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Parte II – Desenvolvimento empírico

Capítulo 4. Caso de estudo

4.2 Análise ao consumo de energia no setor doméstico (2010)

Os edifícios são sinónimos de desenvolvimento das sociedades, pois promovem a qualidade de vida das pessoas e no seu interior deve existir o máximo de conforto possível

Fonte: INE, Censos da População, 2011

Figura 16:Número de alojamentos (à esquerda) e o estado de degradação das habitações construídas até 1980 (à direita) no noroeste de Portugal.

As condições de vida associadas à permanência na habitação levam à necessidade de criar melhores situações de conforto térmico, qualidade do ar, provocando um aumento do consumo de energia (Fontão, 2015:1). Na habitação o consumo de energia depende de diversos fatores, como o local onde está situada a habitação, a sua qualidade e tipo de materiais de construção, os níveis de isolamento e ainda os equipamentos utlizados e o uso que cada residente lhe dá.

O consumo energético no setor doméstico está muito associado aos rendimentos das famílias, refletindo impactos na posse e utilização dos aparelhos elétricos, como também, associa- se à maior ou menor eficiência dos aparelhos elétricos ou do próprio edifício e, aos próprios hábitos de consumo de energia das famílias (Rodrigues, 2011:28). Assim, a habitação demonstra a condição social das populações (Matos, 2001). Cada indivíduo hoje em dia consome mais energia do que aquela que necessita. Segundo a ADENE “serão apenas necessários 35 anos para duplicar o consumo mundial de energia e menos de 55 anos para triplicar” (ADENE,2010:13).

Os últimos inquéritos ao consumo de energia no setor doméstico são referentes ao ano de 2010, realizados pelo INE e a DGEG. Estes inquéritos permitem conhecer os hábitos da população portuguesa, ou seja, perceber o modo como as famílias portuguesas vivem e como são os alojamentos que habitam, para a caracterização do seu consumo.

O consumo da energia global no setor doméstico apresentou em 2010 um crescimento. A repartição do consumo de energia final por setor apresentava os transportes como o maior consumidor, seguindo-se a indústria e depois o setor doméstico (figura 17).

Fonte: INE/DGEG – Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico (2010) Figura 17: Repartição do consumo de energia final por setor em Portugal, 2010

18% 37% 31% 2% 12% Doméstico Transportes Indústria Agricultura e pescas Serviços

No setor doméstico as fontes consumidas são variadas, contudo as que ocupam maior destaque são a eletricidade (38,1%), seguindo-se a lenha (36,3%), o GPL (16,3%), e ainda o gás natural (8,3%) (figura 18).

Fonte: INE/DGEG – Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico (2010). Figura 18: Consumo de alojamentos por tipo de fonte.

A idade dos alojamentos afeta desde logo o consumo de energia (Anexo 4). Em edifícios mais antigos, as perdas de energia são mais frequentes, sendo a época de construção uma variável de extrema importância na análise do consumo de energia dentro do parque habitacional.

Assim, segundo os ICESD 2011, os alojamentos construídos antes de 1940 correspondem a 7,5% e, as habitações posteriores a 2000 representam 10,8%. O período mais forte em construção das habitações corresponde às décadas de 80 e 90 com 37,6%. Em relação às condições básicas de habitabilidade nos alojamentos (Anexo 5) verifica-se que a maioria das habitações possui água canalizada (99,4%) e água canalizada quente (97,5%).

Em relação à orientação das fachadas das habitações, atestamos que a maioria das orientações dessas fachadas encontram-se voltadas para ocidente e para oriente. Enquanto as habitações voltadas a sul são em menor número o que significa que, como vimos anteriormente, as fachadas nesta direção seriam mais favorecidas pelos sistemas solares passivos, ou seja, restringiam a entrada de radiação solar no verão e facilitava a sua entrada no inverno. No que se refere ao tipo de vidros (Anexo 7) utilizados verifica-se que, um grande número de habitações

40,1% 8,5% 3,6% 1,8% 99,9% 19,8% 9,7% 56,1% 11,8% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0% 120,0% lenha carvão gasóleo de aquecimento solar térmico eletricidade gás natural GPL canalizado GPL garrafa butano GPL garrafa propano

(até 2010) possui vidro simples. Quando comparado com a utilização do vidro duplo, este ocupa uma posição reduzida.

Uma percentagem reduzida de alojamentos tem isolamento (Anexo 6) nas paredes exteriores. Em termos percentuais, o isolamento nas paredes exteriores existe em 21,1% e 17,1% das coberturas possui isolamento.

As despesas dos alojamentos (Anexo 8) com a energia em média atingem os 840 euros, estes valores da fatura incide, essencialmente, sobre a eletricidade.

Ao analisar os tipos de utilização da eletricidade (figura 19) constata-se que o principal destino no uso da eletricidade é a cozinha12 (40,5%), seguida dos equipamentos elétricos13

(32,9%), a iluminação (13,6%), o aquecimento do ambiente (9,1%), o aquecimento de águas (2,4%) e por fim o arrefecimento do ambiente (1,6%).

Fonte: INE/DGEG – Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico (2010). Figura 19: Principais destinos da eletricidade dentro da habitação.

Em relação aos equipamentos utilizados para o aquecimento do ambiente (Anexo 9) realça- se sobretudo as lareiras abertas (24%), o aquecedor elétrico independente (61,2%) e o aquecedor a GPL independente (7,1%). Quanto ao arrefecimento dos alojamentos é apenas utilizado por 22,6% dos inquiridos.

12 A Cozinha inclui Fogão com forno, Placa, Forno independente, Fogareiro, Lareira, Micro-ondas,

Exaustor/extrator, Frigorífico (com e sem congelador), Combinado, Arca congeladora, Máquina de lavar loiça, Máquina de lavar e secar roupa, Máquina de secar roupa e Máquina de lavar roupa.

13 Os Equipamentos Elétricos incluem Aspirador, Aspiração central, Ferro de engomar, Máquina de

engomar, Desumidificador, Televisão, Rádio, Aparelhagem, Leitor de DVD, Computador, Impressora e Impressora/Fax. 14% 9% 2% 2% 40% 33% Iluminação Aquecimento do ambiente Arrefecimento do ambiente Aquecimento de àguas Cozinha Equipamentos elétricos

Para o aquecimento de águas (Anexo 10) verifica-se que o principal meio utilizado é o esquentador, em 78,6% dos alojamentos, as caldeiras (11,9%) e os termoacumuladores (11,2%). Nas cozinhas portuguesas (Anexo 11) encontramos inúmeros eletrodomésticos e de todos os tamanhos (Anexo 12). Dos equipamentos utilizados para preparar alimentos/refeições, o fogão com forno (65,5%) e a placa (36,3%) são os equipamentos com maior utilização dentro de uma cozinha. A máquina de lavar roupa é utilizada em 91% dos alojamentos seguindo-se o frigorífico com congelador, em 58,3% dos alojamentos, e a arca congeladora com cerca de 47,6 %. O eletrodoméstico de cozinha menos utlizado é a máquina de secar roupa (3,2%).

No que se refere aos aparelhos de entretenimento e informática (Anexo 13), é de destacar que a televisão domina, ou seja, 99,6% dos alojamentos possuem televisão e existem em média 2 equipamentos por alojamento. O computador está em 59,4 % dos alojamentos.

Na iluminação, segundo o ICESD (2010), os tipos de lâmpadas utilizadas com maior predominância é a tradicional, ou seja, as lâmpadas utilizadas são as incandescentes (81%) enquanto as lâmpadas economizadoras correspondem a 67,7%. As lâmpadas Led, em 2010, ainda não representavam um valor significativo (3,2% dos alojamentos).

Fonte: INE/DGEG – Inquérito ao consumo de Energia no setor Doméstico (2010) Figura 20: Tipo de lâmpadas utilizadas na habitação.

Em 2010, os equipamentos elétricos com classe A ou melhor estavam em 54% dos alojamentos, com destaque para a máquina de lavar loiça (Anexo 14).

Assim o setor doméstico representa um lugar significativo no consumo de energia final,

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

LED Halogéneo Economizadoras Fluorescentes tubulares ou

compactas

refere-se à cozinha, aos equipamentos elétricos e à iluminação. Destes equipamentos o que registam maior consumo são a máquina de lavar roupa e o frigorífico.

No que diz respeito às lâmpadas, conclui-se que o principal tipo a ser utilizado, em 2010, corresponde às lâmpadas clássicas. Estas apesar de serem mais baratas possuem menor período de duração e também são as que mais energia consome.

Das habitações em estudo, verifica-se que o período de construção corresponde essencialmente às décadas entre 80 e 90. O que leva a concluir que são habitações relativamente recentes. Estas habitações apresentam deficiências tanto no isolamento como no tipo de vidros utilizados. Pois esta situação intervém diretamente com o conforto térmico do edifício.

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