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Análise Avançada das Demonstrações

Contábeis

Nesse capítulo, apresentaremos o conceito de índices de atividade. Poste- riormente, veremos as características e as fórmulas de cálculo dos quatro principais índices de atividade utilizados pelos analistas das demonstrações contábeis: prazo médio de recebimento de vendas, prazo médio de pagamen- to de compras, prazo médio de renovação de estoques e posicionamento de atividade.

Além disso, apresentaremos tópicos especiais sobre o estudo da análise das demonstrações contábeis. Primeiramente, mostraremos dois outros grupos de índices, que visam avaliar o perfil do endividamento das empresas e avaliar as ações de empresas constituídas como Sociedades Anônimas de capital aber- to. Na sequência, mostraremos algumas considerações sobre CCL, liquidez e EBITDA, que são temas pertinentes ao estudo da análise das demonstrações contábeis.

No final do capítulo, conheceremos o conceito de análise setorial e de índi- ces-padrão, assim como uma sugestão de método para elaborar o relatório de análise das demonstrações contábeis.

OBJETIVOS

Conhecer o conceito de índices de atividade. Visualizar as características e aprender as fór- mulas de cálculo dos quatro principais índices de atividade que existem: prazo médio de recebimento de vendas, prazo médio de pagamento de compras, prazo médio de renovação de estoques e posicionamento de atividade. Utilizando um exemplo real, aprender a calcular e a interpretar os índices de atividade.

Compreender alguns aspectos importantes que norteiam os conceitos de CCL, NIG, efei- to tesoura e EBITDA.

Conhecer algumas dicas importantes para se elaborar o relatório de análise das demons- trações contábeis.

5.1 Índices de atividade

No capítulo anterior, apresentamos três grupos de índices que nos permitem observar aspectos da situação financeira (índices de liquidez e de estrutura de capital) e da situação econômica (índices de rentabilidade) de uma determi- nada organização. É importante ressaltarmos que, além dos grupos de índices apresentados, existem outros grupos que também podem ser utilizados no pro- cesso de análise das demonstrações contábeis.

Entre tais grupos de índices, Ribeiro (2009) destaca os índices de atividade, também conhecidos por índices de rotação, e comenta que eles podem ser obti- dos pelo confronto dos elementos da Demonstração do Resultado do Exercício com elementos do Balanço Patrimonial, visando evidenciar o tempo necessário para que os elementos do Ativo se renovem.

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VIOREL DUD

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Diante desse comentário, podemos concluir que os índices de atividade utilizam o tempo como unidade, ou seja, eles visam evidenciar o prazo médio

de compras e renovação de estoques) leva à análise dos ciclos operacional e de caixa, que, segundo ele, são elementos fundamentais para a determinação das estratégias empresariais, tanto comerciais quanto financeiras, geralmente vi- tais para a determinação do sucesso ou do fracasso de uma empresa.

Em relação à importância dos índices de atividade no processo de análise das demonstrações contábeis, Assaf Neto (2012) comenta que eles são mais dinâmicos e permitem que seja analisado o desempenho operacional de uma empresa, assim como suas necessidades de investimento em giro.

5.1.1 Ciclo de Caixa e Ciclo Operacional

De acordo com Assaf Neto (2012), ciclo de caixa é o período de tempo existente desde o desembolso inicial de despesas até o recebimento do produto da ven- da. Para uma indústria, por exemplo, esse ciclo corresponde ao intervalo verifi- cado entre o pagamento das matérias-primas (note que não é a data da compra, pois a mesma poderá ocorrer antes, caso a aquisição seja efetuada a prazo) e o recebimento pela venda do produto elaborado (da mesma forma, não se refere ao momento da venda, e sim ao do efetivo recebimento).

A definição de ciclo operacional é bem semelhante, mas não leva em conta o momento do pagamento da matéria-prima, e sim o momento no qual ela é adquirida e chega à organização para ser estocada; portanto, ciclo operacional é o período de tempo existente desde o momento da chegada da matéria-prima até o recebimento do produto da venda.

Para que os conceitos apresentados fiquem mais claros para você, elabora- remos um exemplo prático. Suponha que uma indústria possua os seguintes intervalos de tempo entre as etapas de seu fluxo do capital de giro:

•  Prazo de estocagem da matéria- prima: 45 dias; •  Prazo de fabricação do produto: 30 dias;

•  Prazo de estocagem do produto acabado: 15 dias; •  Prazo de recebimento do produto vendido: 60 dias; •  Prazo de pagamento da matéria-prima: 30 dias.

Diante dos prazos apresentados, a indústria terá um ciclo de caixa de 120 dias e um ciclo operacional de 150 dias (ver figura a seguir).

Ciclo Operacional (150 dias)

Compra de

materia-prima Pagamento produçãoInício da Prod. Acab.Estocagem

Prazo Estocagem M.P. Prazo Prod. Prazo Est. P.A. Prazo Recebimento

60 dias 15 dias

30 dias 30 dias

Ciclo de caixa (120 dias) 15 dias

Venda Recebimento Prazo Pag.

Fornecedores

Ciclo de caixa e ciclo operacional de uma indústria

5.1.1.1 Estratégias de gestão do ciclo de caixa

Observando o ciclo de caixa apresentado na última Figura, podemos concluir que, ao analisarmos individualmente a fabricação de uma unidade de produto, a organização apresenta um “descasamento” no caixa, em média, de 120 dias. Estamos falando que há um “descasamento” de 120 dias, pois haverá uma saí- da no caixa (pagamento da matéria-prima), em determinada data, e uma entra- da no caixa (recebimento da venda do produto), após 120 dias. Surge então um problema, pois, em alguns casos, a organização terá que obter recursos finan- ceiros com terceiros (normalmente com Bancos)

para efetuar o pagamento da matéria-prima. Diante desse problema, Weston e Brigham (2000) ressaltam que as organizações devem ob- jetivar a redução de seu ciclo de caixa tanto quan- to possível, sem prejudicar as operações. Isso melhoraria os lucros porque, quanto mais longo o ciclo de caixa, maior a necessidade de finan- ciamento externo, e esse financiamento tem um custo.

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2SHOE

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buscando reduzir os prazos do ciclo de caixa. Em alguns casos, dependendo do setor de atividade onde a organização atue, podem-se conseguir ciclos de caixa iguais a zero, ou mesmo negativos.

Para que determinada empresa consiga elaborar seus ciclos de caixa e operacional, é imprescindível que conheça os prazos médios dos elementos que os compõem. Por- tanto, ao calcular seus índices de atividade, a empresa passa a conhecer seus prazos médios de recebimento de vendas, pagamento de compras e renovação de estoques. Os prazos médios de estocagem da matéria-prima e de fabricação do produto devem ser calculados pelo departamento de produção.

CICLO DE CAIXA