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3. APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA

3.2 Amparo legal

Uma das preocupações do GT Currículo era dar segurança legal para a construção de uma proposta curricular. Assim, foram levantados todos os

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documentos e legislações pertinentes para embasar os trabalhos. A Lei n°9.394/96 é a primeira e principal base para a proposta, a começar pelo Art. 3°

onde consta:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

X - valorização da experiência extraescolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

A Lei n° 9.394/96 ainda permite a proposta de flexibilização na organização de turmas nos seguintes termos:

Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

Tem-se ainda que a liberdade de diversificação e flexibilidade de currículos encontra respaldo nos princípios constitucionais, reafirmados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no artigo 3º, incisos II e III e no artigo 206, incisos II e III da Constituição Federal que preconizam a liberdade de aprender, de ensinar, de pesquisar e de divulgar o pensamento, a arte e o saber, assim como o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, além do previsto na organização da educação nacional, na obrigatoriedade dos sistemas de ensino de assegurar “progressivos graus de autonomia pedagógica” a suas unidades escolares (BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

No tocante aos objetivos, a LDBEN também é abrangente e possibilita que a escola desenhe seu projeto a partir de conteúdos obrigatórios sem necessariamente estabelecer quantitativa ou metodologicamente sua oferta:

11 Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:

I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

Da mesma forma, convergindo e reiterando o exposto na LDBEN, a resolução CNE/CEB 6/2012, que define diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional técnica de nível médio, também sinaliza a possibilidade ao afirmar em seu art. 22, inciso V, como elementos a se considerar na organização curricular:

Organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares, projetos, núcleos temáticos ou outros critérios ou formas de organização [grifo nosso], desde que compatíveis com os princípios da interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino e aprendizagem;

Atualmente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM - (Resolução CNE/CEB n°2, de 30 de janeiro de 2012) reforçaram a organização curricular do EM pelas áreas de conhecimento de Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas sem excluir, como coloca no parágrafo 2° do Art. 8°, “(...) componentes curriculares com especificidades e saberes próprios e consolidados”. Em termos de organização, as diretrizes, em

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seu inciso I do Art. 14, abrem inúmeras possibilidades de arranjo que melhor se adeque ao perfil da escola:

I-o Ensino Médio pode organizar-se em tempos escolares no formato de séries anuais, períodos semestrais, ciclos, módulos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar;

No inciso VIII do Art.14, as DCNEM reforçam o avanço em relação à organização unicamente disciplinar, ampliando horizontes para os profissionais da educação e demais membros componentes da comunidade escolar:

VIII - os componentes curriculares que integram as áreas de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas, sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos, módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de organização;

Em se tratando de uma formação profissionalizante, a LDBEN ressalta novamente a importância do equilíbrio para efetivamente haver uma integração entre os objetivos da formação básica e técnica:

Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.

Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional.

A expansão da rede técnica federal nos últimos sete anos suscitou a necessidade de repaginar a antiga formação tecnicista para adequar o ensino ao século XXI e, por conseguinte, produziu novas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio Técnico Profissionalizante (Resolução CNE/CEB nº. 6, de 20 de setembro

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de 2012) que entendem a integração dos objetivos da Educação Básica com a Técnica nos seguintes termos:

Art. 13 A estruturação dos cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, orientada pela concepção de eixo tecnológico, implica considerar:

III - os conhecimentos e as habilidades nas áreas de linguagens e códigos, ciências humanas, matemática e ciências da natureza, vinculados à Educação Básica deverão permear o currículo dos cursos técnicos de nível médio, de acordo com as especificidades dos mesmos, como elementos essenciais para a formação e o desenvolvimento profissional do cidadão;

A própria Resolução CNE/CEB n°06/2012 aponta para a flexibilidade curricular, a interdisciplinaridade e integração de teoria e prática, apesar de propor o que deve ser priorizado em termos de conteúdo:

Art. 22 A organização curricular dos cursos técnicos de nível médio deve considerar os seguintes passos no seu planejamento:

V - organização curricular flexível, por disciplinas ou componentes curriculares, projetos, núcleos temáticos ou outros critérios ou formas de organização, desde que compatíveis com os princípios da interdisciplinaridade, da contextualização e da integração entre teoria e prática, no processo de ensino e aprendizagem;

Conclui-se, portanto, que a instituição de ensino possui liberdade criativa para ofertar aos estudantes unidades curriculares, somente sendo limitada ao compromisso de atender aos conhecimentos e objetivos estipulados.

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4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO