essas amostras, codificadas segundo o comportamento previsto pela classificação MCT.

Analisando-se as Figuras 5.9 e 5.10 nota-se, em primeiro lugar, que segundo os resultados da adsorção de azul de metileno, não há nenhuma amostra com argilo-minerais pouco ativos.

Mesmo aquelas de comportamento laterítico, segundo a MCT, apresentaram consumo elevado de corante, indicando argilo-minerais ativos, dos tipos caulinitas e/ou ilitas ou combinações entre outros grupos. Ao todo, são 22 amostras de comportamento laterítico, que discordam da previsão feita pela adsorção de azul de metileno, em termos do tipo de argilo-mineral presente, incluindo aquelas que estão próximas da linha divisória.

Nessas 22 amostras foram feitos 14 ensaios de difratometria de raios X (Anexo 3) e 12 de microscopia eletrônica de varredura (Anexo 2), sendo que em 4 delas foram executados os dois ensaios. Porcentagem de Argila (< 0,005 mm) Va 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 LA LA' LG' NA NA' NG' NS' Pouco Ativos Ativos Muito Ativos

Figura 5.10 - Valor de azul versus porcentagem de argila para as amostras cedidas pelo Prof. Alfredo.

Nos ensaios de raios X foi detectada a presença de argilo-minerais dos grupos das montmorilonitas (esmectitas, no Anexo 3) e/ou ilitas (micas) em todas as 14 amostras; em 13 delas a presença de montmorilonitas, em 13 a presença de ilitas, em 4 a presença de vermiculitas, em 5 a presença de cloritas, etc., conforme Anexo 3.

Por outro lado, nos 12 ensaios de microscopia eletrônica de varredura, o autor identificou, em todas as amostras, a presença de caulinita não laterizada, em 3 a presença de ilitas (micas) e em 1 a presença de haloisita, conforme pode ser constatado através das fotografias expostas no Anexo 2, páginas 1 a 13.

Por que a discordância entre a previsão da MCT e os resultados da adsorção de azul de metileno? A favor do azul de metileno estão os ensaios de microscopia eletrônica e de raios X, que confirmaram, pelo menos para essas amostras, os resultados dos ensaios de adsorção.

Deve-se também levar em consideração que na microscopia eletrônica fotografa-se o que se vê, mas só se consegue quantificar grosseiramente a presença de determinado tipo de argilo-mineral, porém, procura-se fotografar o(s) de maior(es) ocorrência(s) na amostra analisada. Ressalta-se ainda que, os ensaios de raios X executados também foram qualitativos, não permitindo a quantificação dos argilo-minerais detectados.

Por outro lado, durante os ensaios de granulometria, foi detectada a presença maciça de mica, tanto nas frações grossas como nas mais finas, conforme já foi alertado anteriormente, durante a descrição suscinta das amostras, no Capítulo 4. Este fato também apoia os resultados obtidos nos ensaios de adsorção de azul de metileno.

A justificativa para explicar a discordância entre os resultados da MCT e os da adsorção de azul de metileno pode estar ligada ao fato da distribuição granulométrica desses solos terem características peculiares, quais sejam: granulometria bastante grosseira, curva contínua e pequena quantidade de finos. Isso pode levar a classificação MCT a não medir o efeito deletério dos argilo- minerais presentes, por estar baseada em ensaios de compactação, onde a relação entre a quantidade de finos e o volume de vazios tem importância fundamental, ou ainda, a quantidade de finos não é suficientemente grande, a ponto de implicar em comportamento indesejável e, por isso mesmo, não implicar em comportamento não laterítico.

5.4.4.2. AMOSTRAS DA EESC

Nas Figuras 5.11 e 5.12 são apresentadas as posições dessas amostras, respectivamente, na carta de classificação MCT, codificadas segundo o grau de ativiade, e no gráfico % de Argila x Va, codificadas segundo o comportamento previsto pela MCT.

Analisando-se estas Figuras, nota-se que existem 3 amostras de comportamento laterítico cuja adsorção de azul de metileno acusa atividade de argilo-minerais dos grupos das caulinitas e/ou ilitas (ativos). Para essas amostras, os CAs variaram de 11,5 a 12,9, valores esses próximos da linha divisória entre ativos e pouco ativos.

Os ensaios de raios X dessas três amostras acusaram a presença de argilo-minerais dos grupos das montmorilonitas e das ilitas, conforme Anexo 3. Duas das três amostras foram fotografadas no microscópio eletrônico de varredura (páginas 14 a 16 do Anexo 2) e, segundo juízo do autor, existe, em ambas, a presença de caulinita finamente dividida e não laterizada.

Ocorre também uma amostra de comportamento não laterítico cuja atividade, obtida da adsorção de azul de metileno, é compatível com a dos solos de comportamento laterítico (CA < 11). Esta amostra foi analisada através do MEV e as fotografias aparentam uma microestrutura de solo laterizado (página 17, Anexo 2).

Deve-se ressaltar que três das quatro amostras que apresentaram previsões conflitantes, ocupam posição na carta de classificação MCT bastante próximas da linha divisória entre comportamento laterítico e não laterítico.

c ' e ' 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 Pouco Ativos Ativos Muito Ativos L A ' L G ' N G ' N S ' N A ' N A L A

Figura 5.11 - Localização das amostras da EESC na carta MCT.

Porcentagem de Argila (< 0,005 mm) Va 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 LA' LG' NA NA' NG' NS' Pouco Ativos Muito Ativos Ativos

5.4.4.3. AMOSTRAS DA LENC

Os resultados da classificação MCT e da adsorção de azul de metileno, para as amostras cedidas pela LENC, encontram-se nas Figuras 5.13 e 5.14. Nessas Figuras, a codificação dos pontos é feita da mesma maneira que a dos itens anteriores.

Analisando-se os dados contidos nessas Figuras, verifica-se que há várias discordâncias entre as previsões, quanto ao comportamento feitas pela MCT e quanto à atividade dos argilo- minerais presentes, inferidos pela adsorção de azul de metileno.

No total, são 20 pontos discordantes, 10 de comportamento laterítico com adsorção compatível com argilo-minerais dos tipos ativos e 10 de comportamento não laterítico com adsorção compatível com argilo-minerais do tipo pouco ativos. Destes 20 pontos, 8 encontram-se muito próximos da linha divisória entre solos de comportamento laterítico e não laterítico da MCT.

Dos pontos discordantes, 12 amostras foram submetidas à difração de raios X, conforme Anexo 3, sendo 7 da classe LG' (CA variando de 11,2 a 20,6) e 5 da classe NG' (CA de 10 a 10,8). Nessas amostras foi encontrada a presença de argilo-minerais dos grupos das caulinitas (11), montmorilonitas (10), ilitas (12), etc.

É interessante notar que foi encontrada gibsita em 2 amostras LG' e em 2 NG'. Esse argilo- mineral é característico de solos em adiantado grau de evolução pedológica (laterizados). Nestes casos, os CAs variaram de 11,2 a 11,3 para os de comportamento laterítico e de 10,0 a 10,2 para os de comportamento não laterítico, valores muito próximos do limite entre pouco ativos e ativos, segundo a adsorção de azul de metileno.

Foram feitos ainda 11 ensaios de microscopia eletrônica nas amostras com resultados discordantes. Destas, 8 são LG' e 3 são NG', segundo a MCT.

Nas da classe LG', em 6 (CA entre 11,3 a 16,3) foram identificadas microestruturas semelhantes à da caulinita não laterizada (páginas 26 a 30, Anexo 2); em 1 (CA = 17,3) com microestrutura semelhante à das micas (páginas 32 e 33, Anexo 2) e em 1 (CA = 11,1), as fotografias revelaram uma aparência intermediária, com parte das fotografias exibindo material "laterizado" e parte exibindo caulinita não laterizada (página 31, Anexo 2).

Já nas fotografias das amostras pertencentes à classe NG' (CA de 8,6 a 10,1) foram encontradas microestruturas típicas de solos francamente laterizados, com aparência de "pipoca", ou seja, impermeável, sem material folhado ou estratificado onde a água possa penetrar (páginas 34 a 36, Anexo 2).

c ' e ' 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 Pouco Ativos Ativos L A L A ' L G ' N G ' N S ' N A ' N A

Figura 5.13 - Localização das amostras da LENC na carta MCT.

Porcentagem de Argila (< 0,005 mm) Va 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 LA' LG' NA NA' NG' NS' Ativos Pouco Ativos Muito Ativos