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III. Cenário de referência para os aeroportos sobre a caracterização e quantificação dos

III.3 Análise do cenário de referência

Da análise dos resultados, são várias as fragilidades que se podem identificar ao sistema implementado.

Se por um lado não se concretiza o PPGRCD elaborado na fase de projecto em termos de quantidades, por outro também não se assiste a uma preocupação pelo cumprimento das operações a que os resíduos devem ser sujeitos. A existência de planeamento de gestão de resíduos em fase de projecto não tem, então, tido como consequência a apresentação ao Dono de Obra de um Plano de gestão de resíduos em obra e/ou de uma proposta de alteração do PPGRCD original. Verifica-se também uma maior quantidade de tipologias de resíduos registada nos inventários do que as previstas nos PPGRCD. Poder-se-á concluir que das diversas tarefas que o termo gestão de resíduos envolve, as tarefas de triagem e encaminhamentos licenciados são feitas. No entanto, as preocupações centradas nas boas práticas de triagem e de encaminhamento para operadores licenciado, sem objectivos nem metas de desempenho não permitem, principalmente: o aprender fazendo; o melhorar as ferramentas de cálculo; metodologias de triagem; determinação de potenciais de reutilização, valorização, origem dos resíduos, facilidade/dificuldade de segregação; outros consumos (água e energia) associados, estratégias de logística; em suma, validar a qualidade e os progressos da gestão dos RCD. A elevada percentagem de misturas e, desta forma, o baixo desempenho na triagem, sobretudo nas obras com demolições, a que se assiste em alguns casos de construção e remodelação, resultam do facto de não ser ainda uma prática corrente a aplicação de um plano de demolição selectiva, sendo que se considera que seja essa a única forma, para as tarefas de desmontes e demolições, de promover a triagem, a reutilização e valorização dos resíduos em obra de demolição.

Logicamente que tal situação induzirá também ao estudo e implementação de um plano de logística eficaz, à descoberta da importância da redução de volumes e da economia e redução dos meios de transporte. O que na realidade de hoje, também não se verifica para a maioria dos casos.

Haverá, portanto, nestes casos, que complementar o PPGRCD elaborado na fase de projecto, com um Plano de Demolição Selectiva. Garante-se, desta forma, uma triagem, mais eficiente assim como uma melhor e mais económica estratégia de logística, visto que se torna emergente responder a questões como: “Como devo armazenar os meus resíduos em obra de modo a maximizar as operações de recolha destes para o operador?”.

Outro aspecto importante a considerar, prende-se com os consumos de energia e água, dos quais resultam emissões líquidas e gasosas. Apesar de todas as medidas de minimização e controlo em prática, não são tidos em conta a gestão e os respectivos registos de consumos em obra, como sejam os consumos de água, energia e combustível. É apenas possível reduzir a percentagem de

emissões ou consumos de energia com dados históricos que permitam a construção de um cenário de referência.

Considera-se assim que apenas com a adopção deste tipo de medidas de gestão se poderá avaliar a viabilidade de todas as operações possíveis. Há que perceber, por exemplo se será economicamente mais vantajoso demolir uma infra-estrutura selectivamente ou tradicionalmente assegurando a triagem à posteriori; se essa triagem deverá ser feita em obra ou no operador, ou quais as possibilidades de reutilização desses resíduos na obra de origem ou noutra infra- estrutura do Aeroporto.

Estas são algumas das questões a que se pretende dar resposta com vista à concretização de simbioses industriais quer dentro do próprio aeroporto onde é realizada a intervenção, quer dentro do universo ANA (entre Aeroportos), quer mesmo entre o aeroporto e a comunidade envolvente. Como barreira, obstáculos, inibições, e estruturas não colaborativas e integrativas, podem-se destacar as seguintes:

• Cada direcção / unidade de negócio, tem a sua gestão própria e portanto distinta de todas as outras unidades;

• Por questões contabilísticas torna-se mais simples a cada unidade de negócio enviar os seus resíduos directamente a um operador externo, do que movimentá-lo internamente entre unidades de negócio.

No entanto, do ponto de vista da procura da melhor solução ambiental global, seria importante encontrar uma forma de gestão integrada e, do ponto de vista económico, avaliar as vantagens da criação de uma bolsa interna de resíduos, e a sua compatibilização com os modelos de gestão financeira e contabilísticas próprias dos sistemas de direcção/unidade de negócios.

Importa realçar que não se ignora que as questões contabilísticas terão sem dúvida que ser um aspecto a estudar, melhorar e sobretudo agilizar.

Face ao exposto pode caracterizar-se o Cenário de Referência pelo seguinte conjunto de aspectos:

• Cumprimento da legislação em vigor;

• PPGRCD - Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos em fase de projecto; • Inventário de Resíduos;

• Lista de resíduos com valor económico de mercado, a integrar como quadro destacado no Plano de Demolições;

• Plano de Demolição;

• Plano de Gestão do Ambiente em Obra (PGO);

• Implementação e Gestão da Obra através de direcção/Unidades de negócios autonomizadas;

• Fiscalização centrada e focalizada nas tarefas de controlo de boas práticas ambientais segundo o PGO, e em conformidade com a legislação em vigor;

• Registos de dados e ocorrências centradas no cumprimento das tarefas contratadas e numa lógica de “Diário de Bordo”.

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