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Análise comparada: Lisboa X Málaga X Gênova

CAPÍTULO IV – ASMART CITY NA UNIÃO EUROPEIA

4.3 Análise comparada: Lisboa X Málaga X Gênova

Pelos dados apresentados nos tópicos anteriores é possível inferir que Lisboa, Málaga e Gênova tem se dedicado no desenvolvimento de modelos smart city com a finalidade de modernizar a Administração Pública a nível local. Sem sombra de dúvidas, Lisboa é a cidade que tem melhor desempenho entre as cidades pesquisadas.

Como pode-se compreender do gráfico apresentado pelo estudo publicado pela Universidade Técnica de Viena, as três cidades listadas ainda encontram-se abaixo da média das cidades europeias pesquisadas, contudo Lisboa consegue acompanhar os índices europeus em dois eixos: Governo e Ambiente Inteligente; Málaga, por sua vez, tem desempenho igual/superior à média das cidades pesquisadas no eixo Ambiente Inteligente; e Gênova manteve-se abaixo da média em todos os eixos pesquisados.

Figura 8 - Análise Smart City Lisboa X Málaga X Gênova 2015.221

221 Dados do European Smart Cities 4.0. TUWIEN (2015). Disponível em: <http://www.smart-

Dentre os esforços em comum para a estruturação dos modelos inteligentes, sem dúvida a política de dados abertos é uma questão inicial e central para que surjam os projetos de smart city. No caso da capital portuguesa, o endereço eletrônico disponibilizado pela Câmara Municipal (http://lisboaaberta.cm-lisboa.pt/) foi uma estratégia concretizada em 2017 após a aprovação do Plano de Dados Abertos da Cidade de Lisboa, como um instrumento primordial para a o planejamento das iniciativas anuais que a CML e demais partes interessadas pretendem executar na cidade. O Município de Málaga também tornou disponível o endereço eletrônico para acesso dos dados abertos (https://datosabiertos.malaga.eu/) e até a data de 20 de maio de 2019, a cidade tinha disponibilizado 1.914 relatórios sobre a cidade e seus recursos. Gênova, por sua vez, também já possui endereço eletrônico para a informação de dados abertos (http://dati.comune.genova.it/), no sítio é possível encontrar relatórios sobre diversas áreas administrativas da cidade.

Outro ponto de convergência é a estratégia de smart city da cidade. No caso de Lisboa, a CML publicou o endereço eletrônico (https://lisboainteligente.c m- lisboa.pt/), já disponibilizando os projetos pelo enquadramento nos seis eixos das smart cities, o que facilitou em termos substanciais esta pesquisa. Contudo, cabe um adendo que discorda-se do enquadramento do programa “Wifi nos Mercados de Lisboa” no que se refere eixo “Cidadão Inteligente” (Pessoas Inteligentes), pois neste deve-se alocar projetos que tenham relacionamento com o domínio do processo de aprendizagem na era digital, logo defende-se que este o referido projeto seja realocado para o eixo “Vida Inteligente”, que tem como objetivo melhorar e interligar o modo de vida das pessoas nas cidades.

A cidade de Málaga também possui site com referência a digitalização da cidade no endereço eletrônico (http://www.digitalmalaga.com/), contudo no que se refere a organização e divulgação de projetos, até a data desta pesquisa o site era incipiente, motivo pelo qual não pode ser utilizado como referência fiável nesta pesquisa. Por fim, não foi possível acessar ao site de smart city da cidade Gênova (http://www.genovasmartcity.eu/), pois este estava em manutenção.

Com relação ao espaço disponibilizado pela Administração Pública para a gestão de projetos deste nível, Lisboa mais uma vez inova com o lançamento do

Centro de Gestão e Inteligência Urbana de Lisboa, com sede permanente na CML. Porém, quando comparado com a cidade de Málaga e Gênova, não se encontrou sede específica na Administração Pública que tenha em referência o tratamento desta questão.

Outra questão que pode ser inferida neste processo é a parceria com centros de investigação e pesquisa. No caso de Lisboa, destaca-se a parceria frutífera com o Instituto Superior de Estatística e Gestão da Informação da Universidade Nova de Lisboa para a implementação do projeto de smart city na cidade. Ambos os programas “Lisboa Aberta” e “Lisboa Cidade Inteligente para o Futuro” são resultados desta cooperação. No caso de Málaga, desponta como parceiro de implementação a “Escuela de Organización Industrial” e por fim, em Gênova, a Universidade de Gênova foi uma das parceiras na fundação da “Associação Gênova Smart City” ainda em 2010. Cabe destacar também que todos os programas têm como área central o foco no cidadão, embora apenas um dos eixos das smart cities privilegie diretamente este eixo em todos os outros é possível entender que a finalidade dos programas melhorar a qualidade de vida nas cidades e priorizar um desenvolvimento que tenha como centro a sustentabilidade, bem como a justiça, a igualdade e a democracia nas cidades.

Assim, o conceito de smart city está intrinsecamente ligado ao cultivo da pesquisa e investigação científica e, também, ao domínio da tecnologia como ferramenta de transformação social. Quando estes dois elementos passam a ser inseridos na pauta da Administração Pública Municipal vê-se surgir os projetos de inteligência para a cidade.

Não se olvida aqui que a transformação digital causada pelo impacto do surgimento de uma plano de cidade “smart” pode ser bastante lucrativo à empresas privadas e setores ligados à tecnologia, logo é essencial que todo o processo de transformação que envolve o plano de digitalização da cidade seja acompanhado pela sociedade, imprensa e órgãos de persecução penal, tais como o Ministério Público, a fim de evitar que a qualidade de vida nas cidades seja vista como um negócio, um plano de agenda que se utiliza dos mesmos meios de sobrevivência da obsolescência programada que é mola propulsora do hábitos de consumo de uma sociedade capitalista.

Por fim, resta comprovado que a estratégia de modelos de smart cities é uma realidade para as cidades europeias analisadas; O que conclui-se até aqui é que ambas as cidades adotaram os projetos recentemente, o que corrobora com a constatação que não é necessário que a cidade tenha um polo tecnológico local para que aconteça a transformação digital. Outrossim, importa mais que a Administração Pública Municipal invista na criação de plataforma de dados abertos e consiga cooptar forças, por meio da cooperação, com setores privados e a comunidade acadêmica, na identificação dos problemas reais da cidade.

No próximo capítulo, será analisado a compatibilidade do novo paradigma das smart cities com o ordenamento jurídico brasileiro.

CAPÍTULO V - O VELHO ENCONTRA O NOVO: O ESTATUTO DA CIDADE E O