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Análise Comparativa entre as Avaliações

4 – CASUÍSTICA E MÉTODO

5.3 Análise Comparativa entre as Avaliações

Com relação às medidas de ADM do quadril e joelho do lado direito (coxa injetada com vitamina K), a Tabela 12 mostra diferença significativa entre os períodos pré e pós- injeção. As medidas de FQ, AbQ, REQ, FJ após a aplicação foram significativamente superiores às de antes da aplicação. Já com relação à EQ e à EJ, a medida antes da aplicação foi estatisticamente superior à da pós-aplicação. No que se refere à AdQ e à RIQ, não foram constatadas diferenças entre os períodos, porém, ressalta-se uma tendência

(p=0,064) da medida da RIQ no período após a injeção de vitamina K ser

significativamente maior do que a medida no período antes da injeção. A Figura 10 ilustra esses resultados.

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Tabela 12 - Análise comparativa entre a coxa injetada com vitamina K e a não injetada em relação às medidas da amplitude de movimentos do quadril e joelho direitos.

Medidas Descritivas

Medida Aplicação Mi Máx Média D.P. p. Conclusão

Pré 105 140 124,4 9,8 FQ ˂0,001 Pos ˃ Prc Pós 100 140 130,1 8,8 Pré 10 30 3 4,7 EQ <0,001 Pré > Pós Pós 10 25 15,9 3,4 Pré 25 55 33,1 7,1 AbQ 0,024 Pós > Pré Pós 20 50 36,6 8,2 Pré 20 40,0 31,7 5,6 ÀdQ 0,275 Pré = Pós Pós 20 45 32,1 5,6 Pré 30 »o 47,2 10,7 RIQ 0,064 Pós > Pré Pus 35 70 50,3 8,0 Pré 40 100 72,9 16,1 REQ ˂0,001 Pés -> Pré Pós 40 100 79,4 16,8 Pré 140 160 152,1 5,7 FJ 0,002 Pós > Pré PÓS 140 160 154,1 5,5 Pré 10 30 17,9 5,8 EJ 0,001 Pré > Pós Pos 10 25 15,2 4,2

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Figura 10 - Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção em relação às medidas da amplitude de movimentos do quadril e joelho direitos.

A Tabela 13 e a Figura 11 mostram os resultados referentes à movimentação do quadril e joelho do lado não injetado com vitamina K. Como pode ser observado, foram constatadas diferenças significativas entre as medidas realizadas antes e após a aplicação. As medidas de FQ, AbQ, RIQ, REQ e FJ foram significativamente superiores no período após a aplicação. Já as medidas de EQ e EJ foram significativamente maiores no período antes da aplicação. A medida de AdQ não diferiu significativamente entre os períodos.

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Tabela 13 - Análise comparativa entre os períodos em relação à amplitude de movimentos do quadril e joelho esquerdos

Nota: O valor de p refere-se à probabilidade de significância do teste Friedman

Medidas Descritivas

Medida Aplicação Mi Máx Média D.P. p. Conclusão

Pré 100 140 123,8 9,7 FQ ˂0,001 Pós > Prc Pós 100 145 129,7 8,6 Pfg 10 30 70 5 5,4 EQ <0,001 Pré> Pós Pós 10 30 17,1 4,5 Pré 20 55 33,0 7,9 AbQ 0,016 Pós > Pré Pós 15 55 36,0 8,3 Pré 25 40 32 5 4,9 AdQ 0,450 Pré = Pós Pós 20 45 32,8 5 8 Pré 30 75 46,8 11,1 RIQ 0,033 Pós > Pré Pos 35 70 cr\ A "9,0 Pré 40 100 72,5 17,7 REQ <0,001 Pós > Pré Pós 40 100 80,5 17,5 Pré 135 160 153,1 6,4 FJ 0,007 Pós > Pré Pós 145 160 154,8 A n Pré 10 30 18,0 5,8 EJ <0,001 Pré > Pós Pós 5 25 14,2 4,4

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Figura 11 - Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção em relação às medidas da amplitude de movimentos do quadril e joelho esquerda.

Com relação ao exame físico, observou-se que a medida da circunferência da coxa e da ultrassonografia da tela subcutânea realizada após a aplicação foi significativamente superior às medidas realizadas antes da aplicação, sendo este resultado observado tanto na coxa injetada com vitamina K quanto na coxa não injetada. As Tabelas 14 e 15 e as Figuras 12 e 13 mostram esses resultados.

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Figura 12 – Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção com relação às mensurações da coxa direita.

Tabela 14 - Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção em relação às mensurações da coxa direita

Medidas Descritivas

Medida Aplicação Min Máx Média D.P. p. Conclusão

Circunferência Pré 11,5 17,0 14,4 1,3 da coxa ponto <0,001 Pós > Pré médio (cm) Pós 13,0 18,0 15,5 1,3 Ultra-som do Pré 1,6 8,5 3,6 1,3 subcutâneo (mm) <0,001 Pós > Pré Pós 2,8 9,9 5,2 1,5 Ultra-som do Pré 9,4 18,8 14,9 2,3 quadríceps (mm) <0,001 Pré > Pós Pós 9,4 19,2 13,9 2,1

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Figura 13 – Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção em relação às mensurações da coxa esquerda.

Tabela 15- Análise comparativa entre os períodos pré e pós-injeção em relação às mensurações da coxa esquerda.

Medidas Descritivas

Medida Aplicação Min Máx Media D.P. p. Conclusão

Circunferência Pré 11,5 17,0 14,3 1,2 da coxa ponto <0,001 Pós > Pré médio (cm) Pós 13,0 18,0 15,4 1,3 Ultra-som do Pré 1,6 8,5 3,6 1,3 subcutâneo (mm) <0,001 Pós > Pré Pós 2,5 9,9 5,1 1,6 Ultra-som do Pré 9,0 18,8 14,8 2,4 quadríceps (mm) 0, 005 Pré > Pós Pós 9,6 18,5 13,9 2,1

Nota: O valor de p refere-se à probabilidade de sigmficância do teste Friedman.

Uma nova reavaliação realizada após dois anos constatou que nenhuma das 51 crianças que formavam o grupo de estudo desenvolveu DHRN, câncer ou contratura do músculo quadríceps

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6

– DISCUSSÃO

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Existem controvérsias sobre a administração da vitamina K na prevenção da DHRN (MALIA, PRESTON, MITCHELL, 1980; CRAIG, 1989; MATHUR et al, 1990). Por essa razão, para CRAIG (1989); MATHUR et al. (1990), ela deve ser dada somente a prematuros e RN em sofrimento fetal que são potencialmente susceptíveis de desenvolverem a DHRN. MATHUR et al. (1990) observaram que sua administração nos RN com hipoxia resultou na melhora do tempo de pro trombina após 48 a 72 horas. Já a Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia passaram, a partir de 1961, a recomendar a administração em todos os RN (TULCHINSKY et al, 1993).

A DHRN foi definida por TULCHINSKY et al. (1993) como uma afecção na qual ocorre hemorragia difusa resultante de baixo nível de pro trombina e da deficiência dos fatores 2, 7, 9, 10, que são dependentes da vitamina K. Para eles, aproximadamente 2,5 a cinco RN por 1.000 nascidos vivos que não recebem vitamina K preventiva desenvolvem a doença.

Para ANONYMOUS (1993), a deficiência da vitamina K no RN pode provocar a DHRN tanto na sua forma clássica, que aparece na primeira semana de vida, como em sua forma tardia, que ocorre entre o final da primeira semana e os seis meses de vida. O leite materno é sabidamente pobre em vitamina Kl (.Phylloguinone). Essa vitamina não atravessa a barreira placentária e sua baixa concentração sérica e sua ausência nas fezes na primeira semana de vida do RN que é amamentado no peito podem ter importante significado para o esclarecimento da DHRN (GREER et al, 1988). Os fatores da coagulação dependentes da vitamina K apresentam níveis plasmáticos baixos e o tempo de pro trombina está aumentado nos RN a termo, em razão da síntese diminuída desses fatores pela imaturidade hepática (SUZUKI, 1979; MALIA, PRESTON, MITCHELL, 1980).

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Esses níveis são ainda mais baixos nos prematuros e nos RN em sofrimento fetal (SUZUKI, 1979; MATHUR et al., 1990; AUTRET-LECA & JONVDLLE-BERA, 2001; JOSTY & MATTHES, 2001).

GOLDING et al. (1992) publicaram trabalho demonstrando o aumento da incidência de neoplasia em crianças que receberam vitamina K preventiva por via intramuscular. Na ocasião, recomendaram a administração por via oral. Desde então, a polêmica aumentou ainda mais sobre a maneira mais segura de se administrar a vitamina K. DARLOW (1993) informou que o Departamento de Saúde da Nova Zelândia continuava a recomendar a administração por via intramuscular nos RN, pois não existia apresentação oral licenciada dessa vitamina naquele país. Contrariando a recomendação daquele Órgão, preconizou a administração por via oral em três doses, em virtude do risco de aumento da incidência de câncer em crianças que a recebiam por via intramuscular. ANONYMOUS (1993) confirmou que o suplemento de vitamina K dado ao nascimento diminui o risco de sangramento, mas o seu uso por via intramuscular aumenta a incidência de câncer na criança, justificando, assim, a sua administração por via oral, embora o produto não seja ainda licenciado nessa forma de administração. HENDERSON-SMART (1994) enfatizou a necessidade de se fazer a prevenção com vitamina K nos RN para diminuir a incidência da DHRN, mas alertou para o fato de que o aumento dos casos de neoplasia em crianças que recebem por via intramuscular levou as Sociedades Australianas de Pediatria e de Ginecologia e Obstetrícia a sugerirem a sua administração por via oral como uma alternativa.

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Informou que o uso de três doses por via oral é seguro e eficaz. EKELUND et al. (1993); GUPTA & NAIDOO (1993); AUTRET-LECA & JONVILLE-BERA (2001) afirmaram que a vitamina K por via oral tem levado ao aumento da incidência da DHRN em sua forma tardia, o que moveu a National Board Health and Welfajnjé na Suécia a recomendar o retomo à administração por via intramuscular.

A administração da vitamina K preventiva tem sido feita nas primeiras horas de vida na dosagem de l mg por via intramuscular (SUZUKI, 1979). Nos RN a termo que usam leite industrializado, a dose é de 2mg por via oral ao nascimento e uma segunda dose de 2mg entre o segundo e o sétimo dia de vida. Para o RN que é amamentado exclusivamente com leite materno, essas duas doses iniciais devem ser seguidas por 2mg semanais até o desmame. Para os RN com alto risco de evoluírem para DHRN, a primeira dose deve ser administrada por via intramuscular ou venosa e repetida semanalmente de acordo com cada caso (AUTRET-LECA & JONVILLE- BERA, 2001). Para GUPTA & NAIDOO (1993), a dosagem de l mg por via intramuscular é tão eficaz quanto a de 2mg por via oral na prevenção da doença. Das 51 crianças estudadas nesta casuística, nenhum caso de DHRN ou de câncer foi encontrado.

Na Maternidade Hilda Brandão, a administração da vitamina K na face anterolateral da coxa faz parte da rotina do berçário. Um dos motivos de estudar os pacientes foi tentar conhecer os possíveis danos do medicamento sobre o músculo quadríceps (LLOYD- ROBERTS & THOMAS, 1964; THEODOROU, 1975).

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Ao aplicar medicamentos por via intramuscular, devem ser levados em consideração o local, as características da agulha e a quantidade de aplicações (HANSON, 1963). Segundo HORTA & TEIXEIRA (1973), a área escolhida deve ter musculatura bem desenvolvida, ser de fácil acesso e não possuir estruturas vasculares e nervosas em sua intimidade. Para injeções em crianças, MARLOW (1977) também avaliou o tipo de medicamento, a idade e o tamanho do paciente. Alguns autores acham que a face lateral da coxa é o melhor local para a aplicação de drogas (TURNER, 1920; ROGERS, 1961; VERNON JONES, 1961; PHILLIPS, 1961; RICHARDS, 1961; WILLIAMS, 1961; FOSTER, 1961; TALBERT, HASLAM, HALLER, 1967; CULVER, 1969; DISON, 1971; MARLOW, 1977), outros preferem a face ântero-lateral (ANDERSON, 1968; DePRISIO, 1969) e um outro grupo escolhe o local de aplicação levando em conta um ou mais dos seguintes fatores: idade, capacidade de deambulação, massa muscular, proximidade de vasos e nervos, condições da pele, volume e natureza do medicamento e, em alguns casos, oferece mais de uma opção (HUGH & THOMPSON, 1961; HANSON, 1963; BRANT et

al, 1972; HORTA & TEIXEIRA, 1973; FUERT, WOLF, WEITZEL, 1977; DuGAS, 1984;

BRUNNER & SUDDARTH, 1985).

O trauma provocado pela agulha, o seu comprimento, o diâmetro e o número de aplicações realizadas têm papel preponderante no aparecimento da lesão muscular (ENGEL, 1967; WHALEY & WONG, 1980), assim como o volume injetado. Para HUGH & THOMPSON (1961), em caso de necessidade de volumes maiores, as injeções deveriam ser feitas na coxa ou na região glútea. Já HORTA & TEIXEIRA preconizaram que o volume injetado fosse de 2 a 5ml. Segundo FUERT, WOLF, WEITZEL (1977), esse volume deveria ser inferior a 5ml.

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Entretanto, WHALEY & WONG (1980) afirmaram que no lactente o volume deveria ser menor que lml e BIEHL et al. (1992) recomendaram que fosse inferior a 3ml. A dosagem de vitamina K recebida pelos RN deste trabalho foi 0,1 ml, o que favoreceu o não aparecimento de lesão muscular.

HANSON (1963), no intuito de minimizar as complicações decorrentes da aplicação de injeções intramusculares, preconizou que se fizesse a escolha criteriosa do local da aplicação, a seleção correta da droga e da agulha e o emprego apurado da técnica de administração do medicamento. Já TALBERT, HASLAM, HALLER (1967) recomendaram, para a aplicação na face lateral da coxa da criança, o uso de agulha de uma polegada com introdução mais proximal e com obliquidade distai. BUTTERS (1961), BRANT et al. (1972) e DuGAS (1984) sugeriram que se fizesse um rodízio de locais sempre que a aplicação de diversas injeções fosse necessária. Na Maternidade Hilda Brandão, a administração da vitamina K nos RN é feita rotineiramente por pessoal treinado, usando-se a face anterolateral da coxa direita e agulhas de 13 x 4,5mm.

As injeções intramusculares são sabidamente reconhecidas como importante causa do aparecimento de lesões musculares e, segundo GUNN (1964), os músculos das coxas dos RN são particularmente susceptíveis de desenvolverem contratura ao serem submetidos a injeções intramusculares devido à relação volume injetado/massa muscular. Diversos pesquisadores, por meio de trabalhos experimentais, conseguiram reproduzir a contratura muscular provocada pela administração de drogas injetáveis.

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OH, ROLLINS, LEWIS (1975) obtiveram a contratura muscular em ratos, por meio da aplicação de injeções de pentazocina nos músculos quadríceps e glúteos. SHANMUGASUNDARAM (1981) relatou o aparecimento de contratura muscular em ratos, por meio da aplicação intramuscular de diversas drogas. CUNHA (1983) reproduziu a contratura do quadríceps em ratos, utilizando a administração de penicilina procaína.

A etiologia da contratura do quadríceps é controversa. Até 1974, o Ministério da Saúde e Bem-Estar do Japão tinha catalogado 2.404 casos de contratura do quadríceps no país. Desses, 76% eram secundários a injeções intramusculares na coxa, 3% não tinham história pregressa e os 21% restantes não tinham etiologia conhecida (CHIU et ai, 1975). Alguns autores atribuem à injeção intramuscular o papel de principal agente causador da contratura do quadríceps (TODD, 1961; DUFEK, 1962; GUNN, 1964; LLOYD-

ROBERTS & THOMAS, 1964; HAGEN, 1965; MALEK, 1966;

SHANMUGASUNDARAM, 1966-1967; HTLL et al., 1967; FEDERZONI & FASCIAN1, 1969; THEODOROU, 1969; STARK, 1970; EULIANO, 1970; NORMAN, TEMPLE, MURPHY, 1970; NEGISHI et al., 1970; MAKHANI, 1971; APARO, 1971; POULIQUEN et al., 1972; MEZNIK, 1972; LACHMANN et al., 1973; HOLLAERT et

al., 1975; WRIGHTON, 1975; MALEK & ARAMA, 1975; HESSELS et al., 1975;

THEODOROU, 1975; CANADELL et al., 1975; CHIU et al., 1975; AQUILERA & SEPULVEDA, 1975; TSUBOTA, DOSHITA, IMAI, 1975; FRASCH & SAULE, 1976; BOSE & CHONG, 1976; SUBRANDIJ, 1976; SZULK & KUS, 1977; SARKAR & DAS GUPTA, 1977; PARALKAR, 1977; PRZYBYLSKI & GAJOSINSKA, 1977; NEMOTO, 1980; ALVARES et al., 1980; MUKHERJEE & DAS, 1980; SHANMUGASUNDARAM, 1980; DREHOBL, 1980; CUNHA & BORGES, 1982; JACKSON & HUTTON, 1985; SENGUPTA, 1985; SOTTO, 1986; VALDISERRI et al., 1989; WIJESEKERA, 1990; SOTTO et al., 1993; CUNHA & MESTRINER, 1997).

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Outros, ainda, acham que a etiologia é duvidosa (GAMMTE, TAYLOR, URICH, 1963; CALANDRIELLO & BELTRANI, 1968), mas, um grupo de autores sugere dupla etiologia, ou seja, uma congênita e outra secundária à injeção intramuscular (MASSE, POUJOL, BIGAN, 1965; WILLIAMS, 1968; GEHRKE, 1969; BRAGA- JÚNIOR, 1989; BRAGA-JUNIOR & DOURADO, 2001).

A história pregressa é de grande valor diante de possíveis casos de contratura do quadríceps, pois grande parte dessas crianças apresentou antecedentes de acometimento por alguma doença grave após o nascimento, que exigiu internação prolongada e uso de medicamentos injetáveis de repetição (GUNN, 1964; HAGEN, 1968; WILLIAMS, 1968; STARK, 1970; EULIANO, 1970; HOLLAERT et al., 1975; WRIGHTON, 1975; MALEK & ARAMA, 1975; HESSELS et al, 1975; THEODOROU, 1975; ALVARES et al., 1980; DREHOBL, 1980; JACKSON & HUTTON, 1985; CUNHA & MESTRINER, 1997). Para alguns autores, a prematuridade é citada como possível fator predisponente para o aparecimento da contratura do quadríceps (GAMMIE, TAYLOR, URICH 1963; HAGEN, 1968; CALANDRIELLO & BELTRANI, 1968; POULIQUEN et al., 1972; HOLLAERT

et al., 1975; ALVARES et al, 1980; JACKSON & HUTTON, 1985), mas, na maioria das

vezes, esses RN necessitam permanecer internados por tempo prolongado, em razão de suas condições gerais, e precisam utilizar medicamentos injetáveis por mais vezes.

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Na tentativa de diminuir o aparecimento dessas lesões, alguns autores sugeriram que se evitasse aplicar injeções nas coxas dos RN, principalmente nos prematuros (MASSE, POUJOL, BIGAN, 1965; MALEK, 1966; STARK, 1970; NORMAN, TEMPLE, MURPHY, 1970).

Os RN desta casuística, por serem a termo, por não apresentarem doenças graves que necessitassem de internação por tempo prolongado, por terem sido injetados com volume pequeno e por não terem sido submetidos à aplicação de repetição de medicamentos em suas coxas, tiveram minimizados os riscos de desenvolvimento de lesões.

Levando-se em conta o uso rotineiro da vitamina K nos RN em nosso meio e os possíveis riscos do aparecimento de lesões musculares, os pacientes deste estudo foram avaliados clinicamente e por meio do US com o objetivo de se detectar precocemente qualquer alteração que porventura aparecesse no músculo quadríceps. A escolha do US deveu-se ao fato de ser um exame complementar de grande utilidade na avaliação individual do músculo quadríceps, pois permite analisar as possíveis lesões com mais precisão do que as medidas antropométricas usuais (YOUNG et al., 1980; KOSKELO et

al., 1991; BLEAKNEY &.MAFFULLI, 2002). A tomografia computadorizada equipara-se

ao US na avaliação da massa e da estrutura do músculo quadríceps (SIPILA & SUOMINEN, 1993), assim como a ressonância nuclear magnética equivale a ele na avaliação da área e do volume muscular (WALTON, ROBERTS, WHITEHOUSE, 1997). Neste estudo optou-se pelo US por se tratar de método não invasivo, acessível e satisfatório.

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Além disso, uma avaliação ultrassonográfica feita por LO et al. (1992) confirmou a eficácia do exame, pois permitiu concluir que o terço médio da coxa é o melhor local para se aplicar vacina nos RN, principalmente nos de baixo peso.

O exame de US deve ser realizado com a criança bem relaxada, utilizando-se grande quantidade de gel e o transdutor deve ser manipulado bem delicadamente para que se evite a distorção da imagem (HECKMATT, PIER, DUBOWITZ, 1988a,b). Todos os RN avaliados neste trabalho seguiram rigorosamente essas recomendações e, assim, as imagens obtidas foram as que melhor retrataram a situação do músculo quadríceps e da tela subcutânea naquele momento.

Na avaliação das possíveis alterações provocadas pela vitamina K no músculo quadríceps, foi utilizado um formulário de pesquisa (Anexo 1) que procurou avaliar cuidadosamente o pré-natal da mãe, as condições do parto, o acompanhamento do RN durante a internação na Maternidade, a história familiar, o exame físico e a utilização da ultra-sonografia, que se mostrou bastante eficaz como exame complementar. Ao final de três semanas, os RN foram reavaliados e submetidos novamente ao exame de US, pois, segundo PAAKKARI & MUMENTHALER (1974), as lesões que ocorrem no músculo, provocadas pela agulha, desaparecem totalmente até o 19° dia.

A avaliação de ADM dos quadris e dos joelhos dos RN feita nas primeiras horas de vida não diferiu significativamente entre os lados (p> 0,05), podendo-se afirmar que nas primeiras horas após a aplicação da vitamina K a ADM dos quadris e dos joelhos apresentava valores similares.

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Esses RN, ao retomarem após três semanas para se submeterem a novo exame ortopédico, apresentaram diferença estatisticamente significante da AdQ do quadril (lado esquerdo maior que o direito —> /t=0,046), provavelmente devido à posição antálgica provocada pela reação de absorção da vitamina K na coxa direita. Pelos dados analisados observou-se possível tendência da EQ {p=0,072) e da REQ (p=0,059) do lado esquerdo serem maiores do que a do lado direito e a EJ (p=0,072) do lado direito maior que a esquerda, provavelmente pela mesma razão.

A partir do US realizado nas primeiras horas de vida do RN, observou-se maior significância estatística da espessura do músculo quadríceps do lado direito em relação ao lado esquerdo [p=0.047), o que pode ser explicado pela reação intrínseca da droga. Na reavaliação ultrassonográfica após três semanas, essas medidas não se diferiam, o que pode ser explicado pela total reabsorção pelo organismo e a ausência de sinais inflamatórios ou de retração no local.

Em relação às medidas das circunferências das coxas e do US da tela subcutânea, não houve diferença estatística significante (p>0,05), na comparação entre as primeiras horas de vida e intervalo de três semanas.

Após a avaliação estatística do quadril e do joelho direitos, verificou-se, na comparação dos resultados obtidos no exame inicial e no executado após três semanas, diferença estatisticamente significante (/><0,05) no que se refere a: FQ, AbQ, REQ e FJ. Em relação à EQ (/?<0,01) e à EJ (p=0,01), as ADM iniciais foram estatisticamente superiores às encontradas após três semanas.

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Isto se deveu provavelmente ao desenvolvimento natural do RN, pois, à medida que a criança vai crescendo, as extensões do quadril e do joelho vão se tomando mais completas. No que diz respeito à RIQ, nenhuma diferença foi verificada entre os períodos, porém ressalta-se uma possível tendência de a ADM após três semanas ser significativamente maior que a do exame inicial (Tabela 5), provavelmente devido à mesma razão. Já em relação à AdQ, não se constatou diferença (p=0,275) entre os períodos.

Com relação ao quadril e joelho esquerdos, os resultados obtidos na comparação do exame inicial e do realizado após três semanas mostraram diferença estatisticamente significante (£><0,05) em relação a: FQ, AbQ, RIQ, REQ e FJ, o que também possivelmente se explica pelo fato de o RN se encontrar em fase de desenvolvimento. A EQ e a EJ mostraram-se superiores ao exame inicial em comparação ao realizado após três semanas, o que se explica pela tendência de ganho de extensão dessas articulações, ou seja, mais próximo de zero grau. Já a AdQ não diferiu significativamente entre os períodos

(p=0,450), resultado este não esperado.

Quanto às medidas das circunferências das coxas direitas e dos exames de US da tela subcutânea, verificaram-se valores estatisticamente superiores no exame realizado após três semanas em relação ao exame inicial (p<0,05). O mesmo ocorreu em relação ao lado esquerdo. Isto, provavelmente, se deve ao desenvolvimento natural do RN.

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Já em relação ao US do quadríceps direito, as medidas encontradas no exame inicial foram significativamente superiores (p<0,05) às encontradas após três semanas, sendo a ação do medicamento no músculo quadríceps a possível razão para esse resultado. Os

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