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Análise comparativa sob a perspectiva das taxas de ocorrências nas universidades

O Retrato da segurança em oito universidades federais: seus antecedentes históricos e modus operandi.

CAPACITAÇÃO DE ARMA PORTE NÍVEL DO SETOR

1.3.8. Análise comparativa sob a perspectiva das taxas de ocorrências nas universidades

Nesta perspectiva, percebe-se que as ocorrências nas universidades são inversamente proporcionais as taxas de crimes registradas nas cidades sede das universidades. A UFPE que tem a cidade do Recife como a mais violenta, teve nos anos de 2004 e 2005 uma média de 141 ocorrências registradas, figurando como a segunda com o menor índice de ocorrências entras as universidades pesquisadas. A UFAL que tem a cidade de Maceió como a segunda mais violenta, teve no mesmo período uma média de 59,8 ocorrências, sendo classificada entres as universidades pesquisadas como a de menor índice de ocorrência. A UFV que não consta nos registros da SENASP, considerada, portanto a menos violenta das universidades pesquisadas, teve no mesmo período uma média de 264,5 ocorrências, figurando como a terceira com o maior índice. A detentora do maior índice de ocorrências foi a UFMG, que registrou uma média de 348 ocorrências. As outras universidades apresentaram a seguinte média: UFRJ (220,5) – UFPA (161,5) – UFRGS (278,5) e UFSC (228,5).

Da análise comparativa, concluímos que a UFPE, instituição localizada em perímetro de risco máximo, conforme dados da SENASP/MJ, mesmo sem dispositivos eletrônicos, complementação de recursos humanos terceirizados e utilizando os seus operadores em serviços de apoio (portaria e recepção), ainda apresenta um baixíssimo número de ocorrências, sem esquecer que a estrutura curricular dos cursos de capacitação traz uma nova concepção de formação, inclusive sendo modelo para outras instituições.

As outras universidades, com exceção da UFRJ se encontram em fase de implantação do seu sub-sistema de segurança eletrônico. A UFPE depende exclusivamente do serviço de inteligência e operações limitadas, uma vez que não pode realizar abordagens em virtude cerceamento do uso de arma de fogo. A UFRJ, UFV e UFMG disponibilizam armas de fogo para os seus operadores. No caso da UFPE, ela foi retirada no mês de maio de 2005, em virtude de parecer da

Procuradoria Federal com assento nesta instituição. O pior é que esse posicionamento provocou aumento nas ocorrências, uma vez que a abordagem faz parte da segurança preventiva. Segundo Pires (2004), “nada é 100% garantido quando o assunto é Segurança”. Sendo assim a prevenção representa 90% em segurança. Logo as ações devem se concentrar nessa etapa. A quebra desse entendimento com a retirada da abordagem culminou com o retorno de algumas ocorrências, como o assalto e arrombamento. As ocorrências, que em janeiro de 2005 estavam em 8, com a retirada do armamento que gerou a impossibilidade de realização de abordagem, subiram para 26 em junho de 2005, ver gráfico abaixo.

Gráfico 12

Janeiro de 2004 – Implantação do PSI Maio de 2005 – Retirada do armamento.

O retrato das universidades que montamos a partir de seus antecedentes históricos e, finalizando com o seu modus operandi, é contido nos Quadros 15 e 16. Neles encontramos a sua taxa de risco e o orçamento anual, sabemos o nível de estrutura orgânico (Coordenação - Departamento – Divisão) e pudemos totalizar o número de Operadores de Segurança, entre orgânico – terceirizado e de apoio. Ainda procuramos identificar a existência de unidades especiais (inteligência – tático e operações especiais), e buscamos saber se é utilizado sub-sistema eletrônico (sensor de presença e CFTV – Circuito interno de televisão). Como uma das ferramentas utilizadas é a abordagem, e temos áreas de grande risco, como a região metropolitana de Maceió e Recife, foi levantado quem utiliza armamento e suas implicações; e por fim analisamos o quesito capacitação dos operadores orgânicos a formação e experiência dos gestores de segurança. Culminamos com o total de ocorrências nos anos de 2004 e 2005.

Ocorrências ao longo do tempo

86 78 80 39 28 26 8 10 14 15 18 26 21 0 20 40 60 80 100 Jan- Abr 03 Mai- Ago 03 Set- Dez 03 Jan- Abr 04 Mai- Ago 04 Set- Dez 04

Da construção do quadro, concluímos que o modelo de segurança que se aproxima do ideal para uma universidade, constituem uma adequação da estrutura eletrônica utilizada pela UFAL e UFSC, da divisão segurança predial e segurança das áreas comuns da UFMG, à parte predial, que compreende os serviços que são prestados dentro dos prédios, no qual a administração é realizada pelas respectivas diretorias das unidades e órgãos, contando também com o apoio técnico e logístico – orientação, acompanhamento e fiscalização da DSU – Divisão de Segurança Universitária. Esse modelo é uma espécie de polícia comunitária, assim denominadas e disseminadas modernamente nos países anglo-saxônicos da América do Norte [Canadá e Estados Unidos da América (EUA)] e do restante do mundo (Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido), também estão desenvolvidas em outros lugares (Cingapura, Chile, Espanha, Japão, etc.).

É hoje de entendimento comum em vários países que o rádio-patrulhamento aleatório motorizado, mesmo em sua melhor expressão em termos de rapidez e eficiência, pode não ser a melhor maneira de controlar o crime e prender delinqüentes. Não é bastante se ter um grupo especializado que é empenhado toda vez que acontece uma ocorrência nas unidades. Devemos, localizar em cada unidade administrativa um contingente de operadores de segurança que não permita o surgimento de possibilidades de ocorrências. Skolnick e Bayley (1995, p.100)(1), a esse respeito, observam:

“(...) os reformadores que propugnam o modelo de polícia comunitária argumentam que as operações de patrulhamento ostensivo devam estimular um envolvimento mais profundo com a comunidade, envolvimento esse que não seja desencadeado apenas a partir das chamadas telefônicas para atendimentos de emergência. A mudança mais radical é a redistribuição dos policiais, de seus veículos, para pequenos postos policiais descentralizados. Eles são chamados "shopfronts" na Austrália, "postos policiais de bairros" em Cingapura e "koban" no Japão.”

(1) Adaptado de tradução livre de Skolnick, Jerome, e Bayley, David. Community-Oriented Policing: International.

O que existe de mais característico na gestão comunitária é a aproximação entre os agentes da segurança pública e os membros da comunidade. Um exemplo disso, já consolidado na segurança pública do Brasil, é o comportamento dos bombeiros militares, sempre próximos de suas comunidades, nas quais praticam atividades preventivas desde longa data. No melhor espírito da gestão comunitária, os bombeiros evitam, com suas políticas preventivas, a praxe passiva na fase pré- atendimento, que por mais bem sucedida que seja, subentende uma visão apenas reativa em relação a acidentes, sinistros e desastres consumados.

A "equação" que orienta a gestão comunitária da segurança pública envolve como variáveis básicas às necessidades da comunidade e os recursos técnicos e políticos disponíveis para os agentes da segurança pública. Suas premissas basilares são a confiança e a capacidade de cooperação entre os agentes da segurança pública e os membros da comunidade. Finalizando, parece oportuno citar Kratcoski (1995, p. 94)(2) , em sua definição de policiamento comunitário:

“O policiamento comunitário representa a primeira grande reforma da atividade policial, desde que suas instituições passaram a abraçar os princípios da gestão cientifica mais de cinqüenta anos atrás. Ele traduz uma mudança significativa na maneira das organizações policiais interagirem com o público, com uma nova filosofia que alarga a missão policial, antes focada apenas no crime, para um mandato que estimula a busca de soluções criativas para uma gama de interesses da comunidade, incluindo não só o controle da criminalidade, mas também da desordem e da decadência urbana. A polícia comunitária está assentada na crença de que, apenas trabalhando juntos, a comunidade e a polícia poderão ser capazes de melhorar a qualidade de vida, com a polícia atuando não apenas na fiscalização do cumprimento da lei, mas também como conselheira, facilitando e supervisionando novas iniciativas, tomando por base as aspirações da própria comunidade.”

(2) Adaptado de tradução livre de Kratcoski, Peter. Community-Oriented Policing: COP and POP. Em Bailey,

Das universidades objeto de estudo, deve-se adotar como parte para o modelo básico, a necessidade de investimento financeiro, aplicação desses em tecnologia, equipamentos e uma estrutura física que responda ao quadro da região. Para operacionalização dessa estrutura, se faz necessário um organograma estruturado, sistêmico e que valoriza a gestão do conhecimento. Assim, poderemos utilizar o sub- sistema eletrônico da UFAL, o serviço de inteligência da UFPA, o policiamento ostensivo e o serviço de Bombeiros da UFV, as rondas realizadas pelo GERU da UFSC, a experiência no combate ao tráfico de drogas e o controle de trafego na UFRJ, e o PSI da UFPE.

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SEGURANÇA

PERFIL ATUAL DO TITULAR DO