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Análise de aspectos gerais do encontro 4

4. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3. Análise de aspectos gerais do encontro 4

Após a categorização dos turnos de fala, notamos que alguns aspectos epistêmicos e conceituais se repetiam em ciclos. Entendemos como ciclos o movimento

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Professor: Tudo bem? Viram? O som é uma onda, não é? Passou por barreiras? Tinha uma parede aqui no meio?

Comunicação

Desenvolver uma linha de raciocínio científica Comunicar uma explicação

CC 194 Vários alunos: Sim. Avaliação Avaliar uma linha de

raciocínio EC

do professor ao longo da atividade desenvolvida no encontro 4. O professor caminhou de bancada em bancada dando início à atividade, de maneira a explicar qual era a proposta do experimento/jogo e distribuindo as peças. Desta maneira, percebemos um ciclo que se inicia na proposição do experimento para os alunos, dúvidas sobre o funcionamento prático do experimento por parte dos estudantes e o posterior retorno do professor à bancada perguntando sobre as estratégias adotadas e as conclusões parciais nas quais o grupo havia chegado. Durante 147 turnos de fala a atividade experimental foi desenvolvida pelos alunos de maneira livre, sem a intervenção do professor ou de procedimentos a serem seguidos, e os turnos finais representam os minutos de encerramento do experimento e conclusões do mesmo. O professor alternou sua presença nos grupos e entendemos que isso evidencie o propósito de monitorar e auxiliar a investigação desenvolvida pelos alunos, verificando as estratégias tomadas pelos alunos para a defesa do gol e provocando a reflexão do comportamento das ondas na água com a relação às estratégias adotadas.

Percebemos que a primeira visita feita pelo professor a cada um grupo gerou um ciclo de aspectos epistêmicos da seguinte forma: no início do ciclo as falas do professor foram classificadas majoritariamente pela proposição do conhecimento por meio das ações de planejar investigação, seguidas da realização de observações e algumas poucas elaborações de hipóteses por parte dos alunos, também práticas de proposição do conhecimento pelos alunos, e a finalização deste pequeno ciclo acontecia com a prática de comunicação do conhecimento pelo professor que recorria à ação de comunicar uma explicação a exemplo do episódio 1 exposto no quadro 8.

Acreditamos que este ciclo inicial da interação do professor com os alunos nos momentos inaugurais da atividade experimental esteja associado à proposição de uma situação problema de maneira a estimular a investigação. Notamos, também, que os aspectos conceituais ligados a essas práticas epistêmicas presentes nesse ciclo inicial da investigação foram majoritariamente inexistentes ou espontâneos, algumas vezes coerentes, outras incoerentes. Isso parece estar associado ao fato de os alunos estarem em um momento introdutório da atividade e, portanto, ainda na fase de compreensão e reconhecimento da mesma. Algumas poucas vezes, neste início, categorizamos alguns turnos de fala com aspecto científico e coerente relacionadas à prática epistêmica de comunicar uma explicação e vindas do professor.

O segundo momento da atividade é caracterizado pelo levantamento de hipóteses pelos alunos acerca do comportamento das ondas a depender da estratégia elaborada e não mais sobre o funcionamento da própria atividade. A esta altura, os

alunos já se apropriaram da habilidade de gerar ondas, sendo esta parte de um dos objetivos da aula elencados pelo professor, e agora preocupam-se em elaborar as estratégias para que estas ondas geradas não atinjam a área delimitada para o gol. Este momento é marcado principalmente pelas práticas de comunicação, quando os alunos procuram desenvolver uma linha de raciocínio, comunicar uma explicação e pela prática de proposição do conhecimento ao elaborar hipóteses. Percebemos a mudança de perspectiva dos alunos com relação à atividade, pelo aspecto conceitual relacionado aos epistêmicos não serem mais em sua maioria inexistentes e sim espontâneos coerentes. Acreditamos que essa mudança seja em virtude da apropriação dos estudantes da habilidade de gerar ondas e as explicações advindas da interação das ondas com as barreiras (peças de dominó) estar no campo do que conseguem observar.

Assim, os alunos estabelecem linhas de raciocínio que fazem o movimento do incoerente para o que é coerente. Nesse momento, o professor de avaliador das hipóteses e estratégias levantadas quando age de maneira considerar explicações alternativas, ou quando avalia uma linha de raciocínio.

O terceiro momento compete à sistematização dos conceitos trabalhados em aula ao longo do experimento e perdura até o final do encontro 4. O professor inicia esta retomada solicitando aos alunos que retornar à bancada de origem, uma vez que durante a atividade os mesmos visitaram outros grupos observando as diversas estratégias adotadas. Durante esta retomada o professor avalia e desenvolve, por meio da comunicação do conhecimento, algumas linhas de raciocínio propostas por grupos na elaboração da estratégia de defesa do gol, como exposto no episódio 6 do quadro 13, quando expõem as estratégias adotadas pelo aluno Julio e pelo aluno João. Os alunos também fazem o movimento da comunicação do conhecimento, desenvolvendo uma linha de raciocínio, comunicando explicações e, por vezes, avaliando as estratégias de outros grupos. Notamos que os aspectos conceituais presentes nas falas dos alunos são majoritariamente espontâneos e coerentes. Acreditamos que isso seja devido ao primeiro contato de muitos deles com discussões escolares acerca do comportamento ondulatório da matéria e com os fenômenos relacionados às ondas.

De maneira geral, do início para o fim do encontro os aspectos conceituais presentes nas falas dos alunos mantiveram-se espontâneos, mudando de incoerentes para coerentes. Julgamos a mudança do aspecto conceitual espontâneo e incoerente para o aspecto conceitual espontâneo e coerente pertinente por ser o primeiro encontro da SEI que trata do comportamento ondulatório da matéria e por estar dentro das expectativas que os objetivos da aula elencam. A formalização desse conhecimento

certamente é gradual e ainda não concluída no primeiro encontro deste bloco (encontro 4). Com relação ao movimento das práticas epistêmicas, este encontro possibilitou que os estudantes perpassassem por práticas da própria ciência durante uma investigação científica, pois temos evidências de que eles elaboraram hipóteses, fizeram observações, comunicaram explicações, desenvolveram uma linha de raciocínio científica, avaliaram as colocações de seus colegas e professores e procuraram um consenso sobre a explicação do objeto de estudo. Este movimento se mostrou gradual e acompanhou o desenvolvimento dos aspectos conceituais presentes em suas falas.