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6.4.4 – Análise comparativa entre as misturas binárias e ternárias

A Figura 6.20 faz uma comparação entre as misturas binárias (Série 1) e as misturas ternárias (Série 2) relativamente à variação da dosagem de água de amassadura com o aumento da percentagem de incorporação de agregado reciclado. A Figura 6.21 faz uma comparação similar, relativamente à dosagem de superplastificante.

170 236,5 239,1 239,1 241,7 242,9 236,5 250,4 246,6 246,6 245,4 244,1 244,1 228,0 230,0 232,0 234,0 236,0 238,0 240,0 242,0 244,0 246,0 248,0 250,0 252,0 Ref 10% 20% 30% 40% 50% V w [ li tr o s/ m 3]

Substituição de Areia Reciclada [%]

Misturas binárias Misturas ternárias

Figura 6.20 – Comparação da dosagem de água por metro cúbico

3,16 3,06 3,10 3,09 3,09 3,11 3,47 3,49 3,49 3,49 3,54 3,54 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 Ref 10% 20% 30% 40% 50% S p [ li tr o s/ m 3]

Substituição de Areia Reciclada [%]

Misturas binárias Misturas ternárias

Figura 6.21 – Comparação da dosagem de superplastificante por metro cúbico

Na Figura 6.20 é possível observar-se que nas misturas binárias se registou um comportamento inverso ao das misturas ternárias relativamente à dosagem de água de amassadura. Enquanto nas misturas binárias a dosagem de água de amassadura aumenta com a percentagem de incorporação de agregados reciclados, nas misturas ternárias ocorre o inverso, pelo menos até à percentagem de 40% de substituição.

171 A partir da Figura 6.21 é possível constatar que a dosagem de superplastificante foi sempre superior nas misturas ternárias comparativamente às misturas binárias. Contudo, em termos globais as dosagens em ambos os casos são relativamente próximas.

A Figura 6.22 faz uma comparação entre as misturas binárias (Série 1) e as misturas ternárias (Série 2) relativamente à variação da resistência à compressão das argamassas aos 28 dias com o aumento da percentagem de incorporação de agregado reciclado

54,5 49,2 47,2 51,3 49,9 46,5 54,8 53,0 51,2 50,3 48,2 47,6 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 Ref 10% 20% 30% 40% 50% R e si st ê n c ia à c o mp re ss ã o [ M P a ]

Substituição de Areia Reciclada [%]

Misturas binárias Misturas ternárias

Figura 6.22 – Comparação da resistência à compressão entre misturas binária e ternária

A Figura 6.22 mostra um decréscimo da resistência à compressão das argamassas aos 28 dias de idade com o aumento da percentagem de incorporação de agregados reciclados. Este decréscimo ocorre independentemente de se tratar de argamassas com associações binárias ou ternárias. Os resultados evidenciam ainda um pequeno benefício em termos de resistência à compressão nas misturas ternárias, comparativamente com as misturas binárias, pelo menos até percentagens de incorporação de agregados reciclados de 20%.

Os resultados obtidos na presente investigação estão de acordo com os estudos realizados por Vasconcelos e Cabral [93], que demonstram que o BAC com agregados reciclados apresenta um comportamento similar nos ensaios no estado fresco, porém no estado endurecido observa-se uma redução na resistência à compressão. Isto deve-se possivelmente à menor resistência mecânica do próprio agregado reciclado, além da sua alta porosidade e alta absorção de água. Também o estudo de Rangel [76] corrobora estes resultados, ao mencionar que o BAC com

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agregados grossos reciclados (BRC40) na resistência à compressão sofre um pequeno decréscimo da resistência.

O Figura 6.23 faz uma comparação entre as misturas binárias (Série 1) e as misturas ternárias (Série 2) relativamente à variação da massa volúmica das argamassas no estado endurecido com o aumento da percentagem de incorporação de agregado reciclado.

2523,0 2566,8 2253,6 2556,3 2461,1 2474,9 2532,6 2471,6 2450,4 2420,6 2151,2 2382,4 0,0 500,0 1000,0 1500,0 2000,0 2500,0 3000,0 Ref 10% 20% 30% 40% 50% M a ss a v o lú m ic a [ k g/ m 3]

Substituição de agregado natural por agregado reciclado [%]

Misturas binárias Misturas ternárias

Figura 6.23 – Comparação da massa volúmica obtida nas misturas binárias e ternárias

Ainda que não seja muito evidente, é possível observar-se na Figura 6.23, em termos médios, uma ligeira redução do valor da massa volúmica das argamassas com associações binárias e ternárias de materiais finos à medida que a percentagem de incorporação de Areia Reciclada aumenta. Verifica-se também que as argamassas com associações ternárias apresentaram quase sempre valores inferiores da massa volúmica em comparação com as argamassas com associações binárias e com a mesma percentagem de substituição da areia natural por areia reciclada. Este resultado era previsível, porquanto a cinza volante apresenta menor massa volúmica que o fíler calcário.

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6.5 – Conclusões

As conclusões que a seguir se apresentam referem-se ao estudo das argamassas. Nesta medida, na interpretação das conclusões deverá observar-se a metodologia adoptada, o tipo e dimensão dos equipamentos, os procedimentos de amassadura, os procedimentos de ensaio e a forma como se analisaram e interpretaram os resultados.

A metodologia seguida teve como principal objectivo proporcionar uma análise das alterações nas propriedades das argamassas adequadas à produção de betões auto-compactáveis em consequência da incorporação de agregados finos reciclados em quantidades sucessivamente crescentes. As principais propriedades avaliadas foram a resistência à compressão, a massa volúmica e as alterações nas dosagens de água e superplastificante para obtenção das mesmas propriedades reológicas, avaliadas indirectamente pelos ensaios de espalhamento e de fluidez. A análise foi efectuada em duas séries distintas, uma com associação binária de materiais finos (cimento Portland CEM I 42,5R e fíler calcário) e outra com associação ternária de materiais finos (cimento Portland CEM I 42,5R, fíler calcário e cinzas volantes). O objectivo da segunda série (misturas ternárias) era tirar partido de uma eventual actividade pozolânica do hidróxido de cálcio presente em grande quantidade na Areia Reciclada. A partir da análise e discussão dos resultados apresentados no presente capítulo podem ser salientadas as seguintes conclusões: i) A resistência à compressão das argamassas aos 28 dias de idade decresce com o aumento da percentagem de incorporação de agregados finos reciclados, independentemente de se tratar de argamassas com associações binárias ou ternárias;

ii) Os resultados evidenciam um pequeno benefício em termos de resistência à compressão nas misturas ternárias, comparativamente com as misturas binárias, pelo menos até percentagens de incorporação de agregados reciclados de 20%;

iii) A massa volúmica das argamassas no estado endurecido diminui ligeiramente com o aumento da percentagem de incorporação de agregados finos reciclados, independentemente de se tratar de argamassas com associações binárias ou ternárias. Este facto era previsível, visto que os agregados finos reciclados apresentam um valor da massa volúmica inferior comparativamente com os agregados finos naturais, devido à maior porosidade e menor densidade da pasta cimentícea;

iv) A dosagem de água de amassadura nas misturas binárias, necessária à obtenção das propriedades reológicas adequadas, situou-se no intervalo de 236,5 a 242,9 litros/m3

, ligeiramente abaixo dos valores obtidos em misturas ternárias que se situaram no intervalo de 244,1 a 250,4 litros/m3

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v) As misturas binárias registaram um comportamento inverso ao das misturas ternárias relativamente à dosagem de água de amassadura. Enquanto nas misturas binárias a dosagem de água de amassadura aumenta com a percentagem de incorporação de agregados reciclados, nas misturas ternárias ocorre o inverso, pelo menos até à percentagem de 40% de incorporação de agregados reciclados;

vi) As dosagens de superplastificante, necessárias à obtenção das propriedades reológicas adequadas, ainda que relativamente próximas entre si, foram sempre superior nas misturas ternárias comparativamente às misturas binárias, mesmo comparando apenas as misturas de referência, e isto pode indiciar que uma parte desse superplastificante foi adsorvido na superfície das partículas de cinzas volantes;

vii) Tendo em conta a investigação feita e o tipo de agregado reciclado utilizado, pode-se inferir que as argamassas com incorporação de agregados finos reciclados constituem um material viável e com uma boa potencialidade de utilização na indústria da construção, desde que sejam ponderadas os ajustes necessários ao seu desempenho.

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Capítulo 7 - Conclusões Gerais e Recomendações

para Trabalhos Futuros

7.1 - Introdução

No presente Capítulo são apresentadas as conclusões gerais da investigação realizada. Apesar de no final de alguns capítulos terem sido apresentadas conclusões, estas reflectem apenas os principais assuntos tratados nesses mesmos capítulos. Desta forma, serão sintetizadas todas as conclusões obtidas a longo do estudo. Estas conclusões levantaram algumas questões, apresentadas no final, que poderão ser objecto de estudo em futuras investigações.