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Análise ao Programa da Área Disciplinar de Intervenção Desenho A (10ºAno)

4. Caracterização da Turma

1.1. Análise ao Programa da Área Disciplinar de Intervenção Desenho A (10ºAno)

“De todas as falácias pedagógicas a maior, é talvez, a noção de

que uma pessoa só aprende aquilo que está a estudar numa determinada altura [...] A aprendizagem colateral, no sentido de formação de atitudes, aversões ou gostos duradouros, talvez seja e é, muitas vezes, muito mais importante do que a lição de ortografia, geografia ou história que se está a aprender”. (Dewey,

1969, p.48)

Segundo o Plano de Estudos do Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais [Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho e Declaração de Rectificação n.º 84/2007, de 21 de Setembro], o Desenho A, é uma disciplina específica de carácter obrigatório ao longo dos três anos do Secundário.

O Programa do Departamento do Ensino Secundário do Ministério da Educação da disciplina de Desenho A do Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais foi redigido por Artur Ramos (coordenador), João Paulo Queiroz, Sofia Namora Barros e Vítor dos Reis, e homologado em 22 de Fevereiro de 2001.

O documento deste Programa encontra-se estruturado em seis partes: Introdução, Apresentação do Programa, Desenvolvimento do Programa (10º ano) e Bibliografia.

A “Introdução” e a “Apresentação do Programa” referem-se à disciplina de Desenho englobando os 3 anos que lhe diz respeito. O “Desenvolvimento do Programa” refere-se exclusivamente ao 10º ano.

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A Introdução indica, de um modo geral, quais os objectivos e finalidades do programa; estabelece uma noção do conceito de “Desenho” referindo a sua importância; indica os níveis e cursos em que a disciplina se insere; as diversas áreas profissionais que têm o desenho como “estrutura”; indica que esta não é só uma técnica mas uma atitude perante o mundo, o trabalho e a sociedade; é uma disciplina que envolve o processo de maturação bio-psico- social; é desenvolvedora de valores auxiliando os jovens na sua formação integral e assume um papel relevante na educação cívica e na formação dos jovens perante as características do mundo actual.

A introdução refere ainda a importância do papel do professor: “caracteriza-se pela acção insubstituível, quer nalguma estruturação por «ambiente e contágio» do pensamento e do agir comunicativo, quer pelo que se explora a nível curricular e programático, quer ainda pela acção como criador/autor, gerando ambiente oficinal que se pode caracterizar dentro do chamado «currículo oculto»11 no melhor dos seus sentidos; e, ainda, evitando inibir potencialidades” (Anexo III.1, p.4).

O programa refere a disciplina como uma área flexível, que deve assentar num “quadro teórico e operacional em que os conceitos e práticas surjam coerentemente ligados, tendo sempre em vista a sua didáctica (Quadro 1) ” (Anexo III.1, p.4).

Quadro 1: Áreas, conteúdos e temas -10º, 11º e 12º anos. (Anexo III.1, p.4)

Assim, confere três áreas de exploração: a percepção visual, a expressão gráfica e a comunicação, e é elaborado segundo princípios de flexibilidade, continuidade, unidade e adequação à realidade.

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O Currículo Oculto – designa: a) Práticas e processos educativos que induzem resultados de aprendizagem não explicitamente visados pelos planos educativos; b) Efeitos educativos (aquisição de valores, atitudes, processos de socialização, de formação moral). (Ribeiro,A et al,1990, p.53)

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Os objectivos foram estabelecidos segundo uma especificidade nacional. Os conteúdos foram estabelecidos tendo em conta as idades, nível cognitivo e psicomotor e as aprendizagens anteriores, e distinguidos entre os conteúdos de sensibilização e conteúdos de aprofundamento

Quanto à avaliação, o programa pretende ser uma ferramenta de auxílio para o professor. Relativamente à gestão do programa, este estabelece como metodologia a «Unidade de Trabalho» que deverá ser abrangente, ou transversal, nos diversos conteúdos, e que só deste modo será possível o cumprimento da prática exigida nesta formação. O Programa refere também as competências no discurso da imagem, apelando a “exercícios complementares de verbalização de experiências visuais, a desenvolver fora do horário lectivo”. Sugere também “o confronto quotidiano com exemplos do que o desenho pode assumir”, para motivação e enquadramento das unidades de trabalho.

A segunda parte do programa de Desenho A refere-se à “Apresentação do Programa”, que inclui: Finalidades; Objectivos; Visão Geral das Áreas, dos Conteúdos e dos Temas; Sugestões Metodológicas Gerais; Competências a Desenvolver; Avaliação; e Recursos.

De um modo geral, as finalidades da disciplina de Desenho A segundo o programa são: desenvolver capacidades de observação, interrogação, interpretação, representação, de expressão e comunicação; promover métodos de trabalho; desenvolver o espírito critico; desenvolver a sensibilidade estética; desenvolver a consciência histórica e cultural e cultivar a sua disseminação.

Quanto aos objectivos definidos pelo Programa são: “usar o desenho e os meios de representação como instrumentos de conhecimento e interrogação; conhecer as articulações entre percepção e representação do mundo visível; desenvolver modos próprios de expressão e comunicação visuais utilizando com eficiência os diversos recursos do desenho; dominar os conceitos estruturais da comunicação visual e da linguagem plástica; conhecer, explorar e dominar as potencialidades do desenho no âmbito do projecto visual e plástico incrementando, neste domínio, capacidades de formulação, exploração e desenvolvimento; explorar diferentes suportes, materiais, instrumentos e processos, adquirindo gosto pela sua experimentação e manipulação, com abertura a novos desafios e ideias; utilizar fluentemente metodologias planificadas, com iniciativa e autonomia; relacionar-se responsavelmente dentro de grupos de trabalho adoptando atitudes construtivas, solidárias, tolerantes, vencendo idiossincrasias e posições discriminatórias; respeitar e apreciar modos de expressão diferentes, recusando estereótipos e preconceitos; desenvolver capacidades de avaliação crítica e sua comunicação, aplicando-as às diferentes fases do trabalho realizado, tanto por si como por outros; dominar, conhecer e utilizar diferentes sentidos e utilizações que o registo gráfico possa assumir; desenvolver a sensibilidade estética e adquirir uma consciência diacrónica do desenho, assente no conhecimento de obras relevantes” (Anexo III.1, p.6,7).

O ponto seguinte apresenta as Áreas, Conteúdos e Temas, a serem leccionados, devendo estes estar integrados em unidades de trabalho simultaneamente, em articulação horizontal.

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O programa indica sugestões metodológicas em termos genéricos, em termos de alinhamento e diversificação de estratégias de execução e em termos de relação pedagógica. As competências apontadas devem ser desenvolvidas “dentro de uma tricotomia global «Ver-Criar-Comunicar»” (Anexo III.1, p.10). Estas são: observar e analisar; manipular e sintetizar; interpretar e comunicar. Estas competências devem ser desenvolvidas e aprofundadas continuamente no decorrer dos três anos do Secundário

A Avaliação é contínua, com as modalidades formativa e sumativa. Indicando como objecto de avaliação a aquisição de conceitos, a concretização de práticas e o desenvolvimento de valores e atitudes.

Quanto aos Recursos, o programa indica que a sala de aula que deverá estar adaptada com o equipamento necessário à prática do desenho artístico e rigoroso. O programa lista ainda uma série de material indispensável e sugere outros equipamentos.

Sendo os dois primeiros capítulos gerais da disciplina de Desenho A durante o Ensino Secundário, no terceiro capítulo, este descreve o Desenvolvimento do Programa no 10º ANO.

Relativamente aos conteúdos, o programa divide-os em sensibilização ou aprofundamento, em que “Sensibilização pressupõe a construção de um quadro de referências elementares apto a ser desenvolvido posteriormente. Aprofundamento implica o completo domínio e a correcta aplicação dos conteúdos envolvidos.” (Anexo III.1, p.15)

Neste ponto, o programa faz referência ao “diagnóstico”, sendo que é a partir deste que são verificados os conhecimentos adquiridos anteriormente, e a partir dos quais se pode planificar as unidades de trabalho que supõem o domínio de conceitos e práticas adquiridos anteriormente. Para o Diagnóstico, o programa refere que os conhecimentos e práticas essenciais a serem verificados são: o domínio expressivo da linha/traço, a capacidade de observação e análise, e a caracterização morfológica perante referentes.

Relativamente à Gestão do Programa, é referido que a aprendizagem do desenho é concretizada através do «aprender fazendo».

É proposto como operacionalização metodológica “a articulação planificada de Unidades de Trabalho que sejam capazes, cada uma, de convocar diversos itens dos conteúdos ou de vários dos seus sub-capítulos em paralelo” (Anexo III.1, p.16). O Programa refere algumas sugestões, no entanto, cabe ao professor “a tarefa de estabelecer as Unidades de Trabalho, de as seleccionar, encadear, criar novas, ou ainda adaptar as que são sugeridas à situação da turma, da sala, e do meio, dentro de uma perspectiva de integração horizontal de conteúdos. (Anexo III.1, p.16).

Todos os conteúdos referentes a serem leccionados no ano a que dizem respeito, devem ser integrados nas unidades de trabalho. O programa refere ainda que deve existir um equilíbrio entre desenho de análise e outros tipos de trabalhos, estabelecendo assim os conceitos operativos de «processos de análise» e de «processos de síntese», e apresentando uma proposta de gestão temporal:

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Tempo total 148,5 horas Diagnóstico e reposição de conhecimentos 13.5 horas «Processos de análise» 81 horas «Processos de síntese» 54 horas

Quadro 2 (Anexo III.1, p.17)

É estabelecida uma unidade de trabalho designada de “Unidade de Trabalho Permanente”. Sendo esta proposta pelo aluno e de carácter livre relativamente ao (s) tema (s) materiais e suportes. Esta Unidade de Trabalho, de carácter transversal e alternativo, deverá ser executada ao longo, e de modo a minimizar perdas de tempos lectivos.

A última parte deste capítulo, refere-se a “Sugestões Metodológicas”, apontando várias sugestões para desenvolver os conteúdos de acordo com os pressupostos que o programa indica.

O Programa termina com uma Bibliografia de apoio, organizada por conteúdos e contendo obras de carácter geral e obras de carácter especializado, e seleccionada devido à sua acessibilidade. Disponibilizando ao docente ferramentas para análise, planificação e desenvolvimento dos conteúdos a leccionar.

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