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Análise da articulação dentro do agrupamento onde os docentes exercem funções e

Capítulo V Apresentação, Análise e Interpretação de Dados 74

5.1.3. Análise da articulação dentro do agrupamento onde os docentes exercem funções e

Considerando que as duas perguntas seguintes do questionário são questões abertas, foi pedido aos docentes que numa escala de 1 a 5 (sendo que o 1 é o menos importante e o 5 o mais importante) dissessem que valores atribuem à articulação no seu PCG/T e manifestassem a razão da sua escolha.

Nas respostas das docentes podemos encontrar várias razões, relativamente às suas opções.

Cinco educadoras (62,5%) atribuem o valor 3 que em nosso entender se assemelha aquilo que Serra (2004:89) chama de “articulação curricular regulamentada”, uma vez que a remete para actividades pontuais, estando ausente a sua integração em toda a vida da escola, que se caracteriza por uma atitude menos voluntária, mais expectante, não se empenhando todos os recursos e vontades. As justificações apresentadas para este valor, prendem-se, por exemplo, com

- Porque promove a cooperação entre os docentes procurando adequar áreas de conteúdo no Jardim de Infância (JI) e currículo na EB1 aos interesses e

necessidades dos alunos da escola/agrupamento.

- Porque as colegas do 1º Ciclo alegam ter um programa a cumprir, acabando por remeter estas actividades para momentos fortes.

b) Coloca-a a par com outros projectos a serem trabalhados no PCT.

Por sua vez, com ponderação 4 prevê uma maior interacção entre os docentes e crianças e esta assemelha-se aquilo que Serra (2004:89) chama de “articulação curricular

reservada”, que sem rejeitar “articulação curricular activa” se caracteriza por uma atitude

menos voluntária, mais expectante, denotando-se alguma tomada de decisões conjuntas entre os docentes de ambos os ciclos. Assim, as educadoras (37,5%) referem como principal razão, por exemplo “Considera que favorece adaptação e mudança de ciclo” ou “

Considera que articulação é sempre importante, mas torna-se mais permanente no ano que antecede a entrada para o 1º Ciclo”.

Relativamente aos professores do 1.º ciclo, parece existir uma dispersão de concepções, sendo atribuídos pesos diferenciados às opiniões. Assim, a frequência mais elevada dezasseis professores (57,1%), corresponde ao peso 3 que equivale conforme dito

- Tem um peso médio porque:

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anteriormente “articulação curricular regulamentada” considerada por Serra (2004:89), apontando, por exemplo, as seguintes razões:

- Cumprimento dos conteúdos programáticos. - Prevê no PCT a realização de actividades com o PE - Porque a escola trabalha em conjunto entre os dois ciclos

- Deve haver sequencialidade, embora o pré – escolar não seja obrigatório para as aprendizagens curriculares

- No PCT a articulação é deficitária pelo facto de na escola não existir ensino pré – escolar, apesar de considerar importante

Cinco professores (17,9%) atribuem o peso 2 que se assemelha aquilo que Serra chama de “articulação curricular espontânea”, desenvolvendo-se de forma natural, ocorrendo, em alguns casos, pequenos projectos comuns vividos pelas crianças dos dois níveis de ensino, justificando as suas opiniões por exemplo, com os seguintes argumentos “São níveis de ensino com objectivos diferentes, remetendo-as para actividades comuns à

escola”; “Incompatibilidade de horários, excesso de reuniões”; ou “ Considera articulação na forma de estar, mais a nível comportamental”.

Com ponderação 4 consideramos aquilo que Serra chama de “articulação curricular

efectiva” quatro Professores (14,3%) justificam a sua escolha da seguinte forma: - É colocada na organização do espaço, das tarefas e rotinas praticadas, nas histórias já trabalhadas, na valorização de todos os saberes que os meninos trazem já adquiridos dessa primeira fase da aprendizagem

- É muito importante porque dá conhecimento do percurso escolar facilitando assim a sua integração no 1º Ciclo

- Partilha de experiências para poder haver um melhor conhecimento do desenvolvimento do aluno

- Articulação entre o Pré-escolar e 1º Ano é importante devido à proximidade etária dos alunos.

Assim, com atribuição de 1 consideramos a não existência de articulação ou “articulação curricular espontânea” que acontece sem que os participantes a tenham, planeado, ocorrendo de forma incipiente sem que muitas vezes os actores tenham consciência dela existir, surgem três professores (10,7%) que justificam a sua escolha “Devido à extensão do currículo”; “ O facto de leccionar uma turma do 4º ano” ou “ Não

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Em síntese, as educadoras justificam a colocação da articulação no seu PCT no nível 3 e 4, com maior percentagem no primeiro. Os professores manifestam uma maior dispersão sendo que, tal como as educadoras, a maioria coloca a pontuação no nível 3 apesar de o nível 1, 2 e 4 terem sido referenciados pelos docentes.

As educadoras que escolheram o nível 3 dão como razão, a cooperação entre docentes na articulação das áreas de conteúdo, apesar de algumas considerarem que ela tem um peso médio, colocando a articulação a par com outros projectos do PCG e referenciando que deve haver um equilíbrio “com outras coisas”. Questionamo-nos contudo, este argumento, uma vez que a articulação não deve ser pensada em separado “das outras coisas”, pois tem que estar intrinsecamente inserida em todo o processo.

Em relação ao 1º Ciclo, a razão que suscita maior atenção relaciona-se com o facto de ser considerado um “processo que ainda não está completamente desenvolvido e

estabelecido, pelo que ainda não apresenta resultados” o que parece revelar que os docentes

ainda não estão muito à vontade nesta dinâmica. Por outro lado, o argumento apresentado pelo “facto de a escola não ter ensino pré-escolar” parece ser uma razão frágil, uma vez que na proximidade do estabelecimento de ensino há um jardim-de-infância e a maior parte das crianças que o frequentam se inscrevem no 1º ano nesta escola. Verificam-se, contudo, docentes que referem ser benéfico para o desenvolvimento do aluno, a sequencialidade que deve existir entre os dois ciclos, o conhecimento do historial dos alunos, a previsão de realização de actividades com o pré-escolar. Os professores que referem o 1 e o 2 dão como razões a extensão do currículo, o pouco tempo de trabalho no actual agrupamento, as diferenças nos objectivos de cada grau de ensino, a incompatibilidade de horários e o excesso de reuniões, e ainda que articulação deve ser remetida para situações a nível comportamental. Parece-nos que estes argumentos revelam práticas pouco integradas e reflexivas, e onde a justificação é externa ao próprio professor não perspectivando uma implicação e envolvimento na mudança e na visão da escola como um contexto de desenvolvimento pessoal e profissional. Os docentes que referem o nível 4 fundamentam a sua opção no favorecimento das transições, sendo que algumas vêem essa articulação mais importante antes da entrada para o 1º Ciclo. Fazem referência ao conhecimento do percurso escolar, à partilha de experiências e à proximidade das crianças. Existem aqueles que consideram que a articulação é colocada na organização do ambiente, nos conteúdos a trabalhar valorizando aquilo que as crianças aprenderam no ciclo anterior.

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5.1.4 Análise da quantidade e tipo de actividades de articulação em