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Da mesma forma, para melhor visualização e interpretação dos dados, foram tomados os dados anuais se fazendo valer do mesmo parâmetro de altura significativa (hs) empregado anteriormente (Figuras 14, 15 e 16), além d e uma análise tomando as médias anuais totais, apresentadas na Figura 17. No intuito de cruzar informações, os dados simulados foram distribuídos de forma a permitir fácil identificação dos anos em que as ondas apresentaram seus valores mais elevados, e em quais os valores foram mais próximos de zero.

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Figura 14. Dados de Altura Significativa (hs) com base no ponto norte na variável anos.

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Figura 16. Dados de Altura Significativa (hs) com base no ponto sul na variável anos.

As informações coletadas mostram muitas coisas em comum, entre elas valores discrepantes em 2010, com ondas que ultrapassam a marca de 3,0 metros de altura. Ao mesmo tempo em que 2012 também marcou a presença de dados discrepantes nas três porções de análise. Além disso, verificando a Figura 17, têm-se que os anos com as maiores médias de altura foram 2008; 2010 e 2013. Estando 2010 com a maior média, com ondas de 1,1 metro como média anual, enquanto 2005 apresenta a menor média dos onze anos, marcando cerca de 0,99 centímetros como média anual.

28 4.2 Comparação Histórica

O primeiro evento de ressaca e maré alta registrado na região da Baixada Santista ocorreu em 1541, apelidado nos registros históricos como o “maremoto” de São Vicente, causando a destruição total da então Vila de São Vicente e, mais tarde, a transferência do porto para outro local da Ilha, onde foi fundada a Vila de Santos e posteriormente as primeiras infraestruturas do Porto de Santos (SOUZA et al., 2015).

Para efeito comparativo, tomaremos como parâmetro de análise histórica primária, os eventos documentados entre os anos de 2004 a 2011, encontrados a partir do documento “Eventos de Ressaca e Maré Alta na Baixada Santista (SP) entre 1961 e 2011”, realizado por um grupo de pesquisadores coordenados por Célia Regina de Gouveia Souza, pesquisadora Científica (IG-SMA/SP) e Professora Convidada de Pós-Graduação em Geografia Física (FFLCH). Esse documento foi exposto no XV Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário (ABEQUA). Além disso, para análise posterior, foram utilizados veículos de imprensa que tenham registro de eventos de ressacas nos anos que o estudo citado acima não contempla (2012,2013 e 2014).

O documento de análise histórica supracitado se trata de um estudo estatístico dos eventos de ressaca durante um período de 50 anos (1961-2011), utilizando dados arquivados de instituições públicas federais, em especial o Banco Nacional de Dados Oceanográficos/DHN e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/INPE, e estaduais, como o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, além de utilizar notícias de veículos de imprensa de abrangência local e nacional.

A distribuição de dados pode ser observada de forma simplificada na Figura 18, onde o número de eventos é mostrado no decorrer dos oito anos disponíveis para análise (2004-2011). O artigo base utilizado para esse estudo conta ainda com informações que embora estejam representadas graficamente, não inferem nenhum tipo de análise comparativa, como o nível das marés, uma vez que estas não foram consideradas para o estudo estatísticos dos dados simulados.

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Figura 18. Distribuição de eventos de Ressaca e Maré Alta no decorrer de 8 anos.

Para formar o espaço amostral comparativo dos resultados do WAVEWATCH3, foi selecionada uma amostra dos 400 maiores valores (1,25% do total), contemplando os 5 parâmetros de análise. Os valores selecionados correspondem aos valores com maiores médias de alturas significativas dos 11 anos observados (2004-2014). O processo de análise foi feito através de intervalos de dez centímetros, e dentro desse estudo foi definida a altura significativa mínima de 2,10 metros como parâmetro mínimo para configurar uma ressaca, uma vez que comparativamente é o valor que mais se aproxima da realidade, sendo que reduzindo esse parâmetro para 2,0 metros, por exemplo, os valores destoavam completamente do que era apresentado ano a ano no documento base.

A Figura 19 denota ainda a comparação direta entre o número de ressacas observados na análise simulada, contraposto com os dados estatísticos reais. Observa-se valores próximos quanto ao número de ressacas em quase todos os anos apresentados, com exceção de 2009 e 2010.

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Figura 19. Comparação entre dados obtidos na simulação e dados obtidos no artigo histórico (SOUZA et

al, 2015).

O ano com maior número de ressacas foi 2010, com 15 ressacas e 3 eventos de maré alta, seguido de 2009, com 11 ressacas e 4 de maré alta (SOUZA et al., 2015, p.283). Os dados simulados destoam das informações previamente citadas, uma vez que os anos que apresentam maior incidência de eventos extremos (2009 e 2010) são os únicos dentro do observado que possuem uma diferença maior do que 2 eventos.

Essa discrepância pode ter ocorrido por 2 motivos. O documento histórico, se fazendo valer da utilização de referências técnicas, em sua maioria obtidas através de órgãos públicos e especializados, possuem em detalhes o período de duração de um evento extremo e os parâmetros que o compõe, e portanto, eventos possuem a sua duração variável dentro do documento. Já nos dados simulados, o estudo foi pautado na separação de dados discrepantes em datas pré-estabelecidas, como dias (Figura 19), meses e anos, e portanto, o número de eventos obtidos difere do observado historicamente, uma vez que intervalos distintos foram utilizados e os dados simulados não oferecem tais tipos de informações. Outro motivo plausível seria a utilização de um ponto de referência longe da costa, o que geraria valores discrepantes em comparação aos pontos escolhidos para a análise simulada, uma vez que historicamente foram observadas ondas de mais de 5,0 metros de altura, enquanto no estudo simulado os maiores valores não passavam de 3,5 metros.

31 Além disso, como já citado, a pesquisa acima se estende até o ano de 2011, gerando uma defasagem de três anos para o estudo comparativo. No entanto, foram separadas três reportagens de veículos eletrônicos que noticiaram eventos de ressaca na baixada santista nos três anos faltantes.

De acordo com os dados simulados, no dia 7 de junho de 2012 - cinco dias após a notícia citada (Figura 20) - foram identificadas ondas de 2,05 metros, valor que está dentro do que a amostra estipula como maiores alturas significativas.

Figura 20. Informação referente ao evento de ressaca registrado no dia 02/06/12. (Fonte: G1, 2012)

Ainda nos dados simulados, foram identificadas ondas de 2,15 metros referentes ao dia 14 de abril de 2013, três dias antes da notícia registrada (Figura 21).

Figura 21. Informação referente ao evento de ressaca registrado no dia 17/04/13. (Fonte: G1, 2013)

Quanto ao ano de 2014, não existem quaisquer eventos próximos à data estipulada na notícia referente ao mesmo ano (Figura 22), tendo sido feito o último registro de alturas significativas grandes no dia 11 de maio do mesmo ano, com ondas que chegavam a 1,95 metros.

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Figura 22. Informação referente ao evento de ressaca registrado no dia 27/05/14. (Fonte: G1, 2014)

No entanto, quando observado de forma isolada o dia com o maior valor observado de média de altura significativa, temos um dia com valores discrepantes. O dia 9 de abril de 2010 apresentou a maior média entre os 3 pontos analisados, sendo de 2,83 metros. Tal informação é validada através da notícia retratada na Figura 23 e 24, que data do dia 08 de abril de 2010, provocada por um ciclone extratropical que atuou na costa sudeste do país naquele ano.

Figura 23. Informação referente ao evento de ressaca registrado no dia 08/04/2010. (Fonte: O Globo, 2010)

33 Pensando na relação de frequência de eventos, e na distribuição dos dados obtidos tomando como parâmetro os meses distribuídos durante os anos, percebe-se (Figura 25) uma clara concentração de eventos extremos nos meses que compreendem o intervalo entre abril (4) e setembro (9), em contraponto ao restante dos meses, que possuem um valor extremamente reduzido de eventos com grande altura significativa quando comparados aos citados anteriormente.

Ressalta-se ainda a divisão do número de ressacas por oito (Figura 25), uma vez que as medições foram feitas de 3 em 3 horas, configurando oito subconjuntos de dados formando um único dia.

Figura 25. Número de eventos extremos por mês nos onze anos de análise.

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